Skyrock.com
  • ACCUEIL
  • BLOGS
  • PROFILS
  • CHAT
  • Apps
  • Musique
  • Sources
  • Vidéos
  • Cadeaux
  • Connecte-toi
  • Crée ton blog

XII. RECONTANDO A HISTÓRIA


O NOVO 'PEARL HARBOR' E A PROPAGANDA DO TERROR
11/9: Recontando os Atentados que Mudaram o Curso da História

XII. RECONTANDO A HISTÓRIA 1º de novembro de 2016 / Publicado em Global Research (Canadá),
no
Jornal Pravda (Rússia), e na versão impressa da revista Caros Amigos

Republicado por Siper (Suíça), Daniele Ganser (Historiador, Suíça)
e
Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão


Em maio de 2014, o historiador suíço Daniele Ganser questionou em Journal of 9/11 Studies: "Os historiadores, hoje e nos próximos anos, enfrentam uma tarefa desafiante: devem escrever a história dos acontecimentos de 11 de setembro de 2001. O que escreverem, será ensinado nas aulas de História. Mas o que escreverão? Que Osama bin laden enviou 19 muçulmanos a fim de executar um ataque de surpresa nos EUA? Ou escreverão que a administração de Bush foi responsável pelo ataque, seja arquitetando-o ou deliberadamente permitindo a fim de chocar a população dos EUA, criar um pretexto para aumentar os gastos militares, e atacar Afeganistão e Iraque?".

Longe de esclarecimentos ao mesmo tempo que acarretam consequências catastróficas à humanidade, os ataques do 11 de Setembro (11/9) nos Estados Unidos mudaram o curso da história muito mais que pelo atrativo jornalístico capaz de transmitir, ao vivo e com requintes de Hollywood o choque à Torre Sul do complexo do World Trade Center em Nova Iorque - duas emissoras simplesmente anteciparam, uma delas em uma hora, a queda do terceiro edifício, o Word Trade Center 7 jamais atingido por nenhum avião, ambos os fatos quem chama profunda atenção e geram inúmeros questionamentos, até hoje não explicados.

Procurado pela reportagem, o ativista e escritor norte-americano Kevin Ryan, um dos maiores investigadores das implicações do 11/9, autor de Another Nineteen: Investigating Legitimate 9/11 Suspects, membro-fundador da Scholars for 9/11 Truth & Justice, do 9/11 Working Group of Bloomington além de diretor do Architects and Engineers for 9/11 Truth e co-editor do Journal of 9/11 Studies desde 2006, questiona: "Ou o terrorismo foi facilitado dentro dos Estados Unidos, ou o governo inexplicavelmente fracassou ao responder quando a nação foi atacada".

Segundo a versão oficial, os maiores ataques em solo norte-americano da história foram arquitetados de uma caverna no Afeganistão pelo saudita de origem iemenita Osama bin Laden quem, treinado, financiado e armado nas fileiras de Washington durante a Guerra Fria, esteve às vésperas dos atentados sob tratamento de hemodiálise no Hospital Americano de Dubai, capital dos Emirados Árabes, amigavelmente visitado por agentes da CIA. Em poucos dias, como se tudo já estivesse de antemão preparado, as forças norte-americanas e da OTAN já encontravam-se organizadas para combater na propalada "Guerra ao Terror".

Declarada de uma catedral pelo então presidente dos Estados Unidos George W. Bush, citando salmos ao lado de um rabino, de um padre e de um pastor evangélico, nos 15 anos cumpridos em 7 de outubro (data da invasão ao Afeganistão, em 2001), esta arbitrária guerra, mais longa ocupação militar da história dos Estados Unidos que fere todas as leis internacionais e a própria Constituição norte-americana (a qual desautoriza guerras de agressão), e que desde o início recusa-se em levantar provas e realizar julgamentos, tem gerado centenas de milhares de refugiados em todo o mundo, além de ter assassinado mais de um milhão e meio de civis apenas no Afeganistão e no Iraque, Estados que jamais atacaram nem sequer apresentaram, em nenhum momento na história, ameaça à segurança dos Estados Unidos.

Crimes por forças policiais ocorridos inclusive na Europa, como no caso do estudante brasileiro Jean Charles de Menezes de 27 anos, baleado pelas costas por ter sido "confundido" com um "suspeito" de práticas terroristas pela Polícia de Londres em 2005; um dentre milhões de crimes jamais investigados nesta maniqueísta guerra que rompeu a política externa norte-americana e as relações internacionais em quase 400 anos, desde a assinatura da Paz de Vestfália que, em 1648, colocou fim á Guerra dos Trinta Anos na Europa surgindo como marco no equilíbrio de forças internacional, ao garantir a soberania das nações. Sobre o Estado policialesco que se tornou também o Reino Unido desde que teve início a "Guerra ao Terror", o ativista britânico pelos direitos humanos Peter Tatchell, com longa história de luta e vítima perseguições e detenções pela causa das minorias em seu país, conta que "o Reino Unido introduziu a detenção sem acusação ou julgamento de suspeitos de terrorismo".

Já nos epicentros da chamada luta contra o terrorismo, "do ponto de vista da proteção de civis ambas as operações têm sido um desastre", afirma o finlandês Timo Kivimäki, professor de Relações Internacionais e diretor de Pesquisa da Universidade de Bath (Reino Unido), especialista em terrorismo global, um dos poucos acadêmicos sóbrios ao pensar o assunto que também traz, nesta reportagem, análises de como superar o terrorismo global. Mas os atentados do 11/9 mudaram o destino da humanidade, sobretudo, pelo estado permanente de medo nos quatro cantos do planeta que, inevitavelmente, alimenta desde o início a "Guerra ao Terror" apoiada em tão forte quanto precário apelo moralista e religioso: intolerância contra toda e qualquer diferença, especialmente islamitas de origem árabe estigmatizados pela mídia, incluindo a indústria cinematográfica norte-americana. Através disso, direitos civis têm sido feridos sem precedentes em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos com a introdução da Doutrina Bush seguida, em grande medida, por Barack Obama hoje - em determinados casos até ampliada, como a vigilância doméstica e global que se apoia, pateticamente, no discurso de segurança nacional. Profundo estado de tensão internacional levado às últimas consequências, sentido na vida cotidiana dos sete bilhões de habitantes da Terra hoje das mais diversas maneiras e nos mais diversos locais, públicos ou não.

"O medo funciona. O povo amedrontado faz qualquer coisa. Para que sintam medo é preciso criar uma aura de ameaça eterna. Os terroristas [do governo dos Estados Unidos] nos manipulam: sobem o alerta para laranja, depois para vermelho, e voltam para laranja. Eles misturam mensagens, e você enlouquece. É como treinar um cão: se você disser 'sente e role' ao mesmo tempo, ele não saberá o que fazer. O povo norte-americano vem sendo tratado assim! Estimulam o medo do povo. É impossível que alguém consiga viver assim, sempre no limite. O alerta não cairá para verde ou azul, nunca chegará lá!”, afirmou Jim McDermott, ex-congressista e psiquiatra norte-americano, no documentário Fahrenheit 9/11, do cineasta Michael Moore.

Através da imposição do medo por governos reacionários, grandes guerras e invasões foram perpetradas ao longo da história e abriram caminho para a imposição de políticas de linha dura, blindando a corrupção desenfreada das classes dominantes. No caso específico dos Estados Unidos no início deste século, "os crimes do 11/9 foram pretexto para guerras de agressão já previstas, empreendidas para consolidar o poder através da pilhagem de recursos naturais", afirma Ryan. Durante os anos de Obama, quem chegou à Casa Branca sob discurso pacifista e defesa dos direitos humanos, houve acirramento da agressividade das forças militares no Oriente Médio, e nenhuma investigação sobre as implicações do 11/9.

Particularmente sobre a mídia corporativa internacional, desde o início optou pelo sensacionalismo e pela geração de histeria, favorecendo o discurso do governo local e sem nenhuma motivação investigativa. "Na sociedade de hoje, a mídia não é uma ferramenta para informar o público. É de entretenimento e propaganda. As pessoas não são entretidas por questões que desafiam seriamente as principais instituições de suas vidas", pontua Ryan. "Quando os meios de comunicação predominantes relatam as questões não respondidas do 11/9, geralmente são muito limitados. Nunca vemos reportagens sobre os testemunhos do bombeiro nas explosões secundárias nos edifícios do World Trade Center [relatando explosivos contidos dentro da Torre, desde o subsolo até os andares superiores], nem investigação sobre os exercícios militares que obstruíam as respostas de defesa aérea naquele dia. Não ouvimos nada sobre como setenta por cento das questões das famílias das vítimas do 11/9 permanecem sem resposta diante da versão oficial".

Os crimes do 11/9 também têm servido para que o governo dos Estados Unidos, sem aval judicial nem sequer provas, mantenha preso pelo tempo que a Casa Branca e a CIA determinarem, e torture das maneiras mais cruéis civis "suspeitos" de práticas terroristas. Sobre isto, o ex-agente da CIA John Kiriakou traz sérias revelações. "Fiquei em silêncio de 2002 até 2007. Decidi, finalmente, denunciar em dezembro de 2007 depois que o presidente George W. Bush mentiu duas vezes ao povo norte-americano. Ele disse, na primeira vez, que os Estados Unidos não torturavam ninguém", conta Kiriakou, quem se demitiu da Agência de Inteligência e ficou dois anos preso por denunciar a administração de Bush.

E a realidade do Afeganistão, cuja ideia imposta ao inconsciente das sociedades ocidentais pela mídia predominante é que se trata de nação cujas vidas são de menos valor, é trazida do próprio país sul-asiático por duas importantes vozes que denunciam, em altíssono: "Vivemos um 11 de Setembro todos os dias no Afeganistão". São elas: a líder da Associação das Mulheres Revolucionárias do Afeganistão (RAWA, na sigla em inglês), que se identifica apenas como Friba para sua segurança, e a ativista pelos direitos humanos, escritora e ex-parlamentar expulsa injustamente do cargo por denunciar membros narcotraficantes e acentuadamente misóginos colocados no poder pelos Estados Unidos, Malalaï Joya, quem, jurada de morte, vive escondida, nunca dorme duas noites na mesma casa e se movimenta pelo país apenas de táxi debaixo de uma burca, com 12 seguranças fortemente armados.

Realidade cruel que a mídia de desinformação global tem se recusado a apresentar - a não ser quando se trata de lançar mais gasolina sobre o fogo terrorista, com a velha pitada de petróleo árabe tornando-se, assim, perfeita propagandista do terror e dos interesses belicistas, econômicos e estratégicos do Império de turno.

Combate ao Terror, Crimes de Guerra e Narcotráfico

Em 3 de outubro de 2015, o hospital de Médicos sem Fronteiras na cidade afegã de Kunduz foi bombardeada "por engano" pelas forças norte-americanas, deixando como saldo 42 mortos e a destruição completa das instalações do centro de saúde. Tal "equívoco" tem sido uma constante diária no Afeganistão desde outubro de 2001. No país sul-asiático, o cenário é catastrófico: dia a dia inúmeras residências, escolas e hospitais destruídos deixando dezenas de milhares de inocentes mortos incluindo crianças, mulheres e idosos, além de um número ainda maior de inválidos.

Kivimäki é enfático ao se referir à suposta luta do bem (Ocidente) contra o mal (muçulmanos e árabes em geral): “Não há nenhuma Guerra contra o Terror. Se houvesse, não usaria o terror como tática”. Na realidade, novas invasões ao Oriente Médio já estavam previstas nos porões de Washington bem antes dos atentados do 11/9: o Projeto para o Novo Século Norte-Americano, iniciado em meados da década de 1990 pelo então presidente Bill Clinton, foi reelaborado por futuros integrantes da equipe de governo de George H. Bush (filho) em 2000, ano das eleições presidenciais que dariam vitória justamente a Bush. No documento, os arquitetos dos crimes internacionais dos Estados Unidos, eufemisticamente chamados de "política externa", alegam que apenas um novo Pearl Harbor seria capaz de motivar nova empreitada na região mais rica em petróleo do planeta, e assim impulsionar a já combalida economia do país à época. "Se olharmos para os países onde a proteção das grandes potências tem operado, podemos ver que mais da metade das mortes em conflitos do mundo é produzida ali", acrescenta o analista.

As invasões norte-americanas ao Afeganistão em 2001 e Iraque em 2003 ferem a Constituição dos Estados Unidos, a qual não autoriza guerra preventiva, isto é, sem que o país haja sido agredido antes. No plano externo, Washington e seus aliados têm passado por cima dos acordos internacionais estipulados pelas Nações Unidas (ONU), a qual prevê guerra apenas como "ação em caso de Ameaça à paz, ruptura de paz e agressão" de um Estado contra outro em sua Carta, capítulo VII, ratificada por seus 193 países-membros, incluindo os próprios Estados Unidos.

Sobre as alegações do então presidente Bush de que Saddam Hussein armazenava e produzia bombas de destruição em massa, jamais encontradas, além de ter tido ligações com os terroristas do 11/9, fato tampouco comprovado, a ONU vistoriou o Iraque por vários meses prévios à invasão norte-americana sem ter encontrado nada que motivasse intervenção militar, manifestando-se totalmente contrária à invasão em consonância com os países da região e de praticamente todas as partes do mundo.

Para o analista finlandês, a brutalidade das forças militares ocidentais que carece de legitimidade e fere a Convenção de Genebra, ataca indiscriminadamente os direitos humanos, impõe seus valores e aumenta ataques aéreos visando apenas punição de supostos inimigos, sem considerar solidariedade internacional e o fortalecimento da ONU, gera efeito reverso aumentando atos terroristas e diminuindo a segurança dentro dos Estados Unidos e dos países aliados. "Apenas através de ações interativas de paz e de diálogo, esta espiral de escalada poderia ser encerrada", adverte. E observa ainda: "Na imposição de justiça e equidade, estes países tornaram-se atores enquanto outros, especialmente os países em desenvolvimento e muçulmanos, os objetos de disciplina das coalizões militares, gerando ressentimento. As operações militares no Oriente Médio têm aumentado a violência, de maneira que a proteção voltou-se contra aqueles que se tem o objetivo de proteger. As maciças operações militares ocidentais que minaram os direitos soberanos de muitos países muçulmanos e que causaram uma série de fatalidades, deram origem à expansão do radicalismo anti-ocidental no Terceiro Mundo muçulmano. A lógica da escalada, do aprofundamento e da difusão do ódio de ambos os lados se impuseram, e novas formas de terrorismo surgiram". Neste sentido, Tatchell aponta: "A Guerra ao Terror está a ponto de se transformar em uma guerra de terror, com as novas leis draconianas que afirmam defender a liberdade, na verdade a minando".

Dentro do Reino Unido, maior aliado de Washington, Tatchell lembra que tem havido ataques e prisões muitas vezes violentos de muçulmanos totalmente inocentes, inclusive de muçulmanos universitários que pesquisavam a Al-Qaeda como parte dos estudos. "Tais excessos são contraproducentes, contribuem para uma maior radicalização da comunidade muçulmana".

No Afeganistão, Joya aponta aos gastos militares bilionários de Washington em seu país como contraditórios, questionando o destino do dinheiro e observando que o Taliban, paradoxalmente, apenas se fortalece. "Se uma pequena parte desse dinheiro fosse gasta de verdade na mudança de vida do povo afegão, a situação poderia mudar", pontua a ativista.

Mencionando que democracia não pode ser imposta por intervenção estrangeira segundo todas as evidências históricas e a do próprio Afeganistão hoje, Friba afirma que "a chave para a liberdade e para a democracia está em uma luta unida, organizada do nosso povo. Uma luta árdua que seja, mas não há outra maneira de sair deste atoleiro. Apenas as pessoas de um país podem decidir seu destino, e construir um sistema que lhes serve". A isso, Joya acrescenta: "Não há dúvidas de que o Afeganistão precisa de ajuda internacional para voltar aos trilhos e se reconstruir, mas nós não queremos ocupação, os afegãos têm uma longa história de oposição à ocupação estrangeira".

Enquanto afirma que a maioria dos afegãos considera que o governo dos Estados Unidos os traiu em nome de democracia e defesa dos direitos humanos, especialmente das mulheres historicamente oprimidas em seu país, Friba alerta: "As pessoas que amam a paz têm que enxergar a realidade do Afeganistão, e de todos os outros países que os Estados Unidos invadiram. O que eles veem como raras notícias da situação catastrófica nesses países, é a realidade cotidiana do povo. Elas precisam pressionar seus governos para que mudem a política de invasões e ocupação, e serem solidárias às vítimas dessas guerras, o que fortalecerá a luta pela liberdade e pela democracia nesses países. Elas devem saber que o imposto que pagam é usado por seus governos para tornar o Afeganistão e outros países em guerra um Inferno, que irá impactar diretamente suas vidas e tornar os países ocidentais inseguros, como o que testemunhamos hoje nas cidades europeias".

Obama assumiu a Casa Branca em 2009 prometendo encerrar a ocupação no Afeganistão. Com o passar do tempo, contudo, foi se evidenciando que a promessa não seria cumprido até que, em 16 de maio de 2013, ficou claro que o presidente norte-americano manteria fielmente a essência velada da "Guerra ao Terror, de perpetuar a ocupação em um país estratégico pela localização, próximo de rivais como China, Rússia e Irã além da proximidade em relação a países com grandes reservas petrolíferas, e pela grande riqueza afegã em recursos minerais que, segundo Friba, têm sido privatizados por "instituições imperialistas como FMI, Banco Mundial, OMS, com consequências devastadoras ao pobre povo afegão". Pois em maio de 2013, Michael Sheehan, secretário-adjunto de Defesa para operações especiais e conflitos de baixa intensidade, prenunciou que "a guerra contra a Al-Qaeda e suas redes afiliadas poderia durar mais 20 anos", durante uma audiência no Senado a fim de solicitar autorização para o uso da Força Militar.

"O governo dos Estados Unidos tem dado as mãos aos mais brutais inimigos do povo afegão, e instalado pessoas infames e corruptas em cargos-chave de seu regime-fantoche para avançar em seus interesses regionais no Afeganistão", afirma Joya. E acrescenta: "As forças dos Estados Unidos e da OTAN não são sérias em sua luta contra o Taliban, contra quem joga o jogo de Tom e Jerry. Todos sabem que derrotar um pequeno grupo como o Taliban não é difícil para uma superpotência apoiada por diversas outras nações, mas os Estados Unidos precisam do Taliban como desculpa para ficar no Afeganistão por muito tempo, e transformar o país em sua base militar na região para combater potências asiáticas tais como China, Rússia, Irã, entre outros, e também prosseguir com suas estratégias econômicas e militares na região".

Assim, o regime de Obama apenas tem aumentado os crimes de guerra no Afeganistão matando até mais civis que Bush, superando este, em muitas vezes, até na utilização dos devastadores drones, aviões não tripulados considerados ilegais por ferir a soberania das nações e matar sem prévia sentença judicial, além de colocar em maior risco a vida de civis inocentes conforme mostram claramente os fatos e o próprio relatório da comissão bipartidária norte-americana que, em 2014, incluiu diversos ex-agentes da inteligência e oficiais militares do país. "Os afegãos estão esmagados entre quatro inimigos: as forças dos Estados Unidos e da OTAN, os criminosos e senhores da guerra da Aliança do Norte no governo impostos pelos norte-americanos, o Taliban e um Estado Islamita recém-surgido", diz Friba, garantindo também que o Afeganistão está pior agora que antes da invasão liderada pelos Estados Unidos.

De acordo com Joya, um dos grandes objetivos por trás da ocupação do Afeganistão é "restaurar o patrocínio do comércio da droga e exercer controle direto sobre as rotas dos 600 bilhões de dólares anuais da indústria global dela, traçada pela CIA. Há relatos de que até o Exército dos Estados Unidos está engajado no tráfico de drogas". O Afeganistão produz 93% do ópio mundial, um aumento de 4.500% desde 2001 que coloca o país, novamente, como maior produtor mundial da planta, e maior exportador da droga. "A máfia da droga detém o poder afegão, apoiada pelo Ocidente", denuncia Friba.

Dentro dos Estados Unidos, a prática de tortura por parte da CIA em Guantánamo contra "suspeitos" de envolvimento com terrorismo, segundo Kiriakou, não se trata de exceção como se tentou fazer crer quando tal fato se tornou inegável no final do mandato de Bush - quem tentou se eximir de responsabilidades. "Eu sabia que a CIA estava torturando seus prisioneiros, que a tortura era a política oficial da CIA e que o presidente havia aprovado, pessoalmente, a tortura". Perguntado se algo mudou com Obama, o ex-agente da CIA é categórico: "Honestamente, não acho que haja nenhuma diferença real entre George W. Bush e Barack Obama. Nossos métodos de inteligência estão exatamente da mesma maneira". E acrescenta: "Sem supervisão real por parte do Congresso, a CIA vai continuar fazendo o que bem entende em todo o mundo. A CIA tem de trabalhar para proteger o povo norte-americano respeitando os direitos humanos, os direitos civis e as liberdades civis. Ela não está fazendo isso. Segurança e liberdade não são mutuamente exclusivas. Podemos ter ambas".

Kiriakou enfatiza que os tomadores de decisão de Washington deveriam responder em um tribunal pelo que o ex-agente da CIA qualifica de guerras arbitrárias no Oriente Médio. "Uma guerra de arbitrária é, por definição, uma guerra de agressão. Se George W. Bush, Richard Cheney, Donald Rumsfeld, Condoleeza Rice e outros fossem de qualquer outro país, eles poderiam estar sentados no banco dos réus em Haia". Ganser segue a mesma linha e acrescenta que esta empreitada ocidental no Oriente Médio "é uma batalha pelo poder, por petróleo e por gás natural. Está relacionada a dinheiro e geostratégia".

Para Ryan, nada disso é do interesse dos principais meios de comunicação: "Atualmente, são quase inteiramente de propriedade de apenas algumas grandes corporações para impor a verdade à sociedade. Como a General Electric pode vender armas se sua parceira, a rede de TV NBC, disser às pessoas a verdade sobre a guerra?".

'Pearl Harbor' do Século XXI

As implicações do 11/9 possuem contradições e evidências de sobra que apontam para execução interna, isto é, que norte-americanos em posições de poder foram responsáveis pela realização dos ataques, o que, diante de inúmeras evidências, é o mais plausível enquanto Bush e Obama fizeram de tudo para impedir uma investigação independente instada por pesquisadores locais e familiares de vítimas. Para o atual ocupante da Casa Branca, "é contraproducente olhar para trás", gerando profunda indignação a familiares de vítimas e pesquisadores da tragédia.

A denominada Comissão do 11/9 foi, desde o início, programada para defender o governo de Washington. Sofreu diversas interferências de altos escalões da política conforme Ryan observa: "A Comissão do 11/9 não conseguiu responder 70% das perguntas colocadas pelas famílias do 11/9, responsáveis por dirigir a criação da Comissão. Também é importante perceber que um esboço do que viria a se tornar o Relatório da Comissão do 11/9 foi produzido antes do início da investigação. O esboço foi mantido em sigilo do pessoal da Comissão, e parece ter determinado o seu resultado. Além disso, a Comissão alegou repetidas vezes, 63 vezes para ser exato, que não encontrou nenhuma evidência relacionada a muitos dos aspectos mais importantes dos crimes. Esses fatos sugerem que a Comissão nunca teve nenhuma intenção de revelar a verdade sobre o 11/9".

Diversos físicos e arquitetos norte-americanos, reunidos na organização Architects & Engineers for 9/11 Truth (AE911Truth), observam que as Torres Gêmeas e o World Trade Center 7 (WTC7) ruíram à velocidade de queda livre, o que só seria possível através de implosão controlada. Embora a prefeitura de Nova Iorque, a mando de Bush, tenha removido imediatamente os resquícios dos edifícios que deveriam servir como investigação, alguns transeuntes conseguiram levaram consigo partes dos escombros que acabaram nas mãos dos AE911Truth. Através de minuciosa investigação, foram constatados componentes de explosivos, mais especificamente dinamites em partes dos edifícios destruídos supostamente pelo choque dos aviões, em tese sequestrados por muçulmanos radicais. "Quem colocou os explosivos nos edifícios do World Trade Center?", questiona Ryan. "Quem foi convidado à reunião de eliminação de explosivos/terrorismo no World Trade Center 7 na manhã de 11 de setembro de 2001, e qual foi a ordem do dia? A segunda questão refere-se a uma reunião convocada por Larry Silverstein e pelo Serviço Secreto no edifício 7 do World Trade Center na manhã de 11/9. Unidades de eliminação de explosivos provenientes de instalações militares dos EUA haviam sido convidadas para a reunião. Foi apenas mais uma incrível coincidência? Precisamos saber mais sobre isso".

Especificamente sobre a queda do WTC7, há o fato surpreendente - para dizer o mínimo - que ele ruiu sem ter sido chocado por nenhum avião. "Foi ao chão por implosão controlada? Ou pelo fogo como o NIST [ National Institute of Standards and Technology] alega?", questiona Ganser lembrando que mesmo o NIST admite nos dias de hoje que o WTC7 levou poucos alguns segundos para cair. "Isso significa que durante esses segundos,o edifício sofreu resistência zero, resistência absolutamente nenhuma. No entanto, havia 81 colunas sustentando o edifício. Desta maneira, isso é muito estranho", observa Ganser.

Outra pergunta entre as inúmeras sem resposta envolvendo os ataques do 11/9, diz respeito ao tempo que os aviões sobrevoaram o espaço norte-americano: por até uma hora. Especialmente um deles, em direção ao Pentágono, local considerado o mais seguro do mundo, sem ter sido interceptado pelo sistema de segurança aérea que, pela primeira e única vez na história do país, falhou inexplicavelmente diante de uma operação que levaria, no máximo, um minuto para que jatos interceptadores iniciassem o processo de detenção dos aviões. Houve diversos discursos oficiais desencontrados na tentativa de explicar o que realmente aconteceu com a defesa aérea norte-americana naquele dia, um substituindo o outro, todos impossíveis de serem sustentados. No caso particular da Standard Operating Procedures (Procedimentos Operacionais Padrão, responsáveis por garantir respostas de emergência através dos jatos) estavam simplesmente suspensos em 11 de setembro de 2001 - primeira e única vez na história dos Estados Unidos.

"Muitas vezes as pessoas entendem mal, pensando que os transpônderes dos aviões sequestrados foram todos desligados, e que os aviões não poderiam ter sido rastreados. Esta afirmação não reconhece que as autoridades haviam rastreado aviões que traficavam drogas via radar por muitos anos. Mais importante, o voo 175 não desligou o transponder. Este foi o segundo avião que atingiu o World Trade Center e seu transponder esteve ligado durante todo o tempo em que os defensores de ar o assistiam na tela. Por isso, eles sabiam que estava fora da rota. Voou sequestrado por 20 minutos após o primeiro avião ter atingido o World Trade Center, cerca de 45 minutos após o primeiro sequestro, fato sabido das lideranças da Administração Federal de Aviação", precisa Ryan, quem também questiona: "Na medida em que o piloto automático avança, é interessante notar que, de acordo com o estudo oficial da trajetória de voo, o piloto automático do voo 77 [que atingiu o Pentágono] ficou ligado enquanto o avião era sequestrado, e ao longo de sua volta de 180 graus de volta para Washington. Parece que a volta a Washington foi parte do caminho do voo programado, ou o piloto automático foi comandado instantaneamente".

Outra contradição diz respeito aos supostos sequestradores dos quatro aviões, que segundo a versão oficial eram 19: seis deles, denunciados no mesmo dia pelo Federal Bureau of Investigation (FBI, polícia federal e secreta dos Estados Unidos), apareceram dias depois vivos em diferentes partes do mundo, denunciando não serem terroristas, possuindo os mesmos dados e a mesma fisionomia das alegadas pelos oficiais norte-americanos. Sobre isso, Ryan lamenta a ausência de investigação por parte do FBI, quem até hoje mantém os seis na lista de sequestradores do 11/9. "Os relatórios de que os homens acusados ainda estavam vivos não foram investigados pelo FBI, nem pela Comissão do 11/9. Mesmo o novo diretor do FBI, Robert Mueller, expressou publicamente dúvidas sobre a identidade dos sequestradores.

Questionado sobre a hipótese de execução interna, Ryan afirma: "É difícil discordar considerando que as pessoas fora dos Estados Unidos não poderiam ter feito o que precisava ser feito [a fim de atingir e derrubar as Torres Gêmeas e o Pentágono]. Por exemplo, apenas norte-americanos poderiam ter levado a rede de comando dos país a falhar, e apenas norte-americanos poderiam ter desativado as defesas aéreas. Em outro sentido, o 11/9 continua sendo uma 'execução interna' pela qual muitos norte-americanos não vão sequer atentar à evidência dos crimes. As barreiras psicológicas são muito grandes".

Para Kiriakou, "o 11 de Setembro foi, é claro, a pior falha de inteligência da história dos Estados Unidos. A CIA nunca poderá mudar isso". Ryan mostra-se pessimista que a verdade seja encontrada, e que justiça seja feita: "Nenhum dos presidenciáveis [Clinton e Trump] vai fazer nada para desafiar a versão oficial do 11/9. Se o fizessem, nunca ouviríamos nada sobre eles na mídia corporativa".


Il Risorgimento - A Unificação Italiana


XII. RECONTANDO A HISTÓRIA
Mapa da Itália hoje


EM 1870, CONSOLIDOU-SE A UNIFICAÇÃO DOS REINOS E DUCADOS DA PENÍNSULA ITÁLICA.
FORTE SENTIMENTO CULTURAL E NACIONALISTA, SOB INFLUÊNCIA DA REVOLUÇÃO FRANCESA
E DOS IDEIAS LIBERAIS DO SÉCULO XIX, ALÉM DE INTERESSES DA REGIÃO NORTE EM
EXPANDIR O COMÉRCIO, AJUDOU A FORMAR A REPUBBLICA ITALIANA


Em várias de suas regiões, a Europa assistiu, entre os séculos XIV e XVI, forte centralização do poder comandado pelos reis, cujo processo deu origem às monarquias absolutas e foi responsável pela formação dos Estados modernos. Contudo, até meados do século XIX a península Itálica, ao lado dos reinos e principados outrora dominados pelo antigo Império Romano-Germânico, era a única região européia, com grande identidade cultural, que não havia se composto em Estado unificado.

A península Itálica foi, ao longo dos séculos, desde o colapso do Império Romano em V d.C. até a unificação, “mera expressão geográfica”, conforme definiu o estadista austríaco Metternich. Por boa parte desse período, estrangeiros dominaram a região. Durante a Idade Média, as cidades-estados governaram-se a si mesmas gerando fortes laços regionais de fidelidade, mantidos mesmo após a unificação.

Às vésperas do risorgimento, a península encontrava-se dividida em vários pequenos reinos e ducados, a maioria sob domínio estrangeiro. Após o Congresso de Viena (1815), a Itália passou a ser dominada por austríacos e franceses, e pela Igreja Católica, dessa maneira: Lombardia-Veneza, Toscana, Parma, Modena e Romagna estavam submetidas ao domínio do império austríaco; o Reino das Duas Sicílias pertenciam a um membro do ramo espanhol da dinastia dos Bourbon, de origem francesa; os Estados da Igreja pertenciam ao papa, com absoluta autonomia; e o Reino do Piemonte-Sardenha, autônomo, era governado por um monarca liberal, a dinastia de Savóia, sob constante vigilância da Áustria.

No decorrer do século XVI, a França havia adquirido alguns territórios italianos, mas acabou expulsa pela Espanha. Até o século XVIII, os Habsburgo, reis da Espanha, haviam governado extensas regiões da Itália, e muitas outras haviam se tornado protetorados espanhóis. Veneza e os Estados da Igreja foram os únicos territórios importantes a preservar a independência. A administração espanhola estimulou a corrupção e debilitou o espírito de iniciativa de um povo já exaurido pela guerra.

No século XIX, os Estados italianos possuíam uma economia subdesenvolvida, uma burguesia fraca e um clero antinacionalista e o espírito regionalista estava arraigado nas pessoas. Daí o atraso no processo de unificação.

A Europa do Século XIX

XII. RECONTANDO A HISTÓRIA
As primeiras décadas foram estáveis na Europa, com as monarquias absolutistas restauradas apoiadas na Santa Aliança, compromisso mútuo das monarquias européias ajudarem-se mutuamente e com o direito de intervir em qualquer país sublevado com movimentos nacionalistas. Os ideais liberais da burguesia foram sufocados, e os poderes e privilégios dos reis, nobre e do clero recuperados, mas não demorou muito para que o continente acabasse se transformando em grande agitação que conduziu a drásticas mudanças na história da Europa.

Essa fase de efervescência deu-se no período de 1830 a 1848, com movimentos revolucionários marcados pelos ideais liberais, nacionalistas e socialistas. A Revolução Francesa, marco de passagem da Idade Moderna para a Contemporânea, levou às últimas consequências os ideais Iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade, que visava maior participação política da população e a diminuição das desigualdades sociais.

Tal revolução desencadeou no continente o chamado liberalismo, conjunto de doutrinas e idéias, políticas e econômicas, que defendiam os conceitos de liberdade e autonomia individual. Não uma democracia, mas um Estado regido por uma Constituição livremente votada pelos representantes ou integrantes da nação, e a divisão de poderes entre Executivo, Legislativo e Judiciário.

No campo econômico, defendia total liberdade de iniciativa aos cidadãos e empresários, reduzindo o Estado ao mínimo necessário. Em termos de religião, defendia completa separação entre Estado e Igreja, com garantia às liberdades religiosas.

Forte sentimento cultural e étnico tomou conta da Europa e de países em outros continentes, mais tarde chamado de nacionalismo que defendia a cultura e o respeito à formação natural dos povos, a independência nacional, defendendo o direito de que todos os povos lutassem por independência, e a autodeterminação dos povos, isto é, o direito dos povos viverem em um território unificado.

Esse sentimento foi amplamente utilizado na Revolução Francesa, contra agressões das monarquias estrangeiras, que tentavam impor novamente na França o Antigo Regime. O nacionalismo teve peso preponderante na libertação das treze colônias da América do Norte pertencentes à Inglaterra, que se tornariam os Estados Unidos da América.

Na Europa do século XIX também se deu a teorização e prática do socialismo, através de forte luta de classes advinda da grande industrialização por que passava o continente, que culminou com o movimento operário na França, nos Estados germânicos e na Inglaterra, onde a Revolução Industrial impôs vida severa e miserável aos trabalhadores. Daí surgiu a primeira Organização Internacional dos trabalhadores. Foi nessa época que surgiram intelectuais socialistas como os germânicos Karl Marx e Friedrich Engels, e os anarquistas russos, Mikhail Bakunin e Pyotr Kropotkin.

Alguns dos fatos mais marcantes e de maior repercussão na Europa do século XIX foram as Revoluções Liberais na França. A primeira iniciou-se em 1830, com a derrubada do rei Carlos X (1824-1830) e seu governo monárquico-absolutista e conservador, após grande crise econômica no país. O substituto de Carlos X, rei Luís Felipe (1830-1848), desenvolveu o capitalismo na França e governou sob monarquia constitucional, mas aliou-se a conservadores deixando de fora do parlamento os liberais, os socialistas, os republicanos, os bonapartistas e a classe operária.

Luís Felipe governou segundo os interesses dos banqueiros, e o estopim para uma nova revolução foi uma nova severa crise econômica, aumentando a oposição ao rei quando, em 1847, seus adversários uniram-se para exigir reforma eleitoral, a qual foi negada, e em fevereiro de 1848, ano em que todo o continente já estava inquieto e a Bélgica já se havia tornado independente da Holanda, liberais uniram-se à classe operária e promoveram as barricadas populares de Paris, que forçaram a fuga de Luís Felipe para a Inglaterra. Deste modo, foi proclamada a Segunda República Francesa naquele ano efervescendo ainda mais várias partes da Europa, inclusive a península Itálica, que, àquela época, já idealizava e lutava pela unidade da região.

Il Risorgimento

Quando o império de Napoleão Bonaparte definitivamente se exauriu em 1814 e retirou-se da península italiana, reinstalaram-se na península Itálica os regimes absolutistas a golpes de baioneta, seguindo-se a isso um sistema de brutalidade e corrupção que fez a população local associar a ocupação francesa com um período de relativa liberdade.

Foi assim que se proliferaram os ideais de unidade e independência italiana, com importante apoio dos intelectuais, oficiais do Exército, burocratas e alguns nobres. Daí surgiu a sociedade secreta Carbonária – os carvoeiros, que deram nome ao grupo, passaram longo período trabalhando invisíveis em florestas inacessíveis – fomentou movimentos exigindo reformas em Nápoles e revoluções em Parma, Módena e na Romagna, reprimidas pelas armas da Áustria, que agia em nome da Santa Aliança.

Os membros da Carbonária acabaram torturados, aprisionados e executados, mas o movimento pela liberdade cresceu: escritores e compositores italianos engajaram-se na criação de uma literatura subversiva e de óperas veladamente nacionalistas, que burlavam a severa censura austríaca.

Tudo isso recebeu amplo apoio na península também por questões econômicas, sobretudo no norte: no início do século XIX, essa região da Itália transformava-se social e economicamente devido ao desenvolvimento industrial. O reino do 'Piemonte-Sardenha' era o mais avançado da região, sua burguesia industrial começava a crescer e queria expandir-se. Com o crescimento das cidades, o comércio foi impulsionado e, para dar continuidade ao processo de desenvolvimento e expansão das suas atividades no mercado exterior, a burguesia liberal não só do Piemonte mas de todos os Estados italianos, desejava a unificação da região.

Os ideais liberais só cresciam, enriquecidos com o movimento “Jovem Itália”, grupo nacionalista liderado por Giuseppe Mazzini, autor de importantes trabalhos sobre a liberdade e a unificação italianas, e Giuseppe Garibaldi: o cenário para uma grande revolução estava pronto.

Os Estados Italianos Levantam-Se

XII. RECONTANDO A HISTÓRIA
Garibaldi em Palermo
Pintado em 1860 por Giovanni Fattori

O ano de 1848 foi um grande salto rumo à unificação, pois as manifestações em defesa da independência e da unificação se espalharam a vários territórios da península. Foi nesse ano que Milão sublevou-se e o rei Carlos Alberto do Piemonte-Sardenha, único Estado do norte independente da Áustria, acorreu em defesa de Milão e declarou guerra contra os austríacos. Após quatro meses de lutas, Carlos Alberto foi vencido naquilo que foi a primeira tentativa de unificação.

Foi durante essas lutas que acabaram se sobressaindo duas tendências: a dos republicanos, cujos líderes eram exatamente Mazzini e Garibaldi, e a dos monarquistas, cujo principal articulador era Camilo Benso, o conde de Cavour, que contava com apoio do rei do Piemonte-Sardenha e publicava seus ideais de unificação no jornal Risorgimento.

Na mesma época de luta de Milão e do Piemonte-Sardenha, Veneza tentou desvencilhar-se do governo austríacos mas, após cerco de cinco meses, a fome obrigou-os a se render. Em Roma, revolucionários proclamaram uma república que fez muito pelos pobres mas, contudo, indispôs os membros da Igreja Católica e os cidadãos mais abastados. O papa Pio IX abandonou o Palácio Quintal disfarçado e fugiu para território napolitano, de onde pediu ajuda aos franceses. Aliada à Áustria, a Nápoles e à Espanha, a França esmagou o Exército de 10 mil voluntários romanos liderados por Garibaldi.

Aos Bravos Italianos, Derrota Significa Renovação à Liberdade

XII. RECONTANDO A HISTÓRIA
Mesmo com a derrota do Exército de Garibaldi, Il Risorgimento ou “A Renovação” adquiriu um ímpeto ainda maior. No lugar de Carlos Alberto, assumiu o trono o rei Vitor Emmanuel II no Piemonte-Sardenha, único reino da península a possuir uma constituição liberal. Ali, as forças da burguesia incentivaram o movimento a favor da unificação, liderado por Cavour, nomeado pelo novo rei primeiro-ministro do Piemonte.

Cavour pôde, assim, colocar em prática seu projeto de unificação: no plano internacional, arquitetou nova investida contra a Áustria firmando um tratado com Napoleão III da França, logrando importantes vitórias no norte da Itália, em Magenta e Solferino, e o Piemonte anexou a região de Lombardia e os ducados de Parma, Módena e Toscana.

Nesses três ducados, o êxito obteve grande repercussão, a população local expulsou os governantes e um plebiscito foi realizado, aprovando a unificação da região com o Piemonte. Os austríacos acabaram forçados a assinar um armistício após dois meses de luta. Em troca, os franceses receberam os territórios de Nice e de Savóia, pertencentes ao reino peninsular.

O interesse de Luís Napoleão era justamente anexar esses territórios a seu país, e assim que conseguiu isso abandonou os italianos à própria sorte firmando um acordo com a Áustria, que manteve sob seu domínio a região de Veneza.

Enquanto Cavour anexava a Toscana e a Emília por meio de plebiscitos precipitadamente organizados, Garibaldi lutava pela unificação no sul da península: recebendo a notícia do movimento no norte, reuniu e liderou 1.100 voluntários conhecidos como “camisas vermelhas”, e marchou sobre os reinos das Duas Sicílias e de Náploes, a fim de prestar socorro aos sicilianos rebelados contra Fernando II das Duas Sicílias, que estava aponto de esmagá-los com um exército napolitano de 20 mil homens.

Garibaldi aportou em Marsala, na Sicília, e maio de 1860, fez uma campanha cheia de ardis e surpresas, houve insurreição popular contra o governo local e logo o líder nacionalista tinha a ilha sob seu poder, conquistando também Nápoles, posteriormente. Em agosto, suas tropas irregulares retornaram ao continente e marcharam rumo ao norte. Duas semanas depois, Fernando II fugia de Nápoles, apenas um dia antes de Garibaldi entrar na cidade e ser aclamado libertador.

Ciao, Italia!

XII. RECONTANDO A HISTÓRIA
Bandeira do Reino da Itália

Os piemonteses enviaram um exército para a região sul, passando pelos Estados da Igreja. Vitor Emanuel II impôs seu domínio na região das Duas Sicílias, em parte dos territórios pontifícios e anexou o reino de Nápoles: na cidade de Castelfidardo, derrotando as enfraquecidas tropas papais.

E em Tarento, ao norte de Nápoles, o Exército encabeçado pelo rei piemontês reuniu-se com as tropas de Garibaldi.Vitorio Emanuel foi proclamado rei de uma Itália unificada em março de 1861, e Turim tornou-se a primeira capital do Reino da Itália.

Oposição da Igreja à Unificação

XII. RECONTANDO A HISTÓRIA
Vaticano e Roma ao fundo

Apenas Veneza e o último Estado da Igreja permaneceram fora das fronteiras do novo reino; o primeiro seria cedido pela Áustria em 1866, e o segundo anexado em 1870, quando o Exército entrou em Roma após a retirada das guarnições francesas. Um plebiscito confirmou o consentimento dos romanos à sua união com o resto do país e, finalmente, a Itália podia transferir a sede do governo para a cidade que era sua capital natural.

Mas a anexação de Roma pelos nacionalistas não foi aceita pelo Papa Pio IX, que se considerou prisioneiro do governo italiano. Esse conflito entre a Igreja e o Estado, conhecido como Questão Romana, foi solucionado em 1929, mediante o Tratado de Latrão. Por esse tratado, ficou decidida a criação do pequeno Estado do Vaticano, sob a criação da Igreja Católica, com área de 0,44 km².

Mas a oposição do papa não se resumiu à anexação de Roma: ele foi sempre hostil à Itália unificada, pois se via despojado de todo o seu poder temporal. Uma lei que reconhecia o papa como soberano independente do Vaticano – enclave abrangendo a Basílica de São Pedro e os escritórios da administração da Igreja Católica em Roma – foi aprovada. Pio IX, porém, continuou a se considerar “o prisioneiro do Vaticano”, não reconheceu o novo governo e proibiu os católicos praticantes de votar em eleições parlamentares.

Consequências Imediatas

Se por um lado a identidade italiana foi afirmada não só com a unificação, mas também com o heroísmo de personagens apaixonados, valentes e perseverantes como Mazzini e Garibaldi, que se opuseram aos invasores opressores deixando grandes exemplos nos melhores registros da história, por outro lado a unificação italiana também não foi unanimidade entra a população local: a monarquia constitucional, estabelecida com liberdade de imprensa e sem polícia secreta, mas de estrutura altamente centralizada, inspirada na da França, era inadequada para uma nação com fortes traços regionais.

Sua Constituição vetava aos analfabetos o direito de voto – problema não muito grave para os italianos do Norte, mas barreira intransponível para os do Sul, onde excluía 80 por cento da população em idade de participar de eleições. Camponeses e trabalhadores não se sentiram representados pelo governo; o Sul trocara a ineficaz administração feudal espanhola por um governo indiferente, exercido por burocratas do Norte que nada compreendiam dos seus problemas. Infelizmente, até os dias de hoje é grande a diferença sociais e culturais entre o Norte e o Sul do país - este último sofrendo também muita discriminaçãos por parte dos nortistas.

As primeiras décadas da unificação italiana não viram progressos significativos internamente e sucessivos governos tentaram promover o nacionalismo por meio de conquistas externas. Nas décadas de 1880 e 1890, a exemplo de grandes potências européias, o país tentou criar colônias no leste da África ocidental, mas suas forças foram derrotadas pelos etíopes, restando-lhe colonizar apenas a Eritreia. Tudo isso foi agravado logo em seguida pela devastadora I Guerra Mundial (1914-1918), e mais tarde pela mais catastrófica ainda II Guerra Mundial (1940-1945), que deixou a Europa arruinada.

Ainda assim, a Itália conseguiu levantar-se a ponto de figurar como uma das nações mais prósperas do mundo, graças a um povo lutador, trabalhador, com sede de democracia e liberdade. Não sem razão, depois de tudo a Itália é hoje um só país, nação das mais respeitadas em todo o mundo.

Setembro de 2009


Ajouter cette vidéo à mon blog


Letra do hino da Itália, original e em português, aqui no Blog em Idiomas - Italiano


OBRAS CONSULTADAS:

Nações do Mundo - Itália, Editora Cidade Cultural. 1987

História, Divalte Garcia Figueira. Editora Ática, 2000

História - Coleção Horizontes, Marlene Ordóñes e Julio Quevedo. Editora IBEP

História e Consciência do Mundo - 2, Gilberto Cotrim. Editora Saraiva, 1996

#Posté le mercredi 01 septembre 2010 23:19

Modifié le mercredi 25 mars 2020 20:01


ENTREVISTA EXCLUSIVA COM PETER KUZNICK
A História Não Contada dos Crimes de Guerra dos Estados Unidos


Nesta entrevista, o professor doutor Peter Kuznick fala sobre: os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki; as mentiras e os crimes por trás da guerra do Vietnã, além dos reais motivos por trás daquela invasão desumana; por que os EUA se engajaram em uma Guerra Fria contra a União Soviética, e como aquela guerra e a mídia influenciam o mundo ainda hoje; interesses por trás dos assassinatos do presidente John F. Kennedy; imperialismo norte-americano contra a América Latina, durante a Guerra Fria e atualmente sob falsa premissa de guerra contra o terror, e contra as drogas.

O professor Kuznick é historiador, diretor do Instituto de Estudos Nucleares da Universidade Americana de Washington, e, com o cineasta Oliver Stone, é co-autor do livro A História Não-Contada dos Estados Unidos.

20 de junho de 2016 / Publicada em Global Research (Canadá), Truth Out (Estados Unidos)
em
Pravda Report (Rússia), e em Pravda Brasil


Edu Montesanti: No livro The Untold History of the United States, o senhor e Oliver Stone revelam que o lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki pelo presidente Harry Truman eram militarmente desnecessárias, e as razões por trás daqueles crimes de guerra. Você poderia comentar tais versões, por favor?

Peter Kuznick: É interessante para mim que quando falo com as pessoas de fora dos Estados Unidos, a maioria acha que os bombardeios atômicos eram desnecessários e injustificáveis, mas a maioria dos norte-americanos ainda acredita que as bombas atômicas foram atos realmente humanos porque salvaram a vida não apenas de algumas centenas de milhares de norte-americanos que teriam morrido em uma invasão, mas também de milhões de japoneses.

Isso é uma ilusão confortável profundamente arraigada no imaginário de muitos norte-americanos, especialmente entre os mais velhos. É um dos mitos fundamentais que emanam da II Guerra Mundial deliberadamente propagado pelo presidente Truman, por seu secretário de Guerra, Henry Stimson, e por muitos outros que também espalharam a informação equivocada de que as bombas atômicas haviam forçado a rendição japonesa. Truman afirmou em suas memórias que as bombas atômicas salvaram a vida de meio milhão de norte-americanos.

O presidente George H. W. Bush, mais tarde, elevou esse número para "milhões". A realidade é que os bombardeios atômicos não salvaram vidas norte-americanas nem contribuíram significativamente à decisão japonesa de se render. Elas podem ter na verdade atrasado o fim da guerra e custado vidas norte-americanas. Elas certamente custaram centenas de milhares de vidas japonesas, e feriram muitas mais.

Como o relatório de janeiro de 1946 pelo Departamento de Guerra EUA deixou claro, havia muito pouca discussão sobre os bombardeios atômicos por funcionários japoneses que antecederam sua decisão de se render. Isto foi recentemente reconhecido de modo tão chocante pelo oficial do Museu Nacional da Marinha dos EUA em Washington, D.C., que afirma: "A vasta destruição causada pelos bombardeios de Hiroshima e Nagasak,i e a perda de 135 mil pessoas causaram pouco impacto sobre os militares japoneses. No entanto, a invasão soviética à Manchúria... mudou a ideia deles".

Poucos norte-americanos percebem que seis dos sete cinco almirantes e generais dos Estados Unidos que ganharam a quinta estrela durante estão registrados como tendo dito que as bombas atômicas eram militarmente desnecessárias, ou moralmente repreensíveis, ou amba as coisas. Essa lista inclui os generais Douglas MacArthur, Dwight Eisenhower, Henry "Hap" Arnold, e os almirantes William Leahy, Ernest King e Chester Nimitz.

Leahy, que foi chefe de gabinete dos presidentes Franklin Delano Roosevelt e Harry Truman, qualificou os bombardeios atômicos de violações de "toda ética cristã que já ouvi falar, e de todas as leis de guerra conhecidas." Ele alegou que "os japoneses já estavam derrotados e prontos para a rendição... O uso desta arma bárbara em Hiroshima e Nagasaki não serviu como nenhuma ajuda material em nossa guerra contra o Japão. Ao sermos os primeiros a usá-las, adotamos um padrão ético comum aos bárbaros da Idade das Trevas".

Eisenhower concordou que os japoneses já estavam derrotados. MacArthur disse que os japoneses teriam se rendido meses antes se os EUA lhes tivessem dito que poderiam manter o imperador, o que os EUA ao final os permitiram fazer.

O que realmente aconteceu? Na Primavera de 1945, ficou claro à maioria dos líderes japoneses que a vitória era impossível. Em fevereiro de 1945, o príncipe Fumimaro Konoe, ex-primeiro-ministro japonês, escreveu ao Imperador Hirohito, "Lamento dizer que a derrota do Japão é inevitável".

O mesmo sentimento foi expresso pelo Conselho Supremo de Guerra em maio, quando declarou que "a entrada soviética na guerra vai desferir um golpe fatal contra o Império", o que foi repetido com frequência, posteriormente, pelos líderes japoneses.

Os EUA, que haviam quebrado os códigos japoneses e interceptado os cabos japoneses, estavam plenamente conscientes do crescente desespero do Japão para acabar com a guerra se os EUA lhes facilitasse a exigência de "rendição incondicional". Não apenas o Japão estava arrasado militarmente, mas o sistema ferroviário estava em frangalhos e seu suprimento de alimentos encontrava-se encolhendo. O próprio Truman referiu-se ao cabo interceptado em 18 de julho como "o telegrama do imperador japonês pedindo paz". Os líderes norte-americanos também sabiam que o Japão realmente temia a possibilidade de uma invasão soviética, a qual os japoneses tentaram sem sucesso evitar.

Os líderes japoneses não sabiam que, em Yalta, Stalin tinha concordado em entrar na Guerra do Pacífico, três meses após o fim dos combates na Europa. Mas Truman sabia disso e entendeu o significado daquilo. Já em 11 de abril de 1945, o Estado-Maior Conjunto de Inteligência dos Joint Chiefs of Staff relatava que "se em algum momento a URSS tiver que entrar na guerra, todos os japoneses vão perceber que a derrota absoluta é inevitável".

Em Potsdam em meados de julho, quando Truman recebeu a confirmação de Stalin de que os soviéticos estavam entrando na guerra, Truman se alegrou e escreveu em seu diário, "Será o fim dos japoneses quando isso acontecer". No dia seguinte, ele escreveu para sua esposa: "Nós vamos acabar com a guerra um ano mais cedo agora, e pense nas crianças que não serão mortas".

Assim, havia duas maneiras de acelerar o fim da guerra, sem deixar cair bombas atômicas. A primeira era mudar a demanda para a rendição incondicional e informar os japoneses de que eles poderiam manter o imperador, o que a maioria dos políticos norte-americanos queria fazer de qualquer maneira porque viam o imperador como personagem-chave para a estabilidade pós-guerra. A segunda era esperar pela invasão soviética, que começou à meia-noite do dia 8 de agosto.

Foi a invasão que se provou decisiva, não as bombas atômicas cujos efeitos levaram mais tempo para serem registrados e foram mais localizados. A invasão soviética desacreditou completamente a estratégia ketsu-go do Japão. O poderoso Exército Vermelho rapidamente demoliu o Exército Kwantung do Japão. Quando o primeiro-ministro Kantaro Suzuki foi perguntado por que o Japão precisava se render tão rapidamente, ele respondeu que se o Japão atrasasse, "a União Soviética vai conquistar não apenas a Manchúria, a Coréia, o Karafuto, mas também Hokkaido. Isto irá destruir a fundação do Japão. Temos que acabar com a guerra, quando podemos lidar com os Estados Unidos";

A invasão soviética mudou a equação militar; as bombas atômicas, por mais terríveis que fossem, não fizeram isso. Os norte-americanos tinham bombardeado cidades japonesas por vários meses. Como Yuki Tanaka demonstrou, os EUA já haviam bombardeado mais de 100 cidades japonesas. A destruição atingiu a alta de 99,5 por cento no centro de Toyama.

Os líderes japoneses já tinham aceitado que os Estados Unidos poderiam acabar com cidades japonesas. Hiroshima e Nagasaki foram mais duas cidades a serem vencidas, contudo através da destruição com detalhes terríveis. Mas a invasão soviética provou ser devastadora tanto quanto os líderes norte-americanos e os japoneses previram que seria.

Mas os EUA queriam usar bombas atômicas, em parte, como advertência aos soviéticos de que elas estavam de prontidão se eles interferissem nos planos dos EUA em relação à hegemonia pós-guerra. Isso foi exatamente o que Stalin e aqueles em torno dele no Kremlin interpretaram dos atentados. A utilização pelos EUA das bombas teve pouco efeito sobre líderes os japoneses, mas revelou-se um fator importante para dar início à Guerra Fria. E colocaram o mundo em uma ladeira rumo à aniquilação.

Truman observou em pelo menos três ocasiões distintas, que estava se iniciando um processo que poderia resultar no fim da vida neste planeta. Quando ele recebeu a notícia em Potsdam do poderio através do teste da bomba em 16 de julho no Novo México, escreveu em seu diário: "Nós descobrimos a mais terrível bomba da história do mundo. Pode ocasionar a destruição através de fogo que profetizou no Vale Era Eufrates Noé, em sua arca".

Então os bombardeios atômicos contribuíram muito pouco ou nada para o fim da guerra, mas deram início a um processo que continua ameaçando a humanidade de aniquilação hoje - 70 anos ou mais após os atentados. Como Oliver Stone e eu dizemos em The Untold History of the United States, matar civis inocentes é crime de guerra. Ameaçar extinguir a humanidade é muito, muito pior. É o pior crime que jamais poderá ser compactuado.


No capítulo Guerra do Vietnã, é revelado que as forças armadas norte-americanas realizaram naquele pequeno país o lançamento de um maior número de bombas que todos aqueles lançados durante a Segunda Guerra Mundial. Por favor, detalhe este fato e comente por que você acha que isso aconteceu.

Os EUA derrubaram mais bombas contra o pequeno Vietnã do que tinha sido despejado por todos os lados em todas as guerras anteriores, em tempos de história, e três vezes mais que as todas lançadas por todos os lados na Segunda Guerra Mundial. Aquela guerra foi a pior atrocidade, o pior exemplo de agressão estrangeira cometida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Dezenove milhões de litros de herbicida envenenaram o campo. As belas florestas do Vietnã foram completamente eliminadas. Os EUA destruíram 9 mil das 15 mil aldeias do Vietnã do Sul.

Os EUA destruíram todas as seis cidades industriais do norte, bem como 28 das 30 cidades do interior e 96 das 116 cidades distritais. Os EUA ameaçaram usar armas nucleares em várias ocasiões. Entre aqueles que discutiram e, ocasionalmente, apoiaram este uso estava Henry Kissinger. O ex-secretário de Defesa Robert McNamara disse aos meus alunos que acredita que 3,8 milhões de vietnamitas morreram na guerra.

Assim, a guerra foi realmente horrível e os norte-americanos nunca pagaram por este crime. Em vez de ganhar um Prêmio Nobel da Paz pelo fim da guerra, Henry Kissinger deveria ter ido ao banco dos réus em Haia, julgado por ter cometido crimes contra a humanidade.


Fale, professor Kuznick, de suas experiências na década de 60 no Vietnã, e por que os EUA decidiram se envolver em uma guerra contra aquela nação.

Oliver e eu nos aproximamos da guerra de diferentes perspectivas. Ele abandonou a Universidade de Yale e se ofereceu para o combate no Vietnã. Ele foi ferido duas vezes e ganhou uma medalha por coragem em combate. Por outro lado, eu me posicionei frontalmente contra a invasão dos EUA ao Vietnã desde o início.

Como calouro na faculdade, dei início a um grupo anti-guerra. Organizei-me de forma ativa contra a guerra. Tive profunda aversão àquilo. Eu odiava as pessoas que eram responsáveis por aquela guerra. Achava que eram todos criminosos de guerra, e ainda acho. Assisti a muito protestos contra a guerra e falei muitas vezes em manifestações públicos. Como meu amigo Daniel Ellsberg gosta de dizer, eu achava que não estávamos no lado errado, mas que éramos o lado errado.

Os EUA gradualmente se envolveram naquilo. Primeiro, financiaram a guerra colonial francesa e, em seguida, assumiram a luta em si depois que os vietnamitas derrotaram os franceses. O presidente Kennedy enviou 16 mil "conselheiros", mas percebeu que a guerra era um equívoco e planejou acabar com ela se não tivesse sido morto. Os motivos norte-americanos eram variados. Ho Chi Minh não só era nacionalista, como era também comunista. Nenhum líder dos EUA queria perder uma guerra para os comunistas, em lugar nenhum.

Isso era especialmente verdadeiro após a vitória comunista na China em 1949. Muitos temiam o efeito-dominó que o Vietnã pudesse causar em termos de vitórias comunistas em todo o Sudeste Asiático. Isso deixaria o Japão isolado, e no Japão também acabaria por voltar-se para o bloco comunista. Por isso, a motivação era geopolítica.

Outra era econômica. Os líderes norte-americanos não queriam perder o trabalho barato, as matérias-primas e os mercados na Indochina. Outra razão foi que o complexo militar-industrial dos EUA - as indústrias de "defesa" e os líderes militares aliados a eles - enriqueceram-se com a guerra. A guerra era a razão de ser deles, e eles lucraram com a guerra tanto através dos altos lucros quanto das promoções.

Por isso, foi uma combinação de manutenção da dominação dos EUA no mundo, defender e explorar interesses econômicos norte-americanos, e uma mentalidade anti-comunista perversa e corrosiva que desejava derrotar os comunistas em todos os lugares.


Quais foram as verdadeiras razões por trás da Guerra Fria dos EUA contra a União Soviética?

George Kennan, funcionário do Departamento de Estado norte-americano que forneceu a base teórica para a teoria de contenção, expôs os motivos econômicos por trás da Guerra Fria em um memorando muito esclarecedor em 1948, em que disse: "Temos cerca de 50 por cento da riqueza do mundo, mas apenas 6,3 por cento da sua população... não podemos deixar de ser objeto de inveja, de ressentimento. Nossa verdadeira tarefa no próximo período é conceber um padrão de relações que nos permitirão manter esta posição de desigualdade".

Os EUA prosseguiram com esta tarefa. Às vezes, foi necessário, para isso, apoiar ditaduras brutais. Às vezes, foi necessário apoiar regimes democráticos. A luta ocorreu no âmbito cultural bem como os domínios políticos, ideológicos e econômicos.

Henry Luce, editor da revista Time, disse em 1941 que o século 20 deveria ser o século norte-americano. Os EUA iriam dominar o mundo. Os EUA se propuseram a fazer isso. Os soviéticos, tendo sido invadidos duas vezes pela Europa Oriental, queriam uma zona tampão entre si e a Alemanha. Os EUA se opuseram a tais esferas econômicas e políticas que limitavam a penetração econômica dos EUA.

Embora os EUA e a União Soviética nunca tivessem se enfrentado em uma guerra, eles travaram muitas guerras perigosas por procuração. Os seres humanos têm a sorte de terem sobrevivido àquela era sombria.


Como o senhor vê a política dos EUA em relação a Cuba desde a Revolução Cubana, e em relação à América Latina em geral desde a Guerra Fria?

Os EUA controlaram completamente a economia e a política cubana a partir da década de 1890 até a revolução de 1959. Batista levava água para os investidores norte-americanos. Os EUA interveiram repetidamente nos assuntos da América Latina entre 1890 e 1933 e, em seguida, muitas vezes novamente na década de 1950. Castro representou a primeira grande ruptura desse ciclo.

Os EUA queriam destruí-lo e garantir que ninguém mais na América Latina seguisse seu exemplo. Falharam. Os EUA não destruíram sua revolução, mas garantiram que ela não tivesse sucesso economicamente, ou criasse a democracia do povo que muitos esperavam.

No entanto, foi bem-sucedida de outras maneiras. E a revolução sobreviveu à Guerra Fria, e após ela. Ela tem inspirado outros revolucionários latino-americanos, apesar de todo o apoio e de todo o treinamento dos EUA aos esquadrões da morte, que patrulhavam o continente deixando centenas de milhares de mortos. A Escola dos EUA para as Américas tem sido fundamental na formação dos líderes de esquadrões da morte.

Hugo Chávez e outros têm se apoiado em Fidel como inspirador da esquerda latino-americana. Mas muitos líderes progressistas foram derrubados nos últimos anos. Hoje Dilma Rousseff está lutando por sua vida, mas Evo Morales e Álvaro García Linera na Bolívia seguem firmes, resistindo orgulhosamente aos esforços dos EUA para dominar e explorar novamente a América Latina.

Mas em toda a América Latina, os líderes progressistas foram derrubados ou estão sendo enfraquecido por escândalos. Os neoliberais apoiados pelos EUA estão preparando-se novamente para saquear as economias locais de acordo com o interesse de capitalistas estrangeiros e domésticos. Não é uma paisagem interessante. As pessoas vão sofrer imensamente, enquanto alguns ficam ricos.


De acordo com suas pesquisas, Professor Kuznick, quem matou o presidente John Kennedy? Que interesses estavam por trás daquele magnicídio?

Oliver produziu um grande filme sobre o assassinato de John Kennedy. Não sentimos que precisávamos rever essas questões em nossos livros e documentários. Estamos focados, em vez disso, no que a humanidade perdeu quando Kennedy foi roubado de nós. Ele havia crescido imensamente durante seu curto período de tempo na Presidência.

Ele começou como combatente da Guerra Fria. Até o final da vida, seguindo as lições que aprendeu durante os dois primeiros anos de sua administração e pontuadas pela crise dos mísseis cubanos, ele desejou desesperadamente acabar com a Guerra Fria e terminar com a corrida ao armamento nuclear. Se tivesse vivido, como Robert McNamara afirmou, o mundo teria sido fundamentalmente diferente.

Os EUA teriam se retirado do Vietnã. Os gastos militares teriam caído drasticamente. Os EUA e os soviéticos teriam explorado maneiras de trabalhar juntos. A corrida armamentista teria sido transformada em uma corrida de paz. Mas ele teve seus inimigos nas comunidades militares e de Inteligência, e no sector militar da economia.

Ele também era odiado pelos segregacionistas do sul, pela máfia e pela comunidade reacionária de exilados cubanos. Mas aqueles por trás de seu assassinato partiram, muito provavelmente, da ala militar e da inteligência.

Não sabemos quem fez isso, mas sabemos cujos interesses foram avançados pelo assassinato. Tendo em conta todos os furos na versão oficial, conforme detalhado pela Comissão Warren, é difícil acreditar que Lee Harvey Oswald agiu sozinho e que a bala mágica causou todo aquele estrago.


O senhor acha que o imperialismo dos EUA contra a região hoje, especialmente os ataques contra países progressistas são, essencialmente, baseados na mesma política dos tempos da Guerra Fria?

Não acho que os EUA queiram uma nova Guerra Fria com um rival real que possa competir em todo o mundo. À medida que os neocons se proclamaram após a queda da União Soviética, os EUA realmente querem um mundo unipolar no qual exista apenas uma superpotência e não rivais.

Os países progressistas têm menos aliados importantes hoje do que tinham durante a Guerra Fria. Rússia e China fornecem algum equilíbrio para os EUA, mas não são realmente países progressistas desafiando a ordem capitalista mundial. Ambos estão cercados por seus próprios problemas internos, e pelas desigualdades.

Há poucos modelos socialistas democráticos para o mundo a seguir hoje. Os EUA têm conseguido subverter e sabotar a maior parte dos governos visionários e progressistas. Hugo era este modelo. Ele alcançou grandes coisas para os pobres da Venezuela. Mas se olharmos ao que está acontecendo agora no Brasil, na Argentina, em Honduras... é um quadro muito triste.

Uma nova onda revolucionária é necessária em todo o terceiro mundo com novos líderes comprometidos em eliminar a corrupção, e em lutar por justiça social. Pessoalmente, estou animado com os recentes acontecimentos na Bolívia, apesar dos resultados da última eleição [referendo por reforma constitucional que permitiria ao presidente Evo Morales se candidatar a um quarto mandato, até 2025].


O quanto a cultura da Guerra Fria influencia a sociedade norte-americana e mundial hoje, Professor Kuznick? Qual papel o regime de Washington e a grande mídia desempenham sobre isso?

Os meios de comunicação são parte do problema. Eles serviram para ofuscar, em vez de educar e esclarecer. Imputam a sensação de que existem perigos e inimigos à espreita em todos os lugares, mas não oferecem soluções positivas.

Como resultado, as pessoas são movidas pelo medo e para responder de forma irracional. O ex-vice-presidente dos EUA, Henry Wallace, um dos visionários líderes dos EUA no século 20, respondeu à cortina de ferro de Winston Churchill em 1946, advertindo:

"A fonte de todos os nossos erros é o medo... Se estes receios continuarem, chegará o dia em que nossos filhos e netos vão pagar por esses medos com rios de sangue... Por medo, grandes nações têm atuado como bestas selvagens, pensando apenas na sobrevivência".

Isso também opera no nível pessoal, onde as pessoas vão sacrificar suas liberdades para conseguir maior segurança. Vimos isso ocorrer nos EUA após o 11 de Setembro. Estamos vendo isso agora na França e na Bélgica.

O mundo está se movendo na direção errada. A desigualdade está crescendo. As 62 pessoas mais ricos do mundo têm agora mais riqueza do que os 3,6 bilhões mais pobres. Isso é obsceno. Não há desculpa para a pobreza e para a fome em um mundo com recursos abundantes. Neste mundo, os meios de comunicação servem a vários propósitos, o menor dos quais é informar as pessoas e armá-las com as informações que elas precisam para transformar suas sociedades e o mundo.

Os meios de comunicação, em vez disso, têm ampliado o medo das pessoas a fim de que aceitem regimes autoritários e soluções militares a problemas que não têm soluções militares, proporcionar entretenimento estúpido para distrair as pessoas de problemas reais, e narcotizar as pessoas em sonolência e apatia.

Este é um problema especialmente nos Estados Unidos, onde muitas pessoas acreditam que existe uma imprensa "livre". Onde há uma imprensa controlada, as pessoas aprendem a enxergar os meios de comunicação com ceticismo. Muitos norte-americanos que acreditam na imprensa não entendem as formas mais sutis de manipulação e de engano.

Nos EUA, os principais meios de comunicação raramente oferecem perspectivas que desafiam o pensamento convencional. Por exemplo, tenho sido constantemente entrevistado pelos principais meios de comunicação da Rússia, da China, do Japão, da Europa e de outros lugares, mas raramente sou entrevistado pelos meios de comunicação dos Estados Unidos.

Nem meus colegas progressistas são convidado aos programas dos principais meios de comunicação dos EUA. Desta maneira, há, sim, uma certa medida de liberdade de imprensa nos Estados Unidos, mas essa liberdade não tem sido tão cerceada pelo governo quanto pela auto-censura e silenciamento de vozes progressistas.

Grande parte do resto do mundo está mais aberto a criticar os EUA, mas não tão contundentemente quando se trata de criticar as políticas de seus próprios governos.


O que o senhor poderia dizer sobre a ideia de que a atual "Guerra ao Terror" dos Estados Unidos, e até mesmo "Guerra às Drogas" especialmente na América Latina são maneiras que os EUA encontraram para substituir a Guerra Fria, e assim expandir seu poder militar e a dominação global?

Os EUA rejeitam os métodos dos antigos regimes coloniais. Criaram um novo tipo de império amparado por um número de 800 a mil bases militares no exterior a partir das quais forças especiais norte-americanas operam em mais de 130 países todo ano.

Em vez de as forças invasoras que consistem em grandes exércitos de terra, que provaram não trabalhar de país a país, os EUA operam de maneiras mais secretas e menos pesadas. O método de matar preferido de Obama é através de drones. Estes são de legalidade duvidosa e produzem resultados questionáveis. São certamente eficazes em matar pessoas, mas há muitas evidências que sugerem quem para cada "terrorista" que matam, criam mais 10 em seu lugar.

A guerra contra o terrorismo que os EUA e seus aliados têm travado nos últimos 15 anos, apenas criou mais terroristas. Soluções militares raramente funcionam. Diferentes abordagens são necessárias e elas terão que começar com a redistribuição de recursos do mundo, a fim de fazer com que as pessoas queiram viver em vez de matar e morrer. As pessoas precisam de esperança.

Elas precisam de um senso de afinidade. Precisam acreditar que uma vida melhor é possível, para elas e para os filhos. Muitos se sentem inúteis e marginalizados. O fracasso do modelo soviético produziu um vácuo em seu lugar. Como Marx advertiu há muito tempo, a Rússia estava muito atrasada cultural e economicamente para servir de modelo para o desenvolvimento socialista global.

A revolução foi contestada desde o início por forças invasoras capitalistas. Problemas abundavam desde o início. Em seguida, o stalinismo trouxe sua própria série de horrores. Na medida em que o modelo soviético tornou-se padrão mundial para a mudança revolucionária, havia pouca esperança para a criação de um mundo decente. Nem o modelo chinês forneceu um padrão melhor.

Assim, alguns se voltaram para o Islã radical que traz sua própria visão de pesadelo. Como os governos progressistas continuam tropeçando e caindo, a hegemonia dos EUA se fortalece. Mas os EUA têm apresentado poucos benefícios a oferecer ao mundo. As gerações futuras vão olhar para trás a esta Pax Americana não como um período iluminado, mas de guerra constante e de crescente desigualdade.

A democracia é grande em princípio, mas menos eficiente na prática. E agora, com a ameaça nuclear se intensificando e as mudanças climáticas também ameaçando a existência futura da humanidade, o futuro permanece incerto. Os EUA vão se agarrar a guerras contra o terror e contra as drogas para manter as desigualdades que George Kennan traçou há 68 anos. Mas este não é o caminho que deve ser seguido.

O mundo pode olhar para a política interna dos EUA como uma descida suicida - um sinal hilariante do completo fracasso da democracia norte-americana -, mas o sucesso do ponto fora da curva de Bernie Sanders e até mesmo a revolta anti-establishment entre as bases republicanas mostram que os norte-americanos estão sedentos por mudança.

Tanto Hillary Clinton quanto o establishment republicano, com seus laços com Wall Street e soluções militaristas, não impõem respeito fora de certos segmentos limitados da população. Eles podem ganhar agora, mas seu tempo é limitado.

Pessoas de toda a parte estão desesperadas por novas respostas progressistas positivas. Algumas, claramente como se vê agora em toda a Europa, estão se voltando à direita demagoga em tempos de crise, mas isso se deve, ao menos em parte, ao fato de que a esquerda não conseguiu fornecer a liderança que o mundo precisa.

Uma esquerda revitalizada é a chave para salvar este planeta. Estamos correndo contra o tempo que se esgota. O caminho pela frente não será nada fácil. Mas podemos e devemos prevalecer.


Breve História do Afeganistão

Fonte do mapa étnico do Afeganistão: Último Segundo



SITUADO NA ÁSIA CENTRAL, EM UMA REGIÃO MONTANHOSA E DESÉRTICA, o Afeganistão conta com uma área de 652.090 quilômetros quadrados, onde habitam 32,3 milhões de pessoas (2007), distribuídas em 34 províncias. Cabul, a capital nacional, com 2.536.300 habitantes. 97,9% da população afegã segue a religião muçulmana. Os principais grupos étnicos do país são os pashtuns (do presidente Karzai), tadjiques, hazarás e uzbeques. O restante da população é constituída por tribos nômades que vivem há séculos na região. Estima-se que haja no país hoje 1,2 mil facções étnico-tribais armadas, comandadas pelos "senhores da guerra", chefes militares regionais.

A ATUAL CONSTITUIÇÃO ESTABELECE o pashtun e o dari (persa-afegão) como línguas do Estado, mas apóia o uso do uzbeque, do turcomeno e de outros idiomas falados no país.

Da Unificação em 1747 ao Século XIX

O FATO DE LOCALIZAR-SE NO CORAÇÃO DA ÁSIA, a região que corresponde hoje ao Afeganistão foi estratégica, e por isso palco de invasões ao longo da história. A região foi unificada em 1747 pelo monarca Ahmad Ahah Durrani (imagem à direita), estabelecendo uma dinastia que durou até 1973.

NO SÉCULO XIX, GRÃ-BRETANHA E RÚSSIA DISPUTAM A REGIÃO. Tentando proteger a Índia dos russos e também impedir as invasões russas na Ásia Central, os britânicos instalam-se em Cabul em 1839 iniciando uma guerra com o Afeganistão, a qual duraría até 1842, causando severas perdas aos britânicos, que deram conta da reputação afegã de possuir guerreiros valentes.

UMA OUTRA GUERRA ANGLO-AFEGÃ É INICIADA EM 1879, que vai até 1880 quando Londres estabelece no trono afegão seu candidato, Amir Abdur Rahman. Nesta época, britânicos e russos estabelecem fronteiras no que se tornaría o Afeganistão de hoje.

Século XX: Independência e Muitos Golpes

A MONARQUIA DURARIA ATÉ AGOSTO DE 1919, data da independência afegã. O rei Rahman, contrariando seus súditos, mantém-se neutro na I Guerra Mundial. Seu sucessor no trono, Amanullah (1919 - 1929, direita), dá início à Terceira Guerra Anglo-Afegã. A Grã-Bretanha, arruinada pela Guerra Mundial, renuncia ao domínio assinando o Tratado de Rawalpindi.

AMANULLAH PROMOVE MUITAS REFORMAS, tais como abolição do tradicional véu muçulmano para as mulheres, além de abrir escolas. As mudanças incomodam muitos líderes tribais e religiosos, e o rei renuncia após tomada de Cabul por parte de rivais da etnia tadjique, em janeiro de 1929.

ATÉ 1933, O TRONO AFEGÃO PASSOU POR MUITAS MÃOS quando neste ano assumi o rei Zahir Shah (esquerda), no trono por quatro décadas. Promove eleições e imprensa livres, aumentando também a participação afegã em questões internacionais. Em 1953, o primeiro-ministro Mohammad Daud Khan conduz o país à assistência econômica e militar da União Soviética, enquanto mantém posição neutra durante a Guerra Fria. Proporciona ao Afeganistão muitas reformas educacionais e sociais de longo alcance, tais como voluntária retirada do véu das mulheres e abolição da lei que as mantinha afastadas da vista pública, a chamada purdah.

EM 1963, DAUD RENUNCIA (direita) ao cargo por desacordos sobre a fronteira com o Paquistão. Nova constituição em 1964 aprovada pela Assembléia Nacional estabelece uma Câmara Legislativa dupla, na qual o povo, o rei Zahir e as assembléias provinciais, cada uma, indica um terço dos deputados. De 1965 a 69, as eleições foram mostras fortes dos fundamentalistas muçulmanos e do comunista Partido Democrático do Povo do Afeganistão. Mas Zahir nega-se a cumprir a Constituição vigente, desencadeando instabilidade política.

EM 1973, O EX-PRIMEIRO MINISTRO DAUD DESTITUI ZAHIR do poder com ajuda de oficiais militares de esquerda e proclama a República, introduzindo reformas sócio-econômicas, mas a pobreza mesclada com revolta espalha semente para crescente coalizão esquerdista. Em 1978, Daud é excluído e executado por militares. Um regime pró-comunista é instaurado, com ascensão do Partido Democrático do Povo, com seu secretário-geral Nur Mohammad Taraki (esquerda) tornando-se primeiro-ministro.

UM ACORDO COM MOSCOU EM DEZEMBRO DE 1978 envia dinheiro e assistência militar soviética ao Afeganistão. O Partido Democrático do Povo introduz decretos de reforma agrária e mudanças nos costumes de casamentos, cujas novas leis causam insatisfação dos islamitas tradicionais do campo. O governo tenta conter a insurgência prendendo membros da instituição religiosa e intelectuais de Cabul. Tudo isso gera revolta armada na zona rural, liderada por líeders étnico-tribais (os "senhores da guerra") e muçulmanos conservadores mullahs. Esta crescente insatisfação faz com que o Partido Democrático receba mais apoio soviético.

A Entrada dos Soviéticos


NO ANO SEGUINTE, OS SOVIÉTICOS INVADEM O PAÍS e, após tiroteio no palácio presidencial em setembro, excluem Taraki e põem no poder Haffizullah Amin, representante de uma facção de esquerda que competia com o poder anterior. As revoltas no interior intensificam-se, e Amin recusa-se a aceitar o conselho soviético de consolidar o poder na zona rural. Em dezembro, tropas aéreas soviéticas promovem terror em Cabul, sob pretexto de treinamento no campo de batalha. Dois dias depois essas forças matam Amin, estabelecendo Barak Karmal (esquerda) novo primeiro-ministro, seguindo-se uma grande invasão soviética por terra no norte do país.

CONTA A HISTÓRIA OFICIAL que primeiro a União Soviética invadiu o país, e depois entraram os norte-americanos, versão completamente desmentida por Zbiegniew Brzezinski, funcionário do Conselho Nacional de Segurança dos EUA de 1977 a 1981, quando o presidente era presidente Jimmy Carter: muitos anos mais tarde, o ex-conselheiro do presidente revelaria, posteriormente confirmado por outros alto membros daquele governo e pelo próprio Carter, as operações secretas da Casa Branca no Afeganistão, estas sim, impulsionando a intervenção soviética conforme o próprio Brzezinski previu que aconteceria ao presidente norte-americano, antes das operações [detalhes no livro Mentiras e Crimes da "Guerra ao Terror", cuja sinopse pode ser lida aqui no Blog (role a rela)]. A estratégia norte-americana instalar-se militarmente no vizinho do Irã, que nacionalizara sua indústria petrolífera, e, em plena Guerra Fria, desgastar a União Soviética em uma longa guerra.

O REGIME KARMAL FRACASSOU AO ESTABELECER autoridade fora de Cabul, mesmo apoiado por 120 mil tropas soviéticas. A presença de tropas não-muçulmanas no Afeganistão provocou resistência, enquanto homens de todo o mundo islamita juntam-se no país para lutar contra as forças de Moscou. Os guerreiros mujahedin são receptivos a grandes ajudas em forma de armas e treinamento dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Paquistão, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes.

NA DÉCADA DE 1980, com governo apoiado diretamente por Washington, o Afeganistão bate ano a ano seus próprios recordes na plantação e exportação de ópio, do qual se produz a heroína, droga mais letal que existe. A guerra civil que se instalou no país com a retirada soviética é também, em grande parte, abafada pelo novo regime, que toma conta de praticamente todo o país.

Retirada Soviética e Ascensão do Taliban

DEZ ANOS DE LUTA FORAM TERRÍVEIS, tanto ao Afeganistão quanto à União Soviética: cerca de 14.500 soviéticos e 1 milhão de afegãos morreram. Após a total retirada soviética em 1989 através da assinatura, no ano anterior, dos acordos de Genebra, um vácuo político foi deixado no Afeganistão. Assim, especialmente a partir de 1992, quando o governo pró-soviético renuncia, inicia-se nova fase de guerra, desta vez entre facções guerrilheiras rivais mujahedin.

UMA LOYA JIRGA, CONSELHO DE NOTÁVEIS formado por líderes tribais, autoridades religiosas e anciãos, estabelece um poder muçulmano moderado, liderado por Burhanuddin Rabbani. Mas o poder, de fato, fica com os chefes militares regionais, corruptos e com bandos armados, os chamados "senhores da guerra".

O MOVIMENTO FUNDAMENTALISTA TALIBAN chega ao poder em 1996 estabelecendo a Sharia, lei islamita através da qual as mulheres são proibidas de trabalhar e obrigadas a usar a burca, traje que cobre todo o corpo, inclusive o rosto. Já em 1998 o Taliban ocupa 90% do território, tomando a última grande cidade dos oposicionistas da Aliança do Norte, Mazar-e-Sharif. As tropas da Aliança limatam-se agora ao extremo norte do país.

EMBAIXADAS DOS ESTADOS UNIDOS SÃO ATACADAS neste mesmo ano em países da África, e Osama bin Laden, protegido pelo Taliban dentro do Afeganistão, é responsabilizado por isto. Deste modo, os EUA disparam mísseis sobre supostos campos de treinamento em solo afegão. A Organização das Nações Unidas (ONU) aplica sanções ao país, até que o governo local extradite Bin Laden.

AS PLANTAÇÕES DE ÓPIO REDUZEM-SE A NÍVEIS muito baixos sob o regime taliban, chegando a quase zero em 2001. Contudo, a opressão sobretudo contra as mulheres praticada pelo novo governo é assustadoramente crescente. Até esta época, enquanto líderes talibans viajam ao EUA para negociar com o governo de Washington a passagem de dutos sob solo afegão, acaba não havendo acordo.

O 11 de Setembro e a Invasão Norte-Americana


OS ATAQUES TERRORISTAS DE 11 DE SETEMBRO DE 2001 nos Estados Unidos, são mais uma vez atribuídos a Bin Laden e à rede terrorista Al Qaeda. Os norte-americanos exigem a entrega de Bin Laden, a princípio negada por Mohammed Omar, líder do Taliban, quem acolhe o terrorista no Afeganistão. Assim, os EUA e a Grã-Bretanha decidem invadir o país sem nenhuma declaração formal de guerra, exigência constitucional dos próprios Estados Unidos que não autoriza o presidente da República a declarar guerra e se envolver em guerras de agressão, isto é, em casos que o país não for atacado por outro, o que não é o caso do Afeganistão - a Constituição norte-americana proíbe a guerra preventiva, empreendida agora por George Bush.

SÃO DESRESPEITADAS TAMBÉM TODAS as leis internacionais, as quais não apenas preveem igualdade de forças entre duas nações em guerra, algo totalmente ausente entre Estados Unidos e Afeganistão, como também consideram a guerra último recurso até que iniciativas diplomáticas não surtam mais efeito - apesar do aval da ONU que contraria sua própria Carta.

MESMO DIANTE DISSO TUDO, BUSH ESTÁ irredutível à decisão de invadir o país da Ásia Central - que não atacou os Estados Unidos em 11 de setembro através de seu governo, o Taliban, mas sim abriga o mentor dos ataques, e nem o Taiban apresenta risco iminente aos Estados Unidos, são outros pontos importantes a ser lembrados. E o que o presidente norte-americando mais rechaçaria seriam justamente as opções diplomáticas, como veremos nos próximos parágrafos.

EM 4 DE OUTUBRO, O TALIBAN DECIDE EXTRADITAR BIN LADEN ao Paquistão afim de ser julgado em um Tribunal. Contudo, o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, aliado dos Estados Unidos, nega-se a receber o terrosista saudita de origem iemenita, alegando que não há garantias da segurança a Bin Laden no país.

EM 7 DE OUTUBRO, QUANDO COMEÇAM OS BOMBARDEIOS "contra o terror" no Afeganistão, o Taliban afirma que realizará julgamento para Osama Bin Laden no prórpio Afeganistão. Os Estados Unidos, porém, negam-se a aceitar a proposta: um funcionário da administração Bush, que falou em anonimato à rede de TV norte-americana CNN, revelou que o governo de seu país exige extradição incondicional do líder terrorista. Em 14 de outubro, Bush nega nova proposta do Taliban, desta vez de extraditar Bin laden a um terceiro país, se os Estados Unidos cessem o bombardeio ao Afeganistão.

DURANTE A BATALHA DE TORA BORA, entre 12 e 17 de dezembro de 2001, nas montanhas situadas na fronteira Agefanistão com o Paquistão, acredita-se que Bin Laden fugiu ao país vizinho. Porém, Bush, contrariando petições de suas Forças, não permite que seus homens o persegam por terra: o presidente norte-americano decide enviar, ao invés disso, 150 mil tropas à fronteira do Iraque na região do golfo Pérsico, a fim de capturar seu presidente, Saddam Hussein, quem não se pode vincular, de nenhuma maneira, aos ataques de 11 de setembro, o que ficaria realmente provado mais tarde.

CIDADES AFEGÃS DESTRUÍDAS POR BOMBARDEIOS causam fuga de milhares de civis ao Paquistão. Os ataques também destituem o Taliban do poder, o qual é entregue à Aliança do Norte e a grupos tribais. O Taliban perdeu 500 combatentes mortos, acusados de pertencer à Al Qaeda. Esta invasão, porém, não é capaz de encontrar Bin Laden nem Omar.

OS AFEGÃOS COMEMORAM A QUEDA DO TALIBAN, e cinemas e emissoras de TV são reabertos. As mulheres retomam o direito de não usar mais a burqa se não quiserem, de estudar e de trabalhar. Mas tudo isso dura pouquíssimo tempo, pois a Aliança do Norte não demoraria muito para volta a oprimir a população local, como veremos adiante. Em 22 de dezembro de 2001, Hamid Karzai (direita, ao lado de Bush), com apoio dos EUA e do ex-rei Zahir Shah, é escolhido para formar um gabinete interino.

EM JUNHO DE 2002, KARZAI É INDICADO PELA LOYA JIRGA para continuar como chefe do governo provisório por mais 18 meses, quando haveriam eleições diretas. Em 2003, crescem os conflitos entre as forças dos EUA e os rebeldes do Taliban, reorganizados. Aumentam também as tensões entre outras facções locais, e tudo isso ameaça seriamente o atual governo. Karzai escapa de duas tentativas de assassinato em 2002. Neste mesmo ano, um ministro e o vice-presidente são assassinados.

EM 2005, SÃO REALIZADAS ELEIÇÕES PARLAMENTARES, as primeiras em mais de 30 anos. Mas a maior parte do país segue dominada pelas lideranças locais armadas, e prosseguem os combates contra grupos rebeldes. Uma tentativa de ajuda internacional liderada pela ONU não é suficiente, pois poucos países dispõem-se a ajudar na reconstrução afegã. A infra-estrutura está sucateada e só 12% das terras são cultiváveis. O país depende de apoio urgente externo, enquanto 4,2 milhões de pessoas refugiam-se e uma das piores secas em várias décadas agravam a situação de pobreza.

A ALIANÇA DO NORTE, COLOCADA NO PODER pelos Estados Unidos, composta pelos senhores da guerra que aterrorizaram os afegão no poder anteriormente, e levaram o país a maior produtor e exportador de ópio do mundo nos anos 90, logo reinicia tirania ao povo local, especialmente às mulheres: elas são novamente colocadas à margem da sociedade e violentamente perseguidas, com participação crescente do Taliban no terror à população feminina e a todos os seus oponentes. O Afeganistão converte-se em um novo caos, crescente e sem precedentes.

O Afeganistão Conturbado de Hoje - Futuro Incerto

MAIOR EXPORTADOR DE ÓPIO DO MUNDO, com 93% da oferta mundial e 8,2 mil toneladas em 2007, cerca de 7 mil toneladas em 2009, esses números representam algo muito superior ao que já era grave sob o regime Taliban nos anos 90, e os números de 2007 significaram simplesmente o dobro da maior produção afegã do produto em toda a década passada: 4,5 toneladas, em 1999. Crescem também no país os ataques suicidas, o que não era comum no princípio da ocupação estrangeira, a qual atinge com armas os civis aumentando o rechaço da população à sua presença. Os militares estrangeiros são acusados de agir com brutalidade e de afetar pessoas sem ligação a atividades terroristas.

38 PAÍSES PARTICIPAM DA FORÇA INTERNACIONAL em outubro de 2007, que reúne cerca de 41 mil soldados. Em 2006, o número de mortos no Afeganistão por razão dos conflitos foi estimado em 4 mil. Em 2007, a situação é pior: até o início de novembro, a agência Associated Press estima o total de 5,7 mil mortos.

À QUESTÃO DO TRÁFICO DE DROGAS não há perspectivas nem um pouco animadoras. Em 2002, a ONU tentou convencer sem sucesso a 200 mil plantadores de ópio, que substituíssem seu cultivo pelo de cereais. O que acontece no país é que, segundo a ONU, o Taliban lucra com o tráfico, e os plantadores não têm alternativas.

Novembro de 2009



OBRAS CONSULTADAS

Almanaque Abril - edições 2008 e 2003

Revista norte-americana Newsweek na Internet - www.msnbc.com (Torn by Conflict)

Jake Towne's Afghanistan War Plank, Nolan Chart, Estados Unidos, 15 de novembro de 2009


Mais sobre o Afeganistão: Terceira Página - Crônicas, O 11 de Setembro de Cada Dia do Afeganistão,
Cultura & Arte Afegã e Malalaï Joya - A Mulher Mais Corajosa do Afeganistão

Outras seções que tratam da "Guerra ao Terror": Terrorismo de Estado - A Invasão Norte-Americana ao Afeganistão, e
Mentiras e Crimes da "Guerra ao Terror" - E o Jornalismo Brasileiro Manchado de Sangue



Retornar à página inicial

#Posté le mercredi 01 septembre 2010 23:20

Modifié le samedi 11 novembre 2017 15:00

BREVE HISTÓRIA DO POVO MAPUCHE (CHILE)

BREVE HISTÓRIA DO POVO MAPUCHE (CHILE)

Único povo latino originário que resistiu à metrópole, do ínício ao fim, sem ser jamais vencido e ter autonomia
Ainda hoje, desde a independência do Chile os mapuche lutam pelo direito ao seu território

Versão original em espanhol,
aqui no Blog em
Idiomas - Espanhol


Mapu = Terra / Che = Gente, que significa gente da terra, ou nativo na língua mapudungun. Também chamados de "araucanos" pelos espanhóis em sua chegada ao Chile, nome que rejeitam já que foi dado pelos inimigos, os índios mapuche são originários do Chile, atualmente localizados no sul deste país e no sudoeste da Argentina.


Instrumentos musicais mapuches

Ajouter cette vidéo à mon blog



Povo pacífico, hospitaleiro, esforçado, brioso, muitíssimo inteligente, culto e amante da natureza, hoje em dia são 604.349, de acordo com o não muito seguro censo chileno de 2002 - 87,3% da população indígena local total, espalhados por Araucanía (33,6%), região metropolitana (30,3%) e em menor número no Biobío (8,8%), Los Lagos e Los Rios (16,7%, somados os dois). Segundo o censo de ONGs, a população mapuche é estimada atualmente entre 800 mil e 1,4 milhão no país. Em 2004-2005, dados oficiais argentinos calcularam em quase 105 mil pessoas pertencentes ou descendentes de primeira geração do povo mapuche, do qual 73% vive nas províncias de Chubut, Neuquén e Rio Negro.


Música mapuche

Ajouter cette vidéo à mon blog



Os mapuche reivindicam o território conhecido como Mapuche Wallontu Mapu, ou simplesmente Wallmapu, localizado na região dos Andes ao sul do Chile, e sudoeste da Argentina (parte da Patagônia).

BREVE HISTÓRIA DO POVO MAPUCHE (CHILE)

BREVE HISTÓRIA DO POVO MAPUCHE (CHILE)A resistência mapuche aos invasores espanhóis foi uma dos mais corajosas e heróicas da América Latina, cujo conflito durou três séculos, conhecido por Guerra de Arauco (nome que, para os espanhois, tinha a terra que haviam vivido de forma independente), de 1546 até a independência do Chile.

Como já se haviam enfrentado com os Incas, contra quem haviam lutado 80 anos antes, os mapuche possuíam alguma experiência em exércitos e manejavam muito bem os cavalos. Aproveitando-se da sua geografia cheia de florestas e montanhas para organizar guerrilhas, foram capazes de aprender rapidamente como lidar com o espanhol que, alumas vezes, esteve a ponto de desistir.

Isso tornou os espanhóis cautelosos para adentrar em território mapuche, no início fazendo isso através de missões religiosas (sem resultado). A região de La Araucanía nunca seria conquistada por nenhum espanhol. A metrópole viu-se obrigada a reconhecer autonomia do território mapuche, estabelecendo fortificações ao longo da fronteira e mantendo um exército profissional, caso único na história da colonização latino-americana, tanto hispânica quanto portuguesa.

La Araucana, um poema épico de Alonso Ercilla (1569), destaca o espírito de luta contínua dos Mapuche:


Chile, fértil provincia y señalada
en la región Antártica famosa,
de remotas naciones respetada
por fuerte, principal y poderosa;
la gente que produce es tan granada,
tan soberbia, gallarda y belicosa,
que no ha sido por rey jamás regida
ni a extranjero dominio sometida.



Com a independência do Chile em 1818, o fim do conflito hispano-mapuche deu lugar à luta chilena-mapuche, pela Ocupação da Auracanía, terra reivindicada pelo povo mapuche. Assista documentário abaixo, Newen Mapuche, sobre a vida dos mapuche e as fortes repressões que sofrem do Estado chileno hoje:

Ajouter cette vidéo à mon blog




Fontes: Mapuche, e Wikipedia - Mapuche, Guerra de Arauco.

Para saber mais: Elementos de Historia Mapuche


Música mapuche

Ajouter cette vidéo à mon blog




We Tripantu
(Nova Saída do Sol)

Celebração do Ano Novo mapuche
variando entre 21 e 24 de junho do nosso calendário
dia mais curto do ano, durante o inverno
(em 2011, celebrado no dia 24)



Dança mapuche

Ajouter cette vidéo à mon blog



En este suelo habitan las estrellas.
En este cielo canta el agua de la imaginación.
Más allá de las nubes que surgen de estas aguas
Y de estos suelos nos sueñan los antepasados.
Su espíritu dicen es la luna.
El silencio su corazón que late.

Elicura Chihuailaf, poeta mapuche contemporâneo



Leia o novo livro de Edu Montesanti: Mentiras e Crimes da "Guerra ao Terror" - E o Jornalismo Brasileiro Manchado de Sangue
Destaque jornalístico da Bienal' 2012 / Recomendado por Observatório da Imprensa, Correio do Brasil e Diário Liberdade (Espanha)

saiba mais, aqui

#Posté le mercredi 01 septembre 2010 23:21

Modifié le mardi 26 juin 2018 14:10

assista a documentários especiais

IngerenCIA, La Invasión Silenciosa.
La CIA contra la Revolución Bolivariana (Venezuela)

Ajouter cette vidéo à mon blog




IngerenCIA - La Invasión Silenciosa - Panamá ¿Que Pasó?

Ajouter cette vidéo à mon blog




IngerenCIA - La Invasión Silenciosa - Desaparecidos en Latinoamérica

Ajouter cette vidéo à mon blog




InjerenCIA - La Invasión Silenciosa (Años 50) - Actuación de la CIA en Latinoamérica

Ajouter cette vidéo à mon blog




InjerenCIA - La Invasión Silenciosa (Años 60)

Ajouter cette vidéo à mon blog




InjerenCIA - La Invasión Silenciosa (Años 70)

Ajouter cette vidéo à mon blog




InjerenCIA - La Invasión Silenciosa (Años 80)

Ajouter cette vidéo à mon blog




InjerenCIA - La Invasión Silenciosa (Años 90)

Ajouter cette vidéo à mon blog

#Posté le mercredi 01 septembre 2010 23:23

Modifié le dimanche 17 mars 2013 23:58

obrigado por sua visita ao Blog!

obrigado por sua visita ao Blog!
obrigado por sua visita ao Blog!obrigado por sua visita ao Blog!
Telesur
notícias e documentários 24 horas por dia













obrigado por sua visita ao Blog!
Link TV
notícias globais, documentários independentes
e programas de diversidade cultural


obrigado por sua visita ao Blog!Al Jazeera
English Live Stream


obrigado por sua visita ao Blog!obrigado por sua visita ao Blog!obrigado por sua visita ao Blog!



uma questão de liberdade


Conteúdo (com ligações)

PÁGINA INICIAL


l. BLOGANDO COM EDU - Perfil, Comentários e Literatura

Página 1

Página 2



lI. TERCEIRA PÁGINA - Crônicas / Questões Internacionais


III. NO PIQUE DA VIDA - Reflexões


IV. ARQUIVO - Os Noticiários Mundiais

Página 1

Página 2



V. TERRORISMO DE ESTADO - A Invasão Norte-Americana ao Iraque



VI. O 11 DE SETEMBRO DE CADA DIA DO AFEGANISTÃO

Página 1

Página 2

Página 3



VII. SANEAMENTO PÚBLICO - ONDE JOGAR TANTO LIXO HUMANO?


VIII. ANISTIA INTERNACIONAL - Uma Questão de Liberdade


IX. ÉTICA NA TV - Uma Questão de Liberdade


X. HUMAN RIGHTS WATCH - Uma Questão de Liberdade


XI. GOLPES MILITARES NA AMÉRICA LATINA


XII. HISTÓRIAS MUNDIAIS


XIII. ENAS NAFFAR: OLHAR SOBRE O ORIENTE MÉDIO - Visão Palestina no Blog

Página 1

Página 2



XIV. CULTURA & ARTE AFEGÃ

Página 1

Página 2


XV. O BRASIL NO ESPELHO - Crônicas


XVI. Especial: TERRORISMO

Grupos

Estados


Mídia

Religiões

Polícia

Trabalho



XVII. IDIOMAS

Inglês

Espanhol

Alemão

Italiano

Francês

Sueco

Português



XVIII. WIKILEAKS

Brasil (Página 1)

Brasil (página 2)

América Latina

Estados Unidos, Europa, África e Ásia

Oriente Médio



XIX. MALALAÏ JOYA - A Mulher Mais Corajosa do Afeganistão

Página 1

Página 2

Página 3

Página 4


XX. PÁTRIA GRANDE PORTENTOSA - Paisagem & Cultura Latina

Página 1

Página 2

Página 3



XXI. AVÓS DA PRAÇA DE MAIO - Uma Voz por Liberdade na Argentina

Página 1

Página 2



XXII. MISSÃO CUMPRIDA, POR EDU MONTESANTI


XXIII. POEMAS - Uma Questão de Liberdade


XXIV. MEIO AMBIENTE, ESPORTE & SAÚDE


XXV. CONTRACAPA: CURTINHAS - Notícias Nacionais


XXVI. CONTRACAPA: CURTINHAS - Notícias Internacionais


XXVII. MENTIRAS E CRIMES DA "GUERRA AO TERROR", E O JORNALISMO BRASILEIRO MANCHADO DE SANGUE



XXIX. ARQUIVO: CONTRACAPA - Nacional

Página 1

Página 2


XXX. ARQUIVO - CONTRACAPA - Internacional

Página 1

Página 2


XXXI. EDU MONTESANTI IN ENGLISH: A MATTER OF FREEDOM

News & Opinion

News & Opinion - Archive 1

News & Opinion - Archive 2

Special Story: The Biggest Lie in History



XXXII. EDU MONTESANTI EN ESPAÑOL - UNA CUESTIÓN DE LIBERTAD

Noticias & Opinión

Serie Especial de Reportajes: Mayor Mentira de la Historia

Derechos Humanos

Opinión y Noticias - Archivo



XXXIII. DIAS PARA MUDAR O BRASIL - Onda de Manifestações ou Primavera Brasileira?

Página 1

Página 2



XXXIV. SOMOS TODOS SANTA MARIA - Por Memória, Verdade e Justiça

Página 1 - Documentos

Página 2 - Documentos


Página 3 - Artigos

Página 4 - Série de Reportagens


XXXV. ANÁLISES DA MÍDIA


XXXVI. REVOLUÇÃO BOLIVARIANA NA VENEZUELA

#Posté le mercredi 01 septembre 2010 23:24

Modifié le jeudi 28 août 2014 21:12

  • Précédent
  • 1 ...
  • 9
  • 10
  • 11
  • 12
  • 13
  • 14
  • 15
  • 16
  • 17
  • ... 140
  • Suivant

Design by lequipe-skyrock - Choisir cet habillage

Signaler un abus

Abonne-toi à mon blog ! (3 abonnés)

RSS

edumontesanti

Masquer
Photo de edumontesanti
  • Suivre
  • Plus d'actions ▼
  • Partager
  • Bloquer
  • S'abonner à mon blog
  • Choisir cet habillage

    Création : 17/06/2008 à 07:26 Mise à jour : Hier à 12:40

    Skyrock.com
    Découvrir
    • Skyrock

      • Publicité
      • Jobs
      • Contact
      • Sources
      • Poster sur mon blog
      • Développeurs
      • Signaler un abus
    • Infos

      • Ici T Libre
      • Sécurité
      • Conditions
      • Politique de confidentialité
      • Gestion de la publicité
      • Aide
      • En chiffres
    • Apps

      • Skyrock.com
      • Skyrock FM
      • Smax
    • Autres sites

      • Skyrock.fm
      • Tasanté
      • Zipalo
    • Blogs

      • L'équipe Skyrock
      • Music
      • Ciné
      • Sport
    • Versions

      • International (english)
      • France
      • Site mobile