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XV. O BRASIL NO ESPELHO - Crônicas

XV. O BRASIL NO ESPELHO - Crônicas
Fonte da imagem: Jornal A Nova Democracia


A submissão incondicional às autoridades é a maior inimiga da verdade
Albert Einstein

Nossa Constituição é uma brilhante fachada,
por trás da qual se abre um enorme terreno baldio

Fábio Konder Comparato, jurista

Não pode haver República onde o povo não
tenha consciência de suas próprias faculdades

Simón Bolívar

Não basta [o veículo de comunicação] se dizer mais inteligente,
mais criativo, mais ético e mais crítico: é preciso sê-lo

João Peres, editor da Rede Brasil Atual

CONTEÚDO:

A Era da Mediocridade no Brasil

LAVA JATO NA LAMA
Guerra Suja contra a Esquerda


FUSÃO PPL-PCdoB
Orgia Política sem Limites


Em Terra de Abjeto Bolsonaro, Só Falta Corrupto Moro Ministro!

Bolsolão, 'Justiça' Cafajeste e Complexo de Vira-Latas do PT

BOLSONARO
Canalha de Estimação de uma Sociedade Doente

“Justiça” Tupiniquim Irregeneravelmente Apodrecida: Base Empírica

FARSA E TRAGÉDIA
Casas Gospel Apoiam Bolsonaro, que Fere Direitos Fundamentais do Ser Humano

Luiz Inácio: Faça um Curso sobre Marxismo

Aumento Anunciado da Desigualdade Social no Brasil

¡Qué Se Vayan Todos!

Golpe à Democracia no Brasil Relaciona-Se à Geopolítica Regional e Mundial

Brasil Tornou-Se a "Venezuela" das Lendas Reacionárias

Por Que o Assassinato da Marielle É Altamente Perturbador

Mundo Surtou. Viva a Primavera Tupiniquim!

Intervenção Militar no Rio: 'Laboratório para o Brasil'?

Escola sem Partido e Brasil sem Rumo

Discriminação e Ódio em um País que Glorifica a Desinformação, a Estupidez e a Ignorância

PRÉ-CANDIDATURA MANUELA D'ÁVILA
Festa Pobre à 'Esquerda'

RETRATO DO CAOS
MBL, Informação e Contrainformação: Presente Sombrio, Futuro Catastrófico

MBL: Campeão Nacional de Notícias Falsas

MBL e "Esquerda": Diálogo de Surdos sobre Cotas Raciais nas Universidades

"Vareio" do MBL sobre "Esquerda": Me Bate que Eu Gosto, até Quando?

Malabarismos Políticos do Cão Arrependido e Novo Autgolpe do PT

Onde Está a "Esquerda" Brasileira com "Pedigrí"?

Clamor do General Mourão por Ditadura e Eterno Abraço de Luiz Inácio no Capeta

E Então, Quem É Cão Vira-Latas no Brasil?

Brasil Glorifica os Iguais, a Estupidez e a Ignorância

A Fragilidade do Mito Reacionário de "Doutrinação" Progressista

Crise Política, Econômica, Judiciária e Midiática: Sinuca de Bico no Brasil

Picadeiro Brasileiro: Entre Desmando e Oportunismo

MITO DA DOUTRINAÇÃO
Serás um Pateta nas Mãos da Abin e da Oligarquia Tupiniquim?

Lições do Equador ao País da Pobreza Intelectual e Moral

Queda do Brasil em Educação e a "Esquerda Moderada"

Repressão contra MST Tem Endereço Certo: Departamento de Estado dos EUA

Golpe Anunciado e Cegueira diante dos Deslumbres com o Poder

Freud Explicaria o Sambódromo Ideológico Tupiniquim?

MANO BROWN
Providencial Desabafo sobre Apatia entre a Sociedade Brasileira

GOLPE EM CURSO
Sobra Histeria, Falta Sobriedade e Cidadania


MOVIMENTO ENDIREITA BRASIL
Pagamento de Mil Reais por Hostilidade a Ciro Gomes: Qual a Origem do Dinheiro?

SERGIO MORO
Operação Carbono Pode Ter Vínculo com Assassinato de Celso Daniel

ONDA DE PROTESTOS
Primavera ou Massa de Manobra?

'BRAZIL'
Crise, Cenário de Golpe e as Lições Nunca Aprendidas

EDUCAÇÃO & CULTURA
Memórias de um Professor no País da Mediocridade

OPERAÇÃO LAVA JATO
Denúncia de Propina a Aécio Neves de R$ 300 mil – Com Direito a Recuo da Raivosa Reação Tupiniquim

ATO EVANGÉLICO
Anti-Cidadania e Natural Truculência


ALIANÇA PT-PMDB
Briga de Casal – Mas de Casal Bandido


AFIF MINISTRO
Brasil Perpetuamente Indecente, de Todos os Lados

CURTINHAS: REVISÃO SEMANAL
Retalhos de Democracia


CARTA ABERTA: PASTOR MALAFAIA
Enfiando a Cruz de Cristo no Bucho Alheio

CARTA ABERTA: PORTAL INTER-JORNAL
Jornalismo Brasileiro, Hugo Chávez e Washington


PT, JORNALÕES & JORNALECOS
Casuísmo Governamental e Parcialidade Midiática

LEITURA DE El PAÍS
Ativismo Espanhol e as Lições Nunca Aprendidas no Brasil


MENSALÃO, STF, JORNALÕES E JORNALECOS
Atoleiro Brasileiro, Mais que Ideológico, É Sistêmico

O (Eterno?) Autoengano Democrático do Brasil

COMISSÃO DA VERDADE, PT E DEPUTADO BOLSONARO
Verdade sem Justiça até Quando no Brasil?


DENÚNCIAS DE PM CONTRA MINISTRO DO ESPORTE
Justiça no Grito Evidencia Fragilidade Democrática do Brasil


CARTA ABERTA
Presidente Dilma Rousseff


OITO ANOS E MEIO DE PT
"Seis por Meia Dúzia" no Brasil até Quando?


MANIFESTAÇÕES POPULARES NA ESPANHA E ARGENTINA
Por Que no Brasil Não Há Similares?


DISCRIMINAÇÃO
Superação Depende de Mudanças Estruturais

SANEAMENTO PÚBLICO: ONDE JOGAR TANTO LIXO HUMANO?
O Estado Brasileiro Racista, Criminalizador da Pobreza e Exterminador

CARTA ABERTA
Vereador Paulistano, Sr. Apolinário

Descoberta de Petróleo no Brasil e Reativação da IV Frota Naval dos EUA: Isso Não É Mera Coincidência

DESCOBERTAS PETROLÍFERAS NA CAMADA PRÉ-SAL BRASILEIRA
O Melhor para a Sociedade É o Monopólio Estatal


COPA DO MUNDO NO BRASIL
País que Vive Corrupção Generalizada e Guerra Civil, Não Pode Receber Evento Dessa Magnitude

LULA E MALUF ALIADOS
Uma Questão de Falta de Vergonha na Cara


Bebidas Alcoólicas e Violência no Brasil

CASO ISABELLA
Uma Questão de Irreflexão


O Brasil no Espelho


XV. O BRASIL NO ESPELHO - Crônicas

Leia mais sobre a conjuntura brasileira, em:

Golpes Militares na América Latina / Pingo no i - Edu Entrevista / WikiLeaks / Contracapa - Últimas Notícias / Meio Ambiente /
Especial: Brasil - Onda de Manifestações ou Primavera? / Somos Todos Santa Maria - Por Memória, Verdade e Justiça / Análises da Mídia


Você sabia que...

... a partir do programa de desarmamento, posto em prática pelo governo federal desde dezembro de 2003, vem ocorrendo expressiva redução de homicídios no Brasil? E que em São Paulo, o número de homicídios diminuiu 18%, no Paraná, mais de 20% e em Pernambuco, 10%, o que permite a conclusão de que resultados igualmente positivos muito provavelmente estão sendo obtidos em outros Estados brasileiros?


Afirmações do jurista, prof. dr. Dalmo Dallari, outubro de 2008
Citado em A Paz e o Desafio de Desarmamento, jornal Brasil de Fato



E você também sabia que...

... apesar do tamanho de sua economia, o Brasil é, de acordo com dados da ONU (Organização das Nações Unidas)
de 2012, o quarto país mais desigual da América Latina, região mais desigual do planeta, ficando atrás de países
como Paraguai, Bolívia e Haiti, estando à frente apenas de Guatemala, Honduras e Colômbia?



Enquete do Blog:

Lamentavelmente, no Brasil o voto não é ideológico, lamentavelmente as pessoas não votam partidariamente e, lamentavelmente, você tem uma parte da sociedade que, pelo alto grau de empobrecimento, ela [sic] é conduzida a pensar pelo estômago e não pela cabeça. É por isso que se distribui tanta cesta básica. É por isso que se distribui tanto ticket de leite. Porque isso, na verdade, é uma peça de troca em época de eleição. E assim você despolitiza o processo eleitoral. Você trata o povo mais pobre da mesma forma que Cabral tratou os índios quando chegou no Brasil, tentando distribuir bijuterias e espelhos para ganhar os índios, eles [políticos hoje] distribuem alimento. Você tem como lógica manter a política de dominação que é secular no Brasil

Quem é o (a) autor (a) desta frase, proferida nos idos de 2000?

a) O então governador de São Paulo, Mário Covas;

b) A então secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, Dilma Rousseff;

c) O então presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva;

d) O então proprietário do jornal O Estado de S. Paulo, Ruy Mesquita.

A resposta encontra-se na Contracapa do Blog


A Era da Mediocridade no Brasil

Incauto ativista e parlamentar que arrasta consigo milhões de cérebros lavados, Kim Kataguiri enalteceu no último discurso na Câmara dos Deputados um dos maiores exemplos de Estado de Bem-Estar Social da história do Planeta: a Dinamarca. A "gafe" do patético caçador de esquerdistas passou desapercebida antes de tudo a si mesmo, devido à notável ignorância que esbanja o adorado rapaz da grande midia

12 de outubro de 2019 / Publicado em Pravda Brasil


O pronunciamento do deputado federal Kim Kataguiri na Câmara em Brasilia, no ultimo dia 9, revela uma vez mais a era da imbecilização coletiva mais grave da história do Brasil.

O caçador de comunistas que lidera o rebaixamento do Brasil a uma situação sem precedentes, em inúmeros casos impossível de se dialogar até com a propria família sobre política, sofre de esquizofrenia crônica contra qualquer coisa que cheire a políticas sociais. Histérico neste quesito como grande parte da sociedade tupiniquim, aliás, especialmente classes média e alta cheias de fobias, e pouquissimo conteúdo.

Chegando ao cúmulo da imbecilidade de, nas últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos que tanto venera, tachar nada menos que Hillary Clinton de... esquerdista (!).

Imaginar que na ditadura capital-bipartidista estadunisende possa existir um candidato realmente de esquerda, já é algo bastante suspeito, especialmente nos tempos atuais. Ir além disso para situar Hillary no espectro politico à esquerda, só pode partir de um sujeito mal-intencionado ou profundamente ignorante - ou as duas coisas, como é indubitavelmente o caso do reaça incauto em questão, a figura do perfeito idiota que coordena o obscuro Movimento Brasil Livre (MBL).

Gente totalmente dessituada, fazendo uso da precária retórica como papel higiênico diante de uma sociedade brazuca completamente perdida.

Pois no discurso do dia 9 na Capital Federal brasileira, o tal deputado deu mais um grande bom dia a cavalo: exaltou uma das sociais-democracias mais avançadas do mundo, a Dinamarca. Não mencionou Paraguai nem Colômbia, capitalistas e satélites dos Estados Unidos, nem a Etiopia cujo primeiro-ministro, fantoche neoliberal, Kataguiri tanto elogia por ter ganho o último Prêmio Nobel da Paz (sob aplauso concordante da plateia virtual do MBL, outros milhoes de idiotas que ignoram uma virgula que seja da biografia de Abiy Ahmed, seguramente incapazes de localizar o território etíope no mapa). Não! O enaltecimento, como padrão a ser seguido foi a esquerdista e mundialmente admirável Dinamarca!

Um aloprado que arrasta consigo milhões de outros cérebros lavados que passam a vida repetindo estupidez sobretudo nas redes sociais, morrendo de rir de videochacotas que pretendem ser, em muitos casos, didáticas.

Condenando aumento do salario minimo no Brasil que era discutido entre parlamentares, Kataguiri, manipulando e invertendo completamente o cenário com sua arte da persuasao mais vagabunda, comparou nosso Pais (atualmente vivendo este caos por obra e graca de gente como ele mesmo que prometia solução através de grande parte do que esta ai) com os nórdicos: "Na Dinamarca, nem salário minimo existe".

Alguém precisa avisar mais esse polico imbecil e profundamente mal-informado e ignorante que não apenas a esquerda retornou ao poder em junho deste ano no avançadissimo pais nórdico, como a Dinamarca possui vasta história de politicas voltadas ao Estado de Bem-Estar Social. Algo que essa cambada tanto condena, demonizando-as junto de seus adeptos, com muita persuasao e noticias falsas - além das chacotinhas, peculiares dos patetas do MBL e que o público brazuca, às multidoes, tanto adora assistir e se divertir!

Por exemplo, para não se extender muito, a Dinamarca é um dos paises historicamente com menor taxa de desemprego da Europa, além de ter superado as crises internacionais das ultimas decadas e tudo isso com um importante detalhe: sem abrir mão de seu sistema de Bem-Estar Social (enchamos a boca: politicas de esquerda). Sobre isto, leia The foundation for the Danish Welfare State, Denmark: A Case Study in Social Democracy, Welfare state (1915-2000), e Social Class, Social Democracy, and the State: Party Policy and Party Decomposition in Denmark and Sweden.

E como sempre, vale também apontar, o deputado utilizou os Estados Unidos como um dos modelos. Pois o estúpido da vez, à direita, não leva em consideraçã que aquele pais providenciou no século 18 o que esses idiotas tanto berram contra: eficiente reforma agrária, propiciando igualdade social e permitindo, exatamente, determinados números e fatos enaltecidos por esses "pagadores de mico", para usar um termo mais ao nivel desses incautos irregeneravelmente perdidos.

Pois a ampla reforma agrária dos "States", assim como o vertiginoso aumento da pobreza avdindo da liberalizacao economica alavancada especialmente nos anos de Reagan e continuada por Bush pai, tais bibelos nunca observam nesses lixos que o Brasil anda qualificando de... "analises" (Hare Krishna!). E agora, para piorar nossa situação, de "pronunciamentos parlamentares". Quanta desgraça!

E o que salvou os Estados Unidos, outra vez tomados como exemplo pelo parlamentar em questao no discurso do dia 9, do desastre do liberalismo economico (de direita), foi tambem a forte social-democracia (de esquerda) colocada em pratica por Franklin Delano Roosevelt no inicio dos anos de 1930. Politica tao condenada por ele, MBL, Jair Bolsonaro, Serginho Moro e outros cafajestes que estão levando o Brasil a este precipicio sem fim, ao mesmo tempo o "pais modelo" desses profundos ignorantes.

By the way, bibelôs tipo-exportação: o que resgatou todos os paises especialmente os do que eles adoram chamar de Primeiro Mundo da tragédia liberal-economica, foram fortes pollticas sociais (outra vez, de boca cheia: de esquerda, nome que eles tentam a todo o custo criminalizar no Brasil), ou o Estado de Bem-Estar Social que tanta tremedeira causa nesse tipo mentalidade.

Quanto ao aumento do salario minimo, o deputado federal pelo nada glorioso DEM (ex-PFL, filhote da ditadura militar) condenou colocando hipoteticamente uma inflacao superior a tal incremento, o que evidentemente o torna inócuo.

Pois a politica que defendemos, e que o PT em alta medida praticou como nenhum outro na historia do Brasil (com todas as diferencas politicas e economicas com os governos de Lula e Dilma que se possa ter, e temos), proporcionou aumentos que possuem um nome, e Kataguiri parece ignorar: aumento real do salario minimo. E que se faca justica aos governos federais petistas, de 2003 a 2016: atingindo o pleno emprego com Dilma Rousseff, igualmente inédito na história brasileira.

Tudo isso contendo a inflacao, medidas que requerem interferência estatal na economia, exxatamente o que historicamente faz a Dinamarca, elogiada agora e tida como exemplo por Kataguiri.

O pior é que as multidoes caem nessa manipulacao toda! O nada nobre deputado, usando e abusando da retórica e do embaralhamento das informaçoes, o que de melhor sabe fazer, para confundir a opiniao publica neste caso tentando impedir um aumento salarial ao miserável trabalhador brasileiro.

Irá Kataguiri que tanto atira a todos os lados, sempre cheio de manipulacao e piada qualificando gente seria de ignorante etc, fazer um novo discurso mea culpa inventando alguma coisa a fim de dizer que errou ao mencionar a Dinamarca "comunista comedora de criancinhas cuja classe politica metralha o proprio povo" como exemplo a ser seguido, ou será suficientemente sincero, finalmente, em reconhecer-se como um grande jogador de palavras ao vento e indiscriminado falsario de noticias por natureza?

Ou deixará passar mais essa, né, garoto Kim?! O queridinho da grande midia tupiniquim e da revista gringa Time...

Por falar em MBL pistoleiro de péssimo nivel, tachando muita gente seria de ignorante para todos os lados, recentemente outro politico e coordenador do grupelho, Renan Santos, disse em discurso cheio de palavores, "a Alemanha da America" (querendo dizer Republica Federal da Alemanha).

O discurso de Renan iniciou-se com ataques a palavroes desferidos aos colegas: eis a raivosa direita brasileira, historicamente histerica e devastadora, transtornada e dividida. Pois o empresario que tem contra si mais de 60 processos na justica por picaretagem financeira, seguiu a linha de Kataguiri, e enalteceu a Suecia, historico padrao social-demovcrata europeu, como um pais estruturado e sem problemas sociais.

Estarao os imbecis do MBL dando uma guinada a eesquerda? Seus idiotas!

No mesmo video em que terminou afirmando que a menina Greta Thumberg "nao sabe nem limpar a porra da bunda dela!". Ativista sueca pelos direitos humanos de 16 anos, Greta sofre de autismo.

Eis os ativistas (artificiais) e agora politicos, que arrastam milhoes de idiotas consigo: que Krishna tenha pena deste pobre e desgraçado Brasil!

Falta de aviso (da esquerda), nao foi... Que, agora, o Pais arque com as consequencias, e siga sendo pupilo destas aulas do retrocesso cultural, moral e democrático.


LAVA JATO NA LAMA
Guerra Suja contra a Esquerda

Enquanto a direita brasileira impôe ao País uma grave regressão, The Intercept revela que sua ferramenta para retomar o poder
através do sistema de Justiça, especialmente prendendo Lula, é tão repugnante quanto a nação de Bolsonaro nos tempos atuais. "Simplesmente não consigo acreditar no que está acontecendo no Brasil", diz Noam Chomsky com exclusividade a Edu Montesanti

5 de agosto de 2019

Originalmente em inglês em
Pravda Report (Rússia), e em Telesur,
e em português em Pravda Brasil


A denominada Operação Lava Jato, desde 2014 alardeada pela grande mídia nacional e internacional como uma limpeza do Brasil da corrupção, tornou-se outro exemplo do grande serviço à verdade e democracia por parte das mídias alternativas, desde o início denunciando - enfrentando ira e todo tipo de agressões - o nojento desserviço dos patéticos "heróis" da fajuta Força-Farefa, ideólogos clandestinos de direita, disfarçados de aplicadores da lei apolíticos. Perpetradores de uma guerra jurídica (lawfare) evidente por si só, desde o início... do Mensalão.

Glenn Greenwald do portal The Intercept tem revelado, ou confirmou levando-se em conta nossas denúncias exaustivas nos últimos cinco anos, delitos graves, comportamento antiético e fraude sistemática por parte dos promotores da Lava Jato liderados pelo aqueroso promotor-chefe "gospel" Deltan Dallagnol, que supervisionou o processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, junto com o politiqueiro então travestido de "juiz", Sérgio Moro, agora ministro da Justiça do presidente de extrema-direita brasileiro Jair Bolsonaro, eleito em outubro passado com base em notícias falsas e uma campanha de profundo ódio. - fortemente apoiado pela grande mídia local.

Lula foi condenado por Moro a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro em julho de 2017, condenado por, segundo a acusação, ter se beneficiar de reformas em um apartamento à beira-mar, ambos pagos pela construtora OAS como contrapartida de alguns contratos que teria ajudado a empresa a obter. Algo sem nenhuma prova, mas baseado pelos super-herois das classes mais abastadas tupiniquins em uma reportagem desencontrada do jornaleco O Globo, cujo lixo se contradiz em uma mesma publicação sobre o caso.

Vale lembrar que a exclusão de Lula da eleição do ano passado, com base na constatação de culpa de Moro enquanto Dallagnol confidenciou ao juiz suas crescentes dúvidas sobre dois elementos-chave do caso da promotoria, foi um episódio-chave que abriu o caminho para a vitória de Bolsonaro. Assim que este militar aposentado assumiu a Presidência, nomeou Moro seu "super-ministro" de Justiça e Segurança Pública.

"Acredito que o governo dos EUA influenciou pelo menos tacitamente o resultado das recentes eleições nacionais do Brasil", afirma a Edu Montesanti o denunciante e ex-agente da CIA John Kiriakou, co-apresentador do programa de Loud and Clear da rádio Sputnik International.

Um bem conhecido sistema brasileiro de "Justiça" composto principalmente pelas mesmas famílias elitistas brancas ao longo dos anos, profundamente corrompido, uma sólida casta secretamente treinada pelo regime de Washington segundo revelada anos atrás por WikiLeaks (Moro incluído em tais cursinhos jurídicos, baseados nas leis dos Estados Unidos e cheios de bajulação por parte dos pupilos tupiniquins).

Seu principal objetivo, através da Lava Jato, tem sido:

A deterioração da esquerda brasileira, especialmente impedindo Lula de vencer a eleição de 2018;

A destruição da indústria nacional, especialmente petroleiras e construtoras, em favor das norte-americanas; e,

A desintegração da América Latina e dos BRICS.

O criminoso processo chamado Lava Jato, em aliança com a grande mídia - especialmente ela, a Rede Globo com vasta história de promoção de golpes no país - assumiu a forma de regime totalitário no Brasil, pois tem tido um forte e claro caráter político. Que renuncia à soberania nacional em favor dos interesses dos Estados Unidos assim como ocorreu por ocasião do Golpe Militar de 1964, financiado justamente pela CIA ("O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil", disse o ministro da Justiça Juracy Magalhães logo após o golpe, que derrubou o presidente João Goulart).

Força-Tarefa Tendenciosa Levando o Brasil ao Caos

Excesso de prisões temporárias; barganhas e até pressão por delação para que se delineiem especialmente declarações que, ainda que falsas, atendam aos interesses políticos de Sérgio Moro; inclusão de documentos ilegais; escutas clandestinas ilegais; vazamento para a mídia de operações secretas incluindo a famosa escuta clandestina do chacrete Moro envolvendo a então presidente Dilma Rousseff com Lula; desconsideração de formalidades tais como informar previamente ao Ministério da Justiça sobre certas medidas; reversão na jurisdição brasileira de muitos julgamentos, inclusive no caso de Lula (repetindo o Mensalão, onde valeu o dominio do fato de Joaquim Barbosa, para condenar) - são marcas da Lava Jato desde 2014, quando esta se iniciou como investigação de lavagem de dinheiro.

Logo, muitos advogados, incluindo alguns funcionários do Ministério Público em todo o Brasil, passaram a dizer em meios alternativos que todas as sentenças de Lava Jato poderiam ser invalidadas, e Sérgio Moro expulso do Judiciário. The Intercept também revelou que o então juiz agiu como chefe do Ministério Público, algo, é claro, ilegal para um juiz que deve ser imparcial.

Ao mesmo tempo, procuradores aliando-se a fim de proteger o vaidoso juiz, e evitar que tensões entre o genioso Moro e o Supremo Tribunal pudessem paralisar investigações, em março de 2016. "A submissão dos promotores a Moro é escandalosa. Não há dúvidas de que eles agiram ilegalmente", disse recentemente Marcelo Freixo, sobre as revelações de The Intercept.

A Operação Lava Jato origina-se do escândalo do Banestado, banco estatal do Paraná: entre 1996 e 2002, durante os anos do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), o Banestado foi usado como meio para que políticos do PSDB, doleiros, nada menos que Fernandinho Beiramar "O Peixe Pequeno", economistas e empresários evadirem moeda para paraísos fiscais que chegaram a 84 bilhões de dólares.

A construtora brasileira Odebrecht. no centro da investigação da Lava Jato, fechou um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos em 2016, admitindo que pagou pelo menos 3,5 bilhões de dólares em propinas em todo o mundo, da América Latina à África. Valor bem inferior ao do Banestado.

Em meados dos anos 2000, o juizeco Moro, até então jurista desconhecido - enquanto a tarefa, é claro, exige um profissional renomado -, condenou vários funcionários do banco, mas nenhum político entre muitos envolvidos no caso que se desenvolveu desembocando exatamente na atual Lava Jato e que, nos últimos anos, gerou forte histeria nacional (falsamente) contra a corrupção - contra o Partido dos Trabalhadores, particularmente.

Houve outra investigação no Brasil, importante de ser notada neste contexto: a Operação Zelotes questionou o Ministério do Tesouro brasileiro pelo desvio de 4,9 bilhões de dólares (ajudando novamente os cínicos "faxineiros" do Brasil a pensar: outra soma/escândalo maior que a Lava Jato), em que funcionários do governo de Fernando Henrique, empresários incluindo os das montadoras Ford e Mitsubishi, banqueiros (Bradesco Santander e Safra) e ela, a Rede Globo, maior empresa de mídia do país estiveram envolvidos.

Mesmo sendo os valores monetários envolvidos muito maiores do que no escândalo da Lava Jato, Zelotes tampouco chamou a atenção da grande mídia - exceto quando, no final de 2014, o filho de Lula foi denunciado. Nehuma grande empresa, nem sequer um empresario foi condenado.

Em outros vazamentos de The Intercept em 21 de junho, o então juiz Moro aparece fazendo vistas grossas ao esquema de corrupção em que o brucutu Flavio Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro [e irmão de Eduardo, que deve ser o novo embaixador do Brasil nos Estados Unidos por ter fritado hamburguer na America anos atras, segundo suas próprias palavras jogando confete sobre si mesmo (estara essa gente sob efeito de droga ou sao "apenas" grandes imbecis, demais da conta?!)], mantinha em seu gabinete enquanto era legislador no Rio de Janeiro, para não desagradar seu pai, que já lhe dera o cargo de Ministro da Justiça no futuro governo.

Tais escândalos, entre outros no Brasil, não obtiveram o interesse da (lavemos a boca!) "Justiça" nem das grandes empresas de mídia, nem as revelações de The Intercept recebem o destaque que merece: cinicamente, o foco tem sido quem raqueou os celulares de promotores e do superman Moro, não o conteúdo das revelações. Um contraste forte, desproporcional e incrível à histeria generalizada anticorrupção em relação à sonda Lava Jato.

Greenwald versus Moro, "O Filho da Puta dos EUA"

"Estamos, é claro, observando com verdadeiro fascínio o grande trabalho que Glenn Greenwald tem feito", diz Noam Chomsky a Edu Montesanti. "Esperamos que aqueles com o efetivo poder, não sejam capazes de abafa-lo", antecipa o renomado sociólogo estadunidense que, com sua esposa (brasileira) Valeria, enviou recentemente carta solidarizando-se, uma vez mais, a Lula.

Para piorar a situação no já tragicômico Brasil, Glenn Greenwald foi, desde suas revelações sobre a Lava Jato em junho passado, tem sido investigado e intimidado pela Polícia Federal brasileira, subordinado ao palhaço numero 2 desse grande picadeiro (depois de Bolsô,que em recente visita oficial aos States declarou-se cada vez mais apaixonado pelo presidente-magnata Trump), o "super-ministro" Moro.

"Conheço Glenn Greenwald desde 1986, desde logo como um jornalista honesto mesmo que nem sempre eu concorde com ele", afirma John Kiriakou a esta reportagem. "Se Glenn Greenwald estivesse nos Estados Unidos para conversar com o FBI ou qualquer outra agência do governo, teria sido considerado dentro de seu papel de jornalista legítimo", afirma intrigado com a situação brasileira o ex-agente da CIA, preso por dois anos por denunciar praticas de tortura da Inteligência contra acusados de terrorismo, sem nenhuma prova, a mando de Bush.

Procurada pela reportagem, a espanhola Esther Solano, doutora em Ciências Sociais pela Universidade Complutense de Madri, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e articulista da revista Carta Capital, reforça que era evidente o que ocorria entre Moro e seus cãezinhos amestrados, os procuradores envolvidos na Lava Jato.

Os bolsonaristas sempre souberam que a Lava Jato era parcial, e não tinham nenhum problema com isso, pelo contrario: apoiam-se nela porque sabem que se trata de uma operação como instrumento anti-petista por excelência. O grande meio para tirar o PT do poder, e prender Lula. O que para nós e um escandalo, para a direita brasileira é virtude.

Apresentado como um super herói enviado com a tarefa messianica de limpar o Brasil, o objetivo de Moro sempre foi acabar com o PT, para quem não importa o devido processo nem garantias penais.

Segundo a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Organização das Nações Unidas (ONU), referindo-se ao caso de Greenwald, o Estado brasileiro é agora "obrigado a prevenir, proteger, investigar e punir a violência contra jornalistas, especialmente aqueles que foram intimidados, ameaçados ou que venham sofrendo outros tipos de violência ".

Um dos ditos secretos de Moro para seu obediente (lavemos a boca!) "procurador público" Dallagnol revelado por Greenwald sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi, bem ao etilo Ze Carioca - a figura do jeitinho da Disney: "Um apoio importante, que é melhor não ser melindrado [por meio de investigações]". Que maravilha!

Greenwald disse que a Rede Globo, que em 2013 publicou uma cínica carta (para o tambem golpista Alberto Dines, que ajudou a promover o Golpe de 64, a Primavera da midia brasileira florescia!) declarando que a organização lamentou ter apoiado o golpe de 1964 no Brasil, "tem sido amigo de Lava Jato, um aliado e associado". Uma coalizão que muitos ainda acreditam ser "a união de gente de bem", que esconde debaixo do tapete o sangue das vítimas da ditadura, que Bolsonaro e o ministro terrorista da Suprema Corte, Dias Toffoli, defendem abertamente.

O que disse o então presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt, sobre o ditador da Nicarágua em 1936, sem nenhuma sombra de dúvidas pode estar sendo dito sobre Moro pelos poroes do poder dos EUA hoje: "Ele pode ser um filho da puta, mas ele é nosso filho da puta".

Fantoches de Tio Sam: Criminosos de Gravata

Durante os anos dos presidentes Lula e Dilma (2003-2016), a produção da Petrobras multiplicou-se por várias vezes: enquanto em 2000 representava 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, em 2014 a empresa produziu nada menos que 13% do PIB.

Vale ressaltar que as elites locais, alinhadas ao regime de Washington (segundo cabos secretos liberados por WikiLeaks entre tantas evidências históricas), querem privatizar a petrolífera nacional - desde sua criação, nos anos 50. A Petrobras impulsionou a derrubada dos presidentes Getúlio Vargas em 1954, muito provavelmente de Jânio Quadros em 1961, e parte importante do que motivou o golpe contra João Goulart, três anos mais tarde.

Certamente e não por mera coincidência, a Lava Jato enfraqueceu fortemente a Petrobras, como mencionado mais acima enquanto em nenhum outro país do mundo um agente do Estado age contra os interesses da nação, como o verde-e-amarelo Moro e sua gangue fazem. Além disso, o sistema brasileiro de "Justiça" é bem conhecido por ser tendencioso contra pobres, negros e esquerdistas em geral, ao mesmo tempo que blinda vergonhosamente os interesses da elite.

Quanto ao promotor-"gospel" Deltan Dallagnol (bem ao estilo excessivamente falso moralista "gospel", alias), este recebeu dinheiro nos últimos anos apresentar palestras a dois setores poupados pela investigação que condenou Lula da Silva: planos de saúde e bancos. Tanto o promotor-chefe de Lava Jato em Brasília, que pretende ser pastor, quanto o juizeco Moro, em Curitiba, que acreditava que se tornaria presidente logo, desconsideraram as acusações contra esses setores bilionários (no segundo caso, os bancos Bradesco, Itaú, Safra e BTG).

Sobre o recente trabalho de Greenwald, o Ministério Público manifestou-se contra a anulação da pena imposta a Lula.

"Primavera" Brasileira: Revolução Colorida que Muitos ainda Não Vêem

A Operação Lava Jato, tão precária quanto agressiva lawfare, faz parte de uma intervenção imperialista no Brasil, golpe suave com objetivos bem claros apoiado pelos oligarcas locais, velhos e envelhecidos catadores de migalhas de seus lords de Washington, diz-nos qualquer livro de História e as próprias evidências atuais com nossos suseranos tupiniquins avexando-se diante deles, esbanjando a antiga baixa auto-estima das classes dominantes brasileiras.

Brasil, junho de 2013. A presidente era, desde 2010, Dilma Rousseff com índice de aprovação de 57% à época do que seria considerado por muitos a "Primavera" tupiniquim. O Brasil, após oito anos de Lula na Presidência, antecessor de Dilma, era altamente respeitado em todo o mundo, como nunca antes. Internamente, a nação vivia o pleno emprego - como nunca antes, novamente: o desemprego era então de apenas 5,7%, um recorde histórico no Brasil que, desde o impedimento em 2016, nunca mais seria alcançado pelo contrario: os índices, que vinham subindo criticamente durante o segundo mandato de Rousseff (2015-2016), apenas despencariam ainda mais com seus sucessores, Temer (2016-2017) e agora Bolsonaro, que prometeram, em altissono com a grande midia, tirar logo o Brasil da crise com a derrocada de Dilma.

De repente, a popular "Primavera" tomou as ruas de todo o país. O motivo? Poucas pessoas podiam explicar por que estavam nas ruas protestando, furiosamente. "Contra tudo o que está aí" era a resposta mais comum aos jornalistas, em muitos casos depois de pensar em alguns segundos para falar poder alguma coisa, as pessoas estavam visivelmente confusas.

Três semanas após o início dos protestos, profundamente alimentados pela grande mídia e incitados também por Mark Zuckerberg do Facebook (!), sabidamente um laranja da CIA, a então presidente Dilma caiu aos 30% de aprovação. Inexplicável. Nada havia mudado no país para justificar tal queda livre. Da noite para o dia, a grande mídia local, logo seguida por The New York Times, incitou ainda mais protestos, enaltecendo ao "sagrado povo" (de cujas causas estes mesmos elitistas por excelência pouco ou nada haviam advogado, jamais antes), e demonizou a presidente Dilma. No caso particular da grande imprensa brasileira, passou-se a promover as Forças Armadas e a ditadura militar brasileira, ao mesmo tempo que demonizava a política.

Sobre o repentino interesse de Zuckerberg pelas massas nas ruas brasileiras, especialmente pelo que motivou isso tudo, os vinte centavos de aumento nas tarifas de onibus da cidade de Sao Paulo, observou o jornalista russo Nil Nikandrov em Who is Shaking Up Brazil and Why (Quem Agita o Brasil, e Por Quê - Papel da CIA, NSA, USAID nas manifestações no País vai sendo revelada), em Strategic Culture Foundation:

São bem conhecidos os laços que unem o início da carreira empresarial de Zuckerberg e a CIA. Os contatos foram muitos e sabe-se que a CIA financiou o início de seu negócio. Zuckerberg tem também contatos estreitos com a Agência de Segurança Nacional dos EUA, os quais não são segredo para ninguém. Difícil acreditar que Zuckerberg tenha-se envolvido por iniciativa sua nos protestos no Brasil (e ainda mais difícil, que tenha passado, repentinamente, a preocupar-se com o preço dos transportes públicos por lá).


A "Primavera" brasileira seguiu o mesmo padrão dos países que foram, em todo o mundo, vítimas de uma revolução colorida norte-americana, idealizada pelo estadunidense Gene Sharp. Milhoes de perfis falsos no Facebook incitavam as massas a irem as ruas. Estratégias de Tensão eram também observadas no país sul-americano, por meio de ataques de locais públicos por policiais a fim de justificar mais repressão por parte do Estado - este vídeo publicado pela Telesur é apenas um exemplo, entre muitos outros, da Estratégia realizada no Brasil à época.

Parte da mídia alternativa brasileira, timidamente e somente por algum tempo, alguns autores (como este repórter, desde os primeiros dias dos protestos) denunciaram que uma Revolução Colorida estava em curso. Era totalmente impopular relatar um fato como esse na época. E até hoje. Muitos outros na mídia não entendiam o que estava acontecendo de repente no país - os protestos maciços pegaram todos de surpresa. Os sociólogos não conseguiam explicar aquele "fenômeno".

Nikandrov comentou ainda, no contexto daqueles protestos:

Hoje, como se sabe, está operando no Brasil uma das maiores bases organizadas da CIA e da inteligência militar dos EUA, em todo o mundo. O coordenador político dessas operações no Brasil é o Embaixador Thomas Shannon. Pode-se tomar como fato absolutamente verdadeiro que o embaixador Shannon está ocupado em tempo integral com o "despertar o gigante sul-americano".

Os protestos de junho continuarão pelo mês de julho e, em grande medida, já começam a afetar a imagem que o Brasil oferecia ao mundo, de país bem-sucedido em seu projeto de desenvolvimento com orientação social.

Em outubro de 2014 haverá eleições presidenciais no Brasil; a atual presidenta Dilma Rousseff é candidata a um segundo mandato. Nesse contexto, qualquer ação para desestabilizar seu governo é apresentada como tentativa dos adversários políticos, com olhos nas eleições: "Estão nos testando".

O cenário político e social brasileiro, claro, começou a mudar drasticamente, então. Ao mesmo tempo, Edward Snowden denunciou, na primeira semana de julho, que o Brasil foi o mais espionado do mundo pelos EUA em janeiro de 2013 e na última década, havia sido o mais espionado de toda a América Latina - especialmente a presidente Dilma e a Petrobras.

Esther Solano concorda que as denominadas Jornadas de 2013 foram um divisor de aguas na historia do Brasil, e observa a esta reportagem que foi exatamente em 2013 que a direita brasileira passou a se articular:

O PT que ja tinha dificuldade de governar, acabou perdendo a legitimidade. O PT perdeu as ruas e perdeu Brasilia
naquela epoca. Os bolsonaristas aglutinaram toda aquela insatisfação social, e articularam a crise politica.

Dois anos depois, houve um forte boicote contra o governo Dilma pelo Congresso, secretamente liderado pelo então vice-presidente Michel Temer, que também liderou, falando sobre isso publicamente, o processo de impeachment contra o então presidente - uma vergonha total como o primeiro. mulher na presidência do Brasil não cometeu nenhum crime.

Temer foi revelado por WikiLeaks como o principal informante da CIA. Enquanto isso, movimentos obscuros como Vem pra Rua e Movimento Brasil Livre, evidentemente financiados e treinados pelos porões de Washington (algo detalhado anteriormente em Pravda Brasil) - este último, campeão nacional de divulgação notícias falsas, segundo estudos acadêmicos nacionais.

Depois veio o processo de impedimento da presidente Dilma, em 2016, uma aberração que atraiu negativamente a atenção de juristas, jornalistas, ativistas e intelectuais em geral em todo o mundo. Nenhuma palavra dada pelo regime de Washington, cuja "diplomata" no Brasil era ninguem menos que Lilian Ayalde, que serviu como embaixadora no vizinho Paraguai em 2012 quando o presidente progressista Fernando Lugo foi derrubado por um golpe parlamentar, muito parecido com o caso brasileiro. A investigação da Lava Jato atingiu seu pico na época.

A mídia alternativa, local e internacional, começou muito em breve a denunciar que um golpe estava em curso no Brasil, e não um processo de impedimento como a mídia tradicional e a oposição brasileira estavam afirmando. E que Temer não seria uma solução para as crises econômica e política como anunciado, que logo o País recuperaria o crescimento e a estabilidade - ao contrário, ele e sua gangue seriam venenosos para a fraca democracia do Brasil.

Logo após a posse de Temer, em 5 de outubro de 2016, a Câmara dos Deputados revogou a Lei 4567/16, que garantiu exclusividade para a Petrobras explorar petróleo bruto.

Em 14 de março de 2018, enquanto havia intervenção militar no Rio de Janeiro, a vereadora Marielle Franco que costumava denunciar a repressão do Estado aos pobres da cidade, foi assassinada em uma operação sofisticada. Pouco depois, a mídia alternativa em todo o país começou a denunciar que a a ativista e poltica carioca havia sido assassinada por forças do Estado - tese ridicularizada por políticos de direita (incluindo o então deputado pelo Rio, Jair Bolsonaro) e civis -, fato que acabou ficando evidente com o tempo - inclusive pelo desinteresse do proprio Estado em desvendar o crime, neste caso sem nenhuma sede de justiça como, raivosamente, manifesta em outros.

Todos esses "fenômenos" têm cooperado fundamentalmente com o discurso do ódio e com a eleição de um caráter muito medíocre e violento para a Presidência brasileira: Jair Bolsonaro, no ano passado. Advertido pela mídia alternativa em todo o mundo, o Brasil estaria longe de encontrar o caminho de volta com o capitão reformado na Presidência.

Questionado sobre um possível financiamento dos EUA para a campanha de Bolsonaro, John Kiriakou analisa:

Não acredito que houve uma operação maciça e cara para eleger Jair Bolsonaro. Mas os Estados Unidos nem sempre precisam de operações caras para influenciar os resultados. O Departamento de Estado, trabalhando com a CIA e outros, pode facilmente exercer um 'soft power' para manipular eleições estrangeiras de acordo com seus desejos.

Por exemplo, os Estados Unidos pressionaram as cortes brasileiras para manterem o presidente Lula preso? Os Estados Unidos apoiaram as forças brasileiras que tentaram destituir a presidente Rousseff? Qual foi a influência dos Estados Unidos sobre a mídia brasileira, para tornar a linha dos Estados Unidos conhecida, sem necessariamente estar vinculada publicamente aos Estados Unidos?

Essas são questões nunca investigadas, nem solicitadas pela grande mídia brasileira - ela mesma também questionada por Kiriakou, na conversa com esta reportagem.

Recentemente, uma pesquisa no Brasil sobre o comportamento de Moro revelado por The Intercept apresentou um resultado assustador. Foi considerado inadequado por 33% dos entrevistados mas por 32%, não. No entanto, muito mais pessoas, 48%, consideraram que Moro e os promotores agiram corretamente, enquanto aqueles que pensam o contrário, corresponderam a 31%.

Certamente subproduto da grande mídia, que se negou a realizar o trabalho básico do jornalismo ao cobrir a Lava Jato - investigando, criticando, questionando, refletindo -, a posição da sociedade brasileira agora, em relação ao comportamento secreto de Moro, assusta Chomsky: "Chocante e deprimente", afirma o intelectual em conversa com Edu Montesanti.

O empresário corrupto Emilio Odebrecht disse, certa vez: "Tudo o que está acontecendo é um negócio institucionalizado. Toda a imprensa sabia que o que realmente estava acontecendo era isso. Por que eles estão fazendo isso agora? Por que não fizeram isso dez, vinte anos atrás? Este setor da imprensa sempre soube disso, mas agora vem com essa demagogia".

No Lixo da História

Enquanto no interior do País a elite brasileira busca com raiva, por todos os meios possíveis, defender seus privilégios, no exterior a vergonha é cada vez mais evidente. O quintal dos EUA, novamente. Heil, poodle Bolsonaro e chihuahua Moro!

"Simplesmente não consigo acreditar no que está acontecendo no Brasil. Vi clipes de Bolsonaro na conferência do G20, fazendo papel de bobo e constrangendo o Brasil", observa Chomsky para esta reportagem. "É difícil lembrar que, há uma década, o Brasil era um dos países mais respeitados do mundo".

A Lava Jato é a maior evidência do que está acontecendo no Brasil. Há muitos políticos progressistas, jornalistas e ativistas em geral sofrendo nas mãos de uma forte elite no poder, implacável guerra juridica pavimentando o caminho para o fascismo cujo palhaço estrelando, agora, chama-se Jair Bolsonaro aplaudido por obscuros grupos de manipulação em massa como a MBL, que controla milhões de cérebros lavados através do marketing, muitas mentiras e muito dinheiro não declarado. Tudo isso, subproduto da grande mídia.

O que está acontecendo no Brasil faz parte do plano de domínio regional e global dos EUA, através de um neofascismo generalizado.

O futuro preocupa Esther Solano. A intelectual espanhola aponta para o desgaste de Bolsonaro, que segundo ela não tem a governabilidade garantida. "Personagem muito drástico, tragicômico", afirma. A docente não acredita que o PT possa assumir uma oposição capaz de fazer frente a este avanço autoritário no Brasil, como consequencia incapaz de se apresentar como alternativa politica, "inclusive por problemas internos", avalia.

Este vazio pode ser preenchido por Doria, atraves de uma direita neoliberal na mesma linha, mas mais sofisticado, mais "vendavel" mundo afora, mais tratavel atraves do livre mercado, menos bruto, menos tosco [que Bolsonaro].

Infelizmente, a esperança de Chomsky de que aqueles com o poder de fato não consigam abafar os crimes de Lava Jato revelados por Greenwald, não deve se tornar realidade. Muito mais surpreendente do que a manipulação dos fatos neste caso por parte da mídia tradicional, é que milhões de indivíduos, em tempos de revolução da informação pela Internet, e mesmo antes disso, estando completamente cientes das características da mídia predominante - tais como Rede Globo, Radio Jovem Pan,Veja, O Estado de S. Paulo e outros lixos semelhantes - ainda formem opinião através dela, sendo tão facilmente ludibriados.


FUSÃO PPL-PCdoB
Orgia Política sem Limites


Como sempre contradizendo suas já pobres ideias, nanicaiada uma vez mais se evidencia tão golpista quanto as
oligarquias, contra quem esperneia. Sistema falido: em nome dos interesses políticos dão razão aos que, mal-
informados, votaram “contra tudo o que está aí” na podre política brasileira. Há saída ao País do carnaval?

16 de novembro de 2018 / Publicado em Pravda Brasil


Nesta patética ressaca eleitoreira brasileira pós-berreiro de surdos, cuja raivosa arena de cobras venenosas acabou se transformando em mais um grande espetáculo da vergonha nacional para o mundo todo se assombrar ao mesmo tempo em que se tentava, a todo o custo em terras tupiniquins, vender uma falsa polarização direita-“esquerda” e em que a sociedade, no final e como sempre, foi a que mais perdeu – humilhou-se, apanhou e se literalmente se matou –, eis que descaradamente Partido Pátria Livre (PPL) e Partido Comunista do Brasil (PCdoB) anunciam desejo de se fundir.

O intuito é superar a cláusula de barreira, dispositivo que restringe ou impede a atuação parlamentar de um partido que não alcança 1,5% de votos em pelo menos nove estados. PCdoB consegue manter a estrutura partidária, direito à liderança no plenário e indicações para comissões na Câmara a partir do ano que vem.

Ora, vão se fundir!

Para quem ainda tinha alguma dúvida, também nanicos – e à “esquerda” – abrem mão da mínima vergonha na cara, sem nenhum constrangimento, e aplicam autogolpes como se nada tivesse acontecido: interesses político-partidarios, é claro, sempre imperam neste podre sistema político brasileiro, selvageria evidenciada na bem conhecida disputa pela vagabundagem de se conseguir, através da mediocridade, um orgíaco lugar ao sol dos holofotes públicos e dos privilégios, mamando nas tetas do Estado.

Eis a patologia do poder, em estagio desesperadamente avançado!

Nao é de se surpreender no caso do PCdoB, velho balcão oportunista que já não possui ideologia clara há muito tempo cujo partideco, desde a primeira vitória presidencial de Luiz Inácio em 2002, aliou-se caninamente ao PT.

Durante todos esses longos anos, o Partido “Comunista” do Brasil acobertou e participou dos maiores atentados ao Estado brasileiro, como por exemplo apoiando o leilão do petrolífero Campo de Libra em 2013. Exatamente o que motivou o... PPL (!) a abandonar apoio à aliança PT-PCdoB e demais bandos do (des)governo Dilma Rousseff.

Desde então o mais novo nanico da politicagem canalha brasileira, que teve como candidato presidencial nas últimas eleições o excelente João Goulart filho, passou a fazer ferrenha (e justa, revelando-se agora oportunista para manter o “script” tupiniquim) oposição “a tudo o que está aí” na política nacional, especialmente em relação à pitoresca alianca mencionada.

Pois o neonanico fundado em 2009 cuja liderança, que até ontem mergulhada em falso moralismo travava qualquer tentativa de diálogo sobre o atual cenário do País em nome da raivosa briga pelo poder (agora, mais claro que nunca tal fato), sentimento que se aflorava no ódio antipetista e ao irmao siamês do PT – exatamente o PCdoB – acabou sendo mais um partido “trabalhista” e “nacionalista” a dar toda a razão aos milhões de eleitores que, mal-informados, acabaram votando em protesto no dia 28 de outubro em favor do ignorante Jair Bolsonaro “contra tudo o que está aí” na politicagem brasileira mais baixa.

Liderança do PPL em geral, claramente por ódio antipetista e com uma dose de “dor de cotovelo”, certamente dadas as vaidades da politica bem conhecidas de todos nós, tem descartado a “hipótese” de se estar em curso no Brasil um golpe contra a democracia, nega influência externa sobre isso, e mais: diz que acredita na ridícula “faxina ética” do juizeco Segio Moro!

A aversão ao PT (outro partido que nao possui nada de diferente dos demais), pois, não continha nada mais que a mesma essência dos atuais donos do poder: muleta politiqueira.

Eis que o hiponanico aparece em cena agora, com o pires na mão em busca de crescimento pelo caminho mais fácil, como de praxe no Brasil.

Nenhuma novidade: a nanicaiada incluindo “esquerda” em geral revelando-se, quando o amargo caldo em busca do poder engrossa, seu caráter tão golpista quanto o dos gigantes com pés de barro que, da maneira mais intensa da história, arremeteu-lhe o bico nos fundilhos recentemente sob inércia generalizada desses politiqueiros profissionais que usam a sociedade como fantoche, quando e como bem entendem.

Vão se meter a criticar o povo, despolitizado (absolutamente correto)? Com que moral? Ou mesmo o sistema politico, como sempre fizeram? Ora, vão se fundir!

O Brasil precisa de reforma politica, e mais que isso: enterrar de vez essa moribunda democracia de fachada que atende pelo bonitinho nome de “representativa”, pela democracia participativa com todo o poder devidamente ao povo, conforme reza a Constituição Federal.

Pela qual apenas o povo trabalhador, unido, farto de ser enganado e explorado, e em espírito de revolução permanente pode alcançar.

Povo que, no final das contas, acaba humilhado, espancado e morto, pegando-se por nada enquanto esses canalhas, lambedores de botas, mexem os pauzinhos da politicagem descarada, em suas salas encarpetadas e com ares-condicionados, gozando de suas amantes morrendo de rir de quem lhes vota a cada quarto anos, moralmente “de quatro” como cãezinhos atrás de migalhas.

O povo precisa deixar de ser coadjuvante, para protagonizar a história deste falido País.


Em Terra de Abjeto Bolsonaro, Só Falta Corrupto Moro Ministro!

Vomitando diuturnamente falso moralismo entre uma e outra canalhice que sempre acaba vindo à tona, neste Estado putretato
em estágio avançado Bolsonaro, Moro, STF, Ministério da “Justiça” se merecem e há muito em comum entre eles – relação de
amor bandido extrapolando as fronteiras nacionais, sob o mais absoluto sigilo rebolam freneticamente diante de Tio Sam

30 de outubro de 2018 / Publicado em Pravda Brasil


Era o que faltava para completar o grande elenco da corja nacional, com orelhas de ouro! Presidente “eleito” (à base de falsas notícias, excesso de truculência, ausente de todos os debates além da boa, velha e indispensável dose de imbecilzação midática) Jair Bolsonaro deseja que ninguém menos que Sergio Moro assuma o Ministério da “Justiça” tupiniquim, ou o Supremo Tribunal Federal.

Muito provavelmente, dado o contexto e pelo que conhecemos da politicagem brasileira mais baixa que esses cínicos personagens dizem combater, trata-se, no conceito da bandidagem usurpadora do poder, de “justa gratificação” a Moro pelos “serviços prestados” à campanha do milico, e à própria oligarquia nacional ao longo desses anos incluindo a promoção de Temer, político mais impopular da história do Brasil por justíssimas razões: afundou ainda mais o Brasil em corrupção e caos econômico, além de ter transformado o País em um nanico, justifcado motivo de chacotas internacionalmente.

Durante vésperas de Temer assumir o poder, pós-impedimento da presidente Dilma Rousseff, apenas um perfeito idiota poderia acreditar que o emedebista seria a solução – e houve milhões e milhões de perfeitos idiotas para isso, com os quais era, então, impossível tentar dialogar, alguém se lembra?

Na realidade, todos os elementos acima se merecem nesta farra através da qual o País tem sido entregue aos piores bandidos – amounts to the same thing para ser mais original, nao é, Moro?

O juizeco da moda, fundamentalmente promovido por uma grande mídia de caráter bem conhecido, tem arrancado indignação em juristas renomados de todo o mundo pelas descaradas arbitrariedades que comete – com tendências bastante claras.

Moro, envlovido no abafado escândalo de corrupção do Banestado (vídeos aqui e aqui), tem sido um dos agraciados por WikiLeaks ao estrelar em telegramas secretos enviados da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília ao Departamento de Estado em Washington, recebendo treinamento dos norte-americanos tanto no Brasil quanto em territorio estadunidense, com tudo pago evidentemente (o que é, no mínimo, muito anti-ético senao mesmo crime receber financiamento e orientação estrengeira para cargo público, tanto que nunca se soube desses cursinhos através do próprio envolvido nem de sua principal porta-voz, a canalhada da grande mídia).

Nas aulas de justiça made in USA, aparecem rasgando o verbo em elogios aos seus lords diversos outros juristas que compunham o Ministério da Justiça, Supremo Tribunal Federal, Ministério “Público” (MP), enfim, nos bastidores, toda a nossa digníssima “Justiça” soltando as frangas diante dos teachers.

Bolsonaro, militar da reserva que deixou a corporação pelas portas do fundo em 1988 após ter planejado explodir bombas na instituição, qualificada por ele de “a classe de vagabundos mais bem remunerada que existe no País” (exatamente os milicos sobre os quais se apoia hoje), tem como maior bandeira política seu nacionalismo do pau-oco – como sempre foi o dos milicos em geral na ditadura, hoje e sempre: prestou continência à bandeira dos Estados Unidos em visita à capital norte-americana de Washington, em outubro do ano passado.

O lema “O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” de Bolsonaro, cópia da ordem do III Reich de Adolf Hitler que o pervertido presidente eleito (para usar um tom mais moderado, em respeito sobretudo aos leitores mais pudicos) diz admirar, e de um falso moralismo se tomado o contexto da vida política que apenas uma sociedade adomercida intelectualmente, distraída em profundo odio e discriminação, é incapaz de enxergar.

Longa vida de parlamentar que custou à Nação o patrimônio de mais de R$ 15 milhões do atual presidente eleito, em troca de duas propostas aprovada em 27 anos (!).

Um Supremo Tribunal Federal que, apenas para ficar no trágico exemplo mais recente, na pessoa do ministro Dias Toffoli afirmou recentemente que a derrubada do presidente João Goulart em 1964 nao foi, para ele, um golpe mas sim um movimento militar – desta maneira, legitimando tortura e assassinato extrajudiciais de milhares de pessoas inocentes, além do próprio atentado à Constituição (que o STF diz defender) utilizado para afastar Jango da Presidência.

Parece piada macabra – e é, é o Brasil de hoje. Essa gente vomitando diuturnamente falso moralismo, compondo um Estado putretado em estágio avançado.

MP doutrinado na mesma Estratégia de Seguranca Nacional dos Estados Unidos, nesta Republiqueta de Bananas prevalecendo desde os Anos de Chumbo dos milicos: o combate ao "inimigo interno" que, na pratica, nada mais é que a declarada guerra deste terrorista Estado semicolonial contra as oprimidas classes trabalhadoras, especialmente pobres e pretos.

Por fim, e enquanto troca-se seis por meia duzia em Brasilia: para quem não tira lições da história como, por exemplo, no caso mais contemporâneo de Temer ao assumir interinamente a Presidência em março de 2016 com discurso pacificador ridículo, nao se deve iludir com tom mais moderado do neonazista Bolsonaro em patético prounciamento na noite em que foi eleito, 28 de outubro.

A campanha e o que vem ocorrendo desde o início deste ano, foram apenas preliminares do que aguarda o Brasil.


Bolsolão, 'Justiça' Cafajeste e Complexo de Vira-Latas do PT

23 de outubro de 2018 / Publicado em Pravda Brasil e Global Research (Canadá)


Nesta selvagem campanha “eleitoral” promovida por Jair Bolsonaro – idiota preferido da casta dominante tupiniquim – o cafajeste sistema de “justiça” (pasmem!), tão usurpador do poder nacional quanto o sistema político, confirma a quem ainda tinha alguma dúvida que possui bem claras tendências, mesmas de sempre desde tempos de escravidão (como se esta tivesse terminado no País do Imponderável).

Se não bastassem as próprias evidências no contexto da grande palhaçada denominada Operação Lava Jato, patético espetáculo midiático condenado por especialistas em direito em todo o mundo que, internamente, causa estrago apenas na fachada do sistema enquanto se dedica, com mortal ódio, peculiar discriminação e afinco seletivo, a criminalizar o campo progressista brasileiro e terminar de arruinar a indústria nacional. Ao mesmo tempo, escancarando a porta do armário para a Besta Nazi-Fascista, que sempre rondou o Brasil.

Para coibir o Bolsolão e até mesmo, amparado na lei, cassar a candidatura “exótica” deste ser tosco que se recusa a participar de debates dedicando-se a ameaçar indiscriminadamente, e envolvendo-se em escândalos de abuso de poder econômico e difusão de noticias falsas do covarde Bolsonaro, onde está agora o ativismo anticorrupção representado pelo justiceiro tipo-exportação, arrogante e arbitrário Sergio Moro, repugnante lambedor de botas que consta na coleção WikiLeaks de telegramas secretos rebolando oculta, obediente e assanhadamente diante de seus tão admirados teachers?

Onde estão os carteis blindadores dos piores bandidos do Brasil, Tribunal Superior Eleitoral, Supremo Tribunal Federal, Ministério “Público” (pasmem!). e outros picadeiros falidos, expositores da maior vergonha nacional em nome da moral e da ordem?

O Brasil é famoso mundialmente por ser o amontoado de terras onde se predomina a máfia detentora do poder institucional, prostitutos do Estado de direito travestidos de gente decente em ternos, gravatas e os mais finos vestidos que apenas causam deslumbres nos mais ingênuos, capazes de tornar até traficantes de drogas “peixes pequenos”.

Onde está agora, ó Krishna, toda aquela “indignação”, esquizofrenia anticorrupção da grande mídia de imbecilização das massas e da própria sociedade excessivamente cínica, inerte, ignorante como poucas no globo, hipócrita em seu eternamente cômodo papel de fantoche como subproduto daquela, que esta mesma mergulhada em profundo falso moralismo acusa de manipuladora, na maior cara-de-pau?

Multidão atolada compulsivamente em uma moral e intelectualmente promíscua relação de amor dependente e ódio com os supra-sumos showmen e showwomen midiáticos, no fundo deslumbrada diante de quem apenas lhe perpetua o colonialismo cultural através da sutil imposição do cabresto da ausência de pensamento, fazendo-se pensar por ela.

Era tudo uma grande farsa! As oligarquias, incluindo os impiedosos barões da mídia de propaganda acompanhados de seus milhões de macacos de auditório esbanjando todos, uma vez mais na história deste falido país, sua velha e bem conhecida intolerância às diferencas.

Da Patota da 'Justiça' aos Vira-Latas do PT

Saindo do espectro dessa asquerosa patota da “Justiça” e seu bando de capachos e propagandistas – a canalhada da grande mídia –, certamente grande parte da tal de “esquerda” tupiniquim vestiu muito da carapuça acima. E o fez bem.

Em particular o Partido dos Trabalhadores, nisso tudo é mais culpado que vítima considerando os treze anos gozando dos deslumbres com o poder formando alianças mais espurias contra o que existe de pior – e contra os quais berra desesperado agora. Como se isso fosse democracia!

Treze anos, somados aos dois e meio desde que o PMDB de Temer (escolhido a dedo por Luiz Inácio) buscando desesperadamente por seu “grande” e único “projeto” de Brasil: vencer as eleições e retomar o poder. Bravo, PT! Não tomando exemplo nenhum da primeira queda, novamente caiu de bumbum nessa!

Nestes dois anos e meio desde que levou um previsível pé nos fundilhos por parte das oligarquias nacionais e internacionais, Luiz Inácio fez campanha em 2017 abraçado entusiasticamente com ele, o rei do agronegócio e da pilantragem mais descarada, emaranhado em casos de corrupção: Renan Calheiros – além de um dos mentores do golpe de Estado jurídico-parlamentar-midiático contra a “companheira” Dilma.
Aliás, sobre “companheiras” e “companheiros” lembremo-nos que o próprio José Dirceu, poucos anos após sua prisao pela Ação Penal 470 (Mensalão), qualificou Luiz Inácio e Dilma, exatamente, de “covardes”.

O PT também banalizou o jogo democrático, usou e abusou da politicagem mais baixa!

Em seus treze anos no poder nacional, apenas para resumir em um centésimo suas traquinagens – e chorem lágrimas de sangue por remorço, petistas! –, Luiz Inácio, quando gozava de enorme popularidade no poder desta Republiqueta de Bananas, vomitou filosofia barata exatamente aos milicos em contraposição aos vizinhos Uruguai, Argentina e Chile, que puniram seus gorilas: “Passado é pasado!”, ou seja, esqueçamos todos os crimes contra a humanidade da milicaiada golpista que até hoje chocam o mundo – inclusive pela impunidade dentro de casa. E “ai” de quem discordasse do, então, melhor amigo dos milicos!!

Mais adiante, em meados de 2013 a presidente Dilma não apenas perdeu a maior chance de chamar a sociedade em peso para si ao se manter omisamente calada diante dos clamores multitudinários por reforma política, como criou a profundamente reacionária Lei mentirosamente denominada Antiterrorismo, engodo que apenas serve para reprimir manifestações populares – algo que o PT e a democracia brasileira carecem fatalmente hoje – a fim de blindar os usurpadores do poder.

Abriu-se mão de reforma judiciária, midiática, enfim, novamente se optou por ficar ao lado das mesquinhas oligarquias.

O PT foi o governo que mais “investiu”, milhões e milhões de reais em tralhas historicamente golpistas como Rede Globo, Veja e outros lixos da imprensa comercial.

Não se precisava possuir diploma na área de Ciências Políticas para prever tragédias contra a democracia, em um futuro muito breve. E assim foi até o melancolico fim, com Haddad fazendo média com o pires na mão diante de ninguém menos que Eunicio de Oliveira! Até o fim, negaram realizar a urgente e honrosa mea culpa. Arrogância e demagogia no DNA, como diz Ciro Gomes.

Da mesma maneira que o bolsonarismo tende a ser mais agressivo que os 21 anos de ditadura militar, o PT novamente no poder, se vencesse estas eleições seria ainda mais dócil com o submundo da política, ou seja, governaria na posição em que Napoleão perdeu a guerra de maneira ainda mais orgíaca diante da oligarquía brasileira e d'alem mar, do que ocorreu em comparação aos treze anos em que esteve, arrogantemente, no poder.

O PT passou treze anos patrulhando soberanamente, de maneira nada democrática as críticas construtivas, atacando agressivamente os que advertiam que se daría com os burros do poder n'água com qualificações do tipo “esquerda radical”, acusava os critcos – sobretudo quando esas críticas tratavam da despolitização da sociedade brasileira – de sofrer do “complexo de vita-latas” tapando o sol da nossa fragilidade com a bem conhecida peneira da hipocrisia, dentre ataques muito mais graves.

Amarga ironia do destino: os petistas necessitam hoje, desesperadamente, deste setor tão atacado pelo partido quando gozava do poder – e das massas as quais não se preocupou em politizar. Em um beco sem saída, buscaram bem ao estilo cãezinhos vira-latas amparo em todos os setores políticos, a semelhança tambem dos caninos de rua, chutados para todo o lado.

Terminaram esquecidos, levados pela fría e cruel carrocinha da apatia, mais letal arma de destruição em massa – como em abril de 1964, doença saudada pelos donos do poder que mata o Brasil atualmente.

Por isso tudo, o PT é mais culpado que vítima neste cenário caótico. Tanto quanto a propria sociedade brasileira como um todo, em plena era da informação.

Triste, mas assim a fragilíssima democracia perdeu no Brasil.


BOLSONARO
Canalha de Estimação de uma Sociedade Doente

"Os militares são a classe de vagabundos mais bem remunerada que existe no País", capitão sublevado do Exército,
Jair Bolsonaro, em 1987 quando planejava explodir bombas nas dependências de sua própria instituição

Demagogo da vez não foge de debates por falta do que dizer como muitos afirmam, até porque clara patologia do poder do capitão nacional do falso moralismo manifesta-se através de sua principal adversária (ou aliada, considerando milhões de reducionistas por excelência que a aceitam): a fala e seus excessos. Presidenciável representante das tragicocircenses Forças Armadas tão corruptas quanto tudo o que condenam, foge das batalhas de ideias como o capeta da cruz porque sua campanha eleitoral, assim como a própria biografia militar e política, baseia-se em mentira e na mesma corrupção que tanto diz combater. O que sobra em verborragia, falta em estatura moral

Mal caráter profissional cujo excesso de incontinência verbal com indiscriminadas ameaças e agressões permeiam apenas mentalidades profundamente ignorantes, histéricas e discriminadoras. Frágeis alicerces, perfeito retrato do Brasil preponderante deixado pelos milicos em 1985, herança maldita muito além da terrível dívida externa. Mais um rato de esgoto da política nacional e, outrossim, covarde antes de tudo intelectualmente – ou “cagão”, como se diz na velha Laranjal Paulista sobre canalhas deste nível, a ponto de louvar “tio Adolf”. Documentado, pois: pares milicos consideram a vaca fardada contemporânea um CCCC – ou 4Cs: “Canalha, corno, contrabandista e covarde”. Quem somos nós para discordar desta “bela reputação” de Jair Bolsonaro, segundo os que melhor o conhecem?

"O conhecimento não só amplia como multiplica nossos desejos. Portanto, o bem-estar e a felicidade de todo Estado ou Reino requerem que o conhecimento dos trabalhadores pobres fique confinado dentro dos limites de suas ocupações, e jamais se estenda [...] além daquilo que se relaciona com sua missão.

"Quanto mais um pastor, um arador ou qualquer outro camponês souber sobre o mundo e o que lhe é alheio ao seu trabalho e emprego, menos capaz será de suportar as fadigas e as dificuldades de sua vida com alegria e contentamento", A Fábula das Abelhas: Vícios Privados, Benefícios Públicos, compêndio sobre filosofia moral de Bernard de Mandeville (1670-1733)

15 de outubro de 2018 / Publicado em Pravda Brasil e Global Research (Canada)


Raso intelectualmente, violento nas palavras e nos atos cujo esfaqueamento sofrido em plena campanha presidencial (obviamente condenável) nada mais foi a tempestade colhida pelos agitados ventos que celebremente produz, o que de melhor sabe fazer. Afinal, na falta de argumento a ignorância usufrui da agressividade e da ofensa como modo de ataque, segundo palavras de Agni Shakti

Profunda ignorância refletida na completa falta de projeto para o Brasil, inclusive envolvendo sua farrapa bandeira, a seguranca pública que apenas engana os mais incautos: nada além da posse universal de armas, tortura e assassinato indiscriminados, institucionalizados e clandestinos de acordo com suas vontades e as de seus milhões de raivosos seguidores que, alegremente, aplaudem-no sedentos por preenchimento de um vazio que apenas produz o efeito reverso sobre tudo o que dizem combater.

Que esperar, pois, de um país pobre de alma, o que menos lê no mundo – a uma media de três linhas anualmente –, que ano a ano tira as piores notas internacionais em língua matter, na simples interpretação de textos, em matemática básica e nas ciências elementares? Normalmente, absolutamente nada; porem, conforme disse certa vez George Carlin, nunca se deve subestime o poder dos imbecis em grandes grupos.

Vaca Fardada de Estimação

“Quando ouço falar em cultura, logo pego meu revólver”, Joseph Goebbels, ministro de Propaganda de Adolf Hitler


Se não bastassem todas essas muito resumidas (e na medida do possivel, polidamente descritas) característas que marcam Jair Messias Bolsonaro dotado de rara psicopatia, a besta arreada de estimação das multidões que, em entrevista às figuras dos perfeitos idiotas do CQC disse que se alistaria ao Exército de Adolf Hitler (!) ao enaltecer “positivas qualidades” de “tio Adolf (seu bisavô foi soldado do nazista), recebeu neste domingo (14) através de video circulado na Internet apoio bastante proporcional de nada menos que Guilherme de Pádua (!), aquele ator da Rede Globo dos anos 90 que, no início daquela década, chocou o Brasil ao assassinar com a esposa a dezenas de tesouradas a colega da novela De Corpo e Alma, Daniela Perez sem que até hoje se saiba ao certo os motivos da profunda barbaridade (muito provavelmente, ciúme por parte da cônjuge).

Tal apoio, mais um emblema da inglória e paradoxalmente exitosa campanha presidencial, da carreira política e militar e, evidentemente, da própria biografia de Bolsonarinho, a “vaca fardada” preferida dos brasileiros no século XXI (como dizia de si mesmo o general Olympio Mourão Filho, figura central do golpe militar de 1964). Vergonhosamente para o Brasil mais uma vez, ao mesmo tempo que simplesmente Marie Le Pen (!), da extrema-direita da França, condenou Bolsonarinho: segundo a líder reacionária francesa, um radical que fala barbaridades, seguindo assim diversas manifestações recentes da direita mais radical da Europa contra este que lidera as pesquisas presidenciais brasileiras..

Desde o primeiro semestre de 2016, mais especificamente no patético circo parlamentar armado para a votação do impedimento da então presidente Dilma Rousseff que causou mescla de risos e espanto em todo o mundo, inacreditado com o que assistia (lembrando que, em sua votação pela cassação da Dilma, Bolsonarinho fez apologia da tortura para a alegria pobre de milhões de brazucas, adeptos do Pão e Circo com uma boa dose de terror sobre a vida alheia), o Brasil está atolado em um poço do qual não sai e afunda-se cada vez mais através da atual ratazana-em-chefe desse imundo esgoto, o miserável Michel Temer, asqueroso mais impopular da história político-mafiosa tupiniquim igualmente da preferência, a época, das classes média e alta mais ignorantes do planeta em mais um de seus inúmeros desservicos histericos a Nação, que de novo tapava histericamente seus já moribundos ouvidos a todas as advertências que apontavam ao que daria o Brasil, em um breve futuro.

Nas mãos dessa gente, de trágica imbecilidade à trágica imbecilidade anda este País que glorifica a estupidez. Um bando de fantoches da grande imprensa, esta marionete das oligarquias nacionais (especialmente agronegócio, banqueiros, indústria armamentista e farmacêutica, além das milionárias e algumas até bilionárias empresas gospel-religiosas que arrastam consigo milhões e milhões de fieis adoradores da mais primitiva mediocridade, negócio religioso que depende fundamentalmente de mentalidades reduzidas e cheias de fobias para sobreviver, tanto quanto do lucro financeiro) e internacional.

Bolsonaro segundo Colegas Milicos: “Canalha, Corno, Contrabandista e Covarde”

"Você não deve se acovardar nas ações, porque o remorso da consciência é indecente", Nietzsche


No ultimo dia 6, o sitio Diário do Centro do Mundo (DCM) publicou dossier contendo informações do alto-comando do Exército desde o julgamento do capitao Jair Bolsonaro nos anos 80, até o início da vida parlamentar, na década seguinte.

Antes de se passar por algumas dessas informações, favor retirar a família da sala: nada pro-família, em nada pró-vida, nada pró-religião, nada pró-bons costumes desde o primeiro casamento do dito-cujo, segundo o relatorio militar. Como, aliás, em nada pró-vida, nem pró-religião, nem pró-liberdade em sua essência nem sequer superficialmente, até os dias de hoje. Mais um grave engodo à brasileira, assombrando o planeta.

A investigação militar sobre Bolsonaro, que no início dos anos 90 repercutiu no jornal carioca Tribuna da Imprensa, incluiu “relatos da jornalista Cássia Maria Rodrigues, atuando então na revista Veja, que disse ter sido ameaçada de morte por Jair Bolsonaro”, de acordo com o documento sobre o qual teve acesso o DCM.

Determinado trecho sobre Bolsonaro colocado na parede, dizia:

Ao invés de fazer croqui de bombas [Bolsonaro preparava atentados à bomba para promover sua campanha por aumentos de salários], escreva quantas vezes você foi ao Paraguai trazer muamba. Conte sobre os seus problemas no Mato Grosso [fronteira com Paraguai].

Para em seguida qualificar o atual presidenciavel de “mercenario, corno e contrabandista. Sobre a segunda antivirtude, o DCM elegantemente preferiu nao discorrer:

Também há menções ofensivas a Rogéria Nantes Braga, então esposa de Bolsonaro. O militar autor da carta, fazia acusações de cunho pessoal à Rogéria, que a reportagem preferiu não publicar por não trazer conteúdo de interesse público. Mas não fizeram assim os colegas e comandantes de Bolsonaro que pregaram a carta na parede do quartel.

Rogéria é mãe dos três filhos mais velhos do capitão reformado e foi eleita vereadora do Rio sob influência do marido em 1992. Depois, se separaram, e Bolsonaro disse que foi porque ela não o estava mais consultando antes de decidir seus votos e outras ações na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Outro milico, o então chefe do Estado Maior das Forças Armadas em 1991, general Jonas de Morais Correia Neto, chama-o, ele mesmo, Jair Bolsonaro, de “embusteiro, intrigante e covarde”, por “inventar e deturpar visando aos interesses pessoais e da política”, o que também virou reportagem na Tribuna da Imprensa à época.

Em outubro daquele mesmo ano, quando Bolsonaro já era deputado federal então pelo PDC-RJ (Partido Democrata Cristão), suas frequentes visitas ao antigo emprego, para fazer propaganda política e angariar votos, contrariaram de tal maneira seus ex-comandantes que estes proibiram a entrada de Jair Bolsonaro nos quartéis do Rio de Janeiro. É que, de acordo com o Comando de Operações Terrestres (Coter) do Exército Brasileiro, Jair Bolsonaro estava insuflando a revolta na tropa”, observou o DCM.

A conclusão do relatório aponta que Bolsonaro passou a atuar na esfera dos militares sem “representatividade” ou “delegação” para tanto, questionando e acusando autoridades “de forma descabida” e contrariando as regras de hierarquia e ordem das Forças Armadas.

Deve-se lembrar, contudo, que as próprias Forças Armadas que condenaram Bolsonaro, as mesmas sobre as quais este oportunista (para dizer o mínimo) se apoia e diz seguir em termos disciplinares e morais, encontra-se hoje assim como nos 21 anos de ditadura, longe, muito longe de ser exemplo de retidão e patriotismo: entreguistas desavergonhadas, camufladas em profundo cinismo sobre forte apelo moralista, foram recentemente acusadas pelo Ministério Público (sob silencio ensudercedor da grande imprensa) de ter desviado nada menos que R$ 191 milhões – o que acabou terminando, como sempre quando tal instituição está em questão – em pizza tanto quanto quando suas aliadas politicas estão envolvidas.

Para que nao reste duvidas, o capitão sublevado do Exército, Jair Bolsonaro, afirmou em off a jornalista Cassia Maria em 1987, quando planejava explodir as tais bombas em protesto aos altos escaloes das Forvas Armadas: "Os militares são a classe de vagabundos mais bem remunerada que existe no País".

Corrupção Patológica

"Não há nada mais adoecedor e imbecilizador, que o perpétuo aprendiz de um ensino que não produz efeitos práticos em sua vida",
Caio Fábio (psicanalista)


Antes disso, veio a tona na midia a meteorica multiplicacao do patrimonio de Bolsonaro: em sete mandatos como deputado federal, o capitao da reserva que em 1988, ano em que ingressou a politica, declarava possuir um Fiat Panorama, uma moto e um pequeno terreno em Resende (RJ) no valor de pouco mais de R$ 10 mil corrigidos.

A casa em que Bolsonaro vive, na Barra da Tijuca adquirida com preco bem abaixo do valor de mercado que misteriosamente gerou prejuizo a sua antiga proprietaria, apresenta "serios indicios" de terem sido adquiridas atraves de operacao que envolveu lavagem de dinheiro, segundo o Coaf (Ministerio da Fazenda), e o Conselho Federal dos Corretores de Imoveis (Cofeci).

Enquanto em 2008 Bolsonaro deu um grande salto declarando R$ 1 milhao, hoje em dia o presidenciavel que tem apenas a politica como profissao, junto dos tres filhos - tambem politicos - e dono de imoveis no Rio na cifra de R$ 15 milhoes, alem de carros, um jet ski e aplicacoes financeiras que chegando a R$ 1,7 milhao.

O atual candidato a presidente pelo PSL nunca respondeu a questionamentos da imprensa sobre estes fatos, e dois de seus filhos, Flavio e Carlos, responderam alguma vez de maneira muito vaga, sem nenhuma objetividade.

Ja dizia François de la Rochefoucauld (1613-1680): "A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude". Contudo, no final, até Bolsonaro acaba acima do bem e do mal e, ainda mais desgracadamente para o Brasil: como o mocinho pateticamente salvador de uma pátria em vertiginoso naufrágio – e vai daí, para muito pior.

Covardia como Maior Aliada da Ignorância

"A burrice goza de um imenso poder de inércia", Barbara Tuchman


Diante disso tudo (ainda muito pouco sobre Bolsonarinho), alguém ainda pode alegar que o “valentão” da politica nacional recusa-se a comparecer a debates por simplesmente não ter o que dizer? Os próprios milicos, que o conhecem muito melhor que qualquer um de nós, tratou de antecipar o que melancolicamente assistimos hoje, no momento mais delicado, pelo menos, dos últimos 34 anos: ausenta-se da batalha de ideias por ser um covarde, antes de mais nada intelectualmente. Não há a menor estatura moral. Ou como dizemos em minha velha Laranjal Paulista, em situações desta natureza: cagão!

O estágio da ignorância e da crise moral chegou a um nível tao agudo no Patropi, que até fugir do debate e liderar pesquisas para a Presidência da Republica, tornou-se normal - em nome da moral!

Em epítome, diz o filosófo que cada povo tem o governo que merece. Será?

Salve-se quem puder!


“Justiça” Tupiniquim Irregeneravelmente Apodrecida: Base Empírica

Ministro terrorista Dias Toffoli, que em qualquer país democrático do mundo estaria no mínimo destituído do Supremo Tribunal
Federal por apologia à ditadura militar (e isto é empírico), alega não haver base empírica sobre descrédito de sua instituição
perante a sociedade brasileira, o que é mentira. Há, igualmente, empirismo de sobra comprovando a indecência predominante
no blindado sistema “judiciário” tupiniquim e periféricos tal como Ministério “Público” – se não bastassem as próprias palavras
de Toffolii colaborando para se evitar prestação de contas sobre os anos de autoritarismo no Brasil, e o alto grau de cooperação
entre Judiciário, especialmente o próprio STF do analfabeto jurídico e político em questão, e os militares que, impunemente,
cometeram crimes de lesa-humanidade por 21 anos no País. “Festa” da “democracia” brasileira em naufrágio irreversível?

“Não me convidaram pra essa festa pobre, que os homens armaram pra me
convencer a pagar sem ver toda essa droga, que já vem malhada antes de eu nascer.

“Não me ofereceram nenhum cigarro, fiquei na porta estacionando os carros.

“Não me elegeram chefe de nada, o meu cartão de crédito é uma navalha.

“Brasil, mostra a tua cara! Quero ver quem paga pra gente ficar assim!

“Brasil, qual é teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim...” Cazuza

10 de outubro de 2018 / Publicado em
Pravda Brasil


No início deste mês, ao mesmo tempo que o caricato presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro José Antonio Dias Toffoli, apresentava mais uma evidência da essência autoritária, corrupta, manipulatória, elitista, profundamente ignorante e golpista do Poder “Judiciário” (pasmem!) – e evidência de que os privilégios do poder repousam sobre os medíocres - ao dizer, sem o menor constrangimento, que nos dias de hoje qualifica o golpe civil-militar de 1964 de “movimento de 1964”, o dito-cujo ainda alegou sem ruborizar que não há “base empírica” para o abalo da confiabilidade do monocrático STF perante a sociedade brasileira, quando questionado em palestra na Universidade de São Paulo (USP) sobre os 30 anos da Constituição de 1988. Existe estudo neste sentido, sim, corroborando o questionamento ao “desinformado” (será?) juizeco sobre falta de confiança do brasileiro na “Justiça” e no Ministério “Público” (pasmem!), o que será abordado mais adiante.

A nova classificação de Toffoli para o golpe dos milicos, algo nada mais que “movimento” como se fosse parte natural, legal e até saudável da nossa história, não se deu sem gerar protestos subsequentes, a começar no meio acadêmico. A grande mídia, obviamente, não deu muita importância ao que, em qualquer país civilizado, seria um escândalo a gerar medidas judiciais: ela mesma, promotora do golpe de 64 e, em enorme medida, dos 21 sangrentos anos que o seguiram. Falando um pouco de hipocrisia, no que a mídia comercial reina soberana, imaginemos por um instante se a palrada oficial tivesse partido de membro de governo ou do Poder Judiciário de algum país latino-americano em que predomina a esquerda do espectro político, como comportaria essa mesma mídia "democrática". Pois é, né?

Antes de apresentar números com bases empiricas para todo o gosto sobre o enorme descrédito da sociedade em relação aos blindados sistema “judiciário” e Ministério “Público”, e de discorrer sobre uma ínfima parte da interminável lista que compõe a vergonhosa base empírica de um sistema de “justiça” e seus periféricos completamente apodrecidos por dentro, o primeiro ponto proposto por Toffoli sobre golpe dos milicos há mais de 54 anos vale ser brevemente observado, inclusive porque diz muito sobre a “credibilidade” desta maldita casta tupiniquim: os verdadeiros donos de um poder canalha a serviço das oligarquias nacionais, todos catadores de migalhas, lambedores das sanguinolentas botas de Tio Sam – isto também possui base irrefutavelmente empírica a ser exibida a seguir, dando a palavra a estes próprios patéticos fantoches do pior obscurantismo internacional para que confirmem este fato, através de telegramas secretos liberados por WikiLeaks.

Analfabetismo Jurídico e Político

“Nossa Constituição é uma brilhante fachada, por trás da qual se abre um enorme terreno baldio”, Fábio Konder Comparato, jurista


Em primeiro lugar, ao contrário do que mais este melancólico representante da mais alta instância do Poder “Judiciário” brasileiro – que, aliás, não apenas ajudou a promover o golpe em questão junto da grande imprensa, do alto empresariado e do regime de Washington, como também colaborou fundamentalmente com a ditadura nas milhares de torturas e assassinatos de inocentes, crimes de lesa-humanidade condenados até hoje por todos os organismos internacionais a começar pela Organização dos Estados Americanos (OEA) –, o presidente (eleito) João Goulart detinha ampla popularidade em todo o País até às vesperas de sua destituição, em 1 de abril de 1964: de acordo com o Ibope, em 26 de março metade dos eleitores em oito capitais estaduais reelegeriam o então presidente; na cidade de São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil, as medidas recentemente anunciadas por ”Jango”, que tanto irritaram as elites nacionais e internacionais e levaram a sua derrocada, eram aprovadas por nada menos que 64% da sociedade – encampação das refinarias de petróleo, desapropriação das terras às margens de açudes, ferrovias e rodovias federais, e tabelamento de alugueis. Os grandes meios de desinformação em massa nunca revelaram tais pesquisas – e “lords” do bem-dizer de hoje, incluindo cafajestes de toga, ignoram tal fato.

O presidente do STF, para a palrada da vez, justificou-se no historiador Daniel Aarão Reis, quem corrigiu a ignorância da alteza em entrevista à Carta Capital: “Ele [Toffoli] cometeu um equívoco. Deveria ter citado outra estudiosa do assunto”, afirmando que é impróprio utilizar o termo movimiento ao invés de golpe, assim como igualar "os que lutavam por justiça social com os que queriam eternizar a injustiça social."

Pois não é que, além de analfabetos jurídicos que andam escandalizando o mundo pela profunda inaptidão na área, esses velhos e envelhecidos vendedores de sentenças que não enganam nem os mais ingênuos são, igualmente, analfabetos políticos? Desgraça pouca é sempre uma grande bobagem no Brasil, especialmente quando as classes dominantes histéricas, devastadoras e ignorantes como nenhuma outra no mundo, estão envolvidas.

Além do mais, e para resumir mais esta terrorista ópera à brasileira (e à direita), o “movimento” que o bibelot de turno se refere feriu gravemente, como nunca na história deste falido país, as leis que este mesmo bofe diz defender. E certamente não haveria momento mais inoportuno para o terrorista de direita em questão, que atende por presidente do mais alto grau da “justiça” tupiniquim, prestar outro grande desservico à Nação – em pleno processo eleitoral, encontra-se no mais acentuado ponto de efervescência o clima de ódio e violência que estes mesmos setores promovem, impunimente de longa-data. Tempos em que altos escalões militares ameaçam novo golpe, livre e impunemente!

Além disso, as cacarejadas do ministro justiceiro cooperam para se enterrar de vez qualquer chance de prestação de contas por parte dos sanguinários milicos sobre o terrorismo de Estado que praticaram por mais de duas décadas no Brasil.

Tropeçante ou Politiqueiro: Terroristas de Toga e Novo Golpe em Marcha

“A pior ditadura é a do Poder Judiciário; contra ela, não há a quem recorrer”, Rui Barbosa


Terá essa blasfêmia criminosa de Toffoli, condenada por historiadores, juristas e estudantes, sido um “mero tropeco” de “Vossa Alteza” (sic), ou possui objetivos politicos “mais profundos”, ou seja, uma (mais uma) baforada de gasolina sobre a fogueira eleitoreira tupiniquim (Bolsonaro e Mourão certamente agradecem), ou mesmo uma tentativa de atualizar o alto grau de cooperação entre Judiciário, especialmente o próprio STF de Toffoli, e militares durante a ditadura?

Não deve haver nenhuma dúvida, isto sim, de que lado está o sistema de “justiça” brasileiro em geral, e seus derivados cujos componentes é impossivel, a um mero mortal, serem pensados como servidores públicos (tal consideracão, uma ofensa a esta casta). Seres que habitualmente batem no peito e levantam a crista para cantarolar que ninguém no Pais está acima da lei, manjado blá-blá-blá enquanto eles mesmos vivem absoluta e descaradamente acima da lei com seus descendentes, não raras vezes mimados jovens criminosos, estupradores e assassinos hediondos, levando consigo neste sistema da patologia do poder, é claro, as oligarquias nacionais e gringos endinheirados.

E Dias Toffoli, mais um terrorista de toga se considerarmos as leis nacionais e internacionais, em qualquer país do mundo minimamente democrático – vizinhos Uruguai e Argentina ou Chile, apenas para citar alguns exemplos –, ao menos seria prontamente destituído do cargo por tentar minimizar já fazendo apologia do terrorismo de Estado, que por 21 anos espalhou-se impunemente pelo Brasil a partir de abril de 1964.

Está em marcha hoje, gradualmente sendo implantado como rezam as cartilhas da Escola Superior de Guerra no País, eis aí, Brasil do “deixa a vida me levar”, mais um exemplo agonizantemente vivo da omissão covarde estampada na amarga arte da impunidade, decorrente também – e sobretudo – de se recusar a recontar sua história com justiça, que deveria ser feita punindo, igual e ironicamente, muitos de nossos “juristas” e “promotores”.Ja dizia a jornalista norte-americana Dorothy Thompson (1893-1961): “"Quando a liberdade é retirada à força, pode ser restaurada à força; se renunciada voluntariamente, pela omissão, jamais poderá ser recuperada”. Algo a ver a realidade brasileira dos últimos 55 anos?

Brasil Não Confia na “Justiça” nem no Ministério “Público”: Base Empírica

“Leis são como salsichas: é melhor não saber como são feitas”, Otto von Bismarck


A atual midiatização e os ataques de histeria justiceira dos imperadores do Poder “Judiciário” e Ministério “Público”, contudo, não tem sido capaz de melhorar e nem de sequer manter a já arranhada imagem de seus componentes que, em grande medida, primam pela arrogância, intolerância ao nivel exato da ineficiência, tudo isso bem ao estilo milico-brucutu de mandar e desmandar, que contribuiu decisivamente para trazer o Brasil a esta situação que hoje se encontra.

Em 2017, houve uma queda na confiança da população no “Judiciário” e no Ministério “Público” de acordo com a edição de 2017 do Índice de Confiança na “Justiça”, da Fundação Getulio Vargas. Em 2016, o Ministério “Público” havia sido citado como "confiável" por 44% da população para, no ano seguinte, o número cair para 28%; enquanto 30% dos entrevistados pela GV diziam confiar na “Justiça” em 2016, apenas 24% disseram o mesmo entre maio e junho de 2017, quando o levantamento foi feito.

Sistema de “Justica” Apodrecido por Dentro: Base Empírica

“Aos amigos, tudo; aos indiferentes, a lei; aos inimigos, todo o rigor da lei”, vezo popular (com base empírica)


Por um lado o ministro policialesco mostra-se (nenhuma novidade no Brasil) incapaz de respeitar sequer a memória de vítimas e seus familiares da ditadura, por outro desconversa quando questionado sobre tão inegável quanto vertiginoso decrédito do Poder “Judiciário” tupiniquim entre a sociedade brasileira alegando ausência de base empírica para se fazer tal afirmação.

Pois se ao cabeção do STF não interessa o que as pessoas dizem no dia a dia (ao que tudo indica, Toffoli não dialoga com o povo além de ignorar diversas pesquisas, atuais e de anos anteriores), há no entanto, a que pesem jogos de palavras e oficiais saídas pela tangente, vastíssima base empírica que comprova não somente a essência podre do STF e do sistema “judiciário” – único, considerando as principais democracias do mundo, onde ao juiz se permite orientar delação premiada contra um réu, instruir processo e julgá-lo, como Sergio Moro fez com Lula –, e derivados, como MInistério “Público”, “Corregedorias” e Polícia “Judiciária” (dentro desse sistema nem poderia ser diferente: tais órgaos não teriam como ficar de fora da “festa”... da “democracia” representativa).

Causa de grande parte dos excessos mencionados a seguir, o “Judiciário”, tupiniquim, cujas cúpulas (incluindo ministros) não são escolhidas pelo voto, segue estruturado sobre ato normatizado à época da ditadura hoje louvada sutilmente por Toffoli, exatamente a Lei Orgânica da Magistratura Nacional aprovada em 1979, que traz consigo diversos dispositivos autoritários.

Se não são mais indecentes em comparação à enraizada corrupção do sistema político nacional (e pode ser que sejam piores), possuem, sem lugar a dúvidas, o maior potencial corruptor pela posição e “independência” que gozam (em seu sentido mais amplo). Um “Judiciário” distante da sociedade e sem capacidade de defender direitos coletivos, especialmente das classes mais desfavorecidas e etnias historicamente discriminadas.

Enquanto exatamente o Estado brasileiro é o maior violador de direitos fundamentais do ser humano, o sistema de “Justiça” é seu maior cúmplice – tal e qual nos tempos de ditadura. Sistema ao qual aproximadamente apenas 30% da sociedade tem acesso, o “Judiciário” possui arraigado caráter de classe, é racista e preconceituoso. Via de regra, descumpre a lei. Historicamente, pouquíssimos negros e mulheres compõem suas brancas, machistas e elitistas fileiras.

Em 2017, dos 726 de presidiários 292 mil cumpriam pena provisória, ou seja, chegou a haver naquele ano nada menos que 40% de presos preventivamente sido condenados segundo dados do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (Infopen); nos estados brasileiros, os presos provisórios variavam, então, entre 15% a absurdos 82%. No mesmo ano, pesquisa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) revelou excesso e uso indevido de prisões provisórias. Excesso que diz respeito à lentidão bem conhecida da “Justiça” brasileira, e também à corrupção e discriminação que a marca.

A imensa maioria desses detentos, incluindo os condenados, encontravam-se detidos por crimes considerados leves, tais como furto, roubo e tráfico de drogas. Diante disso, como revelou o professor e pesquisador Carlos Eduardo Martins à repórter Fania Rodrigues da revista Caros Amigos para a edição especial Judiciário no Banco dos Reus (2014): para quarto presos, três estão condicionados à situação de escassez, revelando maior rigor da “Justiça” quando há implicacoes sociais e raciais entre os condenados. Outro grave fator: em muitos casos, quando o juiz sentencia a pena, esta acaba sendo inferior ao tempo da própria detenção preventiva.

Em contraposição a todo esse rigor judicial, chega perto de zero a punição a crimes cometidos por policiais que atinge em cheio pobres e pretos inocentes – especialmente nos chamados autos de resistência, criados exatamente nos anos da ditadura.

Enquanto, no final de 2017, a Organização das Nações Unidas (ONU) advertia que a população negra é a mais afetada pela desigualdade e pela violência no Brasil, o Infopen emitia mais um estudo: dos 622 mil brasileiros privados de liberdade à época, 61,6% eram pretos e pardos, que correspondem a 53,63% da população brasileira. Outra revelação (lamentavelmente, nada novo) da pesquisa do órgão: 75% dos encarcerados têm até o ensino fundamental completo, um indicador de baixa renda.

No outro extremo da pesada mão dos promotores de um perpétuo Estado de exceção, cometem crimes livremente os grileiros – parlamentares e grandes latifundiários – que expandem o agronegócio, desmatam e terminam de dizimar os povos originários; um total de R$ 500 bilhões (22,3% do total arrecadado) são sonegados anualmente no Brasil, na imensa maioria dos casos impunemente, de acordo com dados do Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional, duas vezes e meia maior que o valor anual desviado por corrupção (R$ 200 bilhões), sendo que os maiores sonegadores são grandes empresários; segundo o Banco Mundial, a evasão illegal de divisas do Brasil varia anualmente entre R$ 25 e R$ 30 bilhões, sem constar nas manchetes de jornais; 42,4% da riqueza brasileira vai anualmente parar nas ociosas mãos do setor financeiro, diante da migalha social de cerca de 4% para o setor da saúde, 3% para a educação e mísero 1% (!) ao Bolsa Família que tanta raiva gera nas esquizofrênicas classes dominantes (e classes médias que nada sabem, manipuladas por aquelas).

Abaixo, tradução de trecho de um dos telegramas secretos liberados por WikiLeaks, emitidos pela “Embaixada” (centro de espionagem) do regime de Washington em Brasília revelando profundo grau anti- é tico de juízes e promotores de “Justiça” brasileiros, e uma declarada subserviência diante de seus super-herois, os padrinhos norte-americanos em conferências nunca reveladas por nenhum desses juízes e promotores – que incluiu viagens aos Estados Unidos, com tudo pago, evidentemente. Sempre presente, ele, o juíz Sergio Moro. O cabo abaixo foi emitido em 30 de outubro de 2009:

“A conferência de uma semana foi elogiada através de avaliações escritas por parte dos participantes, com muitos pedindo mais treinamento incluindo um específico sobre combate ao terrorismo.”

Com um importante detalhe: terrorismo, criado e usado atualmente pelos Estados Unidos para espalhar bases militares por todo o mundo e pilhar riquezas nacionais, não é um problema brasileiro, muito longe disso. Porém, o próprio Ministério “Público” é ainda pautado pela Lei de Segurança Nacional da ditadura miltar (sob influência também de Washington), com foco no esquizofrênico “inimigo interno” dos milicos, e em jogar individuos à cadeia. Eis o Império agonizante e suas caninamente fieis clases dominantes locais, buscando desesperadamente inimigos a combater a fim de justificar o autoritarismo que lhes facilita exploração e dominação. Continuando o festival do entreguismo, inclusive moral e intelectual:

“Os participantes, sem exceção, elogiaram o fato de o treinamento ter sido multijurisdicional, prático e incluido demonstrações reais (por exemplo, como preparar uma testemunha, e o exame direto das testemunhas). O próximo treinamento deverá se basear em áreas como forças-tarefa ilícitas das finanças, que podem ser a melhor maneira de combater o terrorismo no Brasil.”

Tudo isso, um sistema “Judiciário” e periféricos desmorazlizados, comprometidos com o direito penal (contra os mais desfavorecidos) contudo em nada com direito social e defesa da dignidade humana, explica muito bem por quê o golpe militar e todas as suas sangrentas arbitrariedades, para Toffoli e demais usurpadores do poder, nada mais significaram que um simples “movimento” para quem deveria ser guiado pelos valores que incluem defesa dos direitos fundamentais e da defesa da Constituição


FARSA E TRAGÉDIA
Casas Gospel Apoiam Bolsonaro, que Fere Direitos Fundamentais do Ser Humano

É o que melhor sabem fazer: enfiar a cruz de Cristo no bucho alheio; contudo, em país onde há gente que se respeita lembra-se o quanto, um apoiado exatamente no outro do início ao fim do regime militar, entre 1964 e 1985 atacaram furiosamente centros de cultura e educação, perseguiram, torturaram e assassinaram cruelmente estudantes, padres católicos, trabalhadores, mães denunciantes, e os seus mesmos para "queima de arquivo" (o cocainado, constantemente bêbado e envolvido com amante, delegado Fleury, foi um deles). Eles não prestam! Em nome da liberdade, dos bons costumes, dos valores da família, de Deus, estão de volta – a história vai se repetir? Como farsa ou tragédia?

Se (para eles) não é papel do professor questionar assuntos poíiticos em sala de aula, nem colocar sua posição diante dos alunos, (por que) é então papel de pastor, bispa, apostólo e coisa que o valha, travestido de democrata liberal impor sutilmente, valendo-se da posição de voz oficial dos Ceus, em quem seus incautos fantoches devem votar? Por que devemos aceitar como normal isso? Qual o jogo deles?

23 de setembro de 2018 / Publicado em Pravda Brasil

As Roupas Novas do Rei

Todos os súditos estavam de joelhos, admirando as roupas novas do rei.

Aos milhares, os plebeus o aplaudiam. Nunca tinham visto algo tão bonito.

De repente, uma garotinha que segurava a mão da mãe em meio à multidão apontou o dedo ao rei e disse:

- Mamãe, o rei está nu! Ele não está usando roupa nenhuma!

Ninguém acreditou na garotinha. Sua mãe pediu que ficasse quieta e todos esqueceram dela.

As pessoas continuaram a admirar as roupas novas do rei (...).

Todos os outros agiram motivados por seus interesses, por seus medos ou por uma combinação de ambos.

(Romance norte-americano
Síndrome de Pinóquio, David Zeman, editora Planeta, 2003)


Assemelham-se mais – e portam-se como tais, e vivem como tais, e reivindicam sutilmente ser tratados como tais, e são efetivamente tratados pelos seus como tais – a artistas que líderes religiosos.

“Olha, não recebi nenhum centavo do Bolsonaro para falar isso, aquí”, apressou-se em se justificar um “apóstolo”-publicitário recentemente, após proferir a “voz de Deus” para as próximas eleições para seus macacos de auditório, sedentos de qualquer coisa que supra suas carências.

Mas o “ap”, como e chamado na congregação o “apóstolo” da moda, ex-vendedor de biquínis e sungas no litoral norte paulista antes de se tornar milionário e de adquirir grande status na sociedade (pelo "apostolado"), nem por isso se contrange.

Para quem não sabe, pastores e principalmente esses autointitulados apóstolos representam autoridades espirituais inquestionaveis, e discordar ainda que polida e democraticamente se considera uma afronta, grave heresia que resulta em hostilidade ao "rebelde" por parte dos "irmãos" obedientes "a Deus": discordar dos autoritários donos dos templos, nestas casas, considera-se o mesmo que desafiar ao Criador do Universo.

As vesperas de eleições presidenciais no Brasil, seria cômico se não fosse trágico: chefes da religião que apenas podem manter o sistema de dominação apoiados no excesso de mediocridade.

“Conselhos politico-espirituais”: a politicagem e a manipulação mais descarada, que apenas evidencia o que produzem, massas sem a menor autonomia reflexiva. Essa gente não encontra limites!

Subproduto dessas confrarias religiosas: carência de autodeterminação no simples voto, obrigação de todo cidadão desde o mais respeitável analfabeto.

Simples assim! Se com o passar dos anos essas massas religiosas fossem bem orientadas e suas mentalidades esclarecidas, “cheias da sabedoria do Senhor” como reivindicam para si, não seria necessário agora, como em cada eleição, todo esse apelo “pastoral”, indisfarçavelmente constrangedor e desesperado por votos.

O reconhecimento da alienação que produzem.

Na realidade, essas multidões não apenas estão absolutamente acomodadas na condição de marionetes, como apreciam viver sendo pensadas ao invés de se dar ao trabalho de tão-somante pensar; gostam que se lhes diga tudo o que devem pensar, fazer e sentir – acreditam, inconscientemente, ser mais facil viver assim.

Anestesia-lhes a consciência, livra-os dos (muitos) complexos de culpa apegar-se a um guru, versao American Way of Life.

Complexos estes, outrossim, decorrentes do sistema opressor em que subsistem, uma rede de intrigas e muita bajulação que, no final das contas, os reprime dia e noite.

Dentro disso, não se tente mostrá-los um outro caminho. Já dizia o romancista grego Eurípedes, mais de quatrocentos anos antes de Cristo: “Converse com um tonto, e ele o chamará de tonto”.

Falam em “avivamento do Evangelho” no Brasil, referindo-se ao crescimento avassalador do exitoso proselitismoque praticam, angariando mais fieis para suas empresas religiosas.

Pois como compreender a equação que aponta, paralelamente, uma piora significativa em corrupção neste mesmo País? Apenas por uma questão de lógica, mínima que seja, a equação não deveria apontar, exatamente, ao sentido contrário considerando o crescimento vertiginoso da religiosidade?

Curioso: quanto mais crescem, mais cresce a corrupção, e tal fenômeno os pastores, bispos e “aps” mais preocupados com a causa social, deveriam explicar.

Um fanático é alguém que não consegue mudar de opinião, e tampouco muda de assunto. É um ponto
de exclamação ambulante: tem todas as respostas, e não está interessado nas perguntas

(Amos Oz, escritor israelense)

A postura persuasivamente agressiva dos “representantes de Deus na Terra”, tanto apelo “divino” trata-se da mais tragicamente clara evidência a que se prestam, ao longo dos anos entre uma eleição e outra.

Um filme milenar.

Os donos dos templos não estimulam o povo a pensar, não desenvolvem o minimo senso critico em suas ovelhinhas – ensinadas (eufemismo para “impostas”) a viver como eles jamais viveram nem viverão, isto é, servindo ao próximo e olhando a todos como se fossem superiores a si mesmos como prova de humildade (apregoam).

Alguém já viu, pois, algum chefe da religião comportar-se desta maneira? Não! Como exemplo - dos mais brandos, para não se correr o risco de ser humilhado ou ainda agredido -, “ouse” apenas discordar deles, emitindo sua “humilde” opinião, caro leitor!

O sistema da repressão. Do mandar-obedecer. Do falar-calar.

Esta Missão [Embaixada dos Estados Unidos em Brasília] tem obtido significativo sucesso em implantar entrevistas encomendadas a jornalistas, com altos funcionários do governo dos EUA e intelectuais respeitados.

Visitas ao Brasil de altos funcionários do governo dos EUA, seriam uma excelente oportunidade para pautar a questão junto à Imprensa brasileira.

(...) Aumentar a atividade pela mídia e o alcance das comunidades religiosas parceiras [do governo de Washington]: até agora, nenhum grupo religioso no Brasil assumiu a defesa da difamação de religiões.

(...) Essa campanha também deve ser orientada às comunidades religiosas que parecem ter influência sobre o governo do Brasil [Grifos nossos].

[Telegrama confidencial emitido em em 22.12.2009 pela “Embaixada” (centro de espionagem)
norte-americana em Brasília, liberado por WikiLeaks à Imprensa em 6.2.2011]

Um dia desses, o “ap” publicitário apresentando a cartilha político-espiritual que trazia a vontade de Deus em relação ao voto dos fieis para estas eleições, saiu-se com esta, insistindo que adversarios de Bolsonaro em determinadas ocasioes “apareceram abraçados com gente LGBT”. Movidos pela intolerância.

“Quiseram agradar a todo mundo, mas não conseguiram agradaram ninguém” (eis a fraseologia que os marca), para completar, “e nós? Estão desprezando nossos valores, aquilo que acreditamos”.

A mentalidade totalitaria não permite que se tente garantir o direito de todos, que cada um viva de acordo com o que acredita garantindo o mesmo direito ao outro, especialmente as minorias para que todos vivam em paz.

E pergunta, bem sincronizado com a plateia: “Qual o melhor candidato para a Igreja?”, ao que um macaco de auditorio grita, bem forte, “Booolsooonaroooooo!”, e, “palmas para Jesus, gente? OK?”. Anda cada vez mais nojento esse apelo mal armado dos aproveitadores da religião.

A artista Baby Consuelo advertiu o "ap" publicitario, de forma particular: "Esses caras apoiam torturadores e assassinos!" e conta um pouco do que os militares golpistas fizeram no passado.

Ao que o publicitario, que vendia trajes de banho nas areias paulistas hoje conduzindo milhoes de seu rebanho enquanto "apostolo", respondeu: "Aquilo [torturas] ocorreu em outro tempo", ignorando ou querendo ignorar que Bolsonaro apoia cabalmente tais crimes, fortemente condenads internacionalmente.

Faltou tambem o "apostolo" publicitario dizer, publicamente, se apoia os crimes de lesa-humanidade da ditadura militar.

Nos dias de hoje, evidentemente Bolsonaro contribui em medida inigualavel àquilo que diz combater, isto é, o aumento vertiginoso da violência por sua postura acentuadamente agressiva, intolerante, discriminadora à imagem e semelhança das casas gospel.

Essa gente, famosa pela habilidade impar em descontextualizar fatos - mais uma vez provado, não se tratar de culpa do diabo, como muitos dos seus são levados a acreditar por individuos que ja perderam a noção pratica da vida, ha muito tempo.

É Preciso Saber Fraudar

"Há determinadas coisas que não se deve fazer, mas não quero me fazer de santo. Se num determinado momento elas sau uteis, é razoavel que se pense em faze-las, eu não critico toda essa bobageira [fraude eleitoral no Rio em 1982] que gente [ditadores militares] fez, porque eram coisas condenaveis em si.

"O que eu critico é o fato deles terem se metido a fazer coisas condenaveis sem saber faze-las [acabaram fracassadas as fraudes contra o candidato a governador Leonel Brizola, PDT].

"Então voce acha que roubar uma eleicão atraves do sistema de computacão e coisa facil? Eles simplesmente não sabem fazer isso. Nos não devemos tentar fazer o que nao sabemos."

(General Golbery do Couto e Silva, fundador do SNI, Servico Nacional de Informações, citado no livro Ditadura Envergonhada de Elio Gaspari. Citado na Colecao A Ditadura Militar no Brasil, da revista Caros Amigos, fasciculo 12)

A moral absolutamente divisivel, para dizer o minimo envolvendo os falsos moralistas da ditadura militar da qual os milicos Bolsonaro e Mourao fazem apaixonada apologia, e tambem o perfeito retrato das casas gospel que sempre apoiaram os crimes da ditadura.

Pateticamente autodesignados pastores e até “apóstolos”, na imensa maioria dos casos sem nenhum passado em trabalhos sociais nem histórico de vida que indique engajamento em favor de algum segmento da sociedade, nem sequer estudos de cursos como História, Sociologia, Filosofia, Ciências Políticas. Sua credencial, a estupidez.

Quanto mais medíocre, melhor a fim de atingir seus objetivos, a idiotização das massas.

Quando um ou outro revela-se formado em alguma coisa, nada mais apropriado para o que se prestam hoje: Marketing (“apostolo” Estevam, por exemplo), Publicidade (“apostolo” Rinaldo, outro exemplo) palrando coisas do tipo, “sem investimento estrangeiro, o Pais não cresce”.

Para dizer que todo e qualquer partido de esquerda fechará completamente as portas ao capital externo. Ao mesmo tempo que apenas faltou colocar o pessoal de esquerda como terrorista (velha tatica), sugerindo ainda que a esquerda deseja fechar as casas gospel em todo o Pais.

Sintomático? Alguma semelhança com o dia da mentira de 1964? A “revolução democrática” de primeiro de abril dos milicos, fundamentalmente apoiados nas santas confrarias religiosas em nome da moral, dos bons costumes, da familia e da liberdade!

A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude

(François de la Rochefoucauld - 1613-1680)

Há mais de 500 anos, uma das regiões mais ricas do planeta transformada em República de Bananas como marca metafórica mais adequada das oligarquias e seus palhaços que distraem facilmente as multidões, cujos horizontes não vão muito alem de alguns palmos a frente do nariz.

A serviço de quem? Da nação e seu progresso? Insistem que sem seus padrinhos, os lords do bem-dizer de quem esses brazucas tipo-exportação catam migalhas, nós não podemos nada.

O golpe militar de 1964 e os 21 sanguinolentos anos que o seguiram, que nunca sairam do coração dessa gente, são o mais inconteste exemplo disso – dos quais esses lavadores de cerebro por excelência jamais se retrataram – e até escondem a conivência criminosa.

O próprio Jesus libertário, como diz Frei Betto um preso politico – à época, poder religioso significava político –, representa a mais evidente antítese desses neofariseus e suas massas perdidas, histéricas, intolerantes, cujas fobias lhes são impostas como maior arma para seu assassinato intelectual.

Enxergar o que está diante do nosso nariz, exige um esforço constante

(George Orwell)

Em nome de autoridades espirituais, apoiam-se no medo e na incapacidade de pensar, por si só, das massas para dominá-las, manipulá-las.
Gente que fala em moral sem o menor pudor enquanto se servem da religião (i. e., do suor de seus seguidores, e também das mulheres de seus seguidores e mais uma vasta lista do cambalacho como regra cujas exceções acabam massacradas nesses centros mafiosos que vendem o nome de Deus como banana e tomate no Ceasa carioca).

Gente que fala em moral sem o menor pudor, enquanto se servem da religião (i.e., do sour de seus seguidores) que os faz viver bem próximos do conforto e de todo o luxo do um por cento do topo, e que proporciona status ao invés de um servical dotado de uma missão.

Neste caso, o Evangelho como ele é, configure-se algo revolucionário demais para esse tipo de gente, que tem na religião dominante e dominadora um privilegiado meio de vida.

O homem justo se preocupa em saber as necessidades e direitos
dos pobres, mas o perverso não se importa com essas coisas

(Provérbios da Biblia, 29:7)

Evangelho foi astutamente transformado em Gospel. (Não por mero acaso, brasileiro tem sido, a começar por eles, considerado ser inferior aos falantes de gospel, escolhidos por Deus para salvar o planeta e o proprio Patropi).

E um aplauso para Jesus – como andam pateticamente encerrando suas “orientações” hoje, às vesperas das eleições denominadas “politico-espirituais” em favor dele – e nem poderia ser diferente – de Jair Bolsonaro, quem torna moda entre as criancinhas brasileiras gestos ameaçantes com as mãos, como se fossem dois revólveres.

Apos uma oratória recheada de uma escancarada neurolinguista que intimida de maneira sutil, o que de melhor sabem fazer, “votem no Bolsonaro, e palmas para Jesus, irmaos!”. Aleluia!

Obedientes à autoridade celestial, as multidões aplaudindo o novo presidente, centro do discurso finalizado com o desgastadissimo nome de Jesus como ultimo e grande chacoalhar das cordas sobre as marionetes.

Eis que entra triunfante Jesus no pobre espetáculo! A entrada triunfante do seculo XIX! (As vesperas das eleições de 2010, estes mesmos seres repugnantes colocaram a candidate de esquerda, Dilma Rousseff que foi guerrilheira nos tempos de ditadura militar, como apostolo Paulo do século XXI).

Mais uma vez para lavar de vez os cérebros, no caso especialmente de haver uma ou outra ovelha esbocando a “rebeldia” diante da autoridade: “Bolsonaro presidente”. E logo depois, nao pode faltar: “Amem, Jesus!”.

Eis que a casa criadora do gospel, a tal de Renascer em Cristo, banalizadora do nome de Jesus como poucas, entre diversos politicos de pessima memoria apoiou fervorosamente ele, ele mesmo em mais de uma candidatura: o senhor engenheiro, doutor Paulo Maluf!

A epoca, havia um movimento dentro da Renascer chamado Bola de Neve, que virou igreja, de propriedade do “ap” Rinaldo, um publicitario, hoje fervoroso apoiante de Jair Bolsonaro.

Pois agora, que o dito-cujo esta em baixa, obviamente que os renascentistas do marqueteiro “apostolo” Estevam “tiraram o time de campo”, e até tentam negar o histórico apoio a Maluf que estão ai, podendo ser facilmente comprovados atraves dos sitios de busca na Internet.

Aliás, a Renascer sobrevive com franquias Brasil afora que, se incapazes de gerar lucro, fecham as portas. Não ha, portanto, nada de “divino” no crescimento de todas essas casas, como reivindicam para si.

Vivem do lucro.

Pensar é o trabalho mais dificil que existe. Talvez seja por isso que tão poucos se dedicam a ele

(Henry Ford)

A que nivel chegamos, como brasileiros? Em se tratando dessas casas de espetáculo que nem sequer protestantes são – quanto mais evangélicas! –, nenhuma surpresa.

Apoiados no medo do castigo hoje, do inferno amanhã, e no ilimitado emburrecimento das massas, esses autoestabelecidos pastores, apóstolos, bispas e bispos exercem dominio e pilham essas multidões, blindando-se nos privilégios de um sistema completamente verticalizado e, nem poderia ser diferente, bem menos transparente que o próprio sistema politico corrupto.

Ninguém está mais desesperadamente escravizado, que aquele que falsamente acredita ser livre

(Goethe)

Cupulas totalitarias, rivalizam-se entre e dentro de si como e natural em todas as mafias, mesmo entre traficantes de drogas dos mais vagabundos.

Com redea curta e pouco milho, sobre seus suditos primam pela teorização; o climax espiritual disso tudo nao e a pratica diaria que evidenciaria virtudes interiores, mas a capacidade de persuadir enfim, a antivirtude é sua marca registrada: a capacidade de convencer ao invés de conscientizar, o proselitismo que gera intolerancia por um lado, e fazer crescer o mercado que mais cresce no Pais: exatamente o mercado gospel, de péssimo gosto.

E tralha gospel nao falta! As inanimadas são o que ha de menos sofrivel neste mercado cujo principal produto-tralha e feito de carne, osso e, desgraçadamente, cerebro (o grande problema dos autoritarios representantes de Deus na Terra).

Como dizia o cineaste frances Claude Chabrol: A estupidez é infinitamente mais fascinante que a inteligência. A inteligência tem seus limites, a estupidez não.

Pensar é o maior perigo nestes locais. Não por acaso, exatamente a gente dos milicos Bolsonaro e Mourão desde o inicio do golpe de 64, além de espancar estudantes e trabalhadores em geral, tratavam de invader casas, bibliotecas, livrarias e universidades não só para torturer e assassinar, mas tambem, outra prioridade, queimar livros de Sociologia, Filosofia, História, Ciencias Politicas etc. Emburreceram a Nação, e hoje continuam cobrando seu preço.

Não há nada mais adoecedor e imbecilizador, que o perpétuo aprendiz de um ensino que não produz efeitos práticos em sua vida

(Caio Fábio, psicanalista)

Assassinos de almas! Estão de volta – nunca se foram, apenas se trancaram no armario da covardia, aguardando as ordens de seu amo do Norte, que norteia nossa morte.

Bolsonaro tem gerado contra seus eleitores e no Brasil, aquilo que diz combater. Violencia, divisão social, dependencia, a velha escravidão que insiste em marcar esta Nação.

Sobre a capacidade impar que possuem de dividir sociedades, vale relembrar os recentes estudos arqueológicos (se não bastassem incontáveis evidências cotidianas) que contradisseram mito de que religião une sociedades, e leva paz às nações.

Realizadas no México pelo professor Arthur A. Joyce e pela professora Sarah Barber nos vales de Rio Verde e de Oaxaca (costa pacífica do México), as pesquisas científicas que avaliaram o período de 700 a.C. a 22 d.C., apontaram a religião como fator agravante para confrontos, fortalecendo de maneira ínfima a união das comunidades locais além de servir como obstáculo para o desenvolvimento de grandes instituições.

Os estudos demonstraram claramente que aqueles que controlavam a vida espiritual e os rituais religiosos, com grande frequência confrontavam-se com líderes seculares por interesses pessoais (alguma semelhança com os dias de hoje, e com o que conhecemos da pobre e mal-contada história?).

No caso do Brasil contemporâneo, cara de Bolsonaro é muito parecida com a da dita “Igreja” – mas será a de Jesus? “Igreja” sisuda, mesquinha, sectária, obscura, truculenta, incauta, antipática, demagoga, elitista.

Não se poderia esperar absolutamente nada além disso de instituições – neste caso, as confrarias autodenominadas evangélicas – menos transparentes que o proporio sistema politico podre que nos oprime.

Instituições que não tem, a cada desgraça neste pais, resposta prática nenhuma a dar à sociedade.

Fraseologias mais baixas. Poeticismo biblico tão ridiculo quanto termina por jogar este segmento social cada vez mais no descrédito. E eles acham (ou dizem que acham) que a culpa é do diabo!

Tanto quanto Bolsonaro, as confrarias religiosas que enfiam a cruz de Cristo no bucho alheio apoiando-o, casas que não são evangelicas e nem sequer protestantes por excessivamente reacionarias, a antitese de um Estado de direito – livre, tolerante, justo, pacific, onde haja harmonia apesar das diferenças.

Tradição é a personalidade dos imbecis

(Maurice Ravel)

São o oposto da figura de Jesus, personagem que, em termos praticos e ate retoricos, não cabe nas quarto paredes de suas casas de espetaculo.

Pobre Jesus: se resolvesse voltar hoje, de surpresa para “sua” casa! Seria assassinado pela Terceira vez! (Pela segunda, ja foi quando da criação desse maldito cristianismo reacionario, elitista por Constantino, no século III).

Não merece um minuto sequer da nossa filosofia a fim de se tentar compreender tal aliança, não se trata de nenhum “fenômeno a ser sociologicamente desvendado”: ambos se merecem, natural casamento.

Trata-se, aqui também, da milenar e canalha aliança religião-politica mais baixa mais descarada, uma apoiando-se na outra para violentar, explorar e acumular. (Eles achavam que poderiam efetivar tal aliança com o “apostolo Paulo do seculo XXI”, em 2010, mas por algum motivo a armação debaixo das saias de Deus não surtiu o efeito esperado...).

Uma nódoa da civilização, é o apoio de países que pregam democracia a ditaduras corrompidas e sanguinárias

(Antônio Luiz da Costa, professor)

Que se fique registrada a questão, inevitavel: se o brucutu de turno, “o preferido de Cristo” eleger-se presidente, e daqui a quarto anos a violencia estiver ainda mais deteriorada, e estara, a sociedade ainda mais dividida em odio, e estara, as confrarias que hoje o apoiam haverão de se comportar como, por exemplo, nos anos pos-ditadura militar, isto é, no mais absoluto silencio sem fazer a devida mea culpa?

O presidenciavel em questão fere nada menos que os direitos fundamentais do ser humano.

Enquanto isso os donos dos templos, rememorando os piores anos da Guerra Fria patrocinada por seus padrinhos de Washington, voltam a gerar terror psicológico entre os milhões de cérebros lavados de sua propriedade que individuos de esquerda combatem a religião .

O que se condena, ao contrário, é o emburrecimento em massa como metodo de dominar, manipular e acumular riquezas, no que essas confrarias religiosas ocidentais são lideres mundiais, imbatíveis.

Muitas pessoas exigem liberdade de expressão, como compensação pela liberdade de pensamento que raramente usam

(Søren Aabye Kierkegaard, filósofo, teólogo, poeta e crítico social dinamarquês, 1813-1855)

Exatamente este segmento apoia o projeto Escola sem Partido que, precariamente disfarçado de alguma coisa que prima pela diversidade e neutralidade, visa impor uma mordaça ao professor - com um fim bem claro, dado o contexto disso tudo.

Especialmente o setor religioso, defende uma postura "apolitica" alegando que cabe à familia, e apenas à familia, discutir e conscientizar os filhos - inclusive sobre politica.

E evidente que essa postura com ares apoliticos possui uma tendencia politico-fascista muito clara, e ai esta, nestas vesperas de eleições presidencias, mais uma incontestavel comprovação de que, sim, eles possuem um lado muito claro e que a sucessão de "projetos" liberais possuem uma essencia ditatorial bastante acentuada.

Se (para eles) não é papel do professor questionar assuntos poíiticos em sala de aula, nem colocar sua posição diante dos alunos, (por que) é então papel de pastor, bispa, apostólo e coisa que o valha, travestido de democrata liberal impor sutilmente, valendo-se da posição de voz oficial dos Ceus, em quem seus incautos fantoches devem votar?

Por que devemos aceitar como normal isso? Qual o jogo deles?

Sem entrar no merito da questao, se o projeto mencionado e viavel ou nao, a incoerencia religiosa, mais uma vez exposta em seu entusiatico e aberto apoio a Bolsonaro, evidencia a tendencia e o objetivo gospel.

Apenas um ser completamente mergulhado nas maiores profundezas da escuridao intelectual, e incapaz de perceber que a alianca gospel-politica, visa manter os privilegios do poder, estatal e religioso.

Aliança Nada Santa

"Não existe organização criminosa mais bem-sucedida, que a que conta com apoio estatal"

Misha Glenny em McMáfia – Crime sem Fronteiras

Sobre a velha aliança Estado-religião e a despolitização como suporte à opressão perpetrada pelas classes dominantes, vale observar que através do Relatório Rockefeller de 1975 substituiu-se na América Latina a Igreja Católica - parceira já não muito confiável - através da criação e financiamento de seitas evangélicas pela CIA, pelo pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e ONGs de fachada a fim de combater ideais socialistas na América Latina em defesa do imperialismo norte-americano.

Exercendo lavagem cerebral, manipulando, dominando e acumulando riquezas, tais seitas possuem a acentuada capacidade de penetrar em setores populares que determinados movimentos não conseguem alcançar, sendo que muitas delas têm estado envolvidas até no tráfico de armas por meio de lideres supostamente religiosos de péssimo nível intelectual, o que pode muito bem explicar o "enigmático fenômeno" de "igrejas" multimilionárias e, automaticamente, a própria multiplicação de armamentos em territórios nacionais.

Já houve denúncias por parte de indignado pastor evangélico brasileiro, de que alguns colegas participam da lavagem de dinheiro de políticos nacionais e do narcotráfico).

Os autores do relatório, arquitetado e financiado pela Fundação Rockefeller que, historicamente, promove políticas de dominação e exploração global através sobretudo da lavagem cerebral induzindo medo às massas, reclamaram, então, do que denominaram "excesso de democracia" alegando que este sistema só funciona se houver apatia e desinteresse societário.

Em outras palavras: o capitalismo apenas se sustenta apoiado na alienação e despolitização dos indivíduos, na retirada de seu senso de cidadania e da noção de sua posição no mundo.

Pois WikiLeaks liberou telegrama secreto revelando que realmente existe uma organização secreta da qual a família Rockefeller é uma das 13 dinastias Illuminati, atuando como governo global nas sombras e estreitamente ligada ao governo dos EUA; o próprio Federal Reserve, banco central norte-americano, pertence a oito famílias-membro dos Illuminati, entre elas os próprios Rockefeller.

Um vídeo em que líder Illuminati recebe e orienta novos membros na sociedade secreta mais poderosa do mundo, evidencia como a organização controla todas as esferas da sociedade, desde a economia até a mídia, passando pela educação e pela própria religião – sobre esta, é revelado interesse muito particular e domínio completo: nas próprias escolas de Teologia é exercida influência, ditando em que se deve acreditar e como se proceder.

A seguir, transcrição da passagem em que se explica o domínio sobre as instituições religiosas cristãs, em tradução livre do inglês ao português:

A religião tem servido aos nossos objetivos de uma maneira incrível. É a mais antiga e talvez a mais gloriosa forma de controle social utilizada pelo Corpo [Illuminati].

A religião perdeu seu controle sobre as pessoas, de maneira que o fanatismo é resultado de tal declínio, o que ajuda o Corpo. Nossa influência invisível sobre as igrejas ajuda a criar cristãos fundamentalistas, para manipular suas opiniões sobre acontecimentos atuais de acordo com a política do Corpo.

Eles [líderes religiosos] são enviados a nossos ministros que lhes interpretam a Bíblia, e eles pregam isso a seus seguidores. A fé cega deles é utilizada para lhes transformar em soldados voluntários para defender nossa causa durante a catástrofe que está por vir.

(...) A ascensão do fundamentalismo islamita é uma vantagem ao Corpo Illuminati, através de ameaças de violentos ataques. Nos próximos anos, os ataques terroristas justificarão retaliação, iniciando a fase final do Grande Projeto [Nova Ordem Mundial].

Os cristãos apoiarão nossas ações, visto que a crença deles será demonstrada como verdadeira para as profecias do fim do tempo, criadas diretamente pelos líderes religiosos do Corpo Illuminati.

Há um só Deus, e um mediador entre Deus e os homens: Mamon

(Máxima historica das religioes dominantes e dominadoras ocidentais. Que tal?)

Na realidade, a raiz do protestantismo e completamente elitista e reacionaria, caracteristica que o acompanharam por toda a historia: essa seita que, como foi observado mais acima nem sequer protestante na acepco do termo e (quanto mais evangelica!) acabou estabelecendo "listas de dogmas".

A partir disso, os protestantes primitivos, sob aprouve das lideranças, trataram de lançar à fogueira os que julgavam "hereges", praticando o mesmo que tanto haviam condenado em relação aos católicos, e que lhes valeu justamente o título de protestantes.

Vale também apontar que, no campo social mais amplo, Lutero apoiou os príncipes alemães contra os trabalhadores do campo que, vivendo em completa miséria e sob profunda exploração, clamavam por melhorias das condições de "vida" (guarde esta palavra) - em nada obediente aos apelos de Jesus em favor dos pobres e injustiçados, mas oportunisticamente favorável aos mais poderosos da época.

Alguma semelhança da maioria das ditas igrejas cristãs de hoje com seu grande mestre fundador?

Foram ainda calvinistas (correspondentes aos presbiterianos de hoje) ingleses os que financiaram a colonização da América do Norte em meados do século XVI, sob o manto de povo eleito, predestinado a se apropriar daquele território após exterminar quase por completo seus milhões de habitantes "retrógrados", através de ataques com requintes de extrema crueldade que torturavam e assassinavam em massa, enquanto se apoderavam das diversas riquezas naturais de uma terra muito mais rica que a britânica.

Enfim, a fundação de uma nova religião, no caso dos protestantes, enquanto a manutenção e expansão de outra, a católica, valiam a vida, passavam por cima dela indiscriminadamente.

Trata-se de mais uma evidência do sectarismo religioso, a teoria, a filosofia religiosa que ao longo dos séculos até os tempos atuais enferma, aprisiona, explora, mata corpos e almas.

Eles devem achar difícil, aqueles que consideram a autoridade a verdade, ao invés de ter na verdade a autoridade

(Gerald Massey, egiptólogo)


Luiz Inácio: Faça um Curso sobre Marxismo

No Brasil, a Casa Grande contemporânea também tem portas à “esquerda”. Alguma novidade?

20 de setembro de 2018 / Publicado em Pravda Brasil


Embora Luiz Inácio tenha escrito, nesta quarta-feira (19), grandes verdades em carta ao discriminador e excessivamente burro general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República (a chapa das figuras dos perfeitos idiotas), por outro lado a demagogia contida no DNA do petista não poderia deixar de se aflorar.

Na mencionada epístola.

General Mourão, não julgue avós e mães pobres pelo seu conceito medíocre sobre a espécie humana.
Se o senhor já pensava assim não deveria ter chegado a general e muito menos querer ser vice-presidente.

Até aí, perfeito, Luiz Inácio! Afinal, que esperar de um brucutu (para dizer o minimo) do nível do milico Mourão que, entre outras tantas imbecilidades criminosas, defende tanto quanto Bolsonaro tortura e personagens como Brilhante Ustra quem, condenado mundialmente, apoiava-se em um sanguinolento delegado (Fleury) viciado em cocaína?

“[Fleury] Bebia e usava cocaína – senão, diziam seus amigos, ninguém faria o que ele fez” (fascículo 9 da coleção A Ditadura Militar no Brasil, da revista Caros Amigos). Gente tomada da paranoia anticomunista, embora tambem muitos oportunistas que sem duvida, utilizava-se deste discurso para impor-se e usurpar o poder.

O que o delegado paulistano fazia: perfurava corpos de oponentes ideologicos (incluindo jovens estudantes e ate mães de vitimas, que denunciavam os horrores) com furadeiras eletricas, cortava carnes de desconhecidos com navalha, ordenava arremesso de individues ao mar e uma lista interminável da arte de torturar e assassinar inocentes aprendida na Escola das Américas, de Tio Sam. Além de possuir uma amante, a (anarquista, pasmem!) Leonora.

Eis os bons costumes, em nome dos valores da família e da religião da ditadura - querendo retornar! Drogas, bebidas, tortura, sexo & rock'n roll! E aos domingos, uma boa missa seguida de uma bela “ordem” pública ao longo da semana!

Retornando à contemporaneidade, Luiz Inácio, para não perder o costume nem sequer em tempos que se deveria aproveitar para colocar a consciência – e os próprios bons hábitos, neste caso, o da leitura – em dia, o ex-presidente finaliza, sem ruborizar:

“General, um conselho, faça um curso sobre o Humanismo.”

Ex-mandátario, convenhamos: Vossa Excelência, reconhecidamente, nunca concluiu a leitura de 1 (hum) livro sequer em toda a vida. Falou alguma vez sobre Karl Marx, sem nunca ter lido absolutamente nada sobre o filósofo alemão - muito provavelmente, o dito-cujo nem saiba que o proeminente proponente do comunismo era, exatamente, filósofo.

Certamente, o falso moralista autor da referida carta ao milico não sabe sequer explicar o significado de Humanismo. Tenho ainda plena convicção de que Luiz Inacio tenha desejado dizer "humanitarismo". Seja como for, se tivesse compreensão do significado de qualquer um dos termos não teria se aliado, exatamente, aos milicos enquanto presidente desta republiqueta de bananas, e defendido ferrenhamente anistia para ex-torturadores e assassinos.

"Passado é passado": definitivamente, e Luiz Inácio ignora isto, não é esse tipo de postura que o humanismo ensina. Mas o que isso importa, diante da patología do poder e sua obsessão por angariar votos, não é?!

Pois alguma vez Inácio falou em Marx, ressalte-se, em um passado remoto, antes, bem antes de deslumbrar-se com o brilho do poder e ter formado aliança (em nome da democracia!!!) com as oligarquias nacionais. Fato que o levou a ostentar, com Dilma Rousseff, o título de maior genocida dos povos originários desde que os portugueses deixaram esta terra (ganhando morbidamente de figuras nada simpáticas como Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor de Mello, José Sarney e dos próprios genocidas ditadores militares).

Durante os 13 anos do dueto petista no governo federal, que optou pela inclusão, social através do consumo, concentrou-se terras absurdamente e a questão ambiental, uma perfeita tragédia. Luiz Inácio foi também campeão, imbativel, em proporcionar lucros, ano após ano, aos bancos, à Rede Globo e à revista Veja (contra quem, com toda a razão, tanto esperneia hoje), em evasão de divisas entre outros melancolicos recordes históricos.

Luiz Inácio, faça um curso sobre marxismo!

E, por que não dado seu passado tenebroso como presidente que a tal de “esquerda” não faz muita questão de se lembrar, aproveite, enfim, este seu duro momento – e da própria Nação – para colocar em prática alguma coisa do que diz, e faça um curso de Humanismo também, “companheiro”! E/ou de humanitarismo, seja la o que tenha tentado dize - ambas as consciencias lhe faltam.

Enquanto, segundo o vezo popular, pimenta nos olhos alheios é colírio (e em política brasileira, vale tudo), alguém neste País, especialmente gente da “esquerda” tupiniquim, ainda tem alguma duvida do porquê é mais fácil, no Brasil hoje e em toda a historia com uma esquerda de mentirinha, aplicar um golpe que tomar doce das mãozinhas de minha filhinha de 2 (dois) anos de idade? Basta de hipocrisia! Basta de cinismo, Brasil! Basta de preguiça intellectual! A direita e à “esquerda”.


Aumento Anunciado da Desigualdade Social no Brasil

ONU apresenta mais um entre tantos subprodutos criminosos da tal Ponte para o Futuro de Temer, fantoche das classes dominantes e do regime de Washington, que foi capaz de enganar apenas seres que insistem raivosamente em ser pensados ao invés de pensar, os perpétuos imbecilizados pela grande imprensa que glorifica os iguais, a estupidez e a ignorância. Pois aí está... Mais um desservico ao povo brasileiro por parte das elites e mentalidades elitistas em geral, cujos segmentos, aos milhões, nem sequer entendem o conceito “desigualdade social”

20 de setembro de 2018 / Publicado em Pravda Brasil


O Brasil continua estagnado nos indicadores do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e desce ladeira abaixo no quesito desigualdade social segundo recente relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

De acodo com o estudo Indicadores e Índices de Desenvolvimento Humano: Atualização Estatística 2018, lançado mundialmente na sexta-feira (14/9) pelo Pnud, em IDH o Brasil mantém a mesma posição que ocupava em 2015, 79 entre 189 países.

Com valor de 0,759, mais esta “conquista” da Ponte para o Futuro” de Michel Temer e afins que enganou apenas os mais idiotizados pelos grandes meios de idiotização das massas, representa um “avanço” brasileiro de 0,001 em relação a 2016..

Na América do Sul, o Brasil situa-se atrás de Chile, Argentina, Uruguai e da raivosamente atacada (pelas oligarquias nacionais) Venezuela em IDH, que leva em conta níveis de expectativa de vida, e indicadores envolvendo educação e renda média per capita. No primeiro caso, o Brasil melhorou um pouco, No segundo, encontra-se estagnado e no último, enfrenta acentuada deterioração, para alegria das velhas oligarquias nacionais que sustentam a grande imprensa.

O gigante “bobão” sul-americano caiu 17 posições em desigualdade social comparado com 2015, alarmante aumento da concentração de renda que leva o País a ocupar vexatoriamente a nona ultima posição do mundo neste quesito, a frente, na região, apenas de (pasmem!) Paraguai e Bolívia.

Fausto Augusto Junior, economista e professor da Escola Dieese de Ciências do Trabalho, observa em entrevista para TVT que tais indicadores revelam um sério desafio ao Pais: “O Brasil precisa encarar a questão da desigualdade com uma poliitica efetiva de redução. Isso significa passar por distribuição de renda, passar por aumentar os impostos dos setores mais ricos da sociedade, ou seja, reorganizer sua lógica de produção e distribuição da riqueza, algo que o Brasil não vem fazendo em especial desde o impeachment da Dilma”.

Para Fausto Augusto, o congelamento de investimentos sociais proposto por Michel Temer e aprovado pelo Congresso no ano passado, “inevitavelmente” afetará a área da educação e, muito provavelmente também, os indicadores de saúde que, por sua vez, afetará a expectativa de vida.

“Essa desigualde, o congelamento de gastos sociais, tudo isso tende a reduzir, a longo prazo, o IDH brasileiro. Esperamos que tudo isso seja revisto”, diz o economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

O Pais vinha seguindo uma trajetória de leve melhora da distribuição de renda com aumento das politicas sociais, desde a aprovação da Constituicao de 1988 especialmente durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016), interrompida com o descarado golpe parlamentar-juridico-midiático de 2016 e seu anunciado “processo regressivo”, segundo Fausto Augusto.

O economista adverte para propostas de determinados candidatos a president hoje, de tentar revertar conquistas sociais decorrentes da Constituição de 88 – longe de ser progressista ao ponto do que uns tantos patrícios trombeteiam - ao propor reformá-la para algo muito mais liberal do ponto de vista econômico.

“Isso nos preocupa bastante: a Constituição de 88 deu ao Brasil uma condição muito melhor de encarar seus desafios, independentemente dos governos que aqui passaram.”

Fausto garante que o próximo governo nao conseguirá governar, contudo, se for mantido o teto de investimentos públicos de Temer, apoiado pelas oligarquias nacionais.

“Precisamos de clareza de projeto, a fim de saber para onde o País vai. De preferência distribuindo renda, diminuindo a desigualdade social, uma melhora de vida da população em geral, o serviço público passa, necessariamente, cumprindo essa função.”

Fausto chama a atenção para a desigualdade como problema histórico no Pais, que atinge todos os segmentos da sociedade configurando-se um desafio na estrutura do nosso desenvolvimento econômico.

“O Brasil carrega um conjunto de mazelas, que precisa ser enfrentado. As desigualdades no Brasil são diversas. A desigualdade de gênero é uma questão importante no Brasil. A desigualdade de raça é uma questão importante. A diferença entre um homem negro é um homem branco e muito grande; entre um homem branco e uma mulher negra, é maior ainda.”

Fausto chama a atenção para o fato, “escondido pela midia”, de que a crise que a Argentina vem enfrentando deve-se, exatamente, ao modelo econômico neoliberal adotado pelo successor da presidenta progressista Cristina Kirchner (2007-2015), o preferido da Escola de Chicago e do proprio Temer, isto é, Mauricio Macri.

"O que estão vendendo como 'grande maravilha hoje, é o que vem acontecendo na Argentina, que esta quebrando”, finaliza Fausto Augusto Junior.

Engana-se, contudo, quem imagina que apenas a via eleitoral e uma (risível) boa-vontade dos donos do poder podem trazer as mudancas estruturais que um pais altamente discriminador, desigual e corrupto como o Brasil exige.

Independentemente de quem seja o próximo presidente desta republiqueta de bananas, a sociedade organizada, unida e em pé de luta permanente é a única que pode modificar este quadro tenebroso, vencer os poucos donos deste Estado abandonado através de reformas política, judiciaria, midiática, educacional e agrária.

Uma luta por mais democracia, mais direitos e justiça social.

Viveremos e venceremos!


¡Qué Se Vayan Todos!

Brasil sem saída. Carta de Temer ao jornal O Estado de S. Paulo sobre posição do (des)governo diante da paralisação dos
caminhoneiros, não poderia ter sido mais cínica embora incapaz de superar, neste sentido, apenas a tal de "esquerda" e seu mais ilustre representante: o reacionário e irregenerável PT. Ao diabo que o carregue, rato Temer! Ao trancafiar dos diretórios regionais, criminoso PT!

2 de junho de 2018 / Publicado em Pravda Brasil e em Global Research (Canadá)


Os pífios (para dizer o mínimo) argumentos do presidente Michel Temer sobre a posição do (des)governo diante da paralisação dos caminhoneiros das últimas semanas, em artigo publicado no Espaço Aberto do jornal O Estado de S. Paulo neste dia 2 intitulado A Democracia Real (pasmem!) revelam, uma vez mais, o profundo cinismo de um político desmoralizado antes mesmo de assumir, definitivamente em agosto de 2016, a Presidência baseado em descarada traição e corrupção.

E junto, mais essa estupidez de Temer traz consigo outra evidência do rotundo fracasso de uma tal de "esquerda" fajuta que consegue ser mais reacionária que o dito-cujo contra quem (com razão) esperneia e acusa agora de aliança com as oligarquias nacionais (as mesmas às quais o próprio PT aliou-se quando gozou dos privilégios do poder), os donos de um poder canalha - a saber: grandes corporações, sobretudo agronegócio, indústria farmacêutica, bancos e transnacionais em geral; confrarias religiosas politiqueiras, alienantes e manipuladoras desavergonhadas das massas que, extremamente medíocres intelectual e moralmente, sobrevivem sobre o salário alheio; um funcionalismo público mafioso, incluindo nesta seleta lista do banditismo juizecos e promotores de (pasmem!) "justiça" em geral, safados engravatados cujo maior desserviço à Nação é colocar-se acima do bem e do mal, acima de toda e qualquer lei enquanto, nenhuma novidade a ninguém, sabidamente mercantilistas e elitistas vendem sentenças indiscriminadamente além de praticar de toda sorte de arbitrariedades, especialmente contra classes menos favorecidas e negros; e a grande mídia de manipulação em massa.

Ao contrário do alegado agora por Temer sem o menor senso do ridículo, seu regime autoritário e anti-popular em todos os aspectos não deixou de fazer uso da força física contra os caminhoneiros por trazer em sua essência abertura ao diálogo, senso democrático e aversão ao autoritarismo - suas marcas registradas são exatamente o oposto disso tudo.

Basta lembrar, apenas, a convocação das Forcas Armadas para conter as manifestações denominadas Ocupa Brasília de maio de 2017, através da Operação de Garantia da Lei e da Ordem decretada então pelo auto denominado "democrata" Temer, para desmentir agora esse rato de esgoto, mestre da roubalheira indiscriminada entre o que existe de pior na politicagem nacional.

Temer, politico mediocre, fez, sim, uso da leniência em certos aspectos:

1. Após receber negativa das Forcas Armadas para reprimir os caminhoneiros;

2. Assim, isolado e acuado, esteve consciente de que qualquer excesso significaria o fim - já iminente - de seu vexatório desmando em uma Presidência golpista, e golpista pela maneira como assumiu o poder.

Exatamente por essas duas razões, desta vez a gangue usurpadora do poder em Brasília acabou cedendo de todos os lados diante de uma classe não apenas esquecida enquanto, paradoxalmente, fundamental para o País como também marginalizada, estigmatizada, sofredora das piores (sem nenhum exagero) explorações que colocam, dia a dia, quilômetro a quilômetro, suas vidas em risco sob mando de patrões inescrupulosos, diante de uma terra sem lei e a economia nacional em vertiginosos frangalhos (previsíveis desde o anúncio da tal "Ponte para o Futuro" de Temer), que os obriga a se submeter à vida desumana no mais absoluto silêncio.

Por isso, tampouco vale mais um espetáculo da imbecilidade temerária ao tratar o grosso das manifestações dos caminhoneiros como "alguns" protestos de "uns" mais radicais: mais uma prova da discriminação e até criminzalização da classe caminhoneira, gente solidária e sofredora como poucas no Brasil.

Vá ser hipócrita assim, no diabo que o carregue, Michel Temer!

A tua piscina tá cheia de ratos; tuas ideias não correspondem aos fatos (Cazuza)

A ratazana de esgoto de turno no Palácio do Planalto foi, sim, politiqueiramente omissa em relação aos infiltrados e violentos contra a vida humana - inclusive contra os próprios caminhoneiros, o que comprova uma vez mais o caráter casuísta e corrupto da gangue temerária.

Exatamente aí reside a maior vergonha da tal de "esquerda" dessituada, mais reacionária que este rato-mor e demais ratos do navio em vertiginoso e divertido naufrágio (tripulação bandida que inclui todas as malditas classes acima mencionadas, uma a uma, a começar pelos bandidos da "Justiça" tupiniquim).

A ex-presidente Dilma Rousseff, injustamente impedida de seguir como presidenta da República, não apenas perdeu sua maior chance de trazer o povo consigo nas artificiais manifestações de junho de 2013, e de fazer as urgentes reformas (por exemplo, política, judiciária, tributária além da regulação midiática), como ainda o reprimiu colocando em prática, além da violência militar, a malfadada Lei Antiterrorismo que é, na verdade, uma lei repressivamente anti-popular que blinda o regime brasileiro - este atual e, outrora, o petista - de protestos que coloquem em risco os usurpadores do poder.

Para nem se detalhar, aqui, números e fatos tenebrosos sobre os quais, tanto o regime de Dilma quanto o de Luiz Inácio, foram campeões históricos no que diz respeito à repressão contra povos originários, e na defesa canalha do agronegócio e grandes latifundiários.

O dueto petista superou, tanto em número de assassinatos de indígenas, em insuficiência na demarcação de suas terras quanto em expansão dos latifúndios, figuras como Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e José Sarney. Para consultas da repressão silenciosa do PT contra esses povos, leia-se relatórios anuais do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).Sugestões de leitura: Informe de 2011 do próprio Cimi; O Que o Governo Dilma Fez e Não Fez para Garantir o Direito a Terras e para Conservacão; Relatório Diz que PT Tem Sido um Desastre para os Índios ; Assassinatos de Indígenas no Brasil Cresceram 269% nos Governos Dilma e Lula.

Vale também recordar a posição profundamente reacionária dele, Emir Sader, porta-voz do PT (des)qualificando o Movimento dos Trabalhadores sem-Teto (MTST) de cães vira-lata em 2014, pelos protestos às vésperas da Copa do Mundo que despejou milhares de famílias pobres em todo o País - naquela ocasião, o MTST manifestava-se na cidade de São Paulo, cujo prefeito era o petista Fernando Haddad, o que explica a raiva de "esquerda" desse tal de "intelectual", entre os preferidos deste segmento de péssimo gusto que prima pela covardia e pelo casuísmo.

Se sobra hipocrisia mas há alguma inteligência / astúcia à ratazana emedebista (escolhida a dedo pelo PT, recordemos, pois), por outro lado nem sequer um mínimo de sagacidade politiqueira os regimes Lula e Dilma demostraram nos momentos mais cruciais - desta maneira, de nada adianta espernear hoje por apoio de uma sociedade despolitizada e historicamente reprimida, inerte como poucas no mundo também por obra e graça petista.

Nada está mais próximo do autoritarismo, nunca após 1985 o Brasil esteve tão perto de um novo golpe militar que agora, com a tal de "Democracia Real" temerária baseada na farsante "Ponte para o Futuro" que enganou apenas os mais idiotizados pelos grandes meios de imbecilização em massa (Veja, Globo, Folha de S. Paulo, o próprio Estado entre outros monopólios midiáticos que apresentam seu show diário a uma plateia de mentalidade elitista e escravocrata, colonizada intelectualmente que se presta desavergonhadaente a ser pensada ao invés de pensar), durante o impedimento de Dilma.

Vá ser oportunista e criminoso assim, trancafiado nas quatro paredes de seus cada vez mais murchos, inertes diretórios regionais, PT!

Pois que não reste nenhuma dúvida: no interior desse navio infestado de ratos naufragando cômica e desesperadamente, está também o PT e seus asseclas, sectários em geral.

Quando, em dezembro de 2001 e janeiro de 2002, através de intensos protestos os argentines derrubaram cinco presidentes da República em 23 dias, comecando por Fernando de la Rúa, o lema era: "Qué se vayan todos!". Esta deve ser a ordem no Brasil agora, incluindo na lista dos excluídos pelo povo a milicaiada golpista para que uma autêntica democracia, sob um governo realmente popular, ascenda ao poder - o que não se dará apenas através de eleicões como insistem PT e "esquerda" em geral, mas de intenso engajamento popular por objetivos bem definidos e claros.


Golpe à Democracia no Brasil Relaciona-Se à Geopolítica Regional e Mundial

Militarização do Brasil vem sendo esboçada há anos, e os sucessivos golpes à democracia possuem remetente e
objetivos tão claros que apenas um míope intelectual (para dizer o mínimo) é incapaz de enxergar. Atual guinada
à extrema-direita não se trata de "fenômeno a ser sociologicamente desvendado". Pelas dúvidas, WikiLeaks e
Snowden corroboram de maneira inconteste tais verdades, aos espíritos realmente dispostos a encontrá-las

25 de março de 2018 / Publicado em Pravda Brasil e em Global Research (Canadá)


É realmente espantoso que, a fim de se tantar compreender (se é que determinados indivíduos buscam compreender) o que anda ocorrendo na política e na própria sociedade brasileira, haja considerável dificuldade no País em se colocar alguns fatos da mais alta relevância em contexto, e inclusive se lambrar hoje, tempos mais sombrios pós-"redemocratização", das denúncias documentais de Edward Snowden de que o Brasil vinha sendo, por dez anos até 2013, o país mais espionado de toda a América Latina e um dos mais espionados em todo o mundo pelo regime de Washington.

Logo da descoberta de petróleo na camada pré-sal do litoral brasileiro em 2008, que coloca o País entre as maiores reservas mundiais do produto, Tio Sam reativou a IV Frota Naval desativada até então desde o final da II Guerra Mundial (1945) que navega até hoje nas proximidades da mencionada região petrolífera, ferindo a soberania e, consequentemente, é claro, ameaçando a segurança nacional.

Vale destacar que, sobre isto, os autodeclarados "patriotas" à direita no Brasil (donos de peculiar raiva ideológica que perambula entre esquizofrenia democrática e histeria justiceira de acordo com cada caso, e quando lhes convém) jamais disseram uma vírgula sequer, repetindo assim um velho filme, bem conhecido de longa-data e que se repetiria mais tarde, em casos similares.

Naquela mesma época, o jornal mensal carioca A Nova Democracia publicou reportagem (role a tela) em que denunciava:

"Os brasileiros vêm sendo alvo de uma monumental tentativa de embuste, na sequência de uma série de casos de grampos telefônicos legais ou ilegais. (...)

"São investigações de fachada, falsos surpreendidos, mentirosos fingindo-se de escandalizados, CPI dos grampos comandada por um legítimo representante do Estado policialesco, e promessas de regulamentação daquilo que foi criado exatamente com o objetivo de funcionar na surdina, à revelia de qualquer supervisão de caráter verdadeiramente democrático. (...)

" As classes populares não podem se deixar iludir por toda esta concertação (...). A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) não passa de uma reedição do SNI, o Serviço Nacional de Informações, criado sob a supervisão da CIA em 1964 pelo gerenciamento militar então recém instaurado no Brasil.

"A Abin foi criada há quase dez anos, e quase dez anos depois do fim do seu antecessor. O "monstro" — nas palavras do antigo manda-chuva do SNI, o general Golbery Couto e Silva — foi extinto em 1990 e ressuscitado em 1999 por obra e graça de Fernando Henrique Cardoso, sendo então devidamente rebatizado. (...)

"Hoje, os sucessivos casos de grampos ilegais que chegam ao conhecimento público — além das exorbitantes 407 mil autorizações judiciais para escutas telefônicas — nada mais são do que a ponta do iceberg. Valendo-se das atualizações tecnológicas, generalizou-se uma prática fascista do SNI na época dos milicos sob o nome de "sangrar linhas. (...)

"Manteve-se para a Abin a dupla missão que norteava o SNI, ou seja, minar a resistência interna às políticas de entreguismo e colaborar com o USA na perseguição internacional àqueles que se opõem à dominação imperialista."

Em janeiro de 2013, segundo documentos apresentados pelo ex-contratista da CIA Edward Snowden, o Patropi era exatamente o mais espionado do mundo, e junto (atenção para estas informações) sua então presidente Dilma Rousseff, a Petrobras e até milhões e milhões de civis comuns (incluindo as figuras dos perfeitos idiotas que hoje integram movimentos "tipo-exportação" como MBL, comprovadamente financiados por personagens ao norte do Rio Bravo). Naquele período, foram nada menos que "2,3 bilhões de telefonemas e mensagens espionados", segundo a reportagem", segundo reportagem (role a tela) de O Globo à época.

Logo a seguir, importamos do mundo árabe (ilustre desconhecido a nível nacional, vale colocar em questão) a "Primavera": as tais Jornadas de Junho levaram às ruas milhões de pessoas que, fato comprovado por diversas entrevistas inclusive internacionais, atrapalhavam-se em dizer contra o que protestavam então, qual era a reivindicação que as levava às manifestações em enorme medida impulsadas por ele mesmo, Fez-se buque.

Este lixo de rede social, segundo WikiLeaks "máquina de espionagem em massa" que todo cidadão dotado do mínimo senso de diginidade deveria deletar para todo o sempre, criou à época milhares de falsos perfis arrastando as multidões desavisados às ruas de todo o Brasil, inúmeros desavisados que mesclavam alegria ocasional com raiva por não se sabia bem o quê; mas a ordem era extravasar.

Entrevista Telesur com uma reaça tupiniquim do Rio de Janeiro à época, mostrou-a gaguejando ridiculamente diante da pergunta da repórter sobre o que revindicava nas ruas, até palrar qualquer coisa catada em seu imaginário aleatório: "Corrupção! Lutamos contra a corrupção!".

A revista Caros Amigos entrevistou uma empresária do ramo da farmácia na avenida Paulista entre os manifestantes, que condenava severamente o governo Dilma por tentar importar o bolivarianismo da Venezuela; questionada sobre o que siginficava bolivarianismo, segura na cadeira: a reaça de turno deu mais um exemplo perfeito da ignorância de seu segmento ao dizer que se trata de políticas da Bolívia, destinadas a ferir a soberania nacional uma vez impostas no Brasil (enquanto, para terminar o tragicômico festival da mais retumbante imbecilidade, a mesma cidadã defende, sim, ditadura dentro de casa). Vale destacar que o termo bolivarianismo, e a Caros Amigos observou isto também, refere-se à política independendista de Simón Bolivar (= bolivariano, nada a ver com boliviano) para a América Latina.

Durante nossa "Primavera", que miraculosamente terminou tão repentinamente quanto começou sem ninguém entender nada do que nem para que aconteceu bem ao estilo das "Primaveras" mundo afora, cuja artificalidade e origem são bem conhecidas (The Arab Spring: Made in the USA; IT'S OFFICIAL: “ARAB SPRING” SUBVERSION U.S. FUNDED; WIKILEAKS: Telegrama secreto emitido pela Embaixada dos EUA em Damasco, Síria, role a tela), os três principais jornais do Brasil publicavam "pesquisas" (guarde-se este dado) claramente favorecendo um cenário para intervenção militar no País, quase que diariamente.

E através de terrorismo jornalístico pela mesma grande mídia, a então presidente Dilma que contava com amplos índices de popularidade e taxas de emprego recorde na história do Brasil, de repente passou a cair vertiginosamente em termos de popularidade, sem nenhuma justificativa a não ser muito xingamento do mais baixo nível.

Sem nenhuma explicação, sem nenhum fato concreto jamais mencionado a não ser muita ofensa pessoal. Ali, passou a ser assustador o cenário; exacerbavam os velhos ódio e ressentimento especialmente das classes média e alta, cheia de preconceitos, enquanto Estratégias de Tensão ocorriam por todo o País na tal "Primavera", inclusive ataques de militares travestidos de manifestantes contra órgãos públicos.

Até que veio a "Primavera" versão 2016 apresentando como novidade um subproduto da anterior: obscuros movimentos como MBL, desavergonhadamente seletivos e covardes em seus "protestos" - cuja máscara vem se despedaçando em ritmo acelerado há uns tantos meses.

Hoje, a sempre pobre indústria brasileira (também por irresponsabilidade petista, mas não apenas) está destroçada, a começar pela (atenção) Petrobras, e ao menos 50 por cento dos brasileiros apoiam raivosamente intervenção militar a nível nacional - 78 por cento apoiam essa afronta ao Estado de direito e à vida humana quanto à intervenção no Rio há um ano e meio do regime do ultradireitista Donald Trump nos Estados Unidos, que tem manifestado abertamente de levar às últimas consequências a "política" idealizada pelo presidente estadunidense James Monroe (1817-1825), "a América para os americanos" conhecida como Doutrina Monroe, isto é, a América Latina como quintal dos norte-americanos - e isso mesmo os "lords do bem-dizer" na terra da liberdade" declaram em público, sem o menor contrangimento.

Em setembro e dezembro do ano passado, o general Antônio Hamilton Mourão sugeriu que as Forças Armadas podem participar de uma intervenção militar no Brasil, caso se instale uma situação de "caos no País", ao mesmo tempo que militares norte-amaericanos realizavam exercícios em território roraimense: gravíssima afronta à soberania nacional. Ambos os fatos somam-se entre os vários, que apontam sério indicio de que o Brasil está muito mais próximo de um novo regime militar que à implementação, finalmente, de uma democracia efetiva.

O Brasil que, durante os anos de Luiz Inácio e Dilma fortalecia como nunca antes na história a integração latino-americana (criação da Celac, Banco do Sul etc) e a própria aliança de cooperação Sul-Sul da economia mundial a fim de se descolar de Washington, além do Brics que ascendia potente bloco a nível mundial, está hoje isolado, empobrecido diplomaticamente, e toda essa integração tão temida pelo regime de Washington, enfraquecida.

Em 2005, foi Luiz Inácio Lula da Silva quem, em parceria com Hugo Chávez e Néstor Kirchner, afundou de vez os sonhos estadunidenses de impor a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) à América Latina, bloco que terminaria de arrasar com a economia da região em favor de Washington.

Nos anos do PT, o Brasil acentuou o tom contra as ocupações sionistas contra os palestinos a ponto de a presidente Dilma ter recusado, no início de 2016 (vésperas de sua derrubada, atente-se a isso), de maneira inédita em nossa história, o estabelecimento de Dani Dayan como embaixador israelense em Brasilia por defender abertamente os assentamentos de Tel Aviv sobre indiscriminado massacre e expulsão de palestinos, donos legítimos das respectivas terras.

Houve graves erros petistas, recheados de demagogia e márquetim político mas baixo; houve golpe da Dilma a seu próprio programa de governo assim que, pela segunda vez, pisou no Palácio do Planalto em 2014; as maiores repressões da história pelo Estado brasileiro contra povos originários em favor do agronegócio e dos grandes latifundiários, deu-se nos anos petistas; os lucros bancários promovidos pelo PT deram-se como nunca antes na história, assim como o financiamento petista da grande mídia; Luiz Inácio gargalhou da cara de quem hoje mais precisa para salvar a pele, ao dizer que apenas um débil-mental atinge certa idade mantendo ideias de esquerda, diante de auditório composto pela elite paulistana em 2006; houve alianças indecentes do começo ao fim, que deixavam claro a qualquer um que se voltava contra o PT e ainda cobraria um preço muito maior colocando em risco a própria democracia brasileira (como este autor vinha observando, sob fortes ataques dos neomoderados esquerdistas lulopetistas); houve a mais completa e aberrante cooptação dos movimentos sociais pelo PT, que terminou de generalizar inércia e apatia entre a sociedade, condição que hoje pesa amarga e ironicamente contra o partido derrubado do poder.

Mesmo diante disso tudo o Brasil, com o dueto em questão na Presidência da velha República de Bananas, havia deixado o Mapa Mundial da Fome, e retirado 36 milhões de brasileiros da miséria. Com Dilma o Brasil viveu pleno emprego e, com ambos, Luiz Inácio e Dilma, o País estava menos distante (digamos assim, pois o termo "mais próximo" poderia ser um exagero a governos neoliberais com aspecto humano como os do PT, como diz o economista canadense Michel Chossudovsky) de futuros governos efetivamente populares do que esse de hoje e qualquer um envolvendo MDB, PSDB e tantos outros - até pelo que sempre esteve em torno do ex-dueto presidencial e de seu partido.

Nunca o Brasil foi tão respeitado em todo o mundo, nunca esteve tão afirmado diplomaticamente e, consequência disso, com tanta voz nos mais diversos organismos internacionais. Nunca houve tanta esperança no Brasil, em parceria com africanos, latino-americanos, russos, chineses, indianos, de se vencer o imperialismo e de se construir economias mais voltadas à cooperação que à imposição e pilhagem de riquezas alheias.

E inúmeros cabos secretos e ultrassecretos emitidos pelos "embaixadores" (espiões) estadunidenses em Brasilia, liberados pela rede do jornalista australiano Julian Assange, atestam preocupação em relação a isso tudo por parte dos melhores amigos dos hoje donos do poder deste país falido, com sua "Ponte para o Futuro" que terminou de nos arrasar.

O acelerador do desmonte nacional e do enfraquecimento do Estado de todos os lados, Michel Temer, segundo WikiLeaks informante da CIA no Brasil, e o juiz Sérgio Moro, desmantelador da indústria nacional quem ainda, outrossim de acordo com cabos confidenciais liberados por WkiLeaks, foi treinado com colegas de toga por Tio Sam, são a maior evidência disso tudo. Um contexto simples de ser entendido: o "fenômeno" brasileiro está intimamente relacionado a métodos bem antigos, que passam pelas vésperas de 1964.

A (ir) responsabilidade da mídia alternativa diante desta situação caótica - setor midiático que não faz totalmente jus à autodenominação -, dá-se no fato de tentar, em muitos casos envolvendo política nacional, combater tendencionismos dos monopólios midiáticos com outros tendencionismos e ocultação de informações cujo natural efeito colateral, é prestar sua enorme porção de serviço à alienação coletiva. Manipulações midiáticas apenas podem ser combatidas através da verdade dos fatos, e isso não tem sido completamete praticado no Brasil (em nada por ingenuidade "alternativa", mas por interesses político-partidários).

Ele pode por algum motivo não ocorrer, mas um novo golpe militar está na ordem do dia de diversos usurpadores do poder, entre eles a poderosa FIESP que promoveu o golpe de 1964 travestido de Revolução Democrática: que ninguém esperava, e com dinheiro e orientações da CIA (nem de ideias golpistas originais, nossas classes dominantes são capazes). Hoje, os sinais estão mais que claros, escancaram sobre o sangue de mártires como Marielle. Aliás, em um país sem memória que carece de mártires-exemplos a serem seguidos. Presente!


Brasil Tornou-Se a "Venezuela" das Lendas Reacionárias

Enquanto nunca importou que a Venezuela sofre boicote econômico e invasão de capangas colombianos devidamente
pagos, atual tragédia brasilera traz contra si o fato de ter contado com amplo apoio popular desde as raízes, nanificado
moralmente na ridícula "Ponte para o Futuro". Mas em terras tupiniquins, cinismo ilimitado é sempre a ordem do dia

23 de março de 2018 / Publicado em Pravda Brasil e em Global Research (Canadá)


A Venezuela vive guerra econômica - nada nova na história - que inclui comprovado contrabando e armazenamento ilegal de toneladas e mais toneladas de produtos básicos a fim de gerar escassez no país caribenho; não fosse assim, não teria ao longo de todos esses anos acumulado vitórias eleitorais,com maciço apoio social através de pleitos elogiados internacionalmente, inclusive pelo ex-presidente estadunidense Jimmy Carter: "Mais seguro sistema eleitoral dos 92 paises que observei. Os EUA têm muitas lições a tirar da Venezuela, (...) melhor sistema eleitoral do mundo".

Além disso, capangas especialmente da Colômbia têm cruzado a fronteira a fim não apenas de assassinar políticos bolivarianos, como também eleitores do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) - ou "suspeitos" de serem tais, isto é, cidadãos venezuelanos de pele mais escura. Tudo isso, apoiado abertamente pela oposição política e mídia locais.

Mesmo assim, o presidente Nicolás Maduro, favorito para vencer as eleições de abril, entregou até agora nada menos que dois milhões de casas populares de alto padrão que incluem centros de lazer e de saúde, construídas em quinze anos, e com os ganhos da criptomoeda denominada Petro, atrelada ao petróleo venezuelano, já promete mais 236 mil casas para este ano Maduro e o antecessor Chávez nunca dexaram de cumprir tais promessas, daí os números de residências entregues como parte de investimentos sociais que têm recebido elogios de diversos organismos internacionais). E até 2019, serão contruídas mais residências populares que totalizarão três milhões entregues pelo governo bolivariano.

Não sem razão, não há páreo contra ele entre uma oposição, lá, semelhante à direita brasileira no que diz respeito à baixeza intelectual e moral, e à agressividade exagerada.

Enquanto isso, ao longo desse tempo todo foi impossível dialogar, tentar levar aos reacionários brasileiros uma outra narrativa envolvendo essa questão: a da artificialidade comprovada da crise econômica - não tão grave quanto se diz, mas uma crise, sim -, e de uma violência em grande parte programada, e completamente invertida pelos meios de comunicação - tanto quanto têm sido difundidas diversas imagens de supermercados vazios que não são venezuelanos, sendo um deles até nova-iorquino travestido pela mídia, sabidamente manipuladora, de venezuelano.

Diante do boicote econômico, por algum período chegou a faltar papel higiênico porém não em escala alardeada pela grande mídia: foi o suficiente para seres sequer capazes de localizar no mapa o país caribenho, apresentarem mais um festival da ignorância e do ódio, sem aceitação de nenhuma vírgula que fugisse do que lhes impõe meios como Rede Globo, Veja, Estadão etc.

Se quando, recentemente, faltou papel no Brasil por razoavemente longo perído a fim de se emitir passaportes este autor questionou esses setores da sociedade brasileira (calada), e agora que o Brasil, insatisfeito com as taxas anuais de 60 mil mortes violentas além da polícia mais violenta do mundo, tem ido além e assassinado semanalmente políticos como Marielle, a resposta que se recebe dos conservadores em geral é que se trata de "mais um(a), vítima da violência", nada mais que isso. Indiferença com o objetivo claro de se "deixar passar...". Por quê?

Enfim, acusavam e acusam equivocadamente a Venezuela de viver sob ditadura, algo não dito por todo o país caribenho sequer entre cidadãos que não votam no PSUV, enquanto advogam para dentro de casa (Brasil).. exatamente um regime ditatorial! Isso vai muito além da contradição: é idiotice ou até mesmo problema patológico de alto grau, enquanto acusa (equivocadamente e sem margem ao contraditório) o outro, daquilo que aprova para si. Há algo mais enfermante?

Nem a oposição venezuelana, fundamentada em acusações mentirosas, acusa Maduro e Chávez de abusarem do erário e de casos de corrupção diversos, a não ser alguns factóides sem nenhum sentido que acabaram se perdendo nas próprias contradições e boatos. Se entre opositores comuns, não-eleitores do PSUV por toda a Venezuela costumam negar que se vive ditadura quando perguntados - "a liberdade é tanta ue chega a ser até libertinagem", chegou a ouvir este autor -, entre eleitores bolivarianos é muito comum chorar de emoção ao se referir à Revolução Bolivariana, como pode ser visto nesta série de videoentrevistas.

Que dizer, pois, do Planalto e Congresso brasileiros nestes sentidos, corrupção e excesso de arbitrariedades? Vale ressaltar que esta pergunta, como todas as demais, não são direcionadas a cidadãos venezuelanos, em geral não entremetidos em assuntos alheios a fim de não ferir soberanias nacionais, mas a brasileiros alegadamente incomodados com ditadura, corruppção, violência e falta de dinheiro no bolso... do outro. Ainda que um outro ilustremente deconhecido - e nem se queira conhecê-lo bem. Que dizer, pois, deste Brasil de hoje entregue às dessa gente - Temer, MBL, Bolsonaro, Rodrigo Maia, João Doria "gestor, não político", Alckmin -, escolhida a dedo pela mídia e por grande parte da sociedade?

Há sete dias da morte da Marielle no Rio, em uma missa de "Ipanema" o padre tentou lembrar e rezar por esta que foi brutalmente assassinada, tendo sido interrompido e xingado por dois "católicos" que tiveram que ser retirados por seguranças do encontro de "paz" e "oração".

Aliás, se seguranças não tivessem retirado nossos "democráticos" reaças tupiniquins da missa da riquíssima Ipanema, teriam aquelas bestas humanas agredido fisicamente ou até mesmo assassinado o sacerdote? Neste caso, tampouco mereceria a indignação do setor brasileiro em questão,pois seria algo que confrontaria suas patologias e interesses, certamente.

Além da severa crise econômica, e crescente (o buraco será ainda mais fundo) pós-Ponte para o Futuro de Temer e das classes média e alta cujoo presidente da República, com meia dúzia de palavras de péssimo gosto capazes de enganar apenas um perfeito ignorante, nunca aceitou contra-argumentação de que, inevitavelemente, dar-se-ia com os burros n'água como todos sentimos diariamente no bolso e na geladeira de nossas casas. E nas próprias ruas, cada vez mais violentas.

Até porque, atualmente, mesmo organismos como FMI condenam políticas econômicas neoliberais, que andam na contra-mão das políticas da grande maioria dos governos internacionais, baseadas em invetimentos sociais, em maior ou menor grau dependendo de cada caso, para sair da crise: tomemos como exemplo de rotundo fracasso das mesmas políticas adotadas pela marionete Temer hoje, nos casos de Espanha, Portugal e Grécia - além de uma breve espiadinha na própria história do século XX.

Contudo, essa discussão toda sem dúvidas foge das habilidades dos nervosos miolos dos teólogos do livre-mercado irrestrito, outros tantos milhões de fantoches nas mãos da mídia predominante deste país - este setor sequer se interessa por isso... Folha de S. Paulo, Silvio Santos, Rede Record etc, são extremamente eficientes na arte de alienar (= emburrecer) as massas.

Na elitizada Santa Catarina brasileira (não por acaso, o estado em que menos se lê no Sul-Sudeste nacional), este jornalista tentou argumentar isso mesmo, que a imoral Ponte para o Futuro seria um rotundo fracasso - em 2016 já dizia que este 2018 seria o pior ano da história do Brasil -, e terminou ameaçado de agressão para, semanas depois, acabar agredido verbal e fisicamente na mesma época em que capas da revista Caros Amigos, para a qual este comunicador escrevia à época, eram atacadas diariamente nas bancas de jornal da cidade de São Paulo, em julho do ano passado.

Tudo isso, para nem mencionar a corrupção indiscriminada, encrustrada na política brasileira a qual, até antes de ontem, era motivo do profundamente histérico berreiro entre brazucas mais "moralistas"... hoje substituído por coisas como vídeos de Ronald Golias nas redes sociais (exatamente como se deu nas primeiras horas pós-assassinato da Marielle por este setor doentio), e nenhuma manifestação popular desde que esta cumpriu, em 2013 e 2016, a agenda claramente politiqueira.

Pois não é que o Brasil tornou-se a "Venezuela" do imaginário midiático e reacionário tupiniquim?

A diferença é que se na Venezuela o grosso da população, cerca de 90% constantemente se opõe ao jogo violento da direita e à sua (falta de) proposta econômica ao país, enquanto no Brasil desavergonhado essa tragédia tem se dado exatamente sob a Presidência de um fantoche conclamado pelo segmento reacionário nacional - a autoconsiderada "nata intelectual e moral", elite econômica e nada mais que isso incapaz de algo mais que escolher a marca do papel higiêncio, por falar nisso -, e todo esse cenário tem também o apoio, ou ao menos a cumplicidade, de uma das sociedades mais ignorantes do planeta.

Outra gritante diferença é que a violência de Roraima para baixo, até o Rio Grande do Sul, em enorme medida possui raízes na incompetência local, sobretudo na repressão estatal histericamente defendidas pelas classes dominantes.

E agora, onde está a indignação contra o próprio umbigo? O pedestal imaginário era hiperdimensionado para si mesmo, de maneira que agora não há condição de se fazer auto-crítica neste sentido.

É estranho que durante todos esses anos tenha-se apontado canhões tão agressivos contra um país que, repita-se, o grosso dessa gente mal sabe localizar em um mapa, nação pela qual nunca se houve o menor interesse anteriormente, enquanto essa mesma gente esteja, agora, em silêncio diante do que o Brasil acabou sendo transformado - e transformado por eles mesmos, os quais sabem bem disso.

Sociedade que, em geral, insiste em não tomar lições da história - e bem antes da Venezuela, muitos sequer são capazes de localizar no mapa nacional a própria capital Brasília. Alguma dúvida?


Por Que o Assassinato da Marielle É Altamente Perturbador

21 de março de 2018 / Publicado em Global Research (Canadá) e em Pravda Brasil


O assassinato da Marielle Franco não é mais um entre milhares, como a maioria idiotizada por excrecências como Rede Globo, Veja, Estadão e diversos reaças tupiniquins têm afirmado, por alguns motivos mundialmente claros.

Vale apontar que nesta terça-feira, entre manifestações populares em todo o mundo, foi a vez de The Washington Post concordar com este autor e com todos os habitantes da Terra exceto uma centena e tantas dezenas de milhões de brasileiros, autoconsiderados a "nata intelectual e moral": o jornal norte-americano publicou reportagem indignada com a morte da ativista pelos direitos humanos no Rio.

Antes de mais nada, trata-se de uma vereadora. Assassinada brutalmente (= crime hediondo) em pleno Centro da segunda maior metrópole do País. Marielle foi morta com uma arma capaz de atirar 20 balas por segundo (!) um dia após ter denunciado, como sempre fazia, o 41º Batalhão de Polícia Militar da sua cidade, mais violento do mundo.

O assassinato da Marielle, ativista pelos direitos humanos, não é mais um, vitima de violência "fortuita" como andam palrando especialmente os ignorantes, histéricos, raivosos e devastadores setores reacionários pois teve um motivo bem claro: silenciar uma voz que denunciava os crimes contra sua gente, gente das favelas e de sua etnia, a negra. E aí mesmo está o grande problema para o brasileiro médio, dono de mentalidade elitista.

Diferentemente de seus politiqueiros de estimação, que os enganam com estupidez/márquetim político de péssimo nívelcomo o "gestor e não político" prefeito paulistano João Dória, bem à altura da mentalidade dessa gente, Marielle não vivia engabinetada, e foi enterrada em um cemitério ao lado de outros favelados: morreu tão barbaramente quanto brava e dignamente!

O assassinato da Marielle esfrega na cara da sociedade e do mundo a máfia policial - que deveria, ao menos por motivo de mínima coerência, indignar os reaças tupiniquins -, e a própria insegurança pública como natural consequência dessa farra fardada, generalizada e desavergonhada.

E, a grande ferida, o assassinato de Marielle escancara, tanto quanto a resposta de milhões de imbecis a ele, o ódio étnico e classista, uma guerra declarada contra negros, vermelhos e pobres deste país falido!

Essa voz eles querem silenciar, voz farta por um "já basta" de genocídio étnico e classista no Brasil. Essa vergonha contra si, tentam abafar.

Imaginemos por um instante, perguntando-nos a nós mesmos (o famoso "olhar-se no espelho" da psicanálise): como estaria o País hoje se fosse o deputado carioca Jair Bolsonaro, que se enriqueceu tanto na política, assassinado daquela maneira, naquele lugar e mais, após ter denunciado constantemente militantes de esquerda, e por estes ter sido ameaçado até às vésperas do crime?

Até quando uma vida branca e abastada financeiramente, valerá mais neste País?!

Marielle, presente, nosso amor!


Mundo Surtou. Viva a Primavera Tupiniquim!

21 de março de 2018 / Publicado em Pravda Brasil


Tenho trocado informações e ideias constantemente com contatos estrangeiros sobre últimos acontecimentos no Brasil, cujos amigos andam manifestando indignação sobre o que lhes parece inimagináveis situações ocorrendo em terras tupiniquins. O Brasil anda sendo muito mal compreendido lá fora, mesmo - há muita má vontade, talvez até inveja recheada de arrogância dos "gringos".

"Ridículo!", "Assustador" etc vêm de mentalidades como Peter Kuznick, John Kiriakou, Noam Chomsky, Michel Chossudovsky entre outros especialistas internacionais.

O mais recente fato levado a esses seres que não entendem nada de Primavera brasileira é o fato de que "honrarias" públicas à Marielle têm se dado também - e sobretudo - através de agitações de bandeiras político-partidárias (de "esquerda") nas ruas nacionais.

Como na última terça-feira houve tiroteio em Maryland, Estados Unidos, dei a ideia ao morador daquele estado, historiador Peter Kuznick, de fazer uso da liberdade democrática e sair às ruas, em homenagem às vítimas, com uma bandeira do Partido Democrata - até para comemorar/esfregar na cara do neonazista Partido Republicano, as vítimas do ataque.

Mas eles não entendem esse tipo de "ato de democrático"... O que seria uma grande inovação no estrangeiro, a ideia deste autor naufragou logo de cara!

O fato de que "professores" e "Advogados pela Democracia" (de "esquerda") tenham recentemente em Campinas, berrando em nome da liberdade de expressão, expulsado a chutes e cotoveladas colegas e pais de alunos de um "debate" por discordar de suas ideias, valeu o "ridículo!" de Kiriakou.

Apenas para ficar nestas duas... "manifestações democráticas".

O que acontece é que o mundo todo está errado, é claro, e viva a Primavera brasileira! Viva a democracia tupiniquim!

Quanta vergonha...


Intervenção Militar no Rio: 'Laboratório para o Brasil'?

Exatamente há um mês da intervenção militar no Rio, execução de Marielle escancara a guerra étnica, classista e política em curso no Brasil - desde sempre. Onde está a Primavera? Onde estão, agora, os raivosos guardiães da segurança pública entre a altamente hipócrita sociedade brasileira? "O assassinato da Marielle é uma tentativa de atemorizar a esquerda brasileira", diz o historiador Vitor Schincariol

XV. O BRASIL NO ESPELHO - Crônicas18 de março de 2018

Publicado em inglês em
Pravda Report (Rússia), em Global Research (Canadá), e em Telesur

Em português em Global Research e Pravda Brasil, e em espanhol em Globalización


As revistinhas distribuídas pelos oficiais das Forças Armadas no estado do Rio a crianças, desde os primeiros dias da intervenção, cuja capa traz um monstro vermelho (o "perigo vermelho") tentando devorar um menino branco e loiro protegido por dois militares, tem tudo a ver com o assassinato brutal com quatro tiros da ativista pelos direitos humanos e vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSoL), 38, no último dia 14, quando retornava de um encontro de mulehres negras para discutir engajamento social contra abusos do Estado e de uma sociedade brasileira altíssimamente discriminatória, especiamente contra etnias negras e indígenas, e classes menos favorecidas. Agressividade rara, difíicil de se encontrar mundo afora.

Sectários! Covardes! Cínicos! Crueis! Histéricos! Ignorantes! Psicopatas! Sofrem da patologia do poder! Tal abordagem, retrata perfeitamente a estatura intelectual e moral da ala reacionária deste País!

E agora, que a negra e pobre Marielle da favela da Maré foi cruelmente morta, onde está a Primavera, Brasil? Onde está a indignação raivosa neste momento, MBL, Vem prá Rua, FIESP, bolsonaristas, crentes gospel-evangélicos & cia? Não há manifetsação popular para "essa gente" da classe e etnia da Marielle, tanto quanto não há para os crimes cometidos por gente como Michel Temer, Aécio Neves, Geraldo Alckmin & cia, pelo proprio enriquecimento meteórico da família Bolsonaro uma vez na política, nem sequer pelas forças de um Estado profundamente opressor e corrupto. Vergonha! Mas neste país, os canalhas se atraem. "Indignação", sempre desavergonhadamente seletiva em uma sociedade altamente discriminadora em todos os segmentos.

"Quem pode manda, quem tem juízo obedece": é essa patética máxima histórica que tem sido imposta dia a dia à sociedade pelo Estado e pela própria sociedade, indisfarçavelmente tentando ser levada às últimas consequências nestes sombrios dias brasileiros. É esse raciocínio encrustrado na alma do brasileiro, perpétua mentalidade escravocrata, que torna barbáries como contra a Marielle mais "aceitáveis".

Guerra Declarada contra o Povo por um Estado Canalha e Classes Dominantes Devastadoras

As balas usadas no crime que assassinou também o motorista Ândesron Gomes (39), cometido exatamente um mês após a ocupação militar na "Cidade Maravilhosa", um dos paraísos da bandidagem institucionalizada deste País, advieram da Polícia Federal (PF) em 2006. Compradas pela equipe oficial de Brasília, os criminosos muito provavelmente as obtiveram, deireta ou indiretamente, através da corrupção na PF. A arma, permitia atirar 20 balas por segundo (!).

Marielle não reagiu ao ataque, e nada foi roubado, o que reforça a tese de execução sumária - os próprios assassinos que utilizaram dois carros para a emboscada, tiveram o cuidado de executar o crime em um local mais escuro, sem câmeras de vigilância e em local com várias saídas à cidade para veículos, o que, no primeiro caso, apenas pode ser do conhecimento de funcionários da segurança pública, funcionários públicos, ou de indivíduos que tenham tido íntimo contato com estes para ter o cuidado de se prevenir desta maneira.

Quatro dias antes da execução, Marielle havia publicado em sua rede social uma nota repudiando o 41º Batalhão da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, na qual, segundo ela, policiais jogaram dois garotos em um rio após tê-los assassinado. Tal Batalhão é o mais violento do estado, e amplamente conhecido na vizinhança e nas favelas da Zona Norte carioca como antro de bandidos fardados, especialistas em abusos contra inocentes (pobres e negros), execuções e torturas de massas (pobres e negras) desarmadas.

Embora a grande mídia de idiotiação em massa brasileira tenha exibido pós-assassinato uma Marielle ativista por luta abstrata, por uma paz genérica deslocando sua causa do contexto étnico, político e classista - causas que levaram a mulher negra da favela do Rio à morte -, este crime tem muito o que revelar sobre a assustadora realidade do Brasil. "O assassinato da Marielle é uma tentativa de atemorizar a esquerda brasileira", diz o historiador Vitor Schincariol.

A guerra é também ideológica, por parte dos mesmos ignorantes travestidos de "não-ideológicos", os "apolíticos", tão "patriotas". Apenas um perfeito idiota para permitir ter os miolos pautados por essa gente, convenhamos! Respiram Rede Globo, engolem Veja, têm Folha encrustrada nos neurônios, vomitam Silvio Santos, urinam Gentilli, arrotam Jovem Pan, defecam Estadão e, elitistas por excelência, fieis seguidores de um bando de jornalistinhas afrescalhados, cínjcos politiqueiros disfarçados que atuam muito mais como publicitários do 1% do topo da pirâmide, bebem diariamente o sangue de cidadãos inocentes, dos verdadeiros pacifistas e patriotas brasileiros como Marielle.

Diante da profunda diversidade literária nas livrarias e bancas de jornal, sobretudo da era de relativa revolução da informação através da Intenet, essa gente melancólica, para dizer o mínimo, dona de desavergonhada indignação seletiva e incapaz de demonstrar o mínimo de autonomia reflexiva, de possuir visão de mundo que ultrapasse as respectivas polegadas da TV local, tem subterfúgio cada vez menos legítimo ao apresentar escusas pela escravidão mental.

Portanto, cúmplices de um Estado canalha, desta sucessão diária do terrorismo de Estado brasileiro. São os medíocres citados pelo poeta Sérgio Vaz, que não fazem nada para mudar a própria vida, mas se aborrecem profundamente quando você dá um passo à frente na sua:

O medíocre é aquele que não faz nada para mudar a própria vida, mas se incomoda com a mudança que você faz na sua. Um bom medíocre sabe tudo sobre nada, discorda sempre do óbvio. É oco, insípido e inodoro. Na sua pequenez, não conhece o sabor da derrota nem da vitória. Braços cruzados, posição predileta. A mediocridade é amiga íntima da inveja, outro sentimento profundo.

A vereadora e ativista costumava denunciar os graves crimes dos órgãos de segurança públicos contra residentes de favelas da mesma cidade que os militares, hoje, alegam defender; duas semanas antes de ser morta, Marielle tomou parte em uma comissão para analisar a intervenção militar do golpista - informandte da CIA no Brasil segundo cabos secretos liberados por WikiLeaks. Ela mesma, logo, passou a denunciar abusos.

Marielle não foi roubada nem reagiu aos tiros, levados por trás, o que muito provavelmente caracteriza execução sumária. Por isso tudo, somado a suas origens, não merece a mesma indignação da "nata" intelectual e moral, os bonequinhos e papel e bibelôs em geral deste país hipócrita!

Acima da Lei, Acima do Bem e do Mal: A Patologia do Poder

Ao mesmo tempo, o comandante das Forças Armadas, Eduardo Villas Bôas, disse em encontro oficial de 19 de fevereiro que a intervenção no estado fluminense requer "garantias" a fim de se evitar uma nova "Comissão da Verdade": os usurpadores do poder patologicamente saindo do armário, indecentemente acima da lei, criminosamente acima do bem e do mal. Sem vergonha, e sem o menor peso na consciência.

Segundo o professor doutor Schincariol, docente da Universidade Federal do ABC (UFABC) de São Paulo, o impedimento de Dilma Rousseff em 2016 "não foi suficiente para evitar a continuidade das mobilizaçoes das forças progressistas no País, sob diferentes formas democráticas, com suas legítimas exigências de igualdade de direitos entre brancos e negros, mulheres e homens, etc".

O renomado historiador explica que as forças de direita estão conscientes disso, de maneira que tentam brecar as organizações populares. "Desta maneira, as máfias das forças de direita juntamente com as forças imperialistas, estão disputando um jogo crescentemente perigoso,o qual possui como efeito lógico o questionamento das formas tradicionais de oganizações democráticas pela própria esquerda, e sua substituição por outras mais radicais".

O pesquisador tem total razão, e era previsível a essas forças mafiosas que haveria certo grau de insatisfação popular inclusive pelo caos econômico que também era certo quando o golpista Temer assumiu a Presidência, daí a consideração, pelos porões do poder, de um novo golpe militar muito antes do que a maioria dos desavisados brasileiros andam se apercebendo.

Contra Números e Fatos, Não Há Argumentos

Dados de 15 de março, exatamente há um mês da ocupação militar do Rio, baseados em estudos da imprensa e de canais da Polícia Militar do Estado do Rio, revelaram que 149 assassinatos a tiros foram cometidos no período de 30 dias desde 17 de fevereiro, contra 126 entre 15 de janeiro e 16 de fevereiro deste ano. Os tiros na presença de oficiais da segurança representaram 133 do total do último mês (sob intervenção militar), contra 106 do perído de 30 dias anterior (sem intervenção).

Em setembro de 2017, 48% da população brasileira apoiava novo golpe militar no Brasil, número considerável; desta vez, 74% apoiam a intervenção do Rio, "laboratório para o Brasil" segundo o general Braga Neto, interventor do Rio - claramente, mais uma insinuação por parte dos militares de que militarização nacional está na agenda do dia. Quem lia os principais jornais nacionais (porta-vozes dos donos do poder) durante a "Primavera" tupiniquim de 2013, podia perceber de maneira muito evidente um novo golpe latente. E uma sociedade, para não perder o costume, completamente alienada, assustadoramente retrógrada.

Se ditadura de qualquer espécie solucionasse os problemas de uma nação, estes mesmos elementos não estariam agora, como sempre estiveram, aliás, clamando po retorno a um regime de ficou 21 anos no poder e, quando em tese se foi, evidenciou que repressão apenas abafou e acirrou os problemas e a pressão, cuja panela tem seu apito soando cada vez mais descontroladamente, tentando alertar uma sociedade que insiste em fazer do efeito a causa dos problemas.

'Esquerda': Excessiva Agressividade Evidencia a Própria Fragilidade

Como o Partido dos Trabalhadores formou, mal e porcamente, consumidores mas fez questão de "se prevenir" não formando cidadãos, aí está ele, provando uma vez mais de seu veneno: vê- se ilhado, diante de uma sociedade completamente alienada, sem capacidade de reação - e até mesmo sem a menor noção do que anda ocorrendo no País hoje [pelo que grande parte da mídia autoproclamada "alternativa" do Brasil é, igualmente, (ir)responsável ao praticar o mesmo antijoralismo da grande mídia, apenas pendendo para o outro lado da balança politiqueira conforme será detalhado mais adiante].

Não só o PT, mas uma folclórica "esquerda" completamente sectária, dessituada vê-se hoje sem subsídios para se engajar contra este agressivo avanço reacionário.

O professor Schincariol observa que "dadas as disparidades existentes entre a direita e a esquerda no que diz respeito às capacidades militares, provocar uma guerra civil aberta é o objetivo em nome das forças reacionárias. A combinação das políticas econômicas ortodoxas com a eliminação física de militantes de esquerda agora, nas áreas mais populosas do Brasil, pode lançar uma guerra civil a médio prazo". E acrescenta:

Isso justificaria o uso das forças militares pelo Estado. É o novo cenário em que
vivemos, e as forças democráticas deveriam estar muito preocupadas com isso.

Desde à vésperas da cassação do mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, a "esquerda" tupinica palrava: "Não vai ter golpe! Vamos ocupar o Brasil!". E esse discurso tragicômico, que não enganava nem os mais ingênuos, seguiu-se a cada fatídico episódio desde que, sim, Dilma caiu e Temer assumiu o poder - passando por todas as medidas aprovadas contra o povo, até a condenação do ex-presidente Luiz Inácio.

O que a "esquerda" tem sido capaz de oferecer é, de PT a PCB, um discurso que apela à violência extrema e indiscriminada - mais uma evidência de sua fraqueza, intelectual e moral, e física também pois estes mesmos personagens e seus respectivos setores não são capazes de nada além de esporádicas e efemeras manifestações com seus cafonas trios elétricos, e bandeiras de partidos e sindicatos. Além de ter como "grande" e único projeto de Brasil, é claro, a retomada do poder via eleitoral.

Luiz Inácio, que chegou ao extremo cinismo de oferecer perdão aos líderes do golpe contra seu próprio partido no final do ano passado, e posar abraçado em campanha eleitoral com nada menos que Renan Calheiros em Alagoas no mesmo período, hoje esboça uma "carta para a esquerda brasileira". (A mídia "alternativa" que acompanhou religiosamente as caravanas do lulinha paz e amor à época, acabou "pulando" o abraço com Calheiros, não noticiando o... "fato").

Tanto quanto os idiotas do MBL andam impondo retumbantes derrotas nos "debates" de péssimo gosto com lideranças de "esquerda" do noso País, muito mais pela fragilidade e "contadições" (i.e., cinismo e excessivo oportunismo) destas que por méritos intelectuais daquele, tudo indica que os motivos de preocupação apontados pelo docente da UFABC não devem surtir efeitos práticos, seja porque a inérica e interesses político-partidários já estão no DNA dos militantes de "esquerda", seja porque já é tarde demais para despertar e tomar atitudes de modo que um novo golpe militar - o qual este autor vem prognosticando convictamente no deserto desde a "Primavera" de junho de 2013 - deve encontrar cenário bem semelhante ao de 1º de abril de 1964, quando em nome de Revolução Democrática os militares golpistas encontararam nas ruas desertas nada mais que pássaros cantando, para impor um regime de terror de 21 anos.

Crimes de lesa-humanidade jamais punidos, e já dizia o jurista argentino Nicolás Avellaneda (1837-1885): "Povo que esquece seu passado, está condenado a vivê-lo novamente". O mesmo Luiz Inácio hoje desesperado, recusou-se a mover uma palha que fosse para revogar a Lei de Anistia aos militares. Alguém ao menos se lembra que o dito-cujo disse, em seu primeiro mandato como presidente, no alto de seu pedestal ao se fechar a vozes alternativas (acusadas pelo PT de "esquerda radical"), que "passado é passado", ou seja, esqueçamos os crimes dos militares?

Neste vídeo, antes de se tornar presidente Luiz Inácio, usando e abusando da cara-de-pau, critica a posição da "esquerda" brasileira sobre o regime militar falando como se a primeira lhe fosse um agrupamento estranho, distante, enquanto enaltece o segundo que nos idos dos anos de 1970 o prendeu e torturou, assim como fez com Dilma além de ter sequestrado e assassinado outros tantos camaradas seus... de direita?

Com os militares o líder petista aliou-se fraternalmente, chegando até a elogiar o regime militar contrariando, assim, toda a América Latina que puniu seus ex-ditadores, e as recomendações de todos os organismos internacionais que exigiam julgamento. Pois é...

Mas a célebre frase viria mesmo durante a ressaca da vitória eleitoral, em dezembro de 2006. Aos apreciadores de teorias políticas, aqui vai:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) arrancou, na noite desta segunda-feira, risos e aplausos de uma platéia formada por empresários e intelectuais ao, de certa forma, desmerecer a esquerda brasileira. Segundo ele, trata-se de uma ideologia típica da juventude.

"Se você conhece uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque está com problema [risos e aplausos]. Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também está com problema", afirmou o presidente depois de receber o prêmio 'Brasileiro do Ano' da revista IstoÉ.

Lula explicou que, em sua opinião, as pessoas responsáveis tendem a, conforme amadurecem, abrir mão de suas convicções radicais para alcançar uma confluência. Tal fenômeno ele classificou de 'evolução da espécie humana'.

"Quem é mais de direita vai ficando mais de centro, e quem é mais de esquerda vai ficando social-democrata, menos à esquerda. As coisas vão confluindo de acordo com a quantidade de cabelos brancos, e de acordo com a responsabilidade que você tem. Não tem outro jeito".

Em um país sem memória, sem verdade e sem justiça, e sem vontade política de nenhum lado neste sentido, logo a morte brutal de Marielle também cairá no esquecimento geral, e nada mudará no Brasil - a não ser à extrema-direita, única mudança que parece factível neste momento sombrio.

Em epítome: alguém duvida que, uma vez livre da cadeia ou se necessário fosse para se safar dela, Luiz Inácio se "esqueceria" novamente que é de "esquerda", rasgaria essa tal "carta à esquerda", e não hesitaria sequer por um instante em aliar-se às velhas oligarquias nacionais, as mesmas que assassinaram Marielle agora, como fez por 13 anos continuando no segundo semestre do ano passado?

Por isso tudo, a "esquerda" nacional e o partido que tenta se impor como sua porta-voz, o PT, são presas muito fáceis das imensuravelmente medíocres forças reacionárias brasileiras.

Brasil, mostra a tua cara!


Escola sem Partido e Brasil sem Rumo

27 de fevereiro de 2018 / Publicado em Pravda Report (Rússia), e Pravda Brasil

Republicado por Education News (Estados Unidos)


Escola sem Partido (EsP), aprovado em vários estados brasileiros limitando os professores a apenas transmitir os respectivos conteúdos dos materiais didáticos, é claramente um movimento político conservador que, falsamente, afirma-se não partidário. Apenas apoiado em excessiva ignorância alguém pode pretender vender este "projeto" como "livre de ideologias", ou "imparcial".

Enquanto diversos seguidores de EsP não assumem publicamente, alguns líderes têm dito abertamente qual a essência desse novo "projeto": "O papel dos professores não é formar cidadãos, mas apenas repetir o que o livro didático lhes dita". Porém os professores, muito mais que ensinar as respectivas matérias, devem desenvolver senso crítico e criatividade entre alunos.

Assim os professores, especialmente com visão mais progressista que geralmente baseiam o trabalho na conscientização dos alunos, têm sido proibidos de emitir opiniões em sala de aula. A punição proposto por EsP é um processo criminal contra professores que se atrevam a dar qualquer tipo deopinião aos alunos, ou mesmo ir um pouco além dos respectivos livros.

Estudantes patrulham professores, e pais e diretores processam-nos em um tribunal se denunciados por algum aluno: a lei da mordaça no Brasil, retrocesso aos piores anos da ditadura militar.

Por outro lado, o Brasil enfrenta, há muitos anos, profundo ódio em todos os segmentos da sociedade a começar pela grande mídia e a "alternativa" que, recentemente um sentimento mais aberto devido à crise política e financeira, divide nossa sociedade. O "debate" do EsP, por ambos os lados, contrários e favoráveis, representam apenas o último capítulo do ódio profundo entre os brasileiros: está incrivelmente polarizado.

Têm havido inúmeras declarações e atos de agressão em nome da liberdade no Brasil. Tornou-se moda terrível (nada surpreendente para muitos) uma retórica revanchista no país sul-americano, é claro, seguida de atos violentos na sociedade local validando a si mesmo o que condena nos outros - em nome da "liberdade" e " justiça social "(na verdade, um antigo Modo de Vida Brasileiro).

Antes de tudo isso, muitos professores, em seu papel de conscientizar estudantes, têm sido tão intolerantes e muito mais "vendedores" políticos que professores na acepção da palavra (em grande parte, em defesa do Partido dos Trabalhadores; em alguns casos, realmente promovendo a discussão entre alunos, como professores devem fazer). Portanto, EsP não pode ser discutido sem ser levado ao contexto mais amplo do Brasil.

Menos Ruim É o Melhor no Brasil (como sempre)?

A própria Constituição brasileira não limita aos pais a educação dos filhos: diz categoricamente que o Estado compartilha essa função com a família. Além disso, soa como grande piada que o professor não tenha o papel de formar cidadãos, e que ele não seja livre para expressar opiniões na sala de aula - com responsabilidade, sempre se recordando de que liberdade sem regras, sem respeito ao espaço do outro, nada mais é que libertinagem.

Os Estados Unidos são o sonho de consumo da extrema direita brasileira: armas, guerras, capitalismo, Walt Disney. Não neste caso, relacionado a Escola sem Partido. Conversando com o ex-agente da CIA John Kiriakou sobre esse "projeto", ele disse: "É loucura que, no século 21, ainda estejamos travando esses debates". O "debate" se oprofessor tem ou não o direito de emitir opinião na sala de aula, apenas se encaixa em uma cabeça de direita brasileira.

O que acontece no Brasil é um avanço agressivo e altamente histérico dos setores reacionários; um golpe militar é iminente no país latino-americano com forte apelo moralista (e hipócrita), defendido por grande parte dos defensores do EsP ao afirmar que as Forças Armadas brasileiras são a única instituição honesta do país, o que não é verdade já que, durante a militarização do Brasil (1964-1985), o Exército esteve metido em casos de corrupção, assim como hoje em dia.

Apenas o fato de que alguns defendam hoje outro golpe militar, demonstra que os 21 anos de ditadura militar não beneficiaram a nação - a repressão nunca é a solução, ou esses mesmos elementos não precisariam defender volta ao passado devido à tragédia cultural e moral deste País, apenas abafada pela ditadura como logo em 1985 já ficou claro. Na verdade, faz parte do imperialismo dos EUA tentar, desesperadamente, forçar toda a região à extrema direita.

Ao mesmo tempo, relacionado ao EsP e suas raízes, houve muitos excessos de muitas maneiras, de todos os lados, o que é inegável: nas salas de aula (o que deve ser resolvido entre coordenadores escolares e professores, nunca através de processos criminais) e na defesa (muitas vezes irracional) da profissão docente em oposição ao Projeto em questão, que vulgariza a atividade e o papel do professor diante da sociedade.

Para não mencionar que o próprio "debate" sobre o próprio EsP, está muito feroz - o nível cultural brasileiro espelhado nisso, e um sinal evidente de que muitas coisas devem ser feitas no sistema educacional nacional, algo fora de questão, nunca discutido devido a o grande ódio e os antigos interesses políticos que travam a sociedade local.

Este vídeo, que retrata algo comum no País, suscita as seguintes questões: que liberdade de expressão e mais, que tipo de educação e conscientização cidadã este tipo de "professor" defende / pode fornecer violando os direitos humanos fundamentais, expulsando à base de chutes, cotoveladas e ofensas, por ser contra o EsP, outros professores e pais de alunos de um "debate" sobre o projeto EsP, por diferenças ideológicas? Este é um dilema brasileiro, que mantém o país em um perpétuo lamaçal.

Do mesmo modo, têm havido "aulas" ridículas em que "professores" tentam enfiar goela abaixo dos alunos o Partido dos Trabalhadores, e mesmo o socialismo. Essas práticas, que acabam fornecendo subsídios ao Projeto reacionário, razão pela qual EsP nasceu, acaba levando oponentes desse estado de coisas a outro extremo. Mas não pode ser resolvido em um tribunal criminal, como já foi dito.

É visto no vídeo acima determinado advogado, um dos líderes do "debate", reivindicando a expulsão de professoes e pais em nome da liberdade de expressão; outra advogada diz histericamente a um pai de estudante: "Sou advogada, conheço meus direitos", então saia daqui, não há debate para você!

Os brasileiros também devem debater a própria forma do "debate" no País, o que permitiria desvendar o que está por trás de muitos interesses, a essência de ambos os lados.

Este é o momento de se pensar o sistema educacional no Brasil e a preparação dos próprios professores. A liberdade de expressão tem sido usada, sim, de forma desigual inclusive em emitir opiniões em sala de aula. Algo parece muito errado, uma vez que soluções justas não têm sido discutidas como em todas as questões, o País bem distante da sobriedade vê um "debate" sem saída, obscurecido pela ignorância, pelo ódio e pelos interesses político-partidários.

A selvageria na "defesa" da "liberdade" e da "democracia" mostrada no vídeo acima não se trata de exceção entre brasileiros, não só em oposição ao projeto Escola sem Partido, mas em tudo o que envolve a sociedade brasileira: o Brasil tem visto a onda de declarações de professores, líderes políticos e outros atores importantes na sociedade, que o conservadorismo nacional só será resolvido "na ponta da faca" (de um professor universitário e colunista), através de "uma boa pá e um bom túmulo a todo e qualquer conservador, ainda que seja boa pessoa" (líder esquerdista) , "uma metralhadora contra a maioria dos brasileiros" (fundador do Partido dos Trabalhadores).

Aqui temos uma discussão sobre o que é possível agora, e o que deveria ser em uma nação utópica. Liberar professores para opinar, promover discussões em sala de aula é bom e necessário, trabalho fundamental dos professores - enquanto respeitam as diferenças e a integridade física do próximo, antes de mais nada como exemplos vivos de cidadania que... deveriam ser, não é mesmo, Brasil?

Mas tudo indica que no caso brasileiro, novamente, temos de optar pelo menos mau: se esse tipo de professor evidenciado no vídeo, que abunda Brasil afora, fosse capaz de transmitir tão-somente o que os livros didáticos dizem, já estaria bom demais!

Não debater o sistema educacional, uma mudança na postura de professores e um debate sobre o próprio "debate" brasileiro, qualquer debate é hipócrita no país. E a única maneira pela qual a "esquerda" brasileira poderia ganhar este "debate", em tais circunstâncias, seria pela força - parece que este setor se apercebeu muito bem disso.


Discriminação e Ódio em um País que Glorifica a Desinformação, a Estupidez e a Ignorância

"A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude"

François de la Rochefoucauld (1613-1680)


Apoiando-se na grande mídia, sabidamente de desinformação e idiotização em massa, e em seus patéticos super-herois,
descaradamente politiqueiros e corruptos, as classes dominantes brasileiras esbanjam discriminação, ódio e ignorância através
da cega caça às bruxas petistas baseada não na racionalidade, mas na estupidez mais evidente. Nunca a verdade dos fatos
importou tão pouco neste País falido, destruído nos alicerces por sua autoproclamada "nata" intelectual e econômica, canalhada
dominante escondida detrás de forte apelo moralista que insiste em jogar as cartas do Brasil, ao mesmo tempo que o joga na lata
do lixo mundial. Pois onde está a indignação contra o corrupto e manipulador clã Marinho, da Globo? Os canalhas se atraem

2 de dezembro de 2017 / Publicado em Global Research , em Pravda Brasil e Instituto Presidente João Goulart


Repassando a informação (omitida pela grande mídia) de que agora - não faltava mais nada no Brasil - o patético super-herói das classes dominantes brasileiras, Sérgio Moro, juiz de primeira instância da Operação Lava Jato, está sendo denunciado na... Lava Jato (!), um senhor amigo, branco e da classe média "não-proletária" (eles não gostam do termo burguesia, classe a que pertencem) do Sul do País, sem me questionar de quem partia a denúncia, o que exatamente ela dizia e nem sequer me dar tempo de dizer que havia sido previamente periciada na Espanha, apenas afirmou sumariamente - após apontar, ele mesmo, que o denunciado não merece confiança, justificando isso sobre um passado segudo ele (na verdade, segundo um amigo havia relatado) nada favorável ao jurista paranaense, o que deveria dar crédito à atual denúncia na mente de qualquer cidadão minimamente coerente e lúcido - não acreditar em seu conteúdo o qual, em resumo, revela uma "indústria das delações" praticada por uma "panela" de advogados em Curitiba, levando à adulteração de documentos e acusações falsas, o que inocentaria a ex-presidente Dilma Rousseff da acusação de recebimento de propina da Odebrecht na campanha presidencial de 2014, e pode fazer o mesmo em relação à acusação de que o sítio de Atibaia pertence ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para logo o enclausurado mental que se recusa a sequer ouvir qualquer um que contrarie suas certezas, sabedor de que escrevo a Pravda, desviar o assunto rumo ao flanco das críticas, completamente vazias e alternadas com chacotas, à Rússia e ao presidente russo, Vladimir Putin - com direito a apelido jocoso a este, sem nenhuma base e bem ao estilo grande mídia de idiotização em massa, excedendo em ódio e faltando em conteúdo ainda que se valha da remontagem de sombrios anos de revanchismo à la Guerra Fria. Como diz Agni Shakti: "Na falta de argumento, a ignorância usufrui da agressividade e da ofensa como modo de ataque". Assim, no Brasil hoje, conversar sobre o quê?

Me pegou de supresa a primeira, e mais ainda a segunda postura obrigando-me a, sem entender nada daquilo do ponto de vista mais racional-humano (considerando que animais em geral, de sua maneira, raciocinam), usar a sensatez e colocar em prática a observação de Euripides, romancista grego (480-406 a.C.): "Converse com um tonto, e ele o chamará de tonto". Assim, de maneira bem humorada e disfarçada, "peguei meu boné" como se diz na gíria do futebol, e na pequena cidade do interior do estado de Santa Catarina retirei-me elegantemente da "conversa", joia rara no Brasil de hoje - quantas saudades de uma boa conversa!

Mas conversar sobre o que em um país onde Eduardo Cunha na Câmara e Renan Calheiros no Senado, o primeiro condenado e preso e o segundo, megaprocessado, lideraram o impedimento de uma presidente contra quem não há provas, de cuja mandatária foram aliados até às vésperas do processo, e de quem o mesmo PT hoje se aproxima, sem nada disso gerar manifestação popular?

Debater o quê, enquanto o policial federal Newton Ishii, condenado e preso a 4 anos, 2 meses e 21 dias de prisão por ter facilitado contrabando, com tornozeleira eletrônica é designado a prender outros condenados sem nenhuma indignação da sociedade que, por outro lado, com tanta energia condena uns "outros" tantos sempre pendendo a balança da raiva "anti-corrupção" para o mesmo lado?

Meu bom relacionamento com este senhor, gentil e educado, não muda (espero que não); porém, embora o Brasil de 205 milhões de criaturas humanas não se resuma a este indivíduo, em primeiro lugar sua postura certamente retrata o estado de espírito do brasileiro em geral em relação à verdade dos fatos, glorificando a pós-verdade segundo a definição dos dicionários de Oxford: "Relaciona-se com, ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos exercem menos influência na formação da opinião pública, que os apelos à emoção ou à crença pessoal".

Ao brasileiro médio, o que mais importa hoje (e sempre foi assim, estando agora apenas mais exacerbado o caótico nível social) não é se a informação é verdadeira ou falsa nem o quanto ela pode desempenhar um papel crucial na (delicadíssima) vida do País, mas se se adequa aos medos, às fobias e ideias pré-concebidas do indivíduo. Qualquer coisa que fuja disso, mexe profundamente com os espíritos fazendo logo manifestar o alto grau de esquizofrenia democrática e histeria justiceira do brasileiro, longe de discussões sóbrias e racionais, construtivas e equilibiradas ainda que necessariamente críticas.

Nada mais patético! Seres que possuem nada menos que dona Rede Globo como outra heroína, no sentido mais amplo do termo - no mais "nobre", hoje em dia de modo um tanto velado é verdade, ao condenarem abertamente por manipulação das informações a quem emprestam irregeneravelmente a mente a fim de ser, por ela mesma, pautada, seguindo fielmente suas imposições opinativas sem o menor contrangimento. No sentido mais nocivo, heroína que anestesia a consciência: os históricos escândalos de corrupção envolvendo o clã Marinho não geram, nunca geraram a menor indignação na "nata intelectual e moral" deste País. Os canalhas se atraem.

A posição do escravo mental em questão ilustra também o ódio e a discriminação preponderantes em relação ao Partido dos Trabalhadores, dando razão à ex-presidente Dilma Rousseff quando, recentemente, disse que para as classes dominantes e grande midia, "o PT é coisa de preto". Cresci em um bairro de classe média e em uma escola particular da cidade de São Paulo, e me lembro bem o quanto se dizia que "PT... é coisa de baiano!", ridicularizando, de uma só vez, o partido e os cidadãos baianos de maneira completamente inadequada, criminosa até. Alguém tem alguma dúvida se tal mentalidade ainda prepondera, até hoje, entre paulistas e paulistanos naquela cidade?

Ódio e disciminação são as únicas coisas que podem explicar essa "jurisprudência" covarde aplicada pela sociedade em aceitar tudo que condena o PT como verdade absoluta, deleitar-se sobre isso ao passo que nega apenas e tão-somente conhecer toda e qualquer posição que possa absolver o partido em questão, e condenar seus acusadores (longe, bem distantes de serem reservas morais e intelectuais, repitamos). Isso, para nem se estender aqui na jurisprudência da própria "Justiça" tupiniquim, elitizada, raivosa, revanchista, completamente parcial, grande emblema do falacioso Estado de direito brasileiro. Em tudo isso refletida fielmente, é claro, pela sociedade em um agressivo círculo vicioso.

Com todas as críticas e, se necessário, investigações em relação ao PT - e tudo isso é justo e necessário, sim -, assusta a atual aversão da sociedade baseada na desinformação vendida descaradamente pela grande mídia a indivíduos que se entregam a uma profunda cegueira mental, marcante nas classes média e alta brasileiras, as mais ignorantes, histéricas e devastadoras do mundo, segundo pesquisas sociais as que menos leem entre a humanidade, hoje e sempre - muito bem representadas, aliás, por seus aloprados super-herois de péssimo nível, intelectual e moral.

Apenas não vê quem realmente não quer, que há em todos os segmentos da sociedade uma seletividade muito descarada na criminalização do PT, baseada em acusações infundadas e não na racionalidade. Trata-se do velho ódio de classe, de gênero (especialmente contra Dilma Rousseff), regional, étnico neste País fortemente colonizado culturalmente, de mentalidade agressivamente escravocrata.

Não é do interesse da sociedade nem de ninguém a busca pela verdade e o combate à corrupção, mas sim o combate às diferenças, ao "forasteiro".

Fatos que, ao contrário dos militantes petistas, este autor não vem observando apenas agora, pós-golpe: manteve essa linha ao longo de todos os anos 2000, ainda quando esses mesmos petistas respondiam - no poder, é claro - com histeria a tais críticas qualificando-as, nervosamente, de síndrome de vira-latismo. Pois hoje há até fundador do PT, Sérgio Paladini, não apenas denominando a sociedade brasileira de "gentinha", "povinho insignificante", "o brasileiro, o homem brasileiro é uma coisinha nojenta", "analfabeto político", "o povo brasileiro independente da roupa, vive de propina, de gorjeta, de coisinhas", e pior que conservador, "é corrupto, é ´podre, o povo brasleiro é podre, podre! Podre! Povinho tão vagabundo! Brasileiro não é raça, é uma coisa..." entre outras tantas além de dizer, categoricamente, que se deve fuzilar todo e qualquer cidadão que não compactue com a ideia de que houve golpe jurídico-parlamentar-midiático em 2016, contra a ex-presidente Dilma.

Esta aberração petista não é isolada e deve-se, outrossim, ao ódio, à falta de conteúdo e de atitude (solidariedade, brios, capacidade de ação e reação, etc) versão "esquerda" no Brasil a qual, historicamente prepotente como poucos segmentos neste País, após anos julgando-se o último pé de alface da geladeira vegetariana, vê seu bobo da Corte (seus partidos políticos e personagens mais emblemáticos) completamente nu, e mesmo seu único e patético projeto de Brasil à beira do naufrágio, isto é, retomar o poder.

O Brasil está indialogável. Em todos os aspectos o debate, ou mesmo conversas entre e sobre as mínimas diferenças está completamente travado. Pelo ódio, pela intolerância, pela discriminação, pela escravização mental, pelo espírito fortemente reacionário mesmo à "esquerda", e pela profunda ignorância que, desde que a primeira Missa foi rezada no Monte Pascoal, anda de mãos dadas com nossa sociedade, irmã siamesa que, de uns tempos para cá, resolveu sair do armário com mais fúria, tornando inconteste tal realidade tanto á direita quanto à "esquerda" que padece, exatamente, daquilo que sempre acusou o outro: do que chama de vira-latismo [neste sentido, observemos também "o Brasil é assim mesmo, todo mundo faz e não há outro jeito" petista, a fim de justificar as novas (velhas) alianças com a oligarquia podre e megaprocessada deste País, lições nunca aprendidas por gente inescrupulosa que não almeja progredir mas se interessa apenas pelo poder, o poder pelo poder a qualquer custo, iguaizinhos aos cães de rua que se submetem aos chutes por migalhas].

Nestes dias, um importantíssimo editor de determinado meio de comunicação brasileiro disse-me, pela segunda vez, que acredita estar assustador o ambiente no Brasil hoje, e que teme pelo que possa ocorrer a médio prazo no País. Recentemente, um renomado historiador brasileiro comentou comigo o mesmo, que a situação tem estado muito estranha a ponto desse intelectual retirar-se, por tempo indeterminado, da atividade escrita.

Nesta mesma cidade de Santa Catarina, em dois locais públicos a esposa deste autor, jovem acreana, morena, de ascendência indígena e com forte sotaque nortista em busca de serviços públicos, deparou-se em cada um deles com a humilhante ordem fascista de que "para quem é de fora, demora mais". Pois é isto mesmo: a prestação de serviços "públicos" (!) em Santa Catarina tem dependido do estado de origem do desgraçado cidadão brasileiro (para nem dizer se for estrangeiro trabalhador...).

Os tais serviços nunca se consumaram conforme direito constitucional, inalienável da cidadã acreana e, diante disso, não há órgão público procurado que aja minimamente, pelo contrário e não há novidade nisto: eles se blindam descaradamente desde o topo, são indevida e indecentemente estrutuados para isso levando-os a situações de inevitável escarnecimento do cidadão indefeso, completamente refém de um Estado elitizado, putrefato, impiedoso, terrorista psicologicamente diante do qual não há justiça, não há lei, não há Constituição, não há absolutamente nada a não ser quando isso tudo e qualquer coisa possa ser utilizada em favor dessa canalhada dominante escondida detrás de forte apelo moralista, que insiste em jogar as cartas do Brasil ao mesmo tempo que o joga na lata do lixo mundial.

No caso específico do fascismo catarinense, casos como o relatado acima abundam em mais este estado das aparências tupiniquins, paupérrimo e insuportável; contudo, parafraseando o brilhante jornalista e editor da revista Caros Amigos, Aray Nabuco em recente editorial: sempre surge o momento em que o povo, farto de tanta humilhação e exploração neste sistema podre, levanta-se. É o que esperamos, ardentemente.

Estão assustadores os tempos atuais no Brasil. E na era da relativa revolução da informação através da Internet, a sociedade é altamente (ir)responsável por isso: conforme o caso aqui exposto vem a evidenciar, não dá mais para culpar os podres poderes somente, embora estes desempenhem papel preponderante neste festival do ódio, da discriminação e da profunda ignorância que reina soberana neste País! E cujo quadro tenebroso, o PT não fez nada para mudar... Diz o psicanalista Caio Fábio: "Não há nada mais adoecedor e imbecilizador, que o perpétuo aprendiz de um ensino que não produz efeitos práticos em sua vida".


PRÉ-CANDIDATURA MANUELA D'ÁVILA
Festa Pobre à 'Esquerda'

♪♫ Não me convidaram prá esta festa pobre que os homens armaram prá me convencer ♪♫
♪♫ A pagar sem ver toda essa droga que já vem malhada antes d'eu nascer ♪♫

♪♫ Não me ofereceram nem um cigarro, fiquei na porta estacionando os carros ♪♫
♪♫ Não me elegeram chefe de nada, o meu cartão de crédito é uma navalha ♪♫

♪♫ Brasil! Mostra tua cara, quero ver quem paga prá gente ficar assim ♪♫
♪♫ Brasil! Qual é o teu negócio, o nome do teu sócio? Confia em mim ♪♫

(Cazuza)

25 de novembro de 2017 / Publicado em Global Research e Instituto Presidente João Goulart


Manuela D'Ávila, deputada estadual pelo Rio Grande do Sul e pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB (Partido Comunista do Brasil), hoje uma espécie de João Dória da "esquerda" brasileira fajuta pelos mixurucas holofotes do desgraçado márquetim político barato que, sobre a jovem gaúcha, pairam há algumas semanas, possui agenda que se fosse de surpresa aplicada a algum tucano (pessedebista), ou mesmo a partidos como PPS ou PTB etc, no mínimo passaria desapercebida sem nenhum tipo de entusiasmo e nem sequer o menor elogio por parte da mesma "esquerda" hoje um tanto "eufórica" com a possível presidenciável que ostenta, como principal proposta, nada menos que a retomada do poder a exemplo de seus padrinhos petistas.

Truco! "Nossa ideia programática é baseada em duas questões. Primeira, é relacionada à retomada no crescimento econômico do Brasil. A eleição de 2018 é fundamental para que o Brasil saia da crise". Grande "esquerda"! O que Manuela disse é que, para que o bolo capitalista cresça (eis nossa "esquerda" fazendo inveja até a Delfim Neto, economista da ditadura militar), é imprescindível que os monopolistas do discurso de esquerda no Brasil ganhem a eleição. Eis o principal projeto de Brasil.

Entre outras abordagens, sem propostas minimamente consistentes ao menos até o presente mas merecedoras de confetes à "esquerda" carente da mínima seriedade e coerência, passam por observações críticas quanto aos ganhos salariais femininos inferiores em 30% em relação aos homens (sem definição de como alteraria isso), enaltecimento da importância da educação para a sociedade e da segurança pública, neste caso através do fortalecimento das polícias aliado à fiscalização destas pelo Poder Público, entre alguns outros pontos.

Tal padrinho, tal afilhada: temas como reforma agrária, demarcação de terras indígenas, evasão de divisas,"desprivatização" de bens públicos tão vailosos como Petrobras, Eletrobras e outos, redução drástica dos lucros bancários não fazem parte da simpática pré-campanha da Manuela D'Ávila.

E pelo que se sabe do PCdoB, irmão siamês do PT, não fará parte de mais essa grande farsa à "esquerda" até outubro de 2018, afinal de contas, tocar nestes pontos já seria demais a nossos personagens políticos "progressistas" que, a todo o custo, buscam acima de tudo a retomada do poder sem nenhum projeto alternativo de Brasil, que altere as relações de poder e as estruturas sociais e econômicas, neoliberais e profundamente excludentes.

E outra coisa bastante "curiosa" nisso tudo é que nenhum dos meios "alternativos", até este momento, tem sido capaz de usar a criatividade a ponto de colocar em pauta tais discussões envolvendo a mais nova "alternativa" da "esquerda". Se esse mesmo setor midiático, que de alternativo em relação à grande mídia só tem mesmo o tendencionsimo politiqueiro, tivesse se preocupado em levantar tais pontos, centrais no que diz respeito ao interesse do povo trabalhador, e fizesse isso proporcionalmente em 25% ao que tem fotografado o sorriso da Manuela de todos os ângulos, e 15% que fosse das imagens com língua de fora e caretas em geral dos oposicionistas, já seria tempo deste autor começar a considerar a possibilidade de retirar aspas da "esquerda" tupiniquim.

Há pré-candidatos presidenciais atualmente com forte discurso progressista tais como João Vicente Goulart do PPL, Ciro Gomes do PDT, Luciana Genro do PSoL, Heloísa Helena da Rede entre outros poucos, com pouquíssimo ou nenhum espaço na mesma mídia auto-proclamada "alternativa": por quê? Será mera coincidência que nenhum dos citados são parte do arco de alianças com o PT, ao contrário exatamente do PCdoB de Manuela?

"O ministro Alexandre de Moraes, aquele indicado pelo Temer, está construindo um debate sobre parlamentarismo que será a continuidade do golpe”, reclamou recentemente Manuela pois, conforme noticiou o Instituto Presidente João Goulart no último dia 24, "o sonho da direita de manter sob rédeas curtas a escolha do chefe do governo – e da administração – está outra vez em pauta. Recentemente o ministro do STF Alexandre Moraes propôs que o mandato de segurança 22972, parado no STF desde 1997, seja incluído na pauta do tribunal" (artigo Parlamentarismo É Golpe).

Pois o que a pré-candidata de "esquerda", até agora a mais bem acabada peça do márquetim "alternativo", propõe como resistência à possibilidade de outro golpe jurídico-parlamentar, lamentar e limitar-se a postar vídeos no Iútube direcionados ao japinha do MBL, como tem feito?

Se não se despertar da velha apatia, sectarismo, mesquinharia atrás de votos em nome da patologia do poder, se não se tirar as amargas lições contemporâneas que ainda doem na pele, nem sequer o único e patético projeto da "esquerda" que insiste no diálogo esquizofrênico, isto é, falar consigo mesma, será viável. É bom, é urgente que a "esquerda" caduca pare de brincar de ser de esquerda.


RETRATO DO CAOS
MBL, Informação e Contrainformação: Presente Sombrio, Futuro Catastrófico

23 de novembro de 2017 / Publicado em Pravda Brasil, em Instituto João Goulart e em Global Research


Não apenas pela quantidade mas também pela maneira como o MBL (Movimento Brasil Livre) pratica e espalha contrainformação traz alguns sinais preocupantes: até onde chega a "distração" de determinados setores da sociedade brasileira, a falta de poder de reação de outros, a evidência de que o movimento, surgido há três anos, tem por trás de si profissionais muito bem pagos, especialistas dedicados exclusivamente a isso que vão muito além de um punhado de "moleques liberais", como seus líderes tentam explicar as origens do agrupamento, além do futuro da própria informação e, consequentemente, da democracia e da liberdade que daquela dependem para sobreviver - exatamente o que o excessivamente cínico MBL garante defender, apenas enganando os mais "desavisados".

A pós-verdade, considerada palavra do ano no final de 2016 pelos dicionários de Oxford, foi definida por estes conforme a seguinte tradução livre: "Relaciona-se com, ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos exercem menos influência na formação da opinião pública, que os apelos à emoção ou à crença pessoal".

Sobre este último ponto, que envolve crença pessoal, vale ressaltar que se refere ao fato de que indivíduos, certamente os mais incautos, comodistas e sectários, tendem a buscar e proporcionar maior credibilidade a notícias, verdadeiras ou não (isso acaba não importando muito no subconsciente do consumidor de desinformação, que não aceita ter seu pequeno mundo confrontado), que melhor se moldem a seus valores e fobias, algo também conhecido como "anestesia psicológica".

Enquanto se crê muito bem informado e até um potencial "expert" em assuntos mundiais que acaba achando-se intelectual, comportando-se como intelectual, falando como intelectual, fazendo amor como intelectual, o sujeito está nada mais que fazendo as vezes do perfeito fantoche, grande imbecil nas mãos do poder estabelecido.

E para a afirmação da desinformação entre a sociedade, fenômeno absolutamente previsível há, no mínimo, cerca de uma década e meia, uma preferência e até defesa de "curtinhas" no meio jornalístico incluindo as faculdades, têm desempenhado papel crucial: "notícias" cada vez mais reduzidas a gosto (em grande parte induzido) de consumidores de informação sem muita disposiçao para ler (no caso particluar do Brasil, velha característica sempre incentivada pelos sucessivos governos e pelos próprios meios de comunicação), ou "cacos de notícias" completamente descontextualizados. Atalho mais curto e certo para a criação de factoides, o que, aliás, a grande mídia mais sabe fazer.

Tal atentado jornalístico generalizado sobretudo na Internet, barbárie cultural que enxerga clientes ao invés de cidadãos, só poderia, mesmo, dar no que deu, sendo as redes sociais o reflexo disso através das notícias falsas já descontroladas. Um caminho que causa a impressão de não ter mais volta.

Enfim, alguma semelhança da definição de Oxford sobre pós-verdade com o que prepondera no Brasil atualmente, festival da contrainformação refletida também na seletividade mais descarada em relação ao "combate à corrupção" no País, liderado exatamente, mal e porcamente pelo MBL?

Enquanto isso pesquisadores da Associação dos Especialistas em Políticas Públicas de São Paulo (AEPPSP) da USP (Universidade de São Paulo), seguindo critérios metodológicos bem definidos através de seu “Monitor do Debate Político no Meio Digital”, constatam que exatamente o MBL, liderado por um grupo de idiotas que facilmente leva outros milhões de idiotas consigo, é o maior difusor de notícias falsas do Brasil.

"Quem diria?", devem estar se perguntando uns tantos milhões de "desavisados". Entretanto, o estudo não traz nenhuma novidade, ou não deveria sê-la diante da apelação mais baixa a que tem recorrido o MBL na difusão de informação falsa atrás dos objetivos dos poderes ocultos que o sustentam.

Uma breve passeada por suas ferramentas virtuais permite constatar materiais bem acabados, até com aspecto altamente profissional no que diz respeito ao jornalismo como no caso de sítios, porém profundamente manipulados: vídeos completamente cortados, "notícias" sem autoria e sem as devidas fontes mencionadas, na grande maioria dos casos.

É claro que não se poderia esperar outra coisa da liderança de um agrupamento que, além de não esclarecer as origens de seu financiamento (e nem ser minimamente questionada pela grande mídia por isso), recentemente em "debate" na Câmara dos Vereadores de São Paulo disse, categoricamente, que papel de professor não é formar cidadãos mas sim o de se limitar a passar aos alunos a respectiva matéria (!).

A contrainformação é uma tendência global, e o próprio Fez-se buque do Mark Zückerberg, laranja da CIA sobre o qual se apoiam fundamentalmente MBL e outros promotores de "primaveras" mundiais, foi criado também para espalhar notícias falsas que não serão superadas nos próximos anos e décadas, por um motivo bem simples: não há vontade política, até porque quem controla a tecnologia são os usurpadores do poder. A tecnologia da informação em geral foi originalmente projetada, exatamente, para manipular as massas, e seria muito ingênuo imaginar que parta desses poderes a democratização e a decência comunicacional.

A passividade (nada surpreendente) da grande mídia "independente" diante dessa torrente de contrainformação e muita calúnia despejada diariamente pelo MBL é reveladora, traz mais uma importante peça nesse quebra-cabeças da atualidade brasileira e tem muito a responder se as novas tecnologias serão capazes de conter o avanço dessa guerra da falsa informação.

Não serão capazes, jamais, diante das atuais relações de poder nem sequer da "esquerda" tupiniquim em claros frangalhos que, na ausência de senso solidário, de conteúdo intelectual e moral e da capacidade de politizar a sociedade levando consciência cidadã, apresenta cada vez mais o seguinte como solução de País : lançar cidadãos conservadores (ainda que sejam boas pessoas) à frente da ponta de um fuzil.

Desta maneira fazendo jus ao adjetivo "esquerdopatas" que, do outro lado, tem sido lançado aleatoria e histericamente com base na raiva ideológica mais que tudo, porém justificado de certa forma por determinados indivíduos e agrupamentos de "esquerda" brasileiros que apenas causam vergonha, geram cada vez mais ódio, polarizam a sociedade e acentuam a própria desmoralização, deixando as pessoas ainda mais perdidas, atônitas neste ambiente caótico em busca da verdade dos fatos, de solução sem saber se correm dos bandidos, da polícia, dos políticos à direita e à esquerda, ou se correm de todo mundo.

A "esquerda" (outrora tão prepotente) não tem outro discurso a oferecer, não há solidariedade, não há nem nunca houve diálogo com a sociedade, não há nem jamais houve brios: os porões do poder aproveitaram-se exatamente disso para lançar o MBL e fazê-lo crescer, sendo que apenas a "esquerda" esquizofrênica deste País ainda não se apercebeu disso.

E nem vai preceber, nem mudar significativamente o vergonhoso estado intelectual e de espírito nos "debates" públicos onde tem levando rotundos "vareios" (sobretudo do próprio MBL), nem fazer nada que não seja responder com violência em busca de seu único projeto de Brasil: retormar o poder.

Quem se prestar a acreditar que a saída para este tenebroso quadro reside em nossa "esquerda", não apenas não receberá em retorno o maior legado moral daqueles personagens históricos em quem ela diz se espelhar, isto é, a solidariedade, como certamente brigará absolutamente sozinho sob risco de, o ingênuo sim, ter a oportunidade de solitariamente dizer suas últimas palavras de "luta" diante da ponta do fuzil de algum oligarca ou latifundiário deste País que, apoiados pelo PT, assassinaram povos originários como jamais antes se fez na história da "redemocratização" do Brasil (José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique), nem se faz atualmente (Michel Temer, escolhido a dedo pelo PT).

Diante disso tudo, quem porventura ainda insistir em acreditar que na praça tupiniquim à "esquerda" haja remédio, tornar-se-á mais um dentre as milhões de figuras do perfeito idiota à brasileira. Conforme escreveu recentemente o grande Frei Betto: "Não consigo ver luz no fim do túnel, porque nem mesmo enxergo o túnel [no Brasil hoje]".

Portanto, a única saída que seria o esclarecimento social, um apego irredutível à verdade dos fatos, a verdade como maior lema acima de toda e qualquer ideologia e escolhas políticas como "antídoto" à guerra comunicacional que se vive, e em que a verdade anda perdendo de longe, é carta absolutamente fora do baralho neste jogo imundo pelo poder à direita e à "esquerda" brasileira, duas faces de uma mesma moeda politiqueira que, mais ainda no caso do PT, acotovela-se com seus inimigos políticos nada mais que por uma feroz briga pelo poder e pelo mesmo projeto neoliberal de Brasil, como dizia o grandíssimo Leonel Brizola em tempos não tão distantes.

Pois aí está o resultado, diante de cujas (ir)responsabilidades a esquerda fajuta deste país tenta não apenas se esquivar, como também colocar-se como vítima.


MBL: Campeão Nacional de Notícias Falsas

13 de novembro de 2017 / Publicado em Pravda Brasil


Neste domingo (12), o jornalista Gustavo "Guga" Chacra, correspondente da GloboNews em Nova Iorque, compartilhou em sua conta no Tuíter uma notícia veiculada pelo jornal britânico The Guardian, que abordava as manifestações de extrema-direita de sábado na capital polonsa de Varsóvia. Na postagem, o jornalista alertou: "Cerca de 60 mil pessoas participaram de manifestação nazista na Polônia defendendo uma Europa apenas para os brancos. Antecipo para os supremacistas do Brasil que brasileiros não são considerados brancos por estes nazistas".

No dia seguinte, o Movimento Brasil Livre (MBL) publicou em sua conta no Fez-se buque forte crítica ao comentário de Guga, acusando-o de difundir notícia falsa (ou fêique níls, para os mais chiques) enquanto, no final das contas e conforme faz todos os dias, o dia inteirinho, era exatamente o MBL quem falsificava grotesca e covardemente as informações.

Pisotear a garganta alheia, especialmente daqueles que podem lhe representar alguma ameaça, sob um quê intelectual e com forte apelo moralista é o tom desses bonequinhos de papel do MBL, que jamais tiveram de suar a camisa nem contar moedinhas no final do mês para pagar as contas.

Este caso sintetiza da maneira mais clara possível como o grupo apoia-se na difusão de mentiras pauperrimante plantadas, e os interesses por trás do agrupamento que tem arrastado milhões de incautos consigo que, em sua marcante histeria e intolerância, peculiares e crescentes, têm acusado em coro com o movimento até meios como a Rede Globo de comunista.

Passeata em Varsóvia

Os protestos na Polônia neste final de semana, dos mais numerosos da Europa nos últimos anos, continham gritos e cânticos xenofobos tais como "Polônia pura, Polônia branca!; "Refugiados, fora!", nenhuma novidade naquele país, e cartazes com dizeres fascistas como "Reze por um holocausto islamita". Alguns ainda berravam: "Nós queremos Deus!", enquanto defendiam os "valores" (!) cristãos.

Determinado manifestante entrevistado pela TVP, rede de TV estatal local conservadora e pró-governo Andrzej Duda, de ultra-direita, disse: "Tire os judeus do poder!", "Grande marcha de patriotas", e em suas transmissões descreveu o evento como aquele que atraiu na maioria dos poloneses comuns expressando seu amor pela Polônia, não pelos extremistas.

Havia também, entre as dezenas de milhares de manifestantes, bandeiras com símbolos da Red Falanga, grupo fascista local que remonta aos anos de 1930, enquanto os que discursavam incitavam uma posição contra cidadãos de esquerda, ainda que fossem apenas social-democratas.

Na realidade, manifestações populares - sempre com forte toque reacionário como este - tem origem em 1918, ano da independência polonesa dos impérios austro-húngaro, prussiano e russo. Contudo, desta vez o tom baseado na intolerância e ódio assumiu proporções poucas vezes vistas nas últimas décadas no país leste-europeu.

Manipulação: Marca Registrada do MBL

O MBL, contudo, contestou a postagem de Guga no Tuíter supostamente (atente a esta palavra) com outra postagem na mesma rede social, nada menos a de Jack Posobiec, ativista virtual norte-americano de ultra-direita, apaixonado apoiador de Donald Trump. Ali, Jack (atenção) supostamente escreveu: "Notícia falsa qualificou a passeata pelo Dia da Independência da Polônia, de 'Marcha nazista'. Doentes".

Na postagem no MBL, que diz ser originalmente a de Jack, manifestantes poloneses portam bandeiras divididas entre o símbolo anti-nazista de um lado, e o anti-comunismo de outro passando, assim, uma imagem de "equilíbrio" sem apelo de extrema-direita nazista na passeata, poupando assim os teólogos seculares do livre-mercado irrestrito, das leis anti-imigração e do forte apelo moralista apoiado na religião impositiva e impostora, dominante e dominadora, da indisfarçável evidência de que poussuem essência elitista, supremacista, intolerante, carregada de ódio às mínimas diferenças.

Uma simples busca na conta de Jack observa seu tom fortemente crítico em relação à cobertura midiática, que noticia a passeata polonesa deste fim de semana como uma manifestação nazista. Contudo, a postagem que o MBL diz ser de Jack não é encontrada em seu perfil, e este é, sinal dos tempos, apenas o início da manipulação das postagens e das informações.

Os desocupados do MBL, e isto é marca registrada destes ilustes representantes das dominantes brasileiras que, cada vez mais, passam a impressão de portar um penico no crânio ao invés de cérebro, tiveram o cuidado de, simplesmente, cortada pela metade o tuíte de Guga, sem exibir sua ligação para o artigo do Guardian.

Ao que o grupelho proto-fascista, que entre outras tantas se pretende a última palavra em jornalismo, sentenciou sem dó nem veronha na cara: "Guga Chacra consegue se superar SEMPRE! Fake News absurda!". E daí, a inundação de comentários dos mais insensatos de seus seguidores, fazendo as vezes de críticos de mídia. Vale ser notado estes, cheios de autoridade crítica (!):

"Nunca o jornalismo brasileiro viveu um momento tão fraco como o atual. Guga Chacra é apenas um exemplo disso. Esse ano ele bateu o recorde em bobagens publicadas";

Resposta:

"Não diria 'fraco'. Digo canalha, parcial,ideológico, pró-comunismo e [sic] destruição da família e de nossos valores".

E mais estes:

"Como pode um jornalista falar uma merda dessa. Que triste! Pior que muita gente ainda acredita na Globo. Pela amor de Deus, desliguem isso";

"Esse 'jornalista' não conhece ou finge não conhecer a história da nação mais católica e avessa a ideologias da Europa? O nível da Globo e seus jornalistas sem cultura só piora".

Isso porque se trata da dona Rede Globo, a qual essas mesmas figuraças dos mais perfeitos idiotas assistem todos os dias, e onde os bibelôs tupiniquins com forte cacoete para fantoche sonham em alugar suas tralhas laborais. Pois agora, imagine a cara leitora, o caro leitor o que é dito, caluniado sobrando palavras do mais baixo calão por parte desses imbecis de palntão, quando é a mídia alternativa quem está envolvida nesses ataques dos pimpolhos do MBL. Para quem nunca perdeu o tempo tendo o desprazer de se deparar com tanta baixaria, é tudo o que se pode imaginar - e muito mais.

Jogo de Interesses: Marca Registrada do MBL

A cúpula do MBL sabe muito bem que o brasileiro médio, que lê três linhas de livro por ano enquanto, por exemplo, o russo lê em média 30 livros anulamente, não terá imaginação e/ou coragem suficiente para vencer a preguiça intelectual, a ponto de conferir a postagem do jornalista da Rede Globo; seus gurus das leis do mercado sobre tudo e sobre todos são, na mentalidade dessa gente tosca (para dizer o mínimo), a última palavra.

Outra marca registrada do MBL neste caso, e bastante sintomática: a defesa da manifestação envolve os interesses dos Estados Unidos já que não apenas a ideologia polonsesa é a mesma de Donald Trump, coincidindo ainda com a do próprio MBL, como Varsóvia é a maior aliada de Washington na Europa hoje, com três importantes detalhes a Tio Sam e seus lacaios: situando-se nas proximidades da fronteira russa, a Polônia aderiu à OTAN em 1999, e atualmente atorizou exercícios militares da Organização em seu território.

Se for feito um levantamento diário das movimentações do MBL, não sairão desse raio estratégico tanto as práticas manipulatórias quanto as tendências dos pimpolhos de péssimo nível, intelectual e moral.

A tempo, a velha pergunta jamais respondida: como o MBL se formou, exatamente? E quem os banca, quem paga essa gente para que passe o dia tido, os sete dias da semana montando esse tipo de coisa, difamando e espalhando calúnias e ódio no Fez-se? Evidências documentais apontam a origem exata do financiamento do movimento em questão: não por mera coincidência, exatamente os Estados Unidos e, mais especificamente, Koch Brothers (leia Pagamento de Mil Reais por Hostilidade a Ciro Gomes: Qual a Origem do Dinheiro?, mais abaixo) o que os aloprados do MBL, frequentemente questionados por isso, jamais explicaram nem contradisseram pontualmente a não ser tentando se sair com gracejos e jogos de palavras.

No Brasil hoje, o cúmulo da mediocridade já tem endereço bastante certo.

O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos
sem caráter, dos sem ética... o que me preocupa é o silêncio dos bons (Martin Luther King)


MBL e "Esquerda": Diálogo de Surdos sobre Cotas Raciais nas Universidades

9 de novembro de 2017 / Publicado em Pravda Brasil


Comentamos no último dia 8 (artigo abaixo) a sucessão de rotundos "vareios" que a "esquerda" brasileira anda levando da liderança do Movimento Brasil Livre (MBL) há três anos, desde que este foi criado, e mais especificamente daquele japinha que, de maneira que até hoje ele mesmo não consegue explicar, fundou e mantém o tal agrupamento de direita.

Neste sentido, embora não seja o assunto central do texto vale apontar que existem evidências incontestes de financiamento externo do MBL, mais precisamente de bilionários dos Estados Unidos; pois será mera coincidência que o grupelho de péssimo nível intelectual, que se utiliza de técnicas de manipulação das informações e de repetição centenar de mentiras, bem ao estilo nazista (uma mentira repetida mil vezes, torna-se verdade), defenda privatização irrestrita e que o atual desmonte do Estado brasileira, que inclui a Petrobras, esteja favorecendo amplamente o alto empresariado norte-americano?

Será, igualmente, uma grande coincidência que diante dos escândalos envolvendo Michel Temer, informante da CIA no Brasil segundo cabos secretos liberados por WikiLeaks em 2016, o MBL não demonstre nem de longe a mesma indignação em comparação ao que faz com o PT, e à "esquerda" e à esquerda (sem aspas) brasileira em geral?

Conforme abordado no artigo anterior, a tragicômica "sova" que não tem servido como motivo de reflexão à "esquerda" - que se limita a manifestar expressões fisionômicas de "quadril lavado" (para não dizer outra coisa, evidentemente) do início ao fim dos "debates" -, deve-se à desoxigenação desse espectro político absolutamente engessado, despreparado, sectário, divorciado da sociedade, limitado aos discursos esquizofrênicos, isto é, consigo mesmo e, inclusive dentro da esfera de "esquerda" caricata deste País, em enorme medida muito mais defensor de "determinado" partido e de "determinada" pessoa (tida como insubstituível = personalismo, o que também evidencia, na clamorosa ausência de produzir líderes em quase duas décadas, atolamento político, intelectual e moral no tempo) que de ideias e projetos.

Além disso, conforme abordado no artigo do dia 8 e é o caso no assunto aqui tratado, deve-se às profundas contradições do PT em seus 13 anos do poder sobre as quais se apoia (e se diverte) o MBL, deixando a "esquerda" paralisada nos "debates", sem nenhuma voz, apenas exibindo nacionalmente seu ridículo compromisso partidário-personallsta. Ainda assim, insiste-se em fazer de esquerda um sinônimo de PT no Brasil.

Em um desses "debates" em que "esquerda" e MBL andam em entendiantes círculos e não se acaba discutindo absolutamente nada, apenas evidenciando o nível sofrível deste País falido, foi abordada a questão das cotas raciais nas universidades brasileiras. Novamente, o "debate" acabou travado pelo compromisso militante petistas com os "erros" do PT de um lado, e de outro o japa até usando argumentos corretos - especialmente ao apontar contradições e obras pela metade que abundaram no lulopetismo - para concluir indicando uma saída completamente equivocada à questão.

À indagação (correta) de determinado militante petista da exclusão histórica e atual de negros na sociedade brasileira, daí a necessidade urgente de se implantar medidas - que deveriam ser paliativas - como as cotas raciais, eis que a liderança do MBL responde novamente apontando uma grande distorção, mais uma dentre as inúmeras demagogias petistas para deixar a "esquerda" com aquela "cara de quadril", sem ter nada a dizer e não por uma grande engenharia intelectual dos pimpolhos do MBL, pois estes não possuem tal capacidade, mas exatamente pelos agravantes à "esquerda" esboçados acima, e mais: militantes de uma "esquerda" que passaram décadas achando-se (no saudável linguajar vegetariano) o último pé de alface da geladeira, os supra-sumo da sociedade, última palavra em assuntos políticos, econômicos e sociais esnobando a tudo e a todos, inclusive em seus próprios círculos, tornando-os insuportáveis (e quem já frequentou, por um mês que tenha sido, algum partido de "esquerda" deste País, sabe do que este autor está falando).

Equivocando-se somente na conclusão a resposta do japinha foi, em parte, nada menos o que este autor diz e escreve desde os idos de 2010: não se pode abandonar, como o PT fez, o ensino fundamental imaginando (ou desejando no caso do PT, a fim de manter clientes, os afamados currais eleitorais ao invés de formar cidadãos na acepção do termo, livres, iguais, dotados de consciência política) que as cotas serão eternas: há que se resolver a questão do atraso societário histórico. E as cotas, se aliviam a dívida com etnias historicamente oprimididas, não resolvem por si só (leia Superação da Discriminação na Sociedade Brasileira Depende de Mudanças Estruturais, ao final desta seção).

E isso não apenas oferecendo escolas públicas de qualidade, como também - o que o líder de mentalidade elitista do MBL não abordou, evidentemente, mas retrata a apenas visão deste autor - resolvendo problemas de discriminação estruturais em nossa sociedade, a começar pelas relações de poder o que o PT, jamais, sequer esboçou fazer, muito pelo contrário: acirrou o quadro e aí repete a dose em sua - ilegal - campanha presidencial fora de época, formando promíscuas alianças com golpistas e megaprocessados, os piores oligarcas e coroneis deste país evidenciando que tende a piorar se alcançar seu exclusivo e declarado projeto de país, a saber: angariar votos e retomar o poder.

O lado completamente equivocado a que se sai o MBL dá-se afirmando que é necessário eliminar as cotas: não! Elas devem existir, contudo temporariamente até que se crie oportunidades iguais para todos, o que denota uma cultura de igualdade de direitos, indo além de escolas de qualidade às classes menos favorecidas - sequer isso, o princípio o PT fez, em quase uma década e meia no poder.

Antecipemo-nos, pois, às mentalidades mais sectárias: diante das lideranças de direita, de nada adianta nossa "esquerda" alegar que "pelo menos alguma coisa fizemos, será que somos piores que vocês?", e raciocínio que por aí passa... Estão colecionando ondas de lama sobre o cucuruto com esse discurso.

Mas o bloqueio mental, a cegueira decorrente do fanatismo e da patologia do poder é tal, que muitos ainda não se aperceberam disso; não cabe mais o discurso do menos ruim ou das políticas pela metade, não convence a tentativa de o PT, hoje, tentar provar ser igual aos outros enquanto, no passado, garantia ser o partido da moralidade e da ética.

A questão de como superar os problemas estruturais da discriminação fortemente enraizados em nossa sociedade, será abordada proximamente em Pravda Brasil bem como as "políticas" do PT "equivocadas" em relação às minorias, especialmente povos originários contra quem o dilmismo e o lulopetismo foram os mais crueis desde a dita "redemocratização" do País (segundo relatórios oficiais, e isso tudo será exposto particularmente agora, em tempos que Luiz Inácio, fora de época contrariando a lei, faz campanha presidencial Brasil afora com direito a hipócritas abraços exatamente nos povos originários, como se deles fosse o "padrinho político": demagogia é sua marca registrada, o cinismo está no DNA da cúpula petista).

Posto isso, que se conclua mais este comentário afirmando o óbvio: a ascensão de um grupo de péssimo gosto como o MBL e outros do mesmo espectro deve-se à ignorância e inércia, a todas as mesquinharias, politicagens e antivirtudes de uma "esquerda" esclerosada, que às próprias virtudes dos movimentos de direita.

As expressões fisionômicas anais e verbais no mais absoluto estado de frangalhos de nossa outrora tão altiva "esquerda", diante de cujos semblantes e paupérrimos discursos não se sabe se ri ou se chora, dizem mais que mil palavras nestes tempos sombrios que andam revelando muita baixeza e podridão no Brasil - nada novas, porém muitos se recusaram historicamente a enxergá-las, e continuam, mesmo neste preocupante momento de incertezas, recusando-se a fazer a urgente autocrítica em nome de "prioridade é ganhar a eleição", nas palavras da própria presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann que, ao assumir o posto em abril deste ano, disse não ser este o momento de autocrítica com vistas exatamente às eleições, "não podemos dar armas ao inimigo [através da autocrítica]", disse a senadora petista pelo Estado do Paraná.

A história, que costuma se repetir como farsa ou como tragédia, poderia ensinar neste momento mas a díspar arrogância e os ferozes interesses político-partidários - sempre eles! - têm falado bem mais alto, escancarando as velhas e envelhecidas alas ao festival tragicômico sem fim deste País, que parece irregenerável.


"Vareio" do MBL sobre "Esquerda": Me Bate que Eu Gosto, até Quando?

8 de novembro de 2017 / Publicado em Pravda Brasil


Tem sido tragicômico o verdadeiro "vareio" que a "esquerda" brasileira anda levando daquele japinha do Movimento Brasil Livre (MBL), cidadão de péssimo nível intelectual e de uma moral no mínimo nebulosa, assim como o próprio agrupamento que lidera.

Cheio de jogo de palavras, a mais baixa persuasão que monta loucuras políticas, sociais e econômicas atráves de fatos muitas vezes reais porém completamente fora de contexto e cheio de ironia que só engana os mais incautos, o japa acumula patéticas vitórias, uma atrás da outra nos "debates" além de colocar seus vencidos da "esquerda" em uma situação de claro desconforto, dando a forte impressão de que estes cairão das cadeiras a qualquer momento - senão mesmo que a própria cara haverá de desabar diante da fluência engonosa dessa jovem liderança de direita que, no que diz respeito à manipulação dos fatos, faz lembrar, sem nenhum exagero, as técnicas de propaganda nazista.

Diante disso, há os que acabam sendo agraciados por "imprevistos" para não comparecer a esses "debates" com o ser em questão. Será este mais um sinal dos tempos e da mentalidade tupiniquim que governo NENHUM se preocupou em mudar neste País, pelo contrário, incentivou a fim de se manter no poder desde que Cabral aqui desembarcou há 517 anos? Sempre se dá com os burros do poder n'água quando se "esquece" de educar a sociedade: quando mais se precisa das massas, elas não estão imbuídas do senso cidadão que se desenvolve dia a dia.

Ou será mesmo que políticas progressistas são inviáveis, e os sucessivos triunfos do MBL nos "debates" evidenciam exatamente isso? Ninguém, nestes três anos de existência do movimento neoliberal, teve a imaginação de lembrar ao japa que o próprio FMI considerou, no ano passado, o livre-mercado irrestrito inviável, retrógrado, forte gerador de desgualdades sociais.

Em cima disso, lembraríamos as contradições deste sistema fajuto que não deu certo em lugar nenhum do mundo - e o "comunista" FMi explica isso muito bem, especialmente aos caçadores de bruxas da direita tupiniquim (leia Neoliberalismo: Críticas do FMI e Despolitização da Sociedade Brasileira; role a tela). Porém, a lerdeza de nossa "esquerda" em entrar minimamente nestes questisos nos "debates" é assombrosa, e nem poderia ser diferente tão ocupada que está em interesses polítiico-partidários, trancafiada em entendiantes e inócuos "debates" políticos internos, sempre limitando-se a falar a si mesma, negando-se até a morte a oxigenar-se e aproximar-se realmente da sociedade, como um todo.

Outros pontos que evidenciam a mais profunda ignorância do tal de MBL dizem respeito à reforma agrária, que tão veementemente condena, e a defesa irredutível à privatização da Petrobras. É muito simples desfazer a narrativa do MBL neste sentido, quem tanto defende a política e a economia dos Estados Unidos como modelo mundial: aquele país, para dstribuir riqueza e crescer economicamente realizou, no século XIX, exatamente uma profunda reforma agrária, e no segundo caso, não apenas os norte-americanos mas todos os países do globo, com economias desenvolvidas ou não, jamais retiram petróleo das mãos do Estado para entregar o "ouro negro" a particulares - muito mnos estrangeiros como o Brasil vem fazendo atualmente. Portanto, sob verniz da modernidade, o que o MBL propõe reprsnta um retrocesso reconhecido internacionalmente.

O tal "jornalismo de esquerda" que deveria ser o da verdade dos fatos, mas não o é por óbvias questões oportunistas, trata-se do maior exemplo do nefasto diálogo esquizofrênico, isto é, consigo mesmo. Um exemplo bastante prático desse antijornalismo disfarçado oportunistcamente de alternativo e de paladino da verdade: alguém pode imaginar que o autodenominado "jornalismo de esquerda" - com isso deixando implícita a ideia de que fala para determinado segmento, e não para a sociedade como um todo (= sectarismo) - é capaz de, no caso de algum acerto político de figuras tétricas (para dizer o mínimo) como o prefeito paulistano João Dória, o elogiaria ou sequer noticiaria tal feito, enquanto no caso de um dos políticos de estimação desse setor midiático (em enorme medida do PT), o criticaria na mesma medida que faz com seu oposto conforme reza a cartilha do bom jornalismo? Aí estão os tais meios para serem consultados, e responder por nós.

Pois tal prática do antijornalismo não contribui em nada à democracia, ao debate que tanto importa aqui e, logo, à consumação de uma liderança realmente popular que vá além dos indecentes conchavos políticos e econômicos de Luiz Inácio, considerado por muitos deste setor um "gênio tático" que não passa de 35% de aprovação hoje, e beira os 50% de desaprovação. E eis uma "esquerda" feliz e satisfeita, acomodada com isso tudo: nada mais patético!

Que se ressalte: ainda que os índices de popularidade de Luiz Inácio fossem atualmente tão altos quanto alardeiam petistas e aliados à "esquerda", e à direita como Renan Calheiros, Eunício Oliveira, José sarney e outros desta corja do cinismo ilimitado, o argumento já seria frágil pois tio Adolf, apenas para dar um exemplo, gozou de apoio massivo da sociedade alemã: nenhuma evidência de democracia nisso, nada que legitime um pretenso colete á prova de críticas, nada mais patético especialmente partindo de um agrupamento que se dizia moralizador das instituições democráticas, engajado em transformar o Brasil em algo decente a começar na própria política.

Antes de passar algumas receitas tão simples quanto, reconheçamos de antemão, insuportáveis à "esquerda" politiqueira, dessituada, inerte, apática, mesquinha, vale apontar que nas redes sociais o MBL publica diversos vídeos contendo trechos editados desses "debates" que, não sempre mas muitas vezes, descontextualizam e cortam amplamente as afirmações de seus adversários e, em cima disso, exibem apenas partes tendenciosamente selecionadas das declarações do nissei assim como faz com todos os seus membros, em praticamente todos os embates.

Isso, além das notícias falsas (ou "fake news" para os mais chiques) nas quais o movimento é mestre insuperável neste país através dos meios que controla, cuja origem do financiamento é bastante obscura tanto quanto as origens dopróprio MBL e sobre as quais o japa sempre desconversa quando questionado, como por exemplo se deu com o jornalista Ricardo Kotscho no debate promovido pelo jornalista Heródoto Barbeiro em julho deste ano: nestas circunstâncias, o japinha perde completamente a fluência, o tom descontraído e até divertido dando sempre uma engasgada enquanto fala em um inicial grupo de "moleques liberais", repete a dose dos gaguejos se perguntado novamente, até mudar de assunto sagazmente sem nada especificar.

O que a "esquerda" precisa fazer para começar a sair dignamente desses "debates" é dar-nos a oportundade de retirar aspas em todas as vezes que devemos nos referir a este vigarista espectro político que se esconde atrás de uma falsa polarização direita-esquerda, ou mais precisamente PSDB-PT. Vigarista porque as críticas do segundo agrupamento apenas valem enquanto oposição, perdendo completamente a validade uma vez no poder tanto que hoje o PT e seus fieis aliados, que sempre se venderam como diferentes para melhor, portadores exclusivos da nobre missão de tornar o Brasil decente, atualmente tentam a todo o custo provar que são iguais aos outros - sem muito sucesso.

E é exatamente nesta "fragilidade" (= descaramento) que o líder do MBL se apoia, muitas vezes cheio de razão dando um nó em seus oponentes, usando os próprios argumento destes (dadas as circunstâncias, atuais e históricas, excessivamente cínicas) para contradizê-los e até desmascará-los. Ninguém percebeu ainda?

Por exemplo - e que se veja nisto o quanto é desgraçada a situação de nossa "esquerda" - o japinha do MBL condena duramente os lucros dos banqueiros na era petista no governo federal, os maiores da história deste País: dizer o quê, não?!

As receitas são simples muito não apenas para começar a fazer menos feio nos "debates" como também, e principalmente, a fim de apresentar um túnel para que, em seguida, possamos tentar avistar alguma luz em seu final enquanto, talvez, ainda haja tempo faltando pouco menos de um ano para as próximas eleições presidenciais: antes de mais nada, criar vergonha na cara o que tornará possível o passo seguinte, isto é, desvincular-se do PT, deixá-lo à vontade, livre de críticas e de toda a sorte de empecilhos em seu avanço nas alianças com golpistas e megaprocessados (de direita e "esquerda"), a fim de constituir uma esquerda autêntica neste País que apoie um candidato verdadeiramente popular.

Ou segue mergulhada no vira-latismo que a marca, com um único projeto de País que é a retomada do poder baseado em "política é assim mesmo", "todo mundo faz", "precisamos nos contradizer para nos manter no poder", sem nenhum contrangimento aliando-se (de novo!) às oligarquias golpistas e megaprocessadas além de apanhar, sem piedade e nem poderia ser diferente, dos pimpolhos de péssimo gosto do MBL neste País falido, que alcançaram tal projeção justamente em cima do vácuo escancarado pelas antivirtudes de nossa "esquerda".

É público e notório que parte da grande mídia promove este e outros grupelhos similares de origem bastante questionável, mas a "sova" que a "esquerda" anda levando delas não é culpa da imprensa, na essência. Nada mais patético!

Mas a síndrome de vira-latas é assim mesmo, conforma-se obedientemente com qualquer coisa bastando um punhadinho de migalhas, para tapar o sol da realidade brasileira com a eterna peneira da hipocrisia. Me bate que eu gosto! Até quando, "esquerda" tupiniquim? Vão dar com os burros do poder n'água - de novo, e se é que conquistarão seu projeto de País, isto é, angariar votos e retomar o poder, nada mais que isso.


Malabarismos Políticos do Cão Arrependido e Novo Autgolpe do PT

Sociedade polarizada pega-se em ódio, alimentado também pela mídia em geral; Luiz Inácio tenta, precariamente, retomar aspecto de esquerda enquanto, nos bastidores da politicagem mais baixa, alia-se a velhos algozes. Alguém já viu chihahuas e iorque-cháiars perdidos pelas vias públicas, lambendo as botas de quem os chuta? Não, porque só os vira-latas fazem isso - e a "esquerda" brasileira esclerosada, esquecendo-se na prática da retórica do "mais fino pedigrí". Novo autogolpe do PT prenuncia naufrágio ainda mais profundo da frágil democracia no país do vira-latismo mais gritante onde "todo mundo faz", esperando que todos se conformem e até apoiem a jogatina canalha

14 de outubro de 2017 / Publicado em Pravda Brasil


Enquanto a sociedade brasileira literalmente se pega, fortemente polarizada cujo "racha" é intensificado pela "esquerda" que embarca, oportunisticamente, no maniquesísta discurso "ou estão ao nosso lado, ou estão contra nós", eis que não a mídia "alternativa" mas a grande mídia noticiou, no último dia 8, que o Partido dos Trabalhadores (PT) pretende abrir mão do lançamento de candidatos próprios a governador em até 16 estados nas eleições de outubro do ano que vem, para apoiar, entre outros, partidos como PMDB, PTB e PSB, que atuaram para derrubar a ex-presidente Dilma Rousseff no golpe jurídico-parlamentar-midiático-empresarial do ano passado.

Tudo isso em nome da "luta contra a ofensiva da direita", e para que o "gênio político", Luiz Inácio, tenha espaço em palanques regionais. Que maravilha! Afinal, todo mundo faz, não é mesmo? Além do mais, a estrutura social, política e econômica brasleira - os críticos "incautos" não entendem nada disso, são ingênuos ou oportunistas! - não permite decência na política, enfim, é assim mesmo no Brasil! E ainda: como o dito-cujo é nordestino, origináro da roça, torneiro mecânico aposentado, sem estudo (apesar de todas as oportunidades e tempo livre que teve ao longo das muitas décadas, e ainda tem), seu partido ostenta "trabalhadores" no nome cuja bandeira é vermelha, não deve se tratar, aqui, de politicagem mais baixa como quando a oposição está em questão nas análises, é claro: preconceito ao revés? Pois é.

Este primeiro malabarismo do "esquerdista" arrependido de hoje que, na Presidência, arrancava aplausos e gargalhadas de auditório oligárquico ao achincalhar mentalidades exatamente de esquerda, qualificando-as de enfermas, vem confirmar as impressões expostas de alguns meses para cá nesta página: O PT hoje recusa autocrítica, como sempre fez, mais que por mentalidade rasa: o autogolpe impossibilita encontro com a consciência; e mais: o caminho deve permanecer livre para as jogatinas políticas, que seriam inviabilizadas exatamente com a autocrítica que a presidente do partido, Gleise Hoffmann, rejeitou logo que assumiu a direção do PT em junho deste ano, alegando que "forneceriam armas ao inimigo". Nada mais maquiavélico, e aí estáo as evidências, semana a semana, de que nada mudou no neo-oligárquico PT cujo único "projeto" é angariar votos e retomar o poder - entre o povo, que se peguem em nome de "esquerda"-direita! Direita sem aspas, aliás para quem ainda não entendeu, pois esta, com toda a sua baixeza moral e intelectual, consegue ser bem menos indecente com os seus...

A justificativa de que alianças indecentes são fundamentalmente necessárias por "não haver outro jeito no Brasil", são o ápice do denominado vira-latismo societário ao assumir que o Brasil é "assim mesmo", irremediavelmente corrupto legitimando o "todo mundo faz". Alguém já viu chihahuas e iorque-cháiars, perdidos pelas vias públicas, lambendo as botas de quem os chuta? Não, porque só os vira-latas fazem isso - e a "esquerda" brasileira esclerosada, esquecendo-se na prática de sua retórica do "mais fino pedigrí". E este cenário sombrio, que sempre esteve na cara que nunca mudaria envolvendo tal setor, evidencia também que a defesa disso tudo tem sido a uma pessoa, jamais a ideias e projetos (= personalismo).

Outro argumento em defesa desta politicagem de praxe do PT, embarca no mito democrático criado no Brasil valendo inclusive o patético titulo de "gênio político" a Luiz Inácio por parte de militantes, e "jornalistas" simpatizantes a este partido de centro-direita que engana cada vez menos gente: democracia não é isso, "negociar" com o que existe de pior na política, abrindo mão de suas promessas eleitoreiras traindo, assim, o eleitorado; democracia nada mais é que o sistema da participação popular e da criação de direitos. Neste caso específico, o que o neo-oligárquico PT menos faz é dar ouvidos ao que pensa e deseja a sociedade para a vida política do País.

Portanto, em uma democracia autêntica inclusive alianças políticas devem encontrar limites, com base na coerência e na decência tanto quanto aquilo de melhor que o ofício jornalístico pode fazer em defesa da democracia autêntica não é virar o canhão informativo um espectro político e defender ou "poupar" outro de certas informações, ocultando as que não lhe são politicamente interessantes. O jornalismo realmente comprometido com seus quatro princípios - ética, imparcialidade, objetividade e transparência -, para além dos anúncios publicitários que cada meio faça de si mesmo, defende a verdade dos fatos imparcialmente em favor da democracia, sem selecionar notícias de acordo com o político em questão - e o espectro que se credita a este político, ou que ele credita a si mesmo segundo as conveniências do momento. Isto sim, caracteriza uma mídia efetivamente alternativa em contraposição às duas faces de uma mesma moeda politiqueiro-midiática, que preponderam na praça tupiniquim.

Posto isso, trata-se no mínimo de muito cinismo alegar que as únicas culpadas pela falta de interesse e até ojeriza da sociedade à política são as classes dominates do País, incluindo a grande mídia: com toda a razão, muitos basileiros estão fartos desta bandalheira desgraçada disfarçada de democracia repleta de demagogias, nas quais Luiz Inácio e seu PT de centro-direita são mestres.

Quanto à observação no início, de que a notícia foi dada apenas pela grande mídia, não se trata de observação em defesa desta, muito pelo contrário; porém, mais uma constatação de que, na maioria dos casos, a "moeda midiática" brasileira é uma só, possuindo nada mais que duas faces diferentes. E a ferocidade da briga politiqueira é bem mais acentuada do que se imagina, havendo inclusive muitos jornalistas empesteando a mídia "alternativa" entre negócios pessoais com o PT enquanto jornalista realmente independente neste País, geralmente, é um morto de fome em potencial vivendo, se não bastasse, entre o fogo cruzado da raivosa sociedade polarizada, também, pelo combustível deste setor midiático oportunista com seu apelo maniqueísta. A que ponto anda-se chegando no Brasil, em nome de interesses político-partidários, não?! Que clamorosa vergonha!

O segundo malabarismo politiqueiro de Luiz Inácio na semana que passou, mais um político que nada tem a dizer a não ser palrar muita persuasão precariamente elaborada em laboratórios de márquetim político, deu-se em nome do "feminismo": nada mais oportuno nesta hora em que o cão (de pedigrí) arrependido voltou a ser de esquerda, após a farra diante dos privilégios do poder. Mais um ato de redenção do fllho pródigo da "esquerda" nacional, no último dia 7, acabou desagradando até as militantes petistas (não havendo espaço, evidentemente, na mídia "mais democrática" deste País): tentando jogar a bola para a mulherada, o grande heroi da "esquerda" tupiniquim disse que "a palavra 'cuidar' é mais pertinente [do que 'governar']". Para Luiz Inácio, um partido como o PT deve "cuidar do povo". Enquanto governante em um Estado de direito deve representar, eis aí mais um exemplo da mescla de falta de noção política deste "gênio político" aos setores afins, demagogia e o próprio personalismo, observado mais acima.

O incômodo das militantes feministas começou a mudar quando Luiz Inácio afirmou que o Estado deve fornecer creches às mulheres, para que trabalhem e façam política. Notando mal-estar na plateia, que qualificou a fala de machista, o ex-presidente retomou o rumo dizendo que, conforme a mulher conquistou espaço no mercado de trabalho, "falta o homem conquistar espaço na cozinha". Ao dizer que a mulher tem mais jeito para a política porque sabe "cuidar" - algo que, para ele, "vem da maternidade" -, uma militante reclamou: "tá piorando".

"Como a gente vai despertar na cabeça da mulher [a participação política]?", disse Luuiz Inácio. Mulheres que estavam ao fundo se queixaram, dizendo que não é preciso despertar a cabeça delas. Para a militante do movimento social de mulheres Irani Elias, do Recife, a falta de participação da mulher na política é uma questão de estrutura do poder, não de voluntarismo. "Tem coisas que a gente não concorda com a fala dos homens e isso também inclui o presidente Lula", disse ela, que tentou interromper o discurso aos gritos diversas vezes.

Enfim, não resta mais nada à "esquerda" tupiniquim senão engolir, bem quietinha como tem tentado fazer na medida do possível, os pimpolhos do MBL de péssimo nível intelectual, pois se acentuarem o tom nas críticas estarão, naturalmente, enfiando-se ainda mais profundamente no boeiro da história ao reconhecer, implicitamente, não possuir condições morais nem intelectuais de apresentar nada melhor em cujo vácuo o grupelho se meteu, enquanto a tal de "esquerda" sectária e dessituada ocupa-se em interesses político-partidários, em suas mesquinharias trancafiada nas teorias políticas (de péssimo gosto) tentando ainda justificar os históricos abraços de Luiz Inácio em Sarney, Collor, Maluf, Temer, entre tantas outras figuras tétricas nada aprazíveis à democracia brasileira - mais recentemente, até em Calheiros!

A tempo: não apenas o brucutu Bolsonaro, mas o próprio MBL de péssimo gosto é bem menos indecente com os seus, que Luiz Inácio e grande parte da "esquerda" tupiniquim. Repita-se hoje e sempre: se nunca houve nenhuma dúvida entre morrer de pé ou viver de joelhos, mas este último setor optou por morrer de joelhos, não esperem unanimidade agora. Foi sua opção não apenas sem hesitar, mas outorgando-se ainda o direito de atacar ferozmente todas as críticas que garantiam, ao longo de quase uma década e meia, que se daria com os burros do poder n'água.

Este novo autogolpe petista que se desenha claramente nos nebulosos céus brasileiros, e que vai se intensificar especialmente se o poder for retomado (jogatina que se intensificará, inclusive, em comparação aos mandatos petistas anteriores), acabará mal, de novo...


Onde Está a "Esquerda" Brasileira com "Pedigrí"?

Cara e coroa da moeda politiqueira tupiniquim possuem face reacionária, na essência. Todavia, pretensos
"chihuahuas" e "iorque-cháiars" à "esquerda" são bem mais cínicos, além de morderem brabo, convenhamos...

29 de setembro de 2017 / Publicado em Pravda Brasil


O festival de corrupção e politicagem mais baixo enraizado, sim, no Brasil, não tiveram início em 2003 quando Luiz Inácio assumiu a Presidência, longe disso e bem ao contrário da ideia passada pelos grandes meios de comunicação, pelas ignorantes e devastadoras elites deste País, e até pela "Justiça" brasileira, altamente discriminadora (especialmente contra o 3P).

Contudo, desde então o País assiste a "mais do mesmo" histórico e com um interessante detalhe, que não pode mesmo cair no esquecimento nem se fingir que não é percebido - se é que o Brasil ainda espera algum conserto em contraposição a este concerto ridículo: à "esquerda"!

Pode-se dizer também, com bastante certeza, que envolvendo este setor o cinismo é bem mais gritante - insuportavelmente gritante. Haja vista a agressiva esquizofrenia contra as diferenças causada por tal setor - ainda que as críticas sejam, nos dias de hoje e quando usurpava o poder, idênticas àquelas feitas pelo próprio PT enquanto oposição. É tão desesperador este fato quanto a realidade indisfarçável que personagens como Jair Bolsonaro são bem menos indecentes com seu próprio eleitorado que muitos desses ditos de "esquerda", especialmente o setor a ser abordado a seguir.

Repressão a movimentos sociais, término do genocídio contra povos originários, nem sequer proposta de reforma agrária, precarização crônica do trabalho como sempre foi, saneamento básico, saúde, segurança e educação públicas tragicamente abandonadas, milhões e milhões de reais anuais despejados como jamais antes sobre uma grande mídia nunca regulada (a mesma grande midia ferozmente atacada hoje pela "esquerda de raça"! Cínicos!!), bilhões e bilhões de lucros aos grandes bancos e outras tantas bilhões de divisas que evadiram anualmente, como jamais antes...

Tudo isso e muito mais em nome da "governabilidade" do PT: afinal, como se tratava do "nosso governo", a imbecilidade que fazia dos ouvidos alheios um verdadeiro penico esborrifava que, exatamente isso tudo, decorrência natural de abraços físicos, políticos e morais em certas figuras da política e do alto empresariado nacional, eram grandes exemplos de... "democracia" (!).

Luiz Inácio é "um gênio político". (Parágrafo dedicado apenas a mais esta grande sacada da teoria política "progressista" brasileira).

No "raciocínio" dessa gente - sectários de plantão que, recentemente, levaram o devido e previsível bico nos fundilhos dos ex-"companheiros" (peemedebistas, demos, etc) e do próprio povo, o qual os gozadores dos privilégios do poder nunca se preocuparam em politizar mas apenas transferir migalhas de renda e imbecilizar -, a sucessão de tragédias políticas, sociais e econômicas - que faziam da economia brasileira uma bolha prestes a estourar, e o próprio "governo" vulnerável ao ódio político - eram justificadas na "profundamente democrática capacidade de negociar" de Luiz Inácio.

Por exemplo no Equador durante o governo de Rafael Correa (2007-2017), determinados movimentos sociais exerceram forte oposição ao govrnista Alianza País pela indiscriminada extração recursos naturais, pelos grandes lucros dos banqueiros entre outras medidas nada à esquerda; porém, asisim como outros governos da região - em cuja Revolução Bolivariana o PT tenta oportunisticamente embarcar, declarando-se pertencente a tal grupo -, além de ganhos sociais inquestionáveis não se tem praticado alianças baixas, longe disso as quais no caso tupiniquim, com histórico tão oligárquico e opressor quanto as outras nações em questão, soam como piada de péssimo gosto em qualquer lugar do mundo. E dentro de casa, geram ainda mais ojeriza societária à política sobre a qual embarcam, é claro, as elites a fim de aplicar um golpe militar.

Assim, a sucessão de horrores pós-2003 que marca este País por 518 anos e que, antes daquela data, tanto indignava tais setores, já não causava mais indignação. Mas o furor, sim, era e ainda é - sem ter tirado nenhuma lição dos rotundos fracassos - levantado quando se sentia e se sente os interesses do partido em questão, outrora dominante e dominador, "ameaçados" pelas críticas. Ou seja: o poder e não a sociedade, era o centro das atenções. Nada mudou.

Tudo já se tornava natural: a aliança do então presidente Luiz Inácio com ele, ele mesmo, o senhor engenheiro, doutor Paulo Maluf (repetida nas eleições municipais de São Paulo no ano passado, quando o defunto do golpe parlamentar-jurídico-midiático ainda estava fresquinho); ''quero fazer justiça ao Collor'', noticiava-se - não através da mídia "alternativa" e "independente" deste País, mas da grande mídia - em julho de 2009: "Lula agradeceu Collor pelo apoio que tem prestado ao governo no Congresso e chegou até mesmo a comparar seu nome ao do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961). Sorrindo e trocando abraços, após terem viajado juntos no avião presidencial, o Aerolula, nada neles lembrava o fato de já terem sido inimigos políticos, dos mais ferozes"; a escolha de ninguém menos que Michel Temer para ocupar a vice-presidência da República e a indicação dele, dele mesmo, José Sarney, ex-presidente da Arena, partido da ditadura militar, para presidir o Senado logo em 2003 (até 2005, para depois retornar em 2009, empesteando a Casa sob auspícios petistas até 2013). E que se repita: um abraço admirado em aliança com Bolsonaro - que, com toda a razão, causa tanto horror na "esquerda" - não será agraciado por Luiz Inácio, até que aquele aceite efetivá-lo.

E nem poderia ser diferente: "Passado é passado", disse no segundo mandato presidencial Luiz Inácio sobre revogação da Lei de Anistia a ex-ditadores militares perpetradores de crimes de lesa-humanidade no Brasil, condenado até pela OEA pela impunidade neste caso - único no mundo a não julgar ex-ditadores. Porém, em tempos de poder, altíssima popularidade e baixíssimas taxas de rejeição (ao contrário do que ocorre hoje), tudo isso passava desapercebido - e deveria passar, sob ameaça do rótulo de cão vira-latas a qualquer um que apontasse que as coisas não iam tão bem, e que poderiam acabar muito mal...

São estes "apenas" (desgraça pouca é sempre uma grande bobagem neste País onde habita uma "esquerda" do mais fino pedigrí, altamente intelectualizada, cheia de brios!) de alguns banhos de democracia que a cúpula petista exportou ao mundo!

Embora recheado de retóricas das mais vazias como "modernizar de acordo com o século 21 a "esquerda' nacional" (sem dizer como nem por quê, o que implicaria necessariamente auto-crítica que o PT não quer por nada fazer), as quais apenas os incautos sub-produzidos pela cúpula petista e seus ferrenhos defensores de interesses político-partidários podem alegremente aplaudir, o projeto do PT hoje é ainda mais precário que em 2002: nada mais que retomar o poder já que, às vésperas das primeiras eleições presidencias vencidas pelo PT, Luiz Inácio e seus "companheiros" ainda faziam mais uso da capacidade da mentira deslavada ao, pelo menos, incluir algum projeto.

É também deste iorque-cháiar da política nacional, a seguinte célebre filosofia sócio-política noticiada em dezembro de 20015 pelo jornal Folha de S. Paulo:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) arrancou, na noite desta segunda-feira, risos e aplausos de uma platéia formada por empresários e intelectuais ao, de certa forma, desmerecer a esquerda brasileira. Segundo ele, trata-se de uma ideologia típica da juventude.

"'Se você conhece uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque está com problema' [risos e aplausos]. 'Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também está com problema', afirmou o presidente depois de receber o prêmio 'Brasileiro do Ano' da revista IstoÉ.

Lula explicou que, em sua opinião, as pessoas responsáveis tendem a, conforme amadurecem, abrir mão de suas convicções radicais para alcançar uma confluência. Tal fenômeno ele classificou de 'evolução da espécie humana'.

"'Quem é mais de direita vai ficando mais de centro, e quem é mais de esquerda vai ficando social-democrata, menos à esquerda. As coisas vão confluindo de acordo com a quantidade de cabelos brancos, e de acordo com a responsabilidade que você tem. Não tem outro jeito'".

Contactada por esta reportagem, a Friba, líder da Associação das Mulheres Revolucionárias do Afeganistão (RAWA, na sigla em inglês), classificou lá da capital afegã de Cabul as observações acima de "vergonha, mesmo!". Pois será que o mundo todo perdeu, completamente, a noção da realidade, restando apenas à nossa "esquerda dálmata" o pleno entendimento de teoria política? Se sim, por que nos encontramos nesta situação, não? Freud explicaria mais esta exótica matemática à brasileira, diante de uma "esquerda" que insiste em se vitimizar da maneira mais cínica?

Sem a menor intenção de ofender a dignidade dos chihuahuas da plateia tupiniquim à "esquerda", que modernização de que esquerda, Luiz Inácio? Ou será que, de acordo com a mais recente cartilha da teoria política elaborada pelos tão polidos lordes de nossa "esquerda", questionar também é algo... desagradável demais? Lembremos que uma das mentalidades mais respeitadas por nossa "esquerda", o militante petista Emir Sader qualificou em 2014 ativistas do Movimento dos Trabalhadores sem Teto, que protestavam em São Paulo pelos despejos em favor das pompas e segurança da Copa do Mundo da FIFA, exatamente de cães vira-latas. Com um detalhe: o prefeito da capital paulistana de então era o também petista Fernando Hadda,.

Pois desde 1985 o Brasil nunca correu tanto risco de sofrer mais um golpe militar quanto nas últimas semanas, o que na verdade sempre esteve latente, na pauta das elites, enquanto Luiz Inácio desfilou abraçado harmoniosa, fraternalmente com um dos mentores do golpe paramentar-jurídico-midiático contra a "companheira" Dilma, exatamente ele, Renan Calheiros! Por cujo cacique alagoano Luiz Inácio (segure na cadeira!) manifestou... profunda admiração!

Desde o golpe de 2016, o PT vem formando alianças Brasil afora exatamente com o PMDB de Calheiros, Michel Temer e Eduardo Cunha. Outro fato que, lamentavelmente a fim de prestar mais um desserviço à "democracia" nacional, grande parte dos meios "alternativos" não noticia. Neste cenário caótico reclamar pelo quê, envolvendo a grande mídia de imbecilização das massas?

Onde está a "esquerda" dona de nobre pedigrí deste País? Em lugar nenhum a não ser elaborando suas teorias e marquetim político pois não há nada nobre nisso, não há vergonha na cara, com raras e honrosas exceções não há "esquerda" tanto quanto não há movimento social que interesse no Brasil, se não atender os mesquinhos interesses de um bando de falsários da política, estes sim: apáticos, inertes, dessituados, sem a menor capacidade de indignação e de reação, tudo isso decorrente, exatamente, da baixíssima auto-estima estampada na coroa da moeda tupiniquim. E que se salve quem puder!

Pela irreflexão, também consequência da sede pelo poder, Luiz Inácio não apenas é vendido como salvador da pátria como é a única alternativa apresentada pela "esquerda"; sua incapacidade em produzir mais líderes ao longo de todo esse tempo, e uma alternativa que fosse realmente popular, apenas justificam o uso de aspas para esquerda brasileira que, no caso particular do PT e seus aliados, nunca se preocupou em fazer a economia forte a industrializando (embora programas assistenciais sejam fundamentais pela urgência, não se pode ficar limitado a eles como o PT se manteve), nem em educar a sociedade (cotas raciais universidades são imprescindíveis tomando nosso contexto histórico, mas não como medidas definitivas como fez o PT, o qual se "esqueceu" de investir em educação basica e em faculdades federais): surgiu o momento que mais se precisou da sociedade conscciente e ativista, especialmente de junho de 2013 para cá, sem todavia receber nenhuma resposta enquanto o partido neo-oligárquico em questão insiste em se aliar ao que há de mais corrupto na vida politica e econômica do País.

A economia caiu. O PT junto. Porém, nada muda no caráter dessa gente conforme os acontecimentos ao longo dos últimos anos - e últimas semanas - demonstram, justificando tudo em "princípios democráticos" evidenciando pela retórica, se já não bastassem os fatos em si, que no Brasil nem sequer muita noção de democracia existe - isso também, por (ir)responsabilidade da "esquerda".

Para quem não entendeu, há propostas implícitas e outras explícitas como alternativa ao País neste texto; para quem não quer entender, e muitos não querem em nome do poder pelo poder, nada adiantará se encher de dados econômicos e sociais, e fatos políticos como se tem feito nesta página. Para quem não entendeu, se o golpe paramentar-jurídico-midiático foi aplicado na mais absoluta paz pelos porões do poder, nada tendo mudado um ano e meio depois, o próximo golpe militar será aplicado sobre um mesmo cenário em relação a março/abril de 1964: pelas ruas do País, os milicos desfilando e os passarinhos cantando alegremente.

Disse certa vez Hugo Chávez: "Me lembrei [sequestrado e quase assassinado no frustrado golpe de Estado de 48 horas, em 2002] do Che Guevara, e pensei que era melhor morrer de pé que viver de joelhos". Pois se o PT e seus neocapachos optaram e continuam insistindo em morrer de joelhos, não esperem unanimidade em nome da "esquerda" (= votos e retomada do poder).

Ser brasileiro não deve significar, necessariamente, ser desprovido de vergonha na cara a ponto de sermos obrigados a aceitar passivamente o acentuado maquiavelismo petista - isso eles não podem nem vão nos impor, se não permitirmos.


Clamor do General Mourão por Ditadura e Eterno Abraço de Luiz Inácio no Capeta

XV. O BRASIL NO ESPELHO - Crônicas26 de setembro de 2017 / Publicado em Pravda Brasil e em Global Research


Se já não bastasse a sucessão de pauladas na cabeça do trabalhador brasileiro, da qual é vítima diariamente na vida cotidiana à mercê de um Estado terrorista, excludente por natureza cuja forte intolerância e ódio regional, sexista, étnico, de classe e de gênero permeiam todos os segmentos da sociedade e órgãos governamentais, nos porões do poder a "festa pobre", nas palavras do saudoso Cazuza cujo banquete é compartilhado alegremente também por Luiz Inácio, cada vez mais mostra-se desolador para não dizer mesmo desesperador.

No último dia, 15 o general Hamilton Mourão, secretário-brucutu de Economia e Finanças do Exército, afirmou que intervenção militar é a solução para a crise política instalada no Brasil. Em 2015, este mesmo general havia sido removido da chefia do Comando Militar do Sul por prestar homenagem póstuma ao coronel Brilhante Ustra, condenado por tortura.

Eis o trecho do comentário de Mourão, em que defende golpe de Estado: “Na minha visão, que coincide com a dos companheiros que estão no alto comando do Exército, estamos numa situação que poderíamos lembrar da tábua de logaritmo, de aproximações sucessivas. Até chegar ao momento em que ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou, então, nós teremos que impor isso”.

O advogado Almir Pereira da Silva, que atua na área de direito militar em São Paulo, observou em seguida: “O militar que apoiar, divulgar ou incitar o povo para participar de um golpe, afronta as leis constitucionais e infraconstitucionais, e fere de morte a hierarquia e disciplina militar, bases fundamentais do militarismo".

Pois para piorar, a situação do Brasil é tão desgraçada hoje que até para se fazer justiça, deve-se pensar duas vezes: o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse que punir Mourão significaria premiá-lo tornando-o “mártir” do intervencionismo militar. Tal raciocínio remete ao seguinte fato: se a crise política piorar e Michel Temer cair - o que está estampado que ocorrerá -, dada a "vitalidade" de nossa "esquerda", quem assumirá este País?

A resposta pode fazer pensar se não seria "menos desvantajoso" (!) ao povo brasileiro aguentar este quase fundo do poço em que se encontra até as eleições de 2018, sem grande alarde e que tenha muito boa sorte Temer e sua quadrilha - que situação! Mas o que aguarda o Brasil para a "festa da democracia" de 2018, pós-ratos na piscina - históricos aliados do PT? Está realmente complcadíssima a situação brasileira, tão grave que fica difícil pensar no que pode ser menos ruim pela frente, diante de cada acontecimento.

É aí mesmo que a porca torce o rabo, que se toca nas feridas dos ferozes combates pelos privilégios do poder de um Estado putrefato em suas estruturas, desde sempre em favor de classes dominantes mesquinhas, ignorantes e raivosas como em nenhum outro lugar do planeta diante de uma grande plateia analfabeta, sobretudo política; portanto vulnerável tanto à direita quanto à esquerda do acirramento dos ânimos, em ampla medida metida em discuss'oes por coisa nenhuma produzida por um punhado de canalhas do topo da pirâmide.

Quase um mês antes das esborrifadas do brucutu Mourão, e no aniversário de um ano da consumação do golpe parlamentar contra a "companheira" Dilma Rousseff, eis que Luiz Inácio tratou de dar mais um exemplo do porquê a maioria dos cidadãos brasileiros está totalmente desacreditada com a política: subiu ao palanque com ninguém menos que Renan Calheiros!

Recebido pelo oligarca e arquiteto do golpe parlamentar-jurídico-midiático contra a ex-presidente com muita festa nas Alagoas, o grande (e único) nome da "esquerda" não poupou a língua em favor do "companheiro" alagoano, e "rasgou o verbo" enaltecendo a "independência" e "coragem" do peemedebista!

Se em qualquer lugar do mundo este fato em contexto soa como piada, no Brasil há 517 anos mandado com mãos de ferro pelos usurpadores do poder, espera-se que seja compreendido "democraticamente". País onde democracia é sinônimo de as classes dominantes (incluindo a mídia, é claro) fazerem o que bem entenderem, enquanto as massas, sem muita compreensão nem do que seja direita e esquerda, obedecem.

Paralelamente, Luiz Inácio proclama, de maneira vazia - e a persuasão é recurso inevitável tanto quanto eficiente em um país que, muito precariamente, produziu consumidores e não cidadãos - arranca aplausos ao apontar, cinicamente, que a esquerda precisa se atualizar neste século 21, não explica de que maneira, evidentemente.

Século 21 que, aliás, foi iniciado com o mesmo arrancando gargalhada de auditório aodizer aos interlocutores oligarcas que quem passa de certa idade permanecendo à esquerda do espectro político, é doente mental (sobre isso, leia Brasil Glorifica os Iguais, a Estupidez e a Ignorância, mais abaixo). Quem se lembra?

Uma enrome parte da mídia "alternativa" brasileira, fiel publicitária dos comícios de Luiz Inácio pelos rincões do País, neste caso das Alagoas (evidenciando o porquê de se dedicar espaço, entusiasticamente, apenas a um candidato assumidamente em campanha presidencial, o que fere os princípios jornalísticos baseados na objetividade, transparencia, ética e imparcialidade), obviamente "deixou passar": não cabe no panfleto lulista o abraço fraterno, respeitoso, admirado de Luiz Inácio exatamente nele, em Renan Calheiros. Afinal, nem todas as traquinagens do líder petista pelos rincões do Brasil, valem ser noticiadas.

No caso específico deste setor midiático-panfleteiro, as observações da jornalista (socialista) norte-americana Rheta Childe Dorr (1868-1948) em seu livro Inside the Russian Revolution (Por Dentro da Revolução Russa), escrito em plena Rússia em 1917, em meio à "Revolução" no qual aponta a tirania do novo governo dos sovietes e as manipulações midiáticas a partir de então, encaixam-se perfeitamente no contexto brasileiro "alternativo": "A censura à imprensa, hoje, é rígida e tirânica como no auge da autocracia, só que um tipo diferente de notícia é suprimido” (grifo nosso). Alguém tem alguma dúvida?

Pois em antecipação aos certos ataques petistas a esta observação que se vale da liberdade de expressão, refresquemos tais mentes recordando que foi em nome dessa mesma liberdade que, há um ano e meio, os petistas deram início (com toda a razão, e tarde demais) à demonização de Calheiros e de todo e qualquer cidadão que o defendesse - assim como de Temer, o mesmo que o PT havia escolhido a dedo, e a quem tanto defendeu das críticas dos "esquerdistas utra-radicais". Quem se lembra?

Quanto à justificada aversão da sociedade brasileira em relação à politica, perfeitamente compreensível, vale apontar que reeleita em 2014, Dilma tratou de amplificar tal rechaço ao colocar em prática, logo no primeiro dia na Presidência em janeiro do ano seguinte, o programa de governo de Aécio Neves, outro ser tido (com razão) como crápula por petistas e seus fantoches baratos que vendem a consciência, a dignidade e o futuro do Brasil por... sabe Krishna o quê!

O grande equívoco de muitos brasileiros - e nisto o PT e as elites (também midiáticas) têm grande culpa - diante de tal aversão, é apontar uma saída rumo ao retrocesso da ideologia do berro, da imposição pela força e do entreguismo nacional, enquanto a solução é clara e unica: mais democracia.

Em todo e qualquer país do planeta, ex-ditadores, perpetradores de crimes de lesa-humandade têm sido condenados, ainda que seus mandatários sejam de direita em determinados casos. O Brasil não se detém no festival de chamar a atenção mundial, negativamente.

Na realidade, desde a "redemocratização" brasileira em 1985 - tão fajuta e providenciada pelo Império dos últimos dois séculos quanto o "bravo grito do Ipiranga" que nos tornou "independentes" de Portugal e mais escravos ainda dos britânicos - brucutus com o Mourão nas Forças Armadas e diversos indivíduos das classes média e alta sempre desejaram retorno à militarização do país.

E esse sentimento de inconformismo internacional, até por parte da Organização dos Estados Americanos (OEA) com a impunidade no Brasil em relação aos ditadores criminosos, amadureceu com a recusa covarde de Luiz Inácio em se abrir os arquivos da ditadura confome liberação de cabo secreto por WikiLeaks, quatro deles traduzidos, na íntegra e com exclusividade, junto do artigo Ditadura no Brasil e o Novo 'Companheiro' dos Militares, Luiz Inácio. Em um desses telegramas confidencias emitidos pela "Embaixada" (centro de espionagem) dos Estados Unidos em Brasília ao Departamento de Estado em Washington, recorda-se que o demagogo e oportunista por excelência em questão, ainda elogia os 21 anos de desmandos militares no Brasil. Em absoluta concordância com este vídeo que precede seu primeiro mandato presidencial, em que o dito-cujo desdenha a esquerda crítica de tal regime por, segundo ele, não saber compreender os anos de ditadura (!).

Publicamente, Luiz Inácio também disse que "passado é passsado", ou seja, esqueçamos todos os crimes da ditadura militar ao se referir a uma proposta de revogação da Lei de Anistia aos militares, o que jamais ocorreu.

Em abril, a senadora Gleise Hoffmann pelo estado do Paraná assumiu a presidência do PT afirmando que o partido neo-oligárquico não faria auto-crítica como jamais fizera, a fim de - aproveitando-se da atual atmosfera de incertezas polarização brasileiras - "não fornecer armas ao inimigo". Que inimigo, o povo? Uma coisa é tão clara quanto os lucros dos grandes bancos, a evasão de divisas e o financimanto da grande mídia nos anos do PT ter batido todos os recordes históricos: não interessa, como nunca interessou, auto-crítica ao PT para que ele não se torne, mais ainda agora, refém de si mesmo em sua arte de praticar a mais baixa politicagem para retomar o poder.

Diante disso, conclui-se que a única lição que os donos do PT tiraram do previsível bico nos fundilhos que levaram, é que o autogolpe de suas cúpulas ao que sempre defenderam enquanto oposição, e em campanhas eleitorais, deve ser evitado repetindo e fortalecendo os "erros" (mentiras e tramoias políticas das mais diversas) do "passado", uma realidade que nos obriga a reconhecer que mesmo Jair Bolsonaro, com todas as suas limitações intelectuais e discurso carregado de preconceito, ódio e persuasão, age de maneira mais correta com seus apoiantes que Luiz Inácio com os seus. Por questão de justiça: há outros polítiicos, no espectro político à esquerda, também, bem mais corretos com seu eleitorado que o petista em questão, e que o próprio Bolsonaro. Nem será de volta ao poder, único projeto claro do PT, que se realizará a (reconhecida, implicitamente) necessidade da auto-crítica.

Aliás: apenas não ocorreu ainda o fraterno abraço entre Luiz Inácio e Bolsonaro por recusa deste. Que se tenha certeza disto: na primeira oportunidade dada pelo segundo, o primeiro não hesitará em enojar ainda mais a sociedade brasileira em relação à política, praticando suas demagogias e evidenciando, cada vez mais, que discurso e prática andam bem distantes, dentro de seu jeitinho de fazer política, o vale-tudo em busca do poder - afinal, "todo mundo faz", não é mesmo?

O abraço em Calheiros, a "solução" para a crise política apontada por Mourão e a (ausência de) resposta da sociedade são a mais recente dentre as perfeitas marcas metafóricas históricas de um Estado indecente, completamente falido, de uma sociedade analfabeta politicamente, portanto imóvel, sem a menor autonomia reflexiva, sem capacidade de açao nem de reação, quadro secular que o PT não fez absolutamente nada para mudar a não ser patrulhar críticas - como até hoje faz - e transformar precariamente massas outrora miseráveis, em efêmeros, momentâneos consumidores em uma economia que foi por alguns anos uma grande bolha, desindustrializada, crescentemente financeirizada, diante das massas com moradias, serviços públicos - espcialmente de saúde -, saneamento basico e condições de trabalho trágicos como sempre foram. Para nem falar em educação, segurança e reforma agrária, nem sequer abordados nas campanhas presidenciais, já recheadas com o mais imbecil e imbecilizador marketing político.

Fechando (por ora) este resumo do festival da demagogia, é de Luiz Inácio (pasmem!) esta observação critica, nos idos de 2000, a perpétuos assitencialismos governamentais que acabam substituindo, exatamente, a criaçao de empregos decentes com base em mão de obra qualificada, e industrialização do país:

Lamentavelmente, no Brasil o voto não é ideológico, lamentavelmente as pessoas não votam partidariamente e, lamentavelmente, você tem uma parte da sociedade que, pelo alto grau de empobrecimento, ela [sic] é conduzida a pensar pelo estômago e não pela cabeça. É por isso que se distribui tanta cesta básica. É por isso que se distribui tanto ticket de leite. Porque isso, na verdade, é uma peça de troca em época de eleição. E assim você despolitiza o processo eleitoral. Você trata o povo mais pobre da mesma forma que Cabral tratou os índios quando chegou no Brasil, tentando distribuir bijuterias e espelhos para ganhar os índios, eles [políticos hoje] distribuem alimento. Você tem como lógica manter a política de dominação que é secular no Brasil.

Perspectivas para o Brasil são obscuras e assustadoras. E tão indigno quanto isso tudo são as históricas inércia, apatia e indiferença da sociedade brasileira que, em muitos casos, defende ferozmente a politicagem mas baixa deste país, especialmente aquela em nome da "esquerda", pura retórica servindo apenas como subterfúgio, peteca lançada pelos usurpadores do poder a fim de distrair ainda mais uma grande plateia de incautos que briga entre si, sem muita noção pelo quê...


E Então, Quem É Cão Vira-Latas no Brasil?

5 de agosto de 2017 / Publicado em Global Research (Canadá), e em Pravda Brasil


Reservas morais e intelectuais do naipe do economista Paulo Kliass, colunista do brilhante sítio na Internet da Revista Caros Amigos, foram achincalhadas nos anos do PT no governo federal.

Em junho de 2011, em uma análise do então partido neo-oligárquico no poder, Kliass observou sobre a agressividade petista em relação a toda e qualquer crítica no artigo Não ao Patrulhamento e ao Medo da Crítica:

"[Vigora hoje] a velha e conhecida chantagem do 'quem não está comigo, então é porque está 'contramigo' [sic] (...) No interior do governo, e mesmo em algumas áreas do próprio movimento social, não se compreendia que a crítica era necessária justamente para que fossem apresentadas alternativas. (...)

"Chega a ser mesmo surpreendente ler e ouvir as tentativas de algumas pessoas buscando defender o indefensável, justificar o injustificável. Quando se trata, então, de indivíduos cujo passado conhecemos e sabemos o que defendiam até anteontem, aí a coisa fica ainda mais triste ou esquisita.

"Imagino o que estariam a dizer e argumentar esses mesmos responsáveis pelo patrulhamento, caso tais políticas estivessem sendo desenvolvidas por outro governo, em um contexto em que estivessem na oposição.

"Mas agora, não! A coisa é diferente, pois se trata do 'nosso governo', como acontece de eu ouvir, baixinho por aí, de alguns ainda envergonhados pelo argumento chinfrim."

Em um passado não muito remoto, mesmo enquanto a ex-presidente Dilma (sim, em grande medida vítima de preconceito de gênero neste País reacionário por natureza) era "fritada", especialmente nos anos em que Luiz Inácio era presidente e gozava de ampla popularidade, para a caricata esquerda brasileira era inadmissível qualquer crítica à sociedade brasileira: uma simples menção crítica neste sentido valia o raivoso título de "cão vira-latas", dando a entender que o crítico sofria de complexo de inferioridade. Todos nos lembramos bem dessa chantagem psicológica, como observou Kliass.

Enquanto hoje abundam entre a própria "esquerda" brasileira delirante, no maior cinismo, as mesmas críticas à sociedade nacional que passou, repentinamente, a não prestar mais após o bico nos fundilhos do PT pela mesma oligarquia a quem ele outrora abraçou, este que escreve agora foi publicamente achincalhado quando escrevia no Observatório da Imprensa (OI) em 2013, tempos nada distantes: por observar a despolitização e falta de dedicação à leitura da sociedade brasileira em geral, um militante petista passou a fazer ataques pessoais no espaço de leitores, para posteriormente, em seu blog, voltar a atacar o autor nominalmente com fotos de cães vira-latas que, na opinião dele, retratavam a mentalidade deste que escreve. Hoje, este tipo de apontamento crítico feito uns anos atrás no OI é "fichinha" em comparação ao que andam dizendo, do brasileiro em geral, os militantes petistas.

Em outras oportunidades - quando o PT esteve no poder - tachado também por militantes petistas de reprodutor da versão da grande mídia, de desmerecedor imperialista da sociedade brasileira (!). Pois uma rápida busca nos arquivos deste autor em comparação ao que essa mesma "esquerda" anda agora dizendo, evidencia a profunda hipocrisia, o descarado mau-caratismo, jogo baixo de muitos que, quando a despolitização e falta de educação da sociedade lhes servia - quadro que o PT nunca fez nada para mudar - estava tudo muito bom, e não se toa neste assunto. Muda-se de de posição facilmente por medo, por interesses, ou por uma combinação de ambos como diz o romancista norte-americano David Zeman.

Ontem deslumbrados e raivosamente agarrados ao poder sobre seus cães de guarda, hoje desesperados pela retomada do poder, a “esquerda” nacional vive de distração em distração (ela mesma o que – agora – tanto critica na outra vertente política) tem se “esquecido” de uma questão: como é possível que, em quase dois anos após Dilma ter começado a “balançar”, não se foi capaz de projetar ou ao menos colocar em discussão uma alternativa realmente popular no Brasil em relação ao mestre na retórica, Luiz Inácio?

Note-se que uma simples menção de opção já gera a raiva de “esquerda” no País. Ou seja: a história não anda sendo capaz de dar lições ao nosso povo em geral.

Está-se há mais de um ano das eleições presidenciais – as quais nem se tem certeza que ocorrerão -, enquanto se trata a questão de “luta” por Luiz Inácio “contra” as oligarquias como se estivéssemos em outubro de 2018, às vésperas do segundo turno eleitoral diante da disputa entre Luiz Inácio e Jair Bolsonaro: excesso de fanatismo que cega o indivíduo, ou a desavergonhada defesa de interesses político-partidários segue imperando no País?

Como pode um país, e das dimensões continentais do Brasil, viver há tantos anos sob uma única “alternativa” vendida como salvadora da pátria, insubstituível na “luta” contra as oligarquias nacionais, e estrangeiras? O que o PT fez em suas bases e com os “movimentos sociais”, além de cooptá-los durante todos esses anos?

O óbvio: a fajuta esquerda tupiniquim não foi nem será capaz de sequer colocar em pauta uma alternativa popular muito mais que pela falência dos partidos políticos, mas porque as críticas que ela mesma anda tecendo à sociedade valem tanto para ela quanto para os outros segmentos sociais.

A ausência de uma sombra alternativa popular no Brasil justificam que este autor insista em destacar “esquerda” com aspas, e todos os adjetivos que, mesmo quando gozava do poder, aplicava. A saber: apática, inerte, sisuda, despolitizada, mesquinha, sectária, reacionária, rancorosa, corrupta.

Em epítome, a fim de ajudar a responder à questão derradeira, palavras do próprio Luiz Inácio a seguir, abraçado com as oligarquias as quais, nem poderia ser diferente neste País perdido, acabam gerando por parte de não poucos raiva e ódio... contra o comunicador que as divulga, e não contra o autor da gargalhada política abaixo!! Enfim, com a palavra, morrendo de rir do povo brasileiro diante das classes dominantes, a única alternativa de “esquerda” deste País em queda livre moral, intelectual, econômica e tudo o mais que a criatividade possa mandar:

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) arrancou, na noite desta segunda-feira [dezembro de 2006], risos e aplausos de uma platéia formada por empresários e intelectuais ao, de certa forma, desmerecer a esquerda brasileira. Segundo ele, trata-se de uma ideologia típica da juventude.

“'Se você conhece uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque está com problema' [risos e aplausos]. 'Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também está com problema', afirmou o presidente depois de receber o prêmio 'Brasileiro do Ano' da revista IstoÉ.

“Lula explicou que, em sua opinião, as pessoas responsáveis tendem a, conforme amadurecem, abrir mão de suas convicções radicais para alcançar uma confluência. Tal fenômeno ele classificou de 'evolução da espécie humana'.

“'Quem é mais de direita vai ficando mais de centro, e quem é mais de esquerda vai ficando social-democrata, menos à esquerda. As coisas vão confluindo de acordo com a quantidade de cabelos brancos, e de acordo com a responsabilidade que você tem. Não tem outro jeito'”.

Para nem se estender diante do fato que os militares, do mesmo Bolsonaro que causa pavor na “esquerda” hoje, foram do início ao fim elogiados e protegidos dos crimes de lesa humanidade por Luiz Inácio na Presidência da República (mais detalhes). Em uma dessas defesas do regime militar, o líder petista acabou dizendo que ao criticá-la a “esquerda” demonstra não compreender a história (vídeo). Realmente, faltam brios tanto quanto sobra baixa auto-estima em amplos setores da nossa sociedade para aceitar passivamente (e ainda defender!) seguidos tapas na cara desta natureza, e tão obedientemente fornecer a única coisa que quer essa gente, que nunca aceitou ouvir quem esteve fora de seu grupelho:apoio eleitoral e poder!

Brasil: só podia dar no que deu, e só não percebeu quem não quis. Mas, afinal, diante das palavras de Luiz Inácio acima em contexto, quem é cão vira-latas neste País mesmo?

O Brasil precisa, urgentemente, de uma alternativa popular autêntica!


Brasil Glorifica os Iguais, a Estupidez e a Ignorância

Não ao oportunismo, à polarização, ao sectarismo: defender justiça social e direitos humanos no Brasil, não é nem nunca foi sinônimo de apoiar Luiz Inácio nem o PT, muito pelo contrário! Nos porões do poder, riem da nossa cara: quem se lembra?Hoje PT recusa autocrítica e combate críticas externas, como sempre fez mais que por mentalidade rasa: seu autogolpe impossibilita encontro com a consciência

2 de agosto de 2017 / Publicado em Global Research e em Pravda BrasilXV. O BRASIL NO ESPELHO - Crônicas


Diante das grandes crises, nenhuma novidade, as sociedades mais vulneráveis (i.e., deseducadas) tendem a se polarizar facilmente. E isso significa perder a lucidez, o equilíbrio, a autonomia reflexiva e serem levadas por toda a sorte de oportunistas, demagogos, vigaristas os quais, no caso particular do Brasil, sempre abundaram os quais, atualmente, evidenciam-se cabalmente ou, no português mais popular, saem grotesca e desavergonhadamente do armário.

Subproduto disso é o maniqueísmo barato que apregoa, “ou estão ao nosso lado, ou contra nós”, e uma das traduções que pode se fazer desse velho jogo baixo é a sentença de que quem não apoia Luiz Inácio e o PT hoje, não apenas não está a favor de políticas inclusivas como “faz o jogo da direita”.

Crítica & Autocrítica na Mente dos Insensatos

Quando dei início à compra de diploma na faculdade de Jornalismo de péssimo nível na Universidade Metodista de São Paulo, uma das tantas merdadejantes do capelo (chapeuzinho) com o famoso par de orelhas dos iguais, da estupidez e da ignorância, a tal de “esquerda” tupiniquim gozava dos privilégios do poder na pessoa de Luiz Inácio.

XV. O BRASIL NO ESPELHO - CrônicasÀ época, tratava-se de grave palavrão toda e qualquer crítica á sociedade brasileira. Doce ironia do destino: as mesmas que fazem enxurradas de críticas neste sentido hoje, especialmente na mídia dita “alternativa” deste País falido, excessivamente cínico, que patrulhava as críticas em nome do partido neo-oligárquico então no poder.

Porém, este autor nunca abriu mão de suas opiniões de acordo com a ocasião: o que diz hoje para a alegria da “esquerda”, dizia à época causando horror até aos “professores” nas apresentações de trabalhinhos universitários. Certas vezes, quando dizia que o Brasil vivia guerra civil inclusive em uma dessas apresentações, olhares pareciam considerar-me terrorista ou um débil-mental. Vale ressaltar: de lá para cá, o quadro tenebroso não mudou muita coisa, a não ser que naquele tempo não tão distante o número de mortes violentas no País do Imponderável era de 45 mil por ano, hoje ultrapassando os 60 mil: só isso! Uma diferença de “apenas” 15 mil cabeças majoritariamente negras, homossexuais e pobres.

XV. O BRASIL NO ESPELHO - CrônicasSe por 13 anos no poder o PT não tolerou críticas e manifestações populares (tendo sido forte repressor de movimentos e das manifestações públicas desde junho de 2013), logo que assumiu a presidência do partido em junho deste ano, a senadora Gleise Hoffmann afirmou que não é hora de autocrítica para que não sejam dadas armas ao inimigo. Ou seja, nunca é momento de reflexão evidenciando o caráter petista em geral, e a própria mentalidade escravocrata de uma sociedade que tem convivido há séculos sob a imposição de regimes verticalizados, em todos os segmentos da sociedade, do qual o PT, aí está a realidade nua e crua, não se desimpregnou jamais.

A reflexão e, se necessário, a autocrítica são sempre bem-vindas, fortalecendo indivíduos e agrupamentos em uma sociedade transparente, que deseja progredir; especialmente nos momentos mais delicados, de grave crise e incertezas diante do futuro. Enfim, a autocrítica esclarece (o que o Brasil mais necessita neste momento tão conturbado); para mentes sãs e espíritos sinceros, a crítica pode ser construtiva e, ainda, evitar grandes tragédias.

No entanto, depois de tudo, desde maio do ano passado, o PT e seus apoiantes ainda não se deram conta disso, contudo: a ordem petista é acobertar, silenciar e isso nunca mudou no poder ou fora ele, diante das vitórias ou das derrotas eleitorais seguida por determinados setores midiáticos ditos alternativos, que nada mais são que a outra face de uma mesma moeda politiqueira em relação à grande mídia comercial.

Porém, o problema do PT não é apenas de mentalidade, mas sobretudo moral conforme será abordado a seguir, o que explica a impossibilidade de um encontro com a consciência agora.

Os Porquês de Tanta Desolação

Um amigo brasileiro, proeminente historiador e escritor que participou ativa e importantemente dos governos Lula, em conversa particular comigo na semana passada compactuou de minhas amarguras: “Tenho me refugiado como escritor, neste momento estranho que o Brasil atravessa”. Ele se referia, sobretudo, à tal de “esquerda” tupinica, e tal comentário era uma resposta à carência de entusiasmo deste que agora escreve em dissertar para brasileiros em geral, há muito tempo.

“A esquerda brasileira precisa se unir [em torno a mim] neste momento [2016-17, investigado sob risco de ser preso] de perseguição”, tem dito oportunisticamente Luiz Inácio, buscando desesperadamente por aqueles que, em um passado nada remoto, patrulhou e até desmoralizou, publicamente.

É indiscutível e senso mundial o tendencionismo contra Luiz Inácio e o próprio PT por parte da “Justiça” tupiniquim (uma das maiores gozações da Pátria, dos maiores emblemas do falacioso Estado de direito que vivemos a qual, determinado setor, tive o prazer de, recentemente, tachar de safado questionando se não tem nada mais a fazer da vida senão fofocar ao telefone: como pouca desgraça na vida de pobre é sempre uma grande bobagem no Patropi de tantos carnavais, e o pobre nunca tem nada a perder, que vá!).

Por parte da sociedade brasileira em geral, altamente discriminadora em todos os segmentos (mesmo entre as classes menos favorecidas, especialmente no Sul-Sudeste mais branco), é igualmente evidente o preconceito regional contra o ex-presidente e de gênero em relação à Dilma Rousseff.

Outro estigma que deve ser quebrado é que Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e outras migalhas (pela quantidade e qualidade) petistas quebraram o País: investimentos sociais apenas enriquecem qualquer nação, e isto é fato. No caso particular dos governos petistas que iniciaram, sim, a derrocada brasileira levada às últimas consequências por Michel Temer, recorde-se:

“A economia brasileira é uma grande bolha, prestes a estourar; e quando isso ocorrer, o estrago será bem maior do que muitos podem prever”, escreveu este autor em seu Blog no artigo Oito Anos e Meio de PT e Seis por Meia Dúzia no Brasil: Até Quando?, alguns meses depois de Dilma ter tomado posse pela primeira vez, em 2011.

A grande bolha se devia ao fato de que as migalhas transformavam milhões de pobres em consumidores, mas não em cidadãos: não apenas pela falta de investimentos em educação como também por áreas como saúde e saneamento básico terem estado abandonadas, como sempre, tornando efêmeros programas – de baixo valor – como o Bolsa Família.

E mais, o Brasil do PT não investia em industrialização mas apostava na financeirização da economia, e permitia a farra da evasão de divisas conforme justificaria mais tarde este autor, no Observatório da Imprensa, a bolha econômica vivida:

Financeirização da Economia - A presidente Dilma cortou R$ 50 bilhões em investimentos sociais enquanto seguimos campeões mundiais em taxas de juros, estamos entre os 14 países com maior carga tributária, atrás apenas de países europeus, tendo o país crescido quatro posições de 2008 para 2009 segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de dezembro de 2010 – ano em que tal carga atingiu 35,04% do PIB; os oito anos e meio do governo do PT geraram superávit de 4% do PIB, transferindo mais R$ 1,5 trilhão ao setor financeiro, para pagamento de juros da dívida pública estando o Brasil entre os três mais desiguais do planeta segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), com economia cada vez mais de joelhos ao capital especulativo (dados a seguir publicados pelo jornal A Nova Democracia):

“O lucro líquido do banco Bradesco chegou, no primeiro trimestre desse ano, a R$ 2,7 bilhões, montante 28% maior do que apurado no mesmo período de 2010. O banco Santander, por sua vez, obteve um lucro de R$ 2,071 bilhões, 17,5% maior que no primeiro trimestre de 2010. Já o Itaú/Unibanco registrou o lucro líquido de R$ 3,53 bilhões no primeiro trimestre desse ano, o que corresponde a um crescimento de 9,15% comparando com o ano anterior.

“O lucro líquido dos três maiores bancos privados em atividade em nosso país, quando somados ao lucro líquido do Banco do Brasil, que foi de R$ 2,93 bilhões, ultrapassaram os R$ 10 bilhões, marca nunca antes atingida em um período tão curto.”

“Remessas de Lucro ao Exterior – No mesmo artigo, outros dados apresentados por A Nova Democracia, sobre bilionárias remessas de lucro ao exterior: “As matrizes das indústrias automobilísticas instaladas no Brasil receberam remessas superiores a US$ 2,2 bilhões no primeiro quadrimestre de 2011. Esse valor representa um aumento de 238% comparando com o mesmo período de 2010.

Segundo dados do Banco Central, o valor enviado pelas empresas automobilísticas corresponde a mais de um quarto, ou seja, 26,2%, de todas as remessas de US$ 8,5 bilhões feitas por empresas estrangeiras instaladas no Brasil nesse período.

“Apesar dessas altas cifras remetidas para as matrizes estrangeiras, o grosso dos investimentos anunciados pelo setor é bancado por recursos nacionais, como os US$ 8,7 bilhões de dólares (aproximadamente, 16,3 bilhões de reais) concedidos pelo BNDES a estas montadoras no período 2008-2010.”

“Ainda sobre juros da dívida pública, nos últimos 12 meses custou R$ 213,9 bilhões ao Brasil, para o que o Estado cortou gastos e reservou R$ 119,6 bilhões do total da receita de impostos. O valor não pago, R$ 94,3 bilhões, foi acrescido ao saldo da dívida, que não para de aumentar. O programa Bolsa Família, que beneficia 53 bilhões de brasileiros com média de R$ 155,00 por família, custando ao Estado R$ 17 bilhões, poderia ser multiplicado por 12 vezes e meia e acrescido a R$ 1.400,00 por família com o montante do juro da dívida pública pago nesses 12 meses (fonte: Carta Maior).”

“Vale observar ainda ainda que o governo federal sob Lula e agora, durante o mandato de Dilma Rousseff, tem sido completamente nulo no que diz respeito à reforma agrária e ao fortalecimento dos movimentos sociais, contrariando o programa de governo do partido, bem como toda suas propostas histórias, hoje jogadas à retórica quase que por completo.”

Portanto, o que quebrou o Brasil foi a financeirização da economia somada à indecente evasão de divisas.

Autogolpe

Tampouco era preciso ter comprado diploma de Cientista Político nem ser profeta para saber que isto ocorreria, segundo este autor no Observatório da Imprensa nos idos de 2012, quando a então presidente Dilma gozava de altos índices de popularidade:

“O PMDB trata de tentar aturar o PT hoje por conveniência – e, nenhuma descoberta no campo da ciência política, na primeira oportunidade arrematarão o pé nos fundilhos do PT, e se estiverem de muito bom humor sem dar tiros a todos os lados, o que é improvável que aconteça. Isso deve acontecer na eleição de 2014, mas pode ser adiado de acordo com as costuras partidárias que se deem até lá.”

E o autor continuou, único no País a notar isto talvez pelos deslumbres petistas e de seus puxa-sacos com o poder: que se algo ocorresse com a então presidente Dilma no meio do caminho, o PT estava nos indicando a tétrica figura de Michel Temer para a Presidência: o PT que sempre se justificou das obscenas alianças, agora reclama do substituto de Dilma, por mais golpista que seja e nunca foi novidade a ninguém seu (péssimo) caráter?

XV. O BRASIL NO ESPELHO - CrônicasPara quem ainda não compreendeu: cada vez que se foge do caso do golpe parlamentar em si para criticar (com toda a razão) a péssima índole do atual presidente da República, se está fazendo a mea culpa para as alianças irrestritas e imorais que, direta e publicamente, o PT e seus apoiantes sempre se recusaram fazer. Lembre-se também que quem criticava – e pior, até hoje! – quem critica as alianças indecentes do PT é duramente tachado de ingênuo, radical, utra-qualquer coisa, até reacionário e por aí vai...

Naquela mesma época, o Brasil era mais uma vez reprovado pelos órgãos internacionais de direitos humanos: em seu Informe Anual' 2012, a Anistia Internacional havia condenado diversas questões em que o Estado brasileiro feria os direitos humanos, inclusive as medidas da presidente Dilma Rousseff que favoreciam o extermínio contra os indígenas. A política de cotas nas universidades (medida temporária louvável), perante esta cruel realidade era mais uma das tantas e grandes hipocrisias governamentais dos petistas.

Portanto, se hoje a sociedade brasileira continua sem consciência política, sem senso cidadão e sem capacidade de luta e reação como sempre foi, se o PT e o Brasil não possuem um povo capaz de reagir à ofensiva das elites e do capita estrangeiro, o PT que reprimiu uns e cooptou outros movimentos sociais não tem do que reclamar agora.

No caso do Mensalão, pelo qual José Dirceu acusou Luiz Inácio e Dilma de covardes por não assumirem posição diante de sua condenação, o ex-presidente disse: “Não vou falar por uma questão de respeito ao Poder Judiciário. O partido fez uma nota que eu concordo. Vou esperar os embargos infringentes. Quando tiver a decisão final vou dar minha opinião como cidadão. Por enquanto vou aguardar o tribunal. Não é correto, não é prudente que um ex-presidente fique dizendo, 'Ah, gostei de tal votação', 'Tal juiz é bom'. Não vou fazer juízo de valor das pessoas. Quando terminar a votação, quando não tiver mais recursos vou dizer para você o que é que eu penso do Mensalão”. Quando sentiu a água bater no bumbum de cerca de um ano para cá, perdeu o respeito e mudou facilmente de posição, de novo.

Diversos telegramas secretos enviados da “Embaixada” (centro de espionagem) norte-americana em Brasília liberados por WikiLeaks revelam encontros nunca trazidos ás claras por petistas em território norte-americano na capital federal brasileira, especialmente de José Dirceu com o pires na mão a fim de, obedientemente, prestar contas aos oficiais dos Estados Unidos, assegurando que seus interesses estavam assegurados e continuariam sendo garantidos em solo tupiniquim. Certamente, Che Guevara percebeu seu sangue, no minimo, futilizado através dos delivery do ex-ministro José Dirceu em território estadunidense em Brasília. Bom, como eles mesmos se denominam: são os da “esquerda moderada”, moderna, não é? Pois é...

Acima de todas as controvérsias que se possa criar sobre teorias políticas (o que nossa “esquerda” mais sabe fazer, discutir trancafiada teorias), Luiz Inácio que hoje busca se safar da armadilha oligárquica que outrora o deslumbrou em cima de rótulos, não poupou estigmas jocosos a essa mesma “esquerda” brasileira.

Sobre a grande mídia que agora Luiz Inácio e sua ala demonizam (com toda a razão), vale recordar a emotiva frase do mesmo: “Aí se vai [Roberto Marinho] um grande brasileiro, merecedor de três dias de luto oficial”. Pois tanto Luiz Inácio quanto Dilma sempre evidenciaram, em espécie, seu apreço pelo “doutor” Roberto Marinho:

“O patrocínio petista à mesma mídia contra quem oportunisticamente esperneia hoje, a revista Carta Capital relatou em Publicidade Federal: Globo Recebeu R$ 6,2 Bilhões dos Governos Lula e Dilma, que 'entre os jornais, O Globo foi o que mais recebeu verbas; a revista Veja recebeu mais de R$ 700 milhões no período. (...) Lula e Dilma investiram um total de R$ 13,9 bilhões para fazer propaganda em todas as TVs do país'.

“E pontuou ainda: 'A parte destinada somente às emissoras da Rede Globo representa quase metade desse total. Apesar disso, a porcentagem destinada à Globo tem sido reduzida. Ao final do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, as emissoras globais detinham 49% das verbas estatais destinadas à propagada em TV aberta, chegaram a 59% durante o governo Lula e, no ano passado, a Globo ainda liderava com R$ 453,5 milhões investidos, mas do total, o valor representa 36%'”.

É também de Luiz Inácio esta filosofada nada progressista, igualmente bem distante do discurso de hoje:”Passado é passado [esqueçamos tudo]”, sobre ditadura militar e revogação da Lei de Anistia. Não bastasse isso, o ex-presidente “do povo” apoiou José Sarney, ex-presidente do partido da ditadura, para a Presidência do Senado. Em cabo secreto emitido pela “diplomata” (espiã) norte-americana no Brasil Donna Jean Hrinak, em 1º de abril de 2004 liberado por WikiLeaks em que Luiz Inácio simplesmente enaltece, nos bastidores da política, a ditadura militar no Brasil.

Neste vídeo, antes de se tornar presidente Luiz Inácio critica a posição da esquerda brasileira sobre o regime militar, enaltecendo este.

Tudo isso não nos faz lembrar a velha frase do “feitiço que se vira contra o feiticeiro”, ou “provando do próprio veneno” hoje?

E mais: comparando com setores progressistas de países vizinhos, essa nossa “esquerda” é de, no mínimo, ruborizar a face de qualquer cidadão decente, com liberdade de consciência, com o mínimo de seriedade e vergonha na cara. Relances da atualidade para quem tem alguma dúvida: mais de cem ex-ditadores condenados ou em julgamento na Argentina (Rafael Videla morreu em cela comum, condenado à prisão perpétua na Argentina), e quem garante Nicolás Maduro na Presidência venezuelana é o povo mobilizado nas ruas não fazendo esses esporádicos e efêmeros piqueniques de rua do Brasil de hoje e sempre, mas entregando a alma pacificamente à causa que defendem.

Em campanha presidencial, julho de 2006, o então presidente e candidato à reeleição proferia este veredito:

“Nunca fui de esquerda.”

Sobre esta afirmação que reinou no cinismo, o jornalista da Revista Veja, Reinaldo Azevedo, pareceu morreu de rir (quem vai condená-lo por isso?) ao escrever que Emir Sader deveria, então, estar chorando. Até Azevedo viria a se mostrar ingênuo ao acreditar em determinados setores de nossa “esquerda” (!), pois oito anos mais tarde, às vésperas da abertura da Copa do Mundo, Emir Sader, porta-voz do PT, simplesmente qualificaria ativistas do Movimento dos Trabalhadores sem-Teto de cães vira-lata por protestarem contra a remoção de famílias para as obras do evento esportivo. Detalhe: o prefeito da cidade era, então, Fernando Haddad, exatamente do PT. Não dá para desconfiar que, no frigir dos ovos tupiniquins, essa turma travestida de esquerda é a maior adversária do povo brasileiro? Reacionários esses patéticos “companheiros”, quando seus interesses político-partidários estão em questão, não?

Mas a célebre frase viria mesmo durante a ressaca da vitória eleitoral, em dezembro daquele ano. Aos apreciadores de teorias políticas, aqui vai:

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) arrancou, na noite desta segunda-feira, risos e aplausos de uma platéia formada por empresários e intelectuais ao, de certa forma, desmerecer a esquerda brasileira. Segundo ele, trata-se de uma ideologia típica da juventude.

“'Se você conhece uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque está com problema' [risos e aplausos]. 'Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também está com problema', afirmou o presidente depois de receber o prêmio 'Brasileiro do Ano' da revista IstoÉ.

“Lula explicou que, em sua opinião, as pessoas responsáveis tendem a, conforme amadurecem, abrir mão de suas convicções radicais para alcançar uma confluência. Tal fenômeno ele classificou de 'evolução da espécie humana'.

“'Quem é mais de direita vai ficando mais de centro, e quem é mais de esquerda vai ficando social-democrata, menos à esquerda. As coisas vão confluindo de acordo com a quantidade de cabelos brancos, e de acordo com a responsabilidade que você tem. Não tem outro jeito'”.

Baseada nesta mentalidade reacionária manifestada em práticas políticas e econômicas, a liderança petista expulsou militantes do mais eleado gabarito mora e intelectual de seu quadro no início de seu governo federal, tais como Heloísa Helena, João Batista “Babá” Oliveira de Araújo e Luciana Genro. E agora espera que, porque houve uma volta atrás apenas retórica com base em rótulo, “somos de esquerda”, as mentalidades progressistas nacionais girem em torno de Luiz Inácio? Nada mais patético, imoral.

Alternativa Popular É a Solução

Esta pergunta dirige-se a cidadãos que, como este autor, contam moedas para pagar as contas no final do mês, cujos filhos padecem do sistema público de saúde neste País falido: venderemos ao capeta do sectarismo politiqueiro mais baixo nossa consciência, nossa dignidade, nossa alma?

Não! Ser adepto de políticas sociais e de direitos humanos não significa nem jamais significou apoiar Luiz Inácio nem o PT! E quem declara isso não está favorecendo os setores reacionários que foram bajulados por este, quando gozava dos privilégios do poder. Cidadão brasileiro, não entre nesse engodo – o recente abraço fraternal de Luiz Inácio no golpista e entreguista Michel Temer em pleno velório de dona Marisa Letícia, com um “conte comigo” em consonância com as alianças petistas atuais com peemedebistas Brasil afora, são o mais recente sinal de que seremos, de novo, os otários da vez se o PT retornar ao poder.

O Brasil carece de uma alternativa autenticamente progressista, chegue ela ao poder ou não. O projeto do PT, aliás, nada mais é que chegar ao poder, evidenciado nas próprias entrevistas de Luiz Inácio e Dilma: outro sinal de que nada mudou. E se o brasileiro não despertar mas seguir vítima de retóricas vazias, será novamente vítima do velho seis por meia dúzia, caçoado sem piedade nos encontros dos velhos oligarcas com seus neocapachos.

Se entre viver de joelhos ou morrer de pé o PT optou por morrer de joelhos, que se refunde (e que Luiz Inácio, particularmente, tenha boa sorte em provar que de torneiro mecânico aposentado acabou milionário com toda a família, da noite para o dia trabalhando honestamente), pois passou da hora de um verdadeiro governo popular no Brasil que substitua essa precária democracia formal pela democracia participativa, alterando com isso as relações de poder promíscuas que imperam no Brasil de hoje e sempre, pontos que o neo-oligárquico PT, deslumbrado com o poder como era previsível que ocorresse, do início ao fim se recusou a colocar em prática a fim de usurpar o poder.
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#Posté le mercredi 01 septembre 2010 23:58

Modifié le mardi 29 octobre 2019 14:08

A Fragilidade do Mito Reacionário de "Doutrinação" Progressista

16 de junho de 2017 / Publicado em Pravda Brasil e em Global Research (Canadá)


O discurso cada vez mais difundido - e agressivo - de que progressistas o são por terem sido "doutrinados" é insustentável por motivos bastante simples, tão simples quanto a baixa estatura intelectual dos setores reacionários, e particularmente no Brasil (não que nossa "esquerda" seja uma grande coisa autora de grandes engenharias intelectuais e morais: pelo contrário).

Sem entrar, por enquanto, no mérito da questão progressista, ou mais precisamente da visão de políticas focadas na inclusão social, a primeira grande imbecilidade do mencionado discurso reside no óbvio fato de que elas vão na mais absoluta contramão da "visão" predominante, no Brasil e em praticamente todo o mundo ocidental, contaminado pela grande mídia de idiotização das massas.

O discurso corrente trata de alegar uma tal "liberdade" através do modelo de diminuição do Estado em favor do livre-mercado, a ditadura do capital, e de ridicularizar e até agredir opiniões divergentes.

Andar em sentido contrário já aponta, por si só, grande tendência à conscientização e não um cérebro lavado: geralmente, e justamente pela mídia e materiais didáticos predominantes (estes últimos também, nenhuma novidade, elaborados pelas oligarquias nacionais mundo afora, cujos métodos e histórias são ditados pelos donos do poder), dá-se exatamente o oposto, mais uma inversão de papeis neste mundo que prima pela distorção dos fatos.

Neste universo, a posição mais cômoda, evidentemente, é manter-se adequado à "visão" preponderante, sendo o contrário uma árdua tarefa que vale, como já foi apontado, adjetivos pejorativos e não raras vezes muita agressão (repita-se: não se trata, até aqui, de uma defesa de nenhum dos espectros políticos).

Assim, pode e deve haver certo número dos chamados doutrinados (popularmente, "cabeça feita") no campo oposto, mas a porcentagem é sem dúvida nenhuma muito inferior, por questões lógicas, à dos doutrinados pelo discurso predominante, principalmente quando se leva em conta quem lava seus cérebros: uma grande mídia sabidamente desinformativa, e métodos de "ensino" projetados, nas palavras de Noam Chomsky, para imbecilizar indivíduos, preparados apenas para votar e não incomodar os porões do poder. Jamais este sistema visa à formação de cidadãos, na acepção do termo.

Agora sim, aprofundando-se na atmosfera conservadora e progressista, um exemplo de irracionalidade pode facilmente ser observado nos discursos reacionários - e o Fez-se buque do Zückerberg, laranja da CIA, pode ser uma útil ferramenta na checagem do pé que anda a estupidez reaça tupiniquim.

A lista do cúmulo da ignorância neste sentido é vastíssima, portanto fiquemos com uma das últimas postadas pelas "cabeças mais pensantes" da direita tupinica, exatamente os que acusam seus "inimigos", assim considerados abertamente por eles, de serem sem exceção vítimas de "doutrinação": o Brasil é comunista e, para esses adeptos da "histeria justiceira" que fazem de tudo para reascender uma nova Guerra Fria sem nenhum sentido, quem iniciou este processo de "comunização" à brasileira? Prepare a gargalhada: nada menos que ele, Fernando Henrique Cardoso!

O espetáculo da tragicomédia reacionária é interminável no País do Imponderável: para completar esta "análise" que anda difundida, a solução, é claro, não poderia ser outra: intervenção militar, já! O que evidencia outra imbecilidade neste festival da ignorância: essa mesma ditadura esteve por 21 anos no Brasil sem trazer o tão prometido avanço democrático, sem educar e politizar a sociedade como garantiam na pateticamente denominada "Revolução Democrática" iniciada com o golpe contra o então presidente João Goulart, em 1964.

Se a ditadura fosse eficiente, hoje esses mesmos setores reacionários não estariam rosnando tão ferozmente contra a sociedade e a política brasileira. E o Brasil realmente emergiu dos 21 anos de ditadura (1964-1985) em uma situação catastrófica, bem pior que nos tempos pré-militarismo, em enorme medida como efeito reverso de um regime repressivo que, quando se esvai, gera este caos que vivemos hoje (há que se apontar também que, por outro lado, a degradação moral e cultural, com vertiginoso crescimento da violência é um fenômeno ocidental, que exporta seu lixo aos confins da Terra).

A conclusão óbvia disso tudo é que o caminho para o País sair do lamaçal, desta verdadeira guerra civil é mais democracia e não o retrocesso a um regime autoritário cujos defensores, até hoje, apoiam-se na criação de inimigos e na imposição do medo muito mais que na apresentação sóbria de ideias, e defesa de uma eficiência que seu modelo não possui, longe disso.

Outra difundida postagem (in)digna de menção pela inigualável estupidez, alega que após o final da ditadura todos os governos brasileiros foram incompetentes e corruptos (o que não se trata de mentira, é verdade), com a devida foto dos presidentes da República sendo o primeiro da fila nada menos que ele: José Sarney, presidente exatamente da Arena, partido da mesma ditadura que os mais incautos agora defendem! Parece piada, não? É a direita brasileira "apolítica", "não-doutrinada"!

Mais uma dentre as inúmeras evidências do "quem é quem" nesta questão, a qual a direita tenta a todo custo transformar em belicista a começar pela difusão da ideia de que progressistas arquitetam aprovação de uma PEC para trocar as cores da "sagrada" bandeira nacional, do "amado" verde e amarelo do Penta pelo vermelho "do demônio", é que os capitalistas defendem concorrência e acúmulo de bens, onde valha a lei do mais forte e poderoso, enquanto os "comunistas comedores de criancinhas" (para eles, qualquer um que defenda políticas sociais), esperam nada mais que um mundo em que haja solidariedade e não competitividade, igualdade e não uns com excesso e outros na miséria (essência do capitalismo).

Diante desse "resumo da ópera", que cada um possa tirar suas conclusões - que se não forem tiradas por si só, diante desses fatos que falam muito por si mesmos - de nada adiantará se estender em mais análises sócio-econômicas.

Nada disso, contudo, é uma defesa da "esquerda" brasileira de péssimo gosto, em grande parte a outra face de uma mesma moeda politiqueira, demagoga, esquizofrênica, ignorante e corrupta em relação à direita nacional. E aí está a realidade, de novo, para não nos deixar mentir...

Porém, outro Brasil é possível - ainda uma bela utopia sem luz no final do túnel, sem nada em que se apoiar concretamente sendo necessário o que, em inglês, diz-se "OK to be OK", ou seja, uma grande transformação que torne possível uma seguinte, profunda mudança nas relações de poder do País e, consequentemente, na estrutura social; desta maneira, o caminho é bastante longo e tortuoso, mas é possível...


Crise Política, Econômica,Judiciária e Midiática: Sinuca de Bico no Brasil

2 de junho de 2017 / Publicado em Pravda Brasil


As evidências de que a Operação Lava Jato e o crico midiático armado não promovem a propalada limpeza moral no Brasil somam-se semana a semana, sendo que apenas os cérebros mais eficientemente lavados pelos grandes meios de imbecilização das massas não são capazes de enxergar.

Nas últimas semanas, isso fica claro pelo simples fato de que a abordagem midiática dos amplos protestos populares resume-se à corrupção, enquanto, e talvez ainda mais intensamente, eles se dão também contra as medidas neoliberais adotadas por um governo fantoche - dos Estados Unidos. E esta é, exatamente, a essência da Lava Jato: cumprir uma agenda que desmonte o Estado brasileiro, a começar pela Petrobras.

Não se trata, com estas afirmações, da pretensão de propor uma PEC a fim de substituir o verde e amarelo de nossa "sagrada bandeira" pelo vermelho do diabo, como berram os setores reacionários tupiniquins contra toda e qualquer oposição, especialmente à que preza por nossas riquezas naturais.

Alguns exemplos, dos quais a população em geral não foi informada pelos grandes meios de comunicação: a revelação WikiLeaks, em 2016, de que Michel Temer tem atuado como informante da CIA; o juiz Sergio Moro possui vínculos com Washington especialmente realizando cursos jurídicos nos EUA, sem nunca ter, ele mesmo, tornado isso público (e ele deve prestar contas); o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), um dos arquitetos do golpe contra Dilma Rousseff e homem forte de Temer, esteve secretamente em Washington às vésperas da aprovação do impedimento contra a ex-presidente; o próprio desmonte, sob conivência dos "patriotas" e "combativos" grandes meios e classes dominantes nacionais, da Petrobras e de empresas nacionais - mesmo as metidas em corrupção, em nenhum lugar do mundo seriam atacadas como as brasileiras estão sendo, pelo contrário, limitar-se-iam a punir os envolvidos com "maracutaias".

Além da seletividade e arbitrariedade que apenas reforçam a cultura da injustiça e da discriminação no Brasil (no caso de Lula, o fato de ser nordestino da roça certamente influencia o ódio contra ele, assim como Dilma por ser mulher, embora, vale ressaltar, este autor jamais apoiou os governos petistas, e apoie, sim, investigação inclusive contra o dueto mencionado).

Uma "Justiça" risível, para dizer o mínimo, que assombra juristas em todos os cantos do planeta, uma grande mídia irregenerável, tão golpista quanto em 1964, uma sociedade com mentalidade fortemente elitista (mesmo entre as camadas populares), especialmente as classes média e alta, donas de histeria, ignorância e agressividade ímpares no mundo (sem exagero, e isso estamos uma vez mais comprovando).

Pois a sinuca tupiniquim forma seu bico mais agudo justamente entre os setores "progressistas". Note-se que a "grande proposta", especialmente do PT, é retomar o poder. Assim como no caso da "Justiça" e da grande mídia, não se fala no País em reforma agrária, judicial, política, midiática e econômica em favor da sociedade além da punição dos ex-ditadores militares - o que dá a certeza de que lições não foram tiradas e, portanto, a essência continua a mesma: o poder pelo poder.

Lembre-se que, sobre a Comissão da Verdade instalada apenas para se recontar a história da ditadura, não para julgar e condenar como deveria ser feito no Brasil, Lula "tirou o time de campo": "Passado é passado", ou seja, esqueçamos tudo! "Povo que esquece seu passado, está condenado a vivê-lo novamente": não se precisava ter ciência destas palavras proféticas do jurista argentino Nicolás Avellaneda, proferidas nos idos do século XIX, para prever que novos golpes contra a democracia sempre estiveram latentes no País do imponderável.

Se algo estivesse para acontecer no Brasil, efetivamente para mudar em favor do povo este cenário altamente preocupante, a sociedade já estaria nas ruas há muito sem dela ter saído como fazem, bravamente, nossos vizinhos; já teria havido greves gerais de períodos muito superiores às 24 horas. Mas a sociedade anda estacionada, em grande medida, também por (ir) responsabilidade da velha esquerda, em geral apática, inerte, dessituada, mesquinha, sisuda, cafona, politiqueira, sectária, fechada em seus interesses político-partidários e em suas teorias políticas; sempre andou muito distante da sociedade, e esse quadro não se muda repentinamente - se mudar, se a sociedade for politizada e não apenas consumidora como fez razoavelmente o PT, inclusive os barões de uma falsa esquerda cairão, e eles sabem bem disso.

Pois vozes como estas, de luta popular autêntica, de reformas profundas nas relações de poder sobretudo sempre foram sufocadas pelo PT, que as ridicularizava: quem se lembra que, de maneira emblemática, o "intelectual" petista Emir Sader em 2014 qualificou os sem-teto de São Paulo que protestavam pelos gastos com a Copa do Mundo, de "cachorros vira-lata"? À época, o prefeito da maior cidade da América Latina era de seu mesmo partido.

Agora, ironia do destino, essa "esquerda", "sabida" e "moderada", necessita desesperadamente dos "ultrarradicais" que outrora ela mesma, em aliança com as podres oligarquias nacionais e internacionais, patrulhou e agrediu das mais diversas maneiras.

Do jeito que o circo está armado, não há saída ao Brasil.


Picadeiro Brasileiro: Entre Desmando e Oportunismo

20 de abril de 2017 - Publicado em Pravda Brasil e em Global Research (Canadá)


Quem não se lembra do espetáculo tragicômico, bem peculiar por parte da Câmara dos Deputados quando da aprovação do impedimento da então presidenta Dilma Rousseff há um ano, que chamou a atenção do mundo negativamente?

Pois como pouca desgraça é sempre uma grande bobagem quando o país que menos lê no mundo e um dos mais discriminadores do planeta está em cena, o tempo passou e tanto a plateia, à direita e à esquerda, quanto o picadeiro político aperfeiçoam a díspar capacidade de se superar quando o assunto é despolitização, ódio, violência, desmando e muito oportunismo.

"Passado é passado", referindo-se à ditadura militar palrou do alto do pedestal ele, Luiz Inácio quando gozava dos privilégios do poder que julgou perpétuos, valendo-se de cordiais abraços até em personagens como o senhor engenheiro, doutor Paulo Maluf e José Sarney, entre as mais pitorescas figuras da oligarquia tupiniquim sem nenhum constrangimento.

"Aí se vai um brasileiro merecedor de três dias de luto oficial", declarou publicamente Luiz Inácio no velório do "doutor" Roberto Marinho, contra cujas Organizações Globo hoje esperneia ferrenhamente, seguido por suas multidões.

À época da filosofada oportunista do então presidente em relação aos militares, mandatário que dizia ainda, categoricamente, nunca ter sido de esquerda, discutia-se a importância de a Comissão da Verdade não apenas recontar os 21 anos de história do regime militar, como também seguir exemplos de outras nações e recomendações de diversos organismos internacionais como a OEA, a fim de julgar os criminosos militares já que crimes de lesa-humanidade não prescrevem.

Mas uma vez no poder, bajulado pela velha oligarquia, que importância tinha se a máxima de Nicolás Avellaneda era recordada por meia dúzia de "esquerdistas radicais" no Brasil? "Povo que esquece seu passado, está condenado a vivê-lo novamente". Se não se requer ser cientista social para ter consciência da profunda verdade contida na frase do jurista argentino de saudosa memória, não é que o castigo dos "moderados" veio a cavalo?

Ainda no picadeiro político, saindo da torrente à la Rio Tietê à "esquerda", o excesso de desmando e ódio bem peculiar à direita está personalizado em Sérgio Moro e sua Lava-Jato que o que menos faz é promover justiça, mas sim arrancar mais uma série de assombro internacional pelo caráter politiqueiro e, consequentemente, autoritário para poder alcançar seus objetivos.

Na plateia à esquerda e à direita, o show de comédia trágica abunda diariamente, e só aumenta com o passar do tempo.

No primeiro caso, por 13 anos patrulhou a crítica nervosamente apresentando ataques esquizofrênico-democráticos cada vez que - especialmente quando Luiz Inácio gozava de ampla popularidade - a sociedade era criticada pela despolitização e inércia - um alerta pelo que certamente viria, o que se fez questão de ignorar já que o poder pelo poder era o limite -, bem como alianças e práticas políticas do PT que incluíam injeção de milhões de dólares na grande mídia como nenhum governo jamais fizera anteriormente, os banqueiros lucraram também de maneira inédita em uma economia artificial, crescentemente financeirizada que cada vez menos produzia diante da evasão de divisas igualmente recorde, que nem Fernando Henrique Cardoso fora capaz de presentear ao capital estrangeiro.

Pois hoje este mesmo setor não apenas aplaude alegremente estas mesmas críticas à sociedade brasileira, como hipocritamente as toma a iniciativa de fazer. Critica duramente - com toda a razão - personagens como Henrique Meirelles, apenas "se esquecendo" de que este ser fez parte do governo "de esquerda" do mesmo PT que abraçou o hoje demonizado Michel Temer - pois no poder, os petistas demonizavam os "esquerdistas radicais" que demonizavam Temer aliado de Dilma: pouca hipocrisia? Eis uma pequena parte do patético espetáculo tupiniquim.

Já o setor à direita da plateia, velho espetáculo à parte, hoje no auge da histeria justiceira: sua "nata intelectual" esbanja, entre termos e a própria construção da língua portuguesa ridículos enquanto se julgam seres de elevado valor cultural, o tradicional festival de ódio, discriminação e intolerância.

Sem noção nenhuma do ridículo a que se presta, tal setor anda agora rotulando até a Rede Globo de comunista (!) por minissérie televisiva crítica aos anos de regime militar; a cara-de-pau e o show de despolitização e ignorância - marcas registradas mesmo entre sua considerada "elite intelectual" - dão-se da apologia á violência contra toda e qualquer diferença de ideias (a derrubada da ex-presidenta Dilma não se deu, no discurso desta ala, em defesa da liberdade de pensamento político e de expressão garantidos pela Constituição, e própria da democracia?) à cínica crítica do que historicamente seus palhaços no picadeiro sempre praticaram, e hoje no poder seguem praticando com o maior descaramento.

Condenam a ex-presidente Dilma por corrupção (até hoje não comprovada) enquanto fazem vistas grossas a todas as evidências de que Michel Temer é corrupto, tendo recebido milhões em propinas.

Não esboçam a mesma indignação quando se aponta que o Mensalão começou com o PSDB em Minas Gerais, nem diante do fato mais que evidente que o Congresso que derrubou ilegalmente a ex-presidente Dilma, sim, é comprovadamente corrupto.

Esbanjam moralismo seletivo ao não reprovar a compra da reeleição de Fernando Henrique Cardoso junto ao Congresso, a crise de 1999 promovida por este assim como privataria que se desfez a preço de banana de nossas riquezas naturais, enriqueceu seu bolso, além dos desmandos, o fracasso administrativo e os escândalos de corrupção envolvendo José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves.

Batem no PT mais que em Judas em Sábado de Aleluia pelo que qualificam de excessivos gastos, incluindo o Bolsa Família enquanto não apenas "se esquecem" que o próprio Aécio Neves, candidato reacionário à presidência em 2014, havia afirmado que o manteria se vencesse as eleições.

Se se relembra que o Bolsa Família do PT, que consome ínfima parte do PIB nacional, é criação de Fernando Henrique, aperfeiçoada e com o nome modificado (Bolsa Escola), não se demonstra a mesma indignação pela "irresponsabilidade" dos "gastos contra vagabundos", especialmente "vagabundos nordestinos".

Tampouco se incomodam ao se deparar com o fato de que o Brasil com Temer, que tanto afirmaram que superaria as crises econômica e política através de um precário programa denominado Ponte para o Futuro, segundo o novo presidente de "salvação nacional" que readquiriria a confiança dos investidores, e executaria uma limpeza ética no segundo caso.

Ambas as cries deterioram-se dia a dia, o país gasta com juros da dívida oito vezes mais que com assistência social, com saúde e com educação pública (o que não era diferente nos anos neoliberais de Lula e Dilma, e nem seus partidários à época incomodavam-se embora hoje se mostrem profundamente indignados com este assalto ás contas públicas).

Enfim, que esperar de um setor que se simpatiza com figuras como Jair Bolsonaro, e que caiu teimosamente no engodo Eduardo Cunha - sem demonstrar nenhum arrependimento hoje, desaproveitando-se até da infalível ajuda da análise retrospectiva?

A Lava-Jato é uma operação evidentemente política, mas embora se esteja tentando, o que não é nenhuma novidade no Brasil, criminalizar setores à esquerda, é um grande equívoco de uns, e descarado oportunismo de outros embarcar a cúpula petista nesta luta direita-esquerda.

Luiz Inácio é, sim, vítima de discriminação por ser nordestino e originário da roça. Assim como Dilma, por ser mulher em uma sociedade altamente machista. Ambos têm ainda hoje sofrido perseguição sistemática da grande mídia, da "Justiça" e da própria sociedade brasileira, altamente elitista em todos os segmentos (a grande desgraça brasileira é que se conseguiu transformar até pobres em seres reacionários).

Mas setores "à esquerda" têm descoberto a pólvora e se dado conta de que o Brasil possui uma economia neoliberal, que o saneamento básico e a moradia do país são uma tragédia, além de uma sociedade sem educação minimamente satisfatória, altamente despolitizada e uma mídia inescrupulosa, completamente desregulada: Temer é apenas o estágio mais avançado das políticas oligárquicas, herdadas de seus antepassados todos. Porém, em grande medida tudo isso, outrora combatido (i.e., quando Luiz Inácio e Dilma estavam no poder) é tratado como grande novidade.

O que está em questão envolvendo o PT é a velha briga de cachorro grande pelo poder, neste sistema de Partido Único cuja máscara democrática já caiu há muito tempo e apenas os mais ingênuos e irregeneráveis insistem em não enxergam.

A cúpula do Partido dos Trabalhadores não se regenerou pós-farra nos porões do poder, e algumas evidências disso são a aliança a nível municipal, estadual e nacional que tem feito, desde que Dilma caiu, com o próprio PMDB que a derrubou.

A evidência de que o PT segue sendo um partido dessituado, e que de volta ao poder nacional em 2018 não se diferenciaria do regime oligárquico, neoliberal e corrupto que o marcou por 13 anos, é que nas entrevistas que Lula e Dilma concedem não têm nada mais a oferecer como solução ao país que a retomada do poder. Não há ideias de se aproximar de movimentos sociais, por exemplo. Não se aborda a necessidade urgente de regulação midiática, nem de reforma política e do Judiciário: imagine que a oportunista cúpula petista comprará essa briga, e mais ainda agora! Não há autocrítica e, por isso mesmo, não há razoáveis projetos de país a não ser vencer eleições.

Eis a cara de uma "esquerda" brasileira historicamente apática, mesquinha, politiqueira, inerte, dessituada e como consequência disso tudo, sem a menor capacidade de reação. Completamente rendida a uma direita do pior nível, intelectual e moral.

Que ninguém se engane: seja Lula preso ou presidente da República novamente, tudo seguirá como sempre esteve no Brasil. O que menos se está fazendo é justiça, o que as siglas integrantes da ditadura de Partido Único no Brasil, e seus respectivos canalhas de turno desejam, é apenas deleitar-se dos privilégios do poder.

Quanto ao PT, particularmente, tem sido vítima de todos os seus venenos, um a um: de não ter se aliado à sociedade em todos os anos que esteve no poder - perdendo a oportunidade de fazê-lo especialmente em junho de 2013 -, da repressão e cooptação dos movimentos sociais, da despreocupação com educação e politização da sociedade, da criminalização da esquerda autêntica.

A grande ironia deste cenário circense é que, hoje assim como foi durante o golpe parlamentar do ano passado, o partido depende desesperadamente de cada um desses pontos para retornar ao poder.

O Brasil requer, está mais que claro, alternativas já que o PT não mudou o péssimo caráter uma vez de volta ao poder, sem sombra de dúvidas, viraria as costas aos mesmos que se apoiou para lá chegar como outrora fez e aos seus próprios "discursos" e "indignações" de esquerda.

Existe a alternativa que a sociedade - em grande medida de maneira nada sincera e até sem nenhuma consciência - anda dizendo que deseja, reforma no sistema político, na condução da economia no sentido de haver equidade com responsabilidade, na mídia e no sistema judiciário.

Porém, essa alternativa - a ser buscada com lupa, é verdade - passa longe dos grandes partidos que compõem a ditadura de Partido Único travestida de democracia, com suas siglas, que entre si, nada mais são que a outra face de uma mesma moeda adepta da politicagem mais baixa, e da roubalheira indiscriminada.


MITO DA DOUTRINAÇÃO
Serás um Pateta nas Mãos da Abin e da Oligarquia Tupiniquim?

9 de abril de 2017 - Publicado em Pravda Brasil


Em agosto de 2016, o jornalista e economista norte-americano Paul Craig Roberts, secretário-adjunto do Tesouro para a Política Econômica dos Estados Unidos na administração do presidente Ronald Reagan em 1981, escreveu em Serás um Pateta nas Mãos da CIA?:

A expressão 'teoria da conspiração' foi inventada e posta a circular no discurso público pela CIA, em 1964, a fim de desacreditar os muitos céticos que contestavam a conclusão da Comissão Warren de que o presidente John F. Kennedy fora assassinado por um pistoleiro solitário chamado Lee Harvey Oswald, o qual por sua vez foi assassinado enquanto sob a custódia da polícia antes que pudesse ser interrogado. A CIA utilizou seus amigos nos media para lançar uma campanha a fim de tornar suspeições do relatório da Comissão Warren alvo de ridículo e hostilidade. Esta campanha foi “uma das iniciativas de propaganda de maior êxito de todos os tempos.

Atualizado com frequência nos Estados Unidos de lá para cá, o rótulo de conspiracionista vale hoje também a todos que questionam a insustentável versão oficial envolvendo os atentatos terroristas de 11 de setembro de 2001.

No Brasil, a estratégia de se rotular ameaças ao poder estabelecido tem se dado contra defensores de políticas sociais, qualificados agressivamente de "doutrinadores" ou "ideólogos". E milhões de cidadãos desavisados embarcam nesta mediocridade que tem polarizado cada vez mais a historicamente rachada sociedade brasileira, enquanto políticos oportunistas aplicam suas ideologias corruptas e anti-sociais indiscriminadamente.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), criada em 1999 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, é uma reedição do Serviço Nacional de Informações (SNI) criado pela ditadura militar brasileira sob supervisão da CIA em 1964 para vigiar e controlar a sociedade brasileira, especialmente movimentos sociais e trabalhadores grevistas. E esta prática tem crescido assustadoramente nos últimos anos, mesmo nos do PT no governo federal.

Dentro do contexto atual de vigilância doméstica, caça às bruxas contra setores progressistas brasileiros, da forte influência da própria CIA à Polícia federal, à própria Abin e aos assuntos políticos, econômicos e sociais do Brasil como no recente impedimento da ex-presidente Dilma, tudo leva a crer que essa onda de ataques sistemáticos a ideias progressistas trata-se de mais uma produção dos laboratórios da Abin, bem ao estilo norte-americano que exporta métodos de controle social, como exemplifica a Escola das Américas.

As lista de evidências da fragilidade, ou da estupidez de se rotular defensores de políticas sociais de "ideólogos" ou "doutrinadores" é tão vasta, que fica difícil optar por apenas algumas delas. Pois o mais recente exemplo vem do político com capacidade marqueteira de poucos atualmente: o prefeito paulistano João Dória que, apoiando-se na despolitização por que seu setor reacionário tanto preza para dominar e gozar dos privilégios do poder sobre uma massa alienada, tem retirado os poucos direitos sociais na maior cidade da América Latina sem que a sociedade se dê conta disso, distraída com aquele que se intitula "gestor", e não político.

Chama a atenção que os mesmos que achincalham programas como o Bolsa Família de Lula (que Aécio Neves afirmou, na campanha presidencial de 2014, manter se ganhasse as eleições, na verdade criada por Fernando Henrique Cardoso com o nome de Bolsa Escola), regozijam-se com o assistencialismo de Dória que tem doado o salário a instituições de caridade; pois o mais gritantemente contraditório é que ao mesmo tempo que faz isso, o "gestor" alegadamente "sem ideologias" corta indiscriminadamente verbas da saúde, educação e privatiza até parques municipais. Mas é claro: o "apartidário" de turno que reza perfeitamente a cartilha de seus padrinhos do PSDB e arranca suspiros de determinados eleitores de São Paulo, é paulistano e oriundo das classes dominantes, não um nordestino da roça. Ou seja, esta atmosfera está evidentemente envolta em muita discriminação.

Enfim, o último exemplo do quanto a sociedade brasileira em geral tem se prestado a fazer o papel de pateta da Abin, que representa os interesses das oligarquias nacionais, é que em nome da "neutralidade" Dória pretende disseminar nas escolas da cidade de São Paulo livros de economia do Instituto Mises Brasil, que promovem os princípios de livre mercado.

Ludwig von Mises (1881-1973) foi um dos fundadores da Escola Austríaca de Economia, e defendeu o combate à intervenção estatal. "Aprender economia é essencial na vida das pessoas", disse recentemente o prefeito paulistano ao mesmo tempo que condenou aquilo que chama de “doutrinação” nas escolas. Pois... a que nível chegou o "debate" tupiniquim: os materiais de Mises não contêm uma linha ideológica, e bem clara?

O que se está fazendo é, como nos piores anos da Guerra Fria, criminalizar visões progressistas e até a mesmo a política ao negá-la (com fins ditatoriais, de aniquilação do pouco que há do Estado de direito) sob auto-rótulo de "gestor" ou coisa que o valha. Na era da Internet da informação global e em tempo real, é grave que milhões de indivíduos caiam tão facilmente neste engodo; a sociedade é, cada vez mais, responsável pelas informações que consome e pelo destino do país. Cada vez menos pode ser considerada "vítima" da imposição da forte dose de ignorância aplicada pelos donos do poder.

Porém, os agressivos fundamentalistas da ideologia que não aceitam diferenças, que pregam políticas elitistas travestidos de "apolíticos" sem criatividade ao nunca renovar as artimanhas de dominação, de exploração e da roubalheira indiscriminada, têm obtido sucesso inversamente proporcional ao nível desta paupérrima "engenharia intelectual" de "combate à ideologia", em promover a alienação de indivíduos que por comodidade, por medo ou por uma combinação de ambos, preferem se manter despolitizados, sem posição clara e indiferentes conduzidos pela corrente predominante, que não é nem nunca foi pautada pelos interesses da maioria da sociedade, senão do 1% dominante (ao qual o engodo Dória pertence).

Por que Jair Bolsonaro pode defender que cada cidadão tenha uma pistola em casa, sendo considerado "livre de ideologias", ao passo que quem defende o desarmamento deve ser tachado de "ideólogo"? Por que um professor pode (e com Dória deve) ensinar as leis do livre mercado (neoliberalismo), enquanto um professor que questiona este sistema deve ser criminalizado e responder na Justiça pelo "crime" contra os nobres filhos da sociedade paulistana? Por que Dória pode cortar um orçamento já pequeno da Prefeitura para cultura, na ordem de 0,8% do total da gestão anterior (quando a UNESCO recomenda um mínimo de 1%), agora sofrendo corte de 45% que praticamente zera os recursos para programas e projetos culturais, enquanto quem se opõe a isso defendendo fortes investimentos em educação e cultura, é considerado "doutrinador"? Por que novamente ele, Bolsonaro pode alegar que negro quilombola e índio "não serve nem para procriar", enquanto um professor que defende justiça social e igualdade de direitos deve ser ameaçado e até chegar a apanhar de pais de alunos, além de ser fortemente discriminado pelo terrorista Estado brasileiro?

Por que este autor merece ser aos gritos ameaçado de agressão física por, "comunista comedor de criancinhas", defender os direitos dos refugiados haitianos, agredidos e assassinados no Sul branco do Brasil, enquanto os mesmos que ameaçam este autor são considerados a nata intelectual e moral brasileira, "livres de ideologias"?

Enfim, por que tudo o que não esteja de acordo com o pregado pelos grandes meios de comunicação e pela elite brasileira, deve ser considerado "ideologia" e, se manifestado fazendo-se valer da liberdade de expressão e do incentivo ao questionamento e à reflexão, deve ser criminalizado? Quando a sociedade brasileira vai despertar para o que anda ocorrendo neste País?

Até onde vai este papel de pateta nas mãos das oligarquias nacionais que grande parte da sociedade brasileira tem se prestado a fazer? Outro exemplo claro de que não há nada de apartidário nem de democrático neste pobre conteúdo reacionário que só engana os mais ignorantes, é o próprio caráter profundamente agressivo que cerceia a discussão de ideias e a liberdade de expressão que permeia todos os setores da sociedade, muitas vezes valendo-se de agressões físicas pelos mais banais motivos.

Nunca após 1964 a democracia brasileira correu tanto risco nas mãos de subprodutos de um Estado autoritário, tais como João Dória, Jair Bolsonaro e outros elementos do tipo...


Lições do Equador ao País da Pobreza Intelectual e Moral

Campanha presidencial no Equador da Revolução Cidadã há dez anos solidificada, tem muito a ensinar ao Brasil das ideias pré-concebidas que insiste em não olhar para os lados - e pior: em não se olhar no espelho. E as lições vão muito além de conquistas
sociais (reconhecidas internacionalmente), que apontam histórica melhora neste quesito: trata-se de mentalidade

Fevereiro de 2017 Publicado em Pravda Brasil


Da entretenida e colorida Huaquillas, cidadezinha na fronteira com o Peru à encantadora Tulcán que, no limite com o município de Ipiales na Colômbia, parece um pedaço do céu no planeta Terra, o Equador evidencia-se como potência turística. E social, no sentido mais amplo.

Charles Darwin fez seus estudos evolucionistas nas Ilhas Galápagos, arquipélago do Oceano Pacífico que comporta a maior variedade de espécies animais e vegetais do planeta, declarado Patrimônio da Humanidade em 1978 pela Unesco. Em 1985, o Parque Nacional Galápagos foi declarado reserva da biosfera, ampliando-se posteriormente em dezembro de 2001, quando incluiu a reserva marinha.

O fato de o território equatoriano ser coberto em 48% pela floresta amazônica que se eleva magnificamente às estupendas montanhas andinas, revela por si só a díspar beleza geográfica do país.

Apesar de o "centro do mundo" (a chamada linha do Equador que divide imaginariamente o planeta passa exatamente pelo país andino) possuir toda essa "bagagem", beleza incomparável além de excelente gastronomia e uma sociedade extremamente gentil com índices de criminalidade baixíssimos, falar em Equador no Brasil da TV Globo arranca quase que invariavelmente olhares de zombaria e desprezo.

Aflora-se, também ai, o caráter fortemente discriminador da sociedade brasileira, movida historicamente por ideias pré-concebidas e pela acentuada aversão às diferenças.

E o que é pior: com todas as conquistas sociais, históricas nestes dez anos de Revolução Cidadã que tem levado a nação andina a ocupar os primeiros lugares da América Latina em índices de desenvolvimento social, cujo país antes da referida revolução amargava os últimos lugares regionais, tal desprezo também permeia espíritos "de esquerda" em terras tupiniquins nada férteis, do ponto de vista intelectual e moral.

Eleições Presidenciais no Equador

A campanha eleitoral à presidência equatoriana, cujas eleições se darão no próximo dia 19, apresenta a tendência latino-americana: campanha baseada na manipulação das informações, na difamação e na calúnia por parte de um punhado de atores reacionários de oposição de baixíssimo nível, sem ideias, sem conteúdo, cínicos e desmoralizados diante das ligações comprovadas com corruptos, contra o oficialismo progressista.

Pois o candidato governista, Lenin Moreno, segue as orientações históricas do Movimiento Alianza PAIS baseadas em dois conceitos fundamentais para vencer as eleições, e seguir governando o Equador na mesma linha de Rafael Correa eleito pela primeira vez em 2006, reeleito duas vezes em 2009 e em 2013 cuja popularidade é uma das mais altas da região, até hoje:

Protagonismo da sociedade: alcançar maior politização da sociedade, única garantia de que qualquer mudança programática que realize a Revolución Ciudadana, não seja passageira. A irreversibilidade do processo depende apenas de uma sociedade consciente de seus direitos e da importância de suas lutas históricas. Neste sentido, coloca-se muita ênfase no território, em “escutar as pessoas”.

Democracia radical: governar os mercados, colocar a economia a serviço da cidadania (o termo cidadania denota que o cidadão é considerado muito mais que consumidor, enquanto dotado de consciência política, de direitos e deveres diante de um Estado que lhe garante serviços básicos como saúde, educação, segurança, saneamento como direito e não bens de consumo). Além disso, incentivar os mecanismos de participação cidadã para que a sociedade possa imiscuir-se de uma melhor maneira no governo.

Moreno também garante que dará seguimento à Ley de Comunicación, em vigência desde 2014, cujo objetivo consiste em consolidar um sistema de comunicação mais equilibrado no que diz respeito aos seus atores, à pluralidade e à oferta televisiva.

Antes de 2008, a concessão de frequências de rádio e televisão esteve envolta em irregularidades e deficiências pelo que um dos pontos principais que estabelece a lei é a distribuição equitativa de frequências do espectro radioelétrico: 33% para os meios públicos, 33% aos privados e 34% aos meios comunitários.

Vale notar: o Equador, que ocupava os últimos lugares em termos econômicos e sociais em geral antes da Revolução Cidadã para hoje ser referência regional, era o último colocado em nível educacional: atualmente não apenas possui o maior número de universidades públicas, país latino-americano que mais investe em educação superior proporcionalmente ao PIB (1,8%) e que fornece maior número de bolsas de estudo na região em relação à sua população, como também (e isto configura-se como da maior importância) proporcionalmente é a nação que mais cresceu em termos de nível educacional.

O presidente Correa, idealizador da Revolução Cidadã, sempre soube que, para levar sua nação aos patamares sociais sólidos de hoje, precisava fornecer á sociedade a maior arma contra o retrocesso: a cultura que leva consigo a consciência cidadã. Qualquer processo que não passe por isso, é efêmero, mesmo o que transforma milhões de pobres extremos em pobres consumidores. Já dizia Paulo Freire, mais um alvo do ódio de mentalidades escravocratas e reacionárias: "A educação que não é emancipatória, faz com que o oprimido queira se transformar em opressor".

Do Golpe Militar de 64 ao Parlamentar de 2016 no Brasil: Deus É 'Made in Brazil'?

Isto nos leva a concluir que inclusive limitada às cômodas questões teóricas, trancafiada discutindo ciência política e estratégias para tomar novamente o poder, a "esquerda" tupiniquim (para nem mencionar a ala reacionária nacional, cuja ignorância e histeria multiplicam-se por dez) está há décadas atrás de vizinhos como o Equador.

Na realidade, o Brasil está historicamente atrasado em diversos pontos, tudo decorrente da mentalidade imperante: enquanto outras nações latino-americanas declararam-se independentes e, imediatamente, proclamaram suas repúblicas, nossa pífia "independência" cujo "grito" do Ipiranga, se existiu, deveu-se talvez a algum susto do histérico monarca português com baratas às margens do rio. último país do continente a terminar com a escravidão de negros; enquanto a vizinha Argentina promovia a Reforma Universitária em Córdoba (1920), no Brasil ainda se fundava sua primeira universidade (UFPR, em 1913). No primeiro quarto do século passado, a mesma Argentina, altamente industrializada, era a quarta economia mundial ao passo que o Brasil era agroexportador.

Ex-ditadores têm sido julgados e punidos nos países da região, com direitos políticos cassados e vivendo, em diversos casos, atrás das grades para o resto da vida enquanto no orgulho verde e amarelo do ame ou deixe dos milicos (isto é, não critique ou vá embora do país), tivemos de assistir ao então presidente Luiz Inácio, entre outras tantas traquinagens em prol dos ex-ditadores militares e de seus seguidores, apoiar José Sarney, ex-presidente da Arena (partido da ditadura), para presidir o Senado da República - em plena "redemocratização".

Os governos do PT ampliaram o financiamento dos estudos universitários - nunca as universidades brasileiras assemelharam-se tanto a shopping centers quanto nos dias de hoje -, sem porém aumentar de maneira minimamente suficiente o número de universidades federais, e o nível educacional brasileiro é uma verdadeira avacalhação repleto de "universitários" semi-analfabetos, mais que tudo abobalhados consumidores de diplomas.

No que diz respeito às louváveis cotas étnicas, acabaram, como praticamente todas as medidas petistas, pela metade jogadas às demagogias partidárias: o que foi feito para que um dia essas etnias, nem que fosse em um distante futuro, as etnias menos favorecidas, historicamente marginalizadas pudessem, apoiadas em sua própria capacidade e em igualdade de condições, ocupar as universidades públicas? Não apenas no ensino básico mas em termos de inclusão social de amplo alcance com consciência cidadã, absolutamente nada foi feito!

Quanto aos pobres consumidores? Pobres analfabetos políticos, escravos da própria alienação como sempre - como as classes mais favorecidas, aliás -, pobres em serviços básicos - saúde, educação, segurança, saneamento básico etc - com este agravante: retornando à pobreza extrema economicamente. Já dizia Alfredo Maneiro, político venezuelano (1937-82): "A revolução não é só uma bisteca no prato em cada mesa, nem muito menos uma TV em cada quarto e nem, absolutamente, um carro em cada porta. A revolução é, sobretudo, uma mudança de atitude nas relações humanas".

Hoje, personagens à "esquerda", mesmo entre os "moderados" do PT aceitam mais passivamente e até fazem exatamente os apontamentos críticos ao nível intelectual e moral da sociedade brasileira. Contudo, aos adeptos deste espectro político, é como se de repente tudo tivesse se modificado no Pais do Imponderável: essas mesmas observações eram inaceitáveis, patrulhadas e reprimidas com peculiar agressividade quando seus políticos, especialmente Luiz Inácio, gozavam de ampla popularidade. Então, falar em despolitização da sociedade era palavrão dos mais graves.

A propósito, Luiz Inácio, desconsiderando palavras do jurista argentino Nicolás Avellaneda (1837-85), "povo que esquece seu passado, está condenado a vivê-lo novamente", aliou-se a ex-partidários da Arena para se manter no poder, cujo exemplo foi dado mais acima no caso do Sarney. É exatamente de Luiz Inácio esta célebre frase: "Passado é passado", ou seja, esqueçamos tudo referindo-se à Lei de Anistia que pretendia apenas recontar a história do regime militar - sem punir como todos os vizinhos têm feito, ampla e exemplarmente. E não é que Avellaneda, que neste ano cumpriria 180 anos de idade, tinha razão? Mais que suas palavras, tal mentalidade tem sido bem compreendida - fora do Brasil.

A tempo: Luiz Inácio e sua sucessora, Dilma Rousseff em sua arte de manter, à base de muita demagogia, a ditadura de Partido Único no Brasil escondida detrás de diversidade de siglas, foram os que mais injetaram dinheiro público no oligopólio midiático brasileiro em toda a história - e não democratizaram a mídia a exemplo do que vigora em países como Estados Unidos, os da Europa e agora, em grande parte dos vizinhos. É também de Luiz Inácio esta bela homenagem póstuma: "Ai se vai um grande ser, merecedor de três dias de luto oficial", em referência a ele, ele mesmo, ao "doutor" Roberto Marinho.

Vale destacar que o setor midiático amplamente apoiado pelos petistas deslumbrados com o poder de outrora, mantém em uníssono a mesma mentalidade, hoje e sempre, do autor desta resposta a Monteiro Lobato quando o escritor propôs campanha para erradicar o analfabetismo no Brasil: "Ô, Lobato: mas se todos aprenderem a ler e escrever, quem vai pegar na enxada?". O autor? Proprietário do jornal O Estado de S. Paulo à época, meio que pertence ao mesmo monopólio da desinformação pauta precariamente a mentalidade predominante no País - e este embaralhamento do entendimento coletivo torna-se ainda mais patético considerando a era da Internet que vivemos, com inúmeras opções para que o indivíduo possa estar bem informado.

Do golpe militar de 1964 ao golpe parlamentar de 2016, o Brasil não tirou lição nenhuma - e hoje, na era da revolução da informação através da Internet, torna o problema em questão mais grave. Mas com tudo isso, diante de todo esse cenário, ainda se exacerba a fúria societária à "esquerda" quando, diante dos provérbios de Luiz Inácio, exclama-se que cinismo também precisa encontrar limites.

Pois os que se deslumbraram com o poder previsivelmente passageiro de outrora, trataram de blindar covardemente a oligarquia nacional a ponto de levar o devido bico nos fundilhos, sem absolutamente nada pode fazer posteriormente. Os porões do poder estavam muito bem protegidos para se fazer algo em prol da propalada democracia e revolução social, que nunca existiram.

E trataram também de domesticar uma "esquerda" já frágil, apática, sisuda, dessituada, mesquinha, cínica defensora de interesses político-partidários, fechada sem capacidade de dialogar com a sociedade, sequer de falar sua linguagem e sem a menor capacidade de luta e de resistência (são emblemáticas neste sentido as alianças do PT ao PMDB hoje, pós-golpe parlamentar, especialmente de Lula a Temer em pleno velório da esposa, uma das tantas vezes, mas certamente a mais surpreendente em que se aflorou a patologia do poder).

Trataram de patrulhar e abafar toda e qualquer crítica, de todo e qualquer segmento. Pois aí está a "resposta" do ninho de dezenas de milhões de víboras perdidas que o PT ajudou a acirrar, ao grande circo democrático que vive o Brasil - e assombra o mundo todo.

Ironia do destino! O PT precisa e busca desesperadamente atualmente pela sociedade politizada que não existe, e por um tipo de esquerda que, enquanto o partido esteve no poder, acusou de ultra-radical e de retrógrada - exatamente aquilo que o PT (dizia que) era antes de ontem, pré-poder, não foi no poder e tenta enganar hoje, pós-poder, que se torna novamente - dependendo da ocasião é claro, para não perder o costume.

Enfim, é realmente bem menos doloroso a curto e médio prazo, ao menos psicologicamente, viver atolado no auto-engano apesar de as vinganças da história serem, cedo ou tarde, fatais. Só não digam mais que Deus é brazuca, e que nosso futebol é o melhor do mundo! Que se contentem com o "debate" político que em todos os segmentos toma conta ferozmente do país - já está bom demais!


Queda do Brasil em Educação e a "Esquerda Moderada"

9 de dezembro de 2016 / Publicado noJornal Pravda (Rússia)


Dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) através de provas feitas em 70 países foram divulgados nesta terça-feira(6), e a posição do Brasil, historicamente sofrível, piorou ainda mais: ocupa agora a 63ª posição em ciências, 59ª em leitura e 66ª em matemática.

O responsável por isso é também, e sobretudo, o Partido dos Trabalhadores. "Também" porque foi uma continuação, em determinados pontos piorada e em outros discretamente melhorada, dos catastróficos governos anteriores em relação às políticas educacionais e culturais, igualmente neoliberais de (Fernando Henrique Cardoso ao regime militar, que atrasou enormemente o país do ponto de vista cultural gerando milhões de analfabetos, responsável ainda, em enorme medida, pela mentalidade escravocrata e reacionária, pelo colonialismo cultural que prepondera neste País).

Vale apontar as (ir)responsabilidades da autodenominada "esquerda moderada" brasileira agora, em tempos de aparente (nada mais que isso) "autocrítica". Até porque, desta culpa, certamente a "esquerda sóbria" se isentará. O mesmo setor que passou todos os anos deslumbrado com o poder, profundamente arrogante atacando aqueles que os alertavam que dariam com os burros do País e do próprio poder n'água.

Éramos os da "esquerda radical", ou "ultraesquerda" patrulhados impiedosamente, inimigos sermos combatidos por um setor sem a menor capacidade intelectual nem moral para uma discussão séria sobre o País: o principal objetivo segue, claramente, sendo a volta ao poder e não os reais interesses da sociedade para quem a sectária "esquerda" tupiniquim em geral nunca falou, mas sim para si mesma fechada em seus acentuados interesses político-partidários que a tornam apática, inerte, mesquinha, sisuda, sem a menor capacidade de mobilização e de reação.

Em contraposição ao Prouni, a "esquerda moderada" no poder esqueceu-se do investimento na construção de universidades federais, beneficiando assim o ensino privado, uma privada com aspecto de shopping center para onde são jogados os milhões de reais anuais dos consumidores de diplomas.

Foi criado o "mito das 14 universidades", supostamente criadas por Lula: este criou, na realidade, quatro - não acabadas ou em situação precária conforme artigo As (1)4 Universidades Criadas pelo Governo Lula, nesta ligação (belíssima pesquisa de Leonor Simioni e Rerisson Cavalcante). Leia também: Um Verdadeiro Espanto!, reportagem do jornal O Estado de S. Paulo sobre uma dessas universidades criadas por Lula. Com depoimentos de professores e alunos, é trazida às claras a desesperada realidade do campus da Unidade Acadêmica de Garanhuns, vinculada à Universidade Federal Rural de Pernambuco. Para as outras 10 universidades, o ex-presidente simplesmente assinou papeis transformando faculdades em universidades, computando-as equivocadamente em seus discursos de construção de novas universidades, maquiando assim informações.

As cotas raciais em favor de negros, pardos e índios (geralmente pertencentes a classes de menor poder aquisitivo devido a históricas políticas excludentes) de ter acesso à educação superior gratuita, é medida justa mas que deveria ter sido paliativa; virou política definitiva, mais uma grande demagogia já que não se fortaleceu os ensinos básico e médio, proporcionando condições para que segmentos desfavorecidos pudessem, por seus próprios méritos com o passar dos anos, ingressar às principais instituições de ensino superior. Durante tal período, dever-se-ia qualificar o ensino fundamental e o médio, proporcionando às classes menos favorecidas futuras condições de competir nos vestibulares com igualdade por vagas nas universidades estaduais e federais, sem necessidade das cotas (as quais, de certa forma, dentro de sua urgente importância, acabam acentuando a segregação étnica).

Não se poderia esperar outra coisa de quem disse logo que venceu as eleições presidenciais de 2002: "Nunca fui de esquerda". Agora ele os adeptos de sua seita política buscam, ironia do destino, respaldo naqueles que, em um passado nada remoto, tanto rotularam de radicais. Não sem se declarar hoje, oportunisticamente, "de esquerda".

A mídia tem a capacidade de educar e de imbecilizar a sociedade, não o contrário conforme tentam convencer os vendedores de lixo cultural da mídia predominante brasileira: "Produzimos o que a sociedade quer assistir", passando a ideia de que o cidadão é responsável pela programação de baixo nível. Pois o oligopólio midiático se acentuou nos anos do PT, a que pese a razoável política para a Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Sobre o patrocínio petista à mesma mídia contra quem oportunisticamente esperneia hoje, a revista Carta Capital relatou em Publicidade Federal: Globo Recebeu R$ 6,2 Bilhões dos Governos Lula e Dilma, que "entre os jornais, O Globo foi o que mais recebeu verbas; a revista Veja recebeu mais de R$ 700 milhões no período. (...) Lula e Dilma investiram um total de R$ 13,9 bilhões para fazer propaganda em todas as TVs do país".

E pontuou ainda: "A parte destinada somente às emissoras da Rede Globo representa quase metade desse total. Apesar disso, a porcentagem destinada à Globo tem sido reduzida. Ao final do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, as emissoras globais detinham 49% das verbas estatais destinadas à propagada em TV aberta, chegaram a 59% durante o governo Lula e, no ano passado, a Globo ainda liderava com R$ 453,5 milhões investidos, mas do total, o valor representa 36%".

Nada se poderia esperar nenhuma engenharia intelecto-política de quem disse, no velório do "doutor" Roberto Marinho: "Aí se vai um grande brasileiro, merecedor de três dias de luto oficial". Não se esperava que Luiz Inácio dissesse, exatamente naquela solenidade de despedida, uma série de verdades; porém passar todos os anos no poder tentando convencer-nos de que era necessário dar "aquela puxada de saco". além de todo o favorecimento político e econômico (com dinheiro público) em nome da governabilidade, foi demais!

Aí está o resultado... Para o PT, para aliados e para o processo de deseducação da sociedade, tão ou mais despolitizada que nunca. Mas cegados pela patologia do poder, nem diante das atuais circunstâncias e de uma "educação" ridícula, e queda livre são capazes de dar o braço a torcer.

Escreveu sábia e duramente Noam Chomsky em Truth Out, em 2013: "Há que se ter ensino em massa. A razão é que milhões estão podendo votar, e deve-se educá-los a fim de que não incomodem. Em outras palavras, deve-se treiná-los para a obediência e servilismo, para que não pensem como o mundo funciona e, assim, não vão depois pegar no pé deles. (...) As escolas são projetadas para ensinar o que vai cair na prova. Não existe a preocupação com a capacidade dos alunos de pensar, de se superar, de levantar questões. (...) Isso acontece em toda parte. E possui a evidente técnica de emburrecimento da população, e também de controlá-la. Para a maioria das pessoas, não há escolha. É o mesmo que dizer que todos têm a chance de se tornar milionários.Tudo isso é uma forma de transformar a população em um bando de imbecis".

Não esperemos que a "esquerda moderada" tupiniquim assuma a (ir)responsabilidade por isso.


Repressão contra MST Tem Endereço Certo: Departamento de Estado dos EUA

Forma e local da repressão, escola-referência latino-americana, traz à luz realidade preocupante e prenuncia futuro mais sombrio ao Brasil
Evidências diárias desde vésperas do golpe suave contra Dilma somadas a cabos liberados por WikiLeaks, não deixam dúvidas
Endereço da onda fascista que atinge proporções assustadoras no País, é o mesmo de março de 1964

6 de novembro de 2016 / Publicado no Jornal Pravda (Rússia)


Retrata perfeitamente o caráter do Estado brasileiro a forte repressão sofrida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) dia 4 de novembro na destacada Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) em Guararema (SP), através de ação coordenada entre Polícia Civil e Militar dos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, nenhuma novidade em se tratando destes fascistas defensores do Estado, não da sociedade formados ainda dentro das orientações do apodrecido regime ditatorial. Além de trazer à luz preocupante realidade social e de confirmar a forte presença imperialista no Brasil, as mesmas que inundaram o Brasil às vésperas de 1964, tudo isso prenunciando um quadro ainda mais dramático para o País.

Sem mandado de busca e apreensão, dez carros de polícia da GARRA (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), cujos oficiais estavam armados com fuzis e escopetas, invadiram a ENFF dando tiros com balas letais em direção ao teto e ao chão gerando pânico no local, deixando uma mulher ferida pelos estilhaços causados por mais um dentro os vários crimes de terrorismo de Estado praticados diariamente, Brasil afora. Excesso da truculência arbitrária revestida da bem-conhecida discriminação que move espíritos, dentro de uma instituição de ensino-referência latino-americana. O cenário não poderia ser mais patético.

O crime policial no interior paulista foi, logo em seguida, duramente criticado pela Anistia Internacional (AI) através de comunicado instando o Ministério Público dos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo a apurar as denúncias do MST contra as forças do Estado,

"A Anistia Internacional repudia as ações coordenadas das polícias militar e civil para intimidação e repressão ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. (...) As cenas e relatos demonstram uso excessivo e desnecessário da força", diz a nota do AI assinada por Atila Roque, diretor executivo da organização no Brasil. "O Brasil vive ainda uma estrutura agrária onde a violência contra trabalhadores rurais e a criminalização dos movimentos sociais colocam em risco direitos fundamentais no campo. Isto é um precedente perigoso para o Estado Democrático de Direito. Todos perdem neste cenário”, critica..

O Estado brasileiro terrorista, onde impera o uso da força, do poder, da imposição e da repressão permeando todos os segmentos da sociedade, criminalizador especialmente de movimentos sociais, muito pouco avançou pós-ditadura militar (inclusive nos anos do PT no poder nacional), em direitos humanos e, é claro, na própria mentalidade que se manifesta na postura envolvendo os mínimos detalhes da vida cotidiana, para nem dizer em termos de reforma agrária. Porém, vem piorando vertiginosa e assustadoramente quando o assunto é violência estatal e intolerância societária desde que, apoiado fortemente pela mídia oligárquica, o comprovadamente corrupto Michel Temer assumiu a Presidência.

No caso particular do Estado de São Paulo, histórico berço do reacionarismo e de toda sorte de preconceitos, o governador Geraldo Alckmin tem sido vergonhosamente apoiado pelas camadas mais abastadas da sociedade, tão dessituada quanto intolerante, nos mais diversos crimes desta natureza. Retrógrada sociedade onde um novo golpe militar sempre esteve latente. Não sem razão, o próprio sistema de educação do Estado é caótico, em queda-livre no quesito qualidade e valorização de professores durante estes longos e altamente corruptos 20 anos do PSDB no governo.

Esta avançada reacionária tupiniquim trata-se de tendência continental com endereço bastante certo. o mesmo, aliás, de 1964: o Departamento de Estado norte-americano que, em parceria com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), acirra a "política" de vassalagem contra o Brasil, bem-vinda pelas classes dominantes que guardavam nostalgia profunda dos tempos de desmando em troca das migalhas de Tio Sam. Eles estão de volta.

Diversos cabos liberados por WikiLeaks não apenas têm revelado a intimidade de políticos como Michel Temer, Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin com o Departamento de Estado dos Estados Unidos, como a própria preocupação e vigilância constante de Washington em relação aos movimentos sociais brasileiros, especialmente o MST com destaque para a influência do oligopólio midiático do país sul-americano em construir uma imagem distorcida do movimento em questão, profundamente negativa.

Os ataques contra estudantes ocupantes de escolas nas últimas semanas, e agora contra o MST, movimento em favor de reforma agrária em um país miserável que ainda mantém praticamente intactos os latifúndios em relação aos tempos imperiais do século XIX, não podem abrir precedentes para que esta nova avançada reacionária imponha seu regime de exceção e repressão indiscriminada ao País, que trilha por caminhos assustadoramente sombrios.

A realidade é que março de 1964 nunca foi superado totalmente, e parece retomar fôlego nestes últimos meses com grande impulso entre, de um lado, setores cheios de intolerância e ódio que insistem em ter a mentalidade formada por meios de comunicação como Rede Globo, e de outro a velha "esquerda" em geral inerte, apática, retórica, mesquinha, facilmente vendável daí sem nenhuma capacidade de reação tomada em seus interesses político-partidários.

Para onde vai o Brasil? É uma resposta que poucos têm para dar, e estado contra o qual, talvez menos ainda, capacidade de reagir e alterar. (Ir)Responsabilidade também da cúpula petista usurpadora do poder, que se aliou ao que de pior aí está - incluindo o mesmo monopólio midiático de desinformação que a derrubou do poder de partido único no País - e, previsivelmente, acabou levando o devido bico nos fundilhos. Nada indica que a farra dos banqueiros, do alto empresariado nacional corrupto, das transnacionais e dos ex-aliados petistas vá terminar, pelo contrário: um cenário ainda mais catastrófico ainda deve surgir.


Golpe Anunciado e Cegueira diante dos Deslumbres com o Poder

"O poder não corrompe as pessoas, apenas as revela!"
(Heloísa Helena)

29 de maio de 2016 / Publicado no Jornal Pravda (Rússia) e em Global Research (Canadá)


"O PMDB trata de tentar aturar o PT hoje por conveniência - e, nenhuma descoberta no campo da ciência política, na primeira oportunidade arrematarão o pé nos fundilhos do PT, e se estiverem de muito bom humor sem dar tiros a todos os lados, o que é improvável que aconteça. Isso deve acontecer na eleição de 2014, mas pode ser adiado de acordo com as costuras partidárias que se deem até lá. (...) Em briga de casal bandido, costuma haver divórcio - e quem se mete nela, é atacado por ambos os lados" (artigo Aliança PT-PMDB: Briga de Casal - Mas de Casal Bandido, publicado por este autor em dezembro de 2012, mais abaixo).

Se não era necessário ser cientista político nem aspirante a Mãe Diná, para fazer tal constatação há mais de três anos; tampouco era preciso ter conhecimento de algumas das centenas milhares de cabos liberado por WikiLeaks revelando os segredos de Estado dos Estados Unidos, que trazem à luz inclusive a subserviência da cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT) aos "diplomatas" norte-americanos. Nem mesmo do telegrama denunciado por Julian Assange na primeira semana de maio deste ano, revelando que Michel Temer se prestou a ser informante dos porões do poder de Washington.

O golpe sempre esteve mais que anunciado no Brasil: era apenas uma questão de tempo. Se setores progressistas brasileiros sempre reconheceram que um novo golpe à democracia esteve latente na última década, grande parte da "esquerda" nacional acabava sempre subestimando a capacidade de a oposição executá-lo.

Seu entendimento esteve distraído pelos deslumbres com o poder, a começar pelos "intelectuais" político-partidários. Renan Calheiros e José Sarney foram senadores apoiados pelo Palácio do Planalto petista para assumir a presidência do Senado. O novo "companheiro" Henrique Meirelles, assim chamado por Luiz Inácio e Dilma, foi nomeado para controlar a economia do país. O abraço fraternal de Luiz Inácio em Paulo Maluf. O também denominado "companheiro" Michel Temer tornou-se vice-presidente à base de confetes (quem se lembra?).

A "esquerda moderada" jamais foi capaz de enxergar, no alto de seu tamanco da arrogância que patrulhava de toda e qualquer crítica construtiva, que a aliança aos velhos oligarcas e coroneis deste país em nome da "governabilidade" nada mais era que entregar a cabeça do próprio "governo neoliberal com aspecto humano" (nas palavras do economista canadense Michel Chossudovski), em uma bandeja às classes dominantes. E junto, a cabeça de mais de 150 milhões de cidadãos pertencentes às classes menos favorecidas.

Patrulhamento petista sem nenhuma diferença do tom agressivo hoje esbanjado pateticamente pelos setores reacionários contra toda e qualquer diferença de ideias, ainda que sem bandeira partidária. Hoje esses mesmos "intelectuais", entre eles Emir Sader, desesperados diante da perda do poder, voltam a adotar seu velho discurso mais à esquerda, mesmo discurso que durante os pouco mais de 13 anos do PT no poder tacharam de "ultra-esquerda radical".

Emir Sader é especialmente apontado aqui pois, nos nada remotos idos de 2014, qualificou integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) de "cães vira-latas". O motivo? Reivindicavam moradia digna na cidade de São Paulo, onde o Prefeito era e é Fernando Haddad do PT, ao qual o "intelectual" é filiado.

Ironia do destino: o PT necessita hoje, desesperadamente, do engajamento através das manifestações populares e, sobretudo, da tentativa de politização junto à sociedade exatamente por parte de movimentos sociais como o MTST, e de comunicadores de uma mídia realmente alternativa (outrora igualmente qualificada de "radical"), a fim de tentar reverter o impedimento da presidente Dilma Rousseff, tarefa quase impossível.

Grande Mídia: De Ilusória "Companheira" a Inimiga

Em entrevista à rede de TV venezuelana Telesur no início de maio deste ano, a presidente Dilma observou que o Brasil carece da presença de meios de comunicação com enfoques diversos, devido ao fato de que, dentre todos os existentes, uma grande quantidade é regida sob uma mesma tendência editorial.

Lamentou que não existam grandes emissoras de televisão ou jornais que difundam informação com uma visão distinta dos já estabelecidos, em sua maioria com tendências direitistas. Demagogia pouca tem sido uma grande bobagem, marca do governo federal sob o PT que nunca fez o menor esforço para regular a mídia brasileira, e a própria recém-empossada presidente Dilma afirmou, em 2011, que o cidadão não precisava de Leis de Imprensa existente nos países com democracia mais avançada do mundo, pois "tem o controle remoto".

Sobre o patrocínio petista à mesma mídia contra quem oportunisticamente esperneia hoje, a revista Carta Capital relatou em Publicidade Federal: Globo Recebeu R$ 6,2 Bilhões dos Governos Lula e Dilma, que "entre os jornais, O Globo foi o que mais recebeu verbas; a revista Veja recebeu mais de R$ 700 milhões no período. (...) Lula e Dilma investiram um total de R$ 13,9 bilhões para fazer propaganda em todas as TVs do país".

E pontuou ainda: "A parte destinada somente às emissoras da Rede Globo representa quase metade desse total. Apesar disso, a porcentagem destinada à Globo tem sido reduzida. Ao final do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, as emissoras globais detinham 49% das verbas estatais destinadas à propagada em TV aberta, chegaram a 59% durante o governo Lula e, no ano passado, a Globo ainda liderava com R$ 453,5 milhões investidos, mas do total, o valor representa 36%".

Pois é tão proibido pensar e se expressar a fim de promover a auto-crítica agora, entre militantes petistas mais fanatizados, quanto entre a ala mais reacionária do país. Duas faces de uma mesma moeda raivosa, discriminatória, politiqueira.

Casuísmo na "Revolução Social" do PT

Revolução social, em enorme medida, do discurso, em grande medida maquiada, fundamentada em demagogias e muito oportunismo. Em poucas palavras, assim pode se definir o PT à frente do governo federal. E definição não fechado em argumentos e retóricas (maior arma petista, historicamente), mas em fatos incontestáveis.

Ao longo destes mais de 13 anos com o PT no Palácio do Planalto, o Brasil seguiu no inaceitável posto de último país do mundo em gastos proporcionais em educação, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo dados da Unesco, o nível educacional do Brasil, com cerca de 50% de analfabetos entre plenos e funcionais, está entre os mais baixos da América Latina, e na posição de 88º no mundo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2006, último ano do primeiro mandato do presidente Lula, 75,2% dos municípios não possuíam centros culturais, em 91,3% não havia salas de cinema, em 78,8% não havia teatros nem salas de espetáculo, 7,1% não contavam com museus e 10,9% sequer possuíam uma biblioteca. Não há indicativos de que essa situação catastrófica tenha tido alguma melhora nos últimos anos.

Através de programas de financiamento, diversos jovens tiveram acesso a universidades particulares, mas não houve melhoria e construção significativa de novas universidades federais. O PT estabeleceu as cotas, medidas louváveis; mas não promoveu melhora no ensino básico a fim de, algum dia, as etnias menos favorecidas possam ingressar nas melhores universidades pelos próprios méritos. Em fevereiro de 2013, o Caderno de Pensamento Crítico Latino-Americano (CLACSO) e o Seminário 10 Anos de Ações Afirmativas: Conquistas e Desafios, organizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO) em parceria com o Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), apontaram em um debate exatamente a dificuldade de alunos universitários cotistas em acompanhar adequadamente o ritmo das aulas. Pois políticas insuficientes produzem resultados ineficientes.

O partido prova de seu próprio veneno agora: a despolitização da sociedade hoje a faz refém, como sempre, da manipulação descomedida da mídia de desinformação em massa. Mesmo veneno, entre tantos, provado através da altamente reacionária lei anti-terrorismo aprovada pela presidente por Dilma, a qual diminui possibilidades de resistência agora enfraquecendo o poder de ação dos movimentos sociais (cooptados pelo partido nestes anos), manifestações públicas e até uma fundamentalmente necessária desobediência civil pacífica, dos quais o PT tanto depende para a sobrevivência agora.

Atendendo aos interesses das oligarquias nacionais e de Washington, mas contrariando apreservação ambiental, a presidente Dilma aprovou o Código Florestal. Telegramas secretos emitidos pela "Embaixada" dos Estados Unidos em Brasília liberados porWikileaks, revelam o lobby nos bastidores dos norte-americanos, visando especialmente à Amazônia (leia Em Telegrama, Embaixador é Favorável à Redução de Reserva Legal).

O índice de empregos, é verdade, cresceu como nenhum dos grandes partidos jamais foi capaz de fazer. Porém, a precarização das condições de trabalho segue igualmente deplorável. O salário mínimo adquiriu ganho real como nunca antes, mas ainda é um dos menores da America Latina - menor em termos absolutos e proporcionais que o do vizinho Paraguai, um dos países mais pobres e desiguais da região. A desigualdade foi modestamente diminuída, porém o país ainda é um dos mais desiguais da América Latina (lembremo-nos que redução da pobreza não possui, necessariamente, ligação com diminuição das desigualdades sociais).

O país segue como um dos maiores concentradores de renda do mundo, e muito pouco avançou na última década.

(...) Segundo Ruy Braga, professor do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, o crescimento de vagas de trabalho na última década "se concentrou na faixa de até dois salários mínimos, o que aquece o mercado de trabalho com baixos salários e, consequentemente, em condições muito precárias (fonte: revista Caros Amigos, maio de 2012, página 20).

(...) O salário mínimo brasileiro é menor que o paraguaio, mesmo em números absolutos estando quase quatro vezes aquém do recomendado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cujos cálculos estipulam R$ 2.300 como o mínimo para que um trabalhador deveria ganhar para sustentar sua família.

Nos anos de 1990, a taxa média de trabalhadores com carteira assinada era de 40%. Na década de 1980, 60%. Hoje, esse índice é de 55% (ibidem), o que não pode ser chamado de revolução no campo do trabalho, menos ainda se levarmos em conta que a precarização das condições de trabalho se acentuaram nos últimos anos, atingindo níveis alarmantes de acidentes: em 2001, último ano de Fernando Henrique Cardoso na presidência da República, o número de acidentes de trabalho foi de 340 mil em todo o país; em 2007 este índice deu um salto para 653 mil, e em 2010 os acidentes atingiram, segundo o Ministério da Previdência, 720 mil trabalhadores (fonte: revista Caros Amigos, outubro de 2012, página 16).

Nos anos de 1990, a taxa média de trabalhadores com carteira assinada era de 40%. Na década de 1980, 60%. Hoje, esse índice é de 55% (ibidem), o que não pode ser chamado de revolução no campo do trabalho, menos ainda se levarmos em conta que a precarização das condições de trabalho se acentuaram nos últimos anos, atingindo níveis alarmantes de acidentes: em 2001, último ano de Fernando Henrique Cardoso na presidência da República, o número de acidentes de trabalho foi de 340 mil em todo o país; em 2007 este índice deu um salto para 653 mil, e em 2010 os acidentes atingiram, segundo o Ministério da Previdência, 720 mil trabalhadores (ibidem).

Em 10 anos, de 2003 a 2013, a produtividade da mão-de-obra esteve praticamente estagnada segundo a Confederação Nacional da Indústria - houve crescimento de apenas 0,6% ao ano entre 2000 e 2010, contra 6,9% de Taiwan, 6% da República Tcheca, 5% dos Estados Unidos, 4% da Finlândia e 1,2% da hoje crítica Espanha.

No caso da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o mito de o Brasil estar livre de dívida externa e ter se tornado mais soberano, não se menciona dois pontos fundamentais:

1. O Brasil é muito mais devedor de bancos internacionais (entre grandes bobagens governamentais, financiaram agentes internacionais que se instalaram no país à época ditatorial, 1964-1985, e toda a estrutura de manutenção do regime militar; portanto, a dívida externa está longe de ser liquidada).

2. E o governo Lula, nas palavras de Maria Lucia Fatorelli, em entrevista à Gabriela Moncau para a revista Caros Amigos em janeiro de 2013:

Pagou a dívida financeira de 4% antecipadamente [ao FMI] - e, diga-se de passagem, para pagar a dívida com o FMI foram emitidos
títulos da dívida interna, que na época pagavam juros de 19,3%. Então, não pagamos a dívida. Ela meramente mudou de mãos,
deixamos de dever ao FMI para dever aos detentores dos títulos da dívida interna.

Então, financeiramente, foi um dano. E politicamente: no dia do pagamento ao FMI, o [Antônio] Palocci, que era ministro da Fazenda, publicou na página do Ministério uma declaração formal. Uma carta dizendo que o pagamento não significava a desvinculação ao
inciso tal do estatuto do FMI, ou seja, todo o direito do FMI de monitorar a economia, ter acesso aos dados, etc., prevalecia.

A partir de 2005, o tesouro nacional começou a resgatar antecipadamente títulos da dívida externa, e pagando ágio.
É inacreditável pagar uma conta antes do vencimento, e ao invés de pedir desconto, pagar ágio.

Financeirização da Economia - A presidente Dilma cortou, logo nos dois primeiros anos de seu governo, R$ 50 bilhões em investimentos sociais enquanto seguimos campeões mundiais em taxas de juros, estamos entre os 14 países com maior carga tributária, atrás apenas de países europeus, tendo o país crescido quatro posições de 2008 para 2009 segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de dezembro de 2010 - ano em que tal carga atingiu 35,04% do PIB; os oito anos e meio do governo do PT geraram superávit de 4% do PIB, transferindo mais R$ 1,5 trilhão ao setor financeiro, para pagamento de juros da dívida pública estando o Brasil entre os três mais desiguais do planeta segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), com economia cada vez mais de joelhos ao capital especulativo (dados a seguir publicados pelo jornal A Nova Democracia):

O lucro líquido do banco Bradesco chegou, no primeiro trimestre desse ano, a R$ 2,7 bilhões, montante 28% maior do que apurado no mesmo período de 2010. O banco Santander, por sua vez, obteve um lucro de R$ 2,071 bilhões, 17,5% maior que no primeiro trimestre de 2010. Já o Itaú/Unibanco registrou o lucro líquido de R$ 3,53 bilhões no primeiro trimestre desse ano, o que corresponde a um crescimento de 9,15% comparando com o ano anterior.

O lucro líquido dos três maiores bancos privados em atividade em nosso país, quando somados ao lucro líquido do Banco do Brasil, que foi de R$ 2,93 bilhões, ultrapassaram os R$ 10 bilhões, marca nunca antes atingida em um período tão curto.

Remessas de Lucro ao Exterior - No mesmo artigo, outros dados apresentados por A Nova Democracia, sobre bilionárias remessas de lucro ao exterior: "As matrizes das indústrias automobilísticas instaladas no Brasil receberam remessas superiores a US$ 2,2 bilhões no primeiro quadrimestre de 2011. Esse valor representa um aumento de 238% comparando com o mesmo período de 2010.

"Segundo dados do Banco Central, o valor enviado pelas empresas automobilísticas corresponde a mais de um quarto, ou seja, 26,2%, de todas as remessas de US$ 8,5 bilhões feitas por empresas estrangeiras instaladas no Brasil nesse período.

"Apesar dessas altas cifras remetidas para as matrizes estrangeiras, o grosso dos investimentos anunciados pelo setor é bancado por recursos nacionais, como os US$ 8,7 bilhões de dólares (aproximadamente, 16,3 bilhões de reais) concedidos pelo BNDES a estas montadoras no período 2008-2010."

Ainda sobre juros da dívida pública, nos últimos 12 meses custou R$ 213,9 bilhões ao Brasil, para o que o Estado cortou gastos e reservou R$ 119,6 bilhões do total da receita de impostos. O valor não pago, R$ 94,3 bilhões, foi acrescido ao saldo da dívida, que não para de aumentar. O programa Bolsa Família, que beneficia 53 bilhões de brasileiros com média de R$ 155,00 por família, custando ao Estado R$ 17 bilhões, poderia ser multiplicado por 12 vezes e meia e acrescido a R$ 1.400,00 por família com o montante do juro da dívida pública pago nesses 12 meses (fonte: Carta Maior).

Violência - A Unicef, em contribuição para documento da ONU de 2008 sobre o Brasil, declarou: "A violência em todas as idades aumentou na última década, transformando o assunto em um dos mais sérios desafios enfrentados pelo país. Os homicídios de adolescentes entre 15 e 19 anos aumentaram quatro vezes nas últimas duas décadas, atingindo 7,9 mil em 2003".

Para a Organização das Nações Unidas (ONU), 15 mil mortes violentas anuais em um país caracterizam estado de guerra civil. A média de assassinatos anual no Brasil chega a quase 60 mil pessoas segundo dados da Secretaria de Segurança Pública e da ONU. Ou seja, estamos ultrapassando em quase quatro vezes (!) o nível insuportável de uma guerra interna.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil uma média de 30 mil pessoas são assassinadas anualmente por armas de fogo (dados: UNESCO), maior índice de mortes por habitante em todo o mundo: 19,4 a cada 100 mil, superior ao dos Estados Unidos, com 10,5 mortes por 100 mil habitantes (nesse país, o número de armas de fogo em circulação é bem superior ao do Brasil, bem como o número total da população, de cerca de 309 milhões contra 195 milhões de brasileiros).

A situação é ainda mais grave entre jovens de 15 a 24 anos: a cada três óbitos, um se dá por ferimento a bala, maior causador de morte nesta faixa etária e proporcionalmente muito acima da segunda maior causa, que são os acidentes de trânsito. Em 2003, os homicídios juvenis por de armas de fogo representaram 41,6% do total do país, e 34,4% do total das mortes de jovens - os acidentes por transporte, segundo maior responsável por óbitos juvenis, são responsáveis por 15,8% da mortalidade nesta faixa etária.

Com menos de 3% da população mundial, o Brasil responde por 11% dos crimes por armas de fogo no mundo, levando o país a superar 23 países envolvidos em conflitos armados no mundo no que diz respeito a vítimas mortais por armas de fogo, atrás apenas de Angola e Guatemala em números absolutos (proporcionalmente por 100 mil habitantes, o Brasil situa-se muito acima). No Brasil, esses índices crescem ano após ano: entre 1979 e 2003 houve aumento de 542,7% nos homicídios por armas de fogo, quando a população do país cresceu 51,8% - em 1979, foram 6.993 mortes por tais armas; em 2003, 39.284 respondendo por 3,9% do total de mortes no ano (em 1979, representava 1%), totalizando 550.028 mortes durante esses 24 anos. Se consideramos assassinatos com armas de fogo por 100 mil habitantes, em 1979 elas causaram 5,0 óbitos, subindo para 21,3 em 100 mil no ano de 2003, o que representa aumento de 324,6% (UNESCO).

Em 2005, a ONU fez recomendações urgentes ao governo brasileiro dentro do que considerou deterioração da defesa dos direitos humanos, especialmente em relação à morosidade e impunidade no sistema judiciário, à grave questão agrária enfatizando o antigo problema da expulsão de indígenas de suas terras, ao fim da tortura e superlotação nas prisões, e aos assassinatos extrajudiciais. Lula deixou a presidência em 2011 e nada isso foi feito, pelo contrário: a questão dos direitos humanos, em cada um de seus pontos, tem apenas piorado nos últimos anos.

A OMS aponta ainda que, no Brasil, cerca de 20% das mulheres são vítimas de violência física ou sexual durante a vida, na maioria das vezes agressão doméstica. Mesmo com a criação das delegacias especializadas em 1985, que facilita o registro de crimes contra as mulheres, elas ainda sofrem sérias dificuldades para registrar ocorrências criminais, devido ao preconceito e discriminação da Polícia e da sociedade.

A Polícia brasileira, segundo dados oficiais, é a mais violenta do mundo cujos alvos mais vulneráveis são negros e pobres, que também estão dentre a maioria das 45 mil mortes violentas anuais do país - e a maioria dos mortos pela Polícia ocorre sem justificativa. Tudo isso faz com que o país seja cada vez mais advertido pelos órgãos internacionais de direitos humanos, devido à omissão e até incentivo do Estado à repressão.

A Organização dos Estados Americanos (OEA), condenou o Estado brasileiro em 2010 pela Lei de Anistia que não julga e pune os militares pelos crimes de lesa humanidade à ápoca da ditadura (1964-1985), sobre o que o ex-presidente Lula disse: "Passado é passado" (isto é, já não interessa mais o que se fez, nem a memória das vítimas nem os familiares hoje, nem vem ao caso segundo Lula prevenir que volte a acometer o país um terror de Estado oficializado, contra o que ele mesmo tanto declara ter lutado, bem como a presidente Dilma Rousseff).

Outra questão crítica é a dos povos originários, que continuam sendo roubados e massacrados impunemente especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste do país: o PT não tem feito absolutamente nada para conter a ganância genocida dos madeireiros e dos empresários do agronegócio.

Saneamento Básico e Moradia - Sobre saneamento básico e moradia, de acordo comlevantamentos do IBGE, apenas 62,6% dos domicílios urbanos brasileiros têm acesso à rede de água, esgoto e à coleta de lixo, sendo que quando Lula assumiu o poder, essa cifra estava em cerca de 60%, conforme mostram indicadores do próprio IBGE - nas zonas rurais, esse número hoje cai para 25%. Ainda segundo o IBGE, em 2005 o grave déficit habitacional brasileiro era de 7 milhões, e em 2009 a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) apontou déficit de 5,8 milhões, uma diminuição irrisória principalmente se levado em conta que há no país 5 milhões de prédios desocupados e sem uso (muitos abandonados aguardando valorização imobiliária), contrariando o princípio constitucional de que, antes de mais nada, a propriedade privada possui função social.

Segundo o Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), há 14 milhões de famintos no Brasil e 74 milhões de subnutridos, sendo que o país é o quarto maior produtor mundial de alimentos. 35% dos brasileiros que vivem em áreas urbanas não possuem moradias dignas, e em São Paulo e no Rio de Janeiro nos últimos 15 anos o número de favelas passou de 4 para 7 milhões. 12,3 milhões de pessoas vivem em dormitórios superlotados (com três pessoas ou mais), e em 2007, 5,4 milhões de brasileiros subtraíram mais de 30% de sua renda com o aluguel, o que significa 8% da população urbana do país.

O Ipea aponta também outros dados importantes: dos 408 mil moradores de cortiços, 66,3% são pardos e negros, os quais compõem ainda 52% dos 270 mil cidadãos sem-teto, 65,6% dos 7 milhões de moradores de favelas, 52,7% dos 7,3 milhões de moradores com irregularidade fundiária (sem escritura ou em situação de ocupação), e 65,8% dos 12,3 milhões dos que vivem em residências adensadas (com três pessoas ou mais por cômodo).

No Rio de Janeiro há hoje mil favelas, e em São Paulo, duas mil. E justamente as cidades com maior número de favelas, pela ordem, São Paulo, Rio, Recife, Belo Horizonte e Belém, registram o maior índice de violência e homicídios.

Sistema Prisional e Discriminação - Segundo o Ministério da Justiça, há um grande déficit de vagas nas prisões brasileiras, de 35% em relação à população nas penitenciárias. Fora desses locais, 14% dos presos se amontoam desumanamente em delegacias e distritos policiais, onde o déficit de vagas é de 49%.

De acordo com o delegado Orlando Zaccone, da cidade de Nova Iguaçu, RJ, o número de negros no sistema prisional é maior que na sociedade. O delegado diz que os encarcerados são selecionados entre os setores mais vulneráveis da sociedade, em uma forma cruel de manutenção da estrutura social vigente. Zaccone também explica que outro critério de seletividade do crime é o estereótipo do criminoso.

Hoje, a população carcerária tem o perfil pobre, sem que seja o pobre quem mais cometa crimes, em absoluto, enfatiza o delegado. O número de negros no sistema prisional, por sua vez, é maior que na sociedade. Para o delegado, o negro tem mais facilidade de ser identificado, pois pertence a um estrato social popular e comete o crime em espaço público.

Zaccone afirma também que o sistema carcerário hoje funciona como uma espécie de esgoto, para onde são enviados os excedentes da sociedade de mercado. De acordo com ele, o Estado não cumpre as funções de equilíbrio e proteção do bem-estar social. "Ou seja, a gente não divide coletivamente os prejuízos causados pela própria estrutura econômica da sociedade, você vai ter que dar uma solução para o desemprego, àquelas pessoas que estão colocadas de lado no mercado de consumo. E a solução tem sido o cárcere e extermínio. Encarcerar as classes pobres e perigosas, e exterminar aqueles que resistem", completa.

Zaccone acredita que o sistema carcerário precisa de mudança total. "E essa mudança permeia uma questão fundamental: a decisão política. Não apenas decidir por mudanças reformistas, mas em uma perspectiva estrutural, de começar a compreender de fato o que leva a população pobre ao cárcere", conclui.

Ano a ano, o Estado brasileiro é duramente advertido pelos órgãos internacionais de direitos humanos pela discriminação, pelo sistema prisional e pelos diversos abusos policiais, inclusive por práticas de tortura.

Saúde Pública - O gasto médio público em saúde é de 385 dólares por habitante ao ano da 6ª economia do mundo, o que equivale a 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) gasto entre União, estados e municípios. Se computados apenas os gastos da União no setor, essa cifra cai para módico (para não dizer trágico) 1,7% (fonte: revista Caros Amigos, edição especial Saúde, páginas 5 e 6, novembro de 2012).

Em 1980, os gastos do governo federal equivaliam a 75% dos investimentos no sistema público de saúde, enquanto estados e municípios arcavam com 25%. Hoje, há uma quase inversão da situação: estes participam com 54% no financiamento da saúde pública, enquanto a União desembolsa tacanhos 46% de acordo com dados oficiais citados por Nelson Rodrigues dos Santos, professor da Unicamp (ibidem).

Dos 5.564 municípios do Brasil, 428 não possuem um único médico (número proporcionalmente alto), cujos números que evidenciam o descaso governamental com a saúde pública, traduzem-se nos inúmeros e estarrecedores atendimentos em corredores de hospitais país afora, além da falta de medicamentos e longas esperas por consultas, que podem levar muitos meses ou até mais de um ano.

Segundo reportagem de Luciana Araújo na mencionada edição especial da Caros Amigos, "a versão original de lei apresentada ao Senado [aprovada pelo Congresso em 2000 através da Emenda Constitucional 29] responsabilizava a União por aplicar, no mínimo, 10% da Receita Corrente Bruta no orçamento da saúde. Mas o governo federal [de Dilma Rousseff em dezembro de 2010, já que sua regulamentação ficou pendente até então] mobilizou sua base de apoio e impediu a aprovação desse dispositivo na regulamentação da Emenda".

Outro ponto de suma importância colocado pela repórter Luciana Araújo, é que a Desvinculação de Receitas da União (DRU), criada em 1994 a fim de liberar 20% da arrecadação destinada à Seguridade Social para que o governo use deliberadamente, vem sendo ainda hoje usada para pagamento da dívida pública: "Desde que foi criada até dezembro de 2010, a DRU retirou do orçamento da Seguridade R$ 467 bilhões em valores corrigidos. Em dezembro do ano passado, a DRU foi prorrogada pelo Congresso Nacional até 2015".

Coisas que nem jornalecos autoproclamados "mídia alternativa" nem os "jornalões", tão duramente criticados pelo PT, divulgam. Tomadas de decisão que os donos do poder de hoje não incluem às suas retóricas, enquanto propagandeiam medidas assistencialistas e louvam taxas do Risco Brasil, reservas cambiais e outros assuntos mais doutrinários, muito mais especulativos que possuem pouco ou nenhum efeito prático na vida cotidiana do cidadão brasileiro.

Reforma Política - Quando das manifestações maciças de junho de 2013, em enorme medida artificiais, mais uma "revolução colorida" manipulada pela mídia predominante e até hoje (documentalmente comprovado) arquitetada e financiada por Washington, a presidente Dilma perdeu a grande oportunidade de se aproveitar do clamor público e fazer uma faxina na política, ao deixar de promover reforma nesta área.

- Viver de Joelhos ou Morrer de Pé? - Morrer de Joelhos...

Por isso tudo, não é exagero afirmar que o "governo pela metade" do PT produziu consumidores, mas não cidadãos. Aí está a realidade, lamentada inclusive pelos petistas dante de uma sociedade inerte, absolutamente dessituada, para não nos desmentir.

Não causa surpresa, diante deste cenário político, econômico, sócio-cultural, que Michel Temer, envolvido em esquema ilegal de compra de etanol, considerado culpado, e multado por irregularidades nos gastos de campanha, não gere grande insatisfação na mesma sociedade que clamou raivosamente pelo impedimento da presidente Dilma, falsamente em nome de combate à corrupção.

O PT mesmo deixou o caminho aberto para que Temer acentue ainda mais a fidelidade aos interesses dos mais ricos no Brasil: indicou executivos do Goldman Sachs e do FMI para controlar a economia, e instalou uma equipe neoliberal sem nenhuma representatividade (composta em parte pelo mesmo partido, o PSDB, que perdeu quatro eleições seguidas para o PT). Um desses ministros, José Serra, mencionado diversas vezes em cabos confidenciais e secretos emitidos por "diplomatas" norte-americanos no Brasil, como o preferido de Washington sobretudo pela disposição em entregar o petróleo brasileiro (leia O Perfil de José Serra Feito pelos Norte-Americanos; Serra [Se Eleito Presidente] "Buscaria Política Externa Mais Afinada com EUA"; 'WikiLeaks': Serra Entregaria Pré-Sal à Exploração Norte-Americana; Nos Bastidores, o Lobby pelo Pré-Sal.

A equipe de Temer confirma o fundo discriminador e sem nenhum compromisso real com combate a corrupção, argumento que derrubou a presidente Dilma: um ministério sem mulheres, sem negros (maioria no Brasil; de acordo com último senso de 2010, mais de 50% dos brasileiros declarou-se afrodescendente), e 1/3 sob suspeitas de corrupção.

Segundo o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, "apesar dos danos [econômicos, políticos e sociais] que o PT está causando ao país, os plutocratas e seus jornalistas-propagandistas e a corja de bandidos em Brasília que arquitetam essa farsa são muito mais nocivos. Eles estão literalmente destruindo a democracia do quinto maior país do mundo".

Temer e seus ministros exibem sorrisos, mandos e desmandos sem nenhum constrangimento, diante de uma sociedade, em geral, passiva. Diante de uma "esquerda" inerte, apática na essência que, desde 2013 acentuando o tom neste ano, promete reagir e impedir o golpe.

Pois o maior mérito do PT é, sem dúvida, o fato de que "outros grandes partidos na Presidência teriam sido piores", como os próprios petistas vivem palrando. Lamentavelmente, morreu de joelhos como era previsto. É triste, mas o gigante bobão sul-americano, em todos os segmentos, está sendo passageiro do destino que mais merece.



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#Posté le jeudi 02 septembre 2010 00:00

Modifié le dimanche 13 août 2017 00:03



Freud Explicaria o Sambódromo Ideológico Tupiniquim?

País do eterno carnaval politiqueiro assombra negativamente juristas e mídia internacional, sem exceção. Dentro de casa, sem exceção:
Desfilam pela passarela da vergonha mundial, de novo, todos os segmentos da classe política de todos os espectros, da esquerda à direita

2 de maio de 2016 / Publicado no Jornal Pravda (Rússia)


O mundo desacredita o que acomete o Brasil. Renomados juristas internacionais e até mesmo a mídia predominante, eterna pautadora das classes dominantes brasileiras, publicam reportagens escritas, faladas e televisadas dia a dia evidenciando a farsante democracia no gigante bobão sul-americano, dono de rara preguiça intelectual e cidadã.

Dentro do país as classes média e alta, que sempre abraçaram todo e qualquer esterco informativo por parte dos meios de desinformação das massas, sem nenhuma capacidade nem mínima vontade de se colocar as notícias em contexto, agora tratam de questioná-los mesmo diante deste circo que não requer demasiado esforço psíquico para ser compreendido: "A mídia internacional está mentindo!".

Em outras palavras: o mundo todo, inclusive o jurídico e as próprias leis locais, criadas pelos mesmos oligarcas que os representam, estão equivocados; estão corretos apenas os mesmos setores que apoiam o golpe militar de 1964 ainda hoje, e alguns deles até mesmo o promoveram.

Os mesmos segmentos mais abastados que dizem combater corrupção em defesa do Estado de direito, desconsiderando completamente quem conduz tal "combate" á corrupção, como conduz e pior, quem assumiria o poder caso o impedimento (até agora inconstitucional) da presidente Dilma Rousseff seja efetivado.

Como este setor tem sido exaustivamente tratado nestas páginas nas últimas semanas, passemos adiante até porque o segmento que vem a seguir prima pelo oportunismo, e hoje faz de tudo para se colocar como vítima deste patético cenário social, político e econômico.

A "esquerda moderada", que passou mais de 13 anos desde que Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência em 2003 qualificando a oposição progressista de "esquerda radical", ou "ultra-esquerda", atualmente sai às ruas: contra a declarada continuação do ajuste fiscal e das privatizações disfarçadas de concessões por parte de um novo governo Temer, escolhido a dedo pelo partido no poder prestes a cair. Assim, a "esquerda moderada", remontando tempos pré-poder presidencial em que fazia as vezes de pedra e não de vidraça, radicalizou-se economicamente, de uma hora para outra. Terão voltado a ler os manuais de filosofia política, ou o quê?!

Durante estes mais de 13 anos, não apenas a "esquerda moderada" cooptada pelo Partido dos Trabalhadores negou-se a fortalecer os movimentos sociais e em fazer mínimas reivindicações (não faltaram motivos para isso), abriu mão completamente do senso crítico a fim de exercer cidadania como também patrulhou agressivamente toda e qualquer crítica do que chamavam de "esquerda radical". Tudo isso, contribuindo para o aumento da despolitização da sociedade, historicamente analfabeta política. Sobre cujo analfabetismo, o PT fez a ideia de que poderia se apoiar para se manter no poder.

Antes de chegar à Presidência, Luiz Inácio, representante de honra da (outrora?) "esquerda moderada" liderava vozes que clamavam impiedosamente pela derrubada imediata dos presidentes eleitos Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, independente de colhimento de provas e o devido julgamento: o último personagem, nefasto, dispensa comentários enquanto em relação ao primeiro seria provado mais tarde ter sido injustamente impedido em 1992 (não se discute aqui suas preferências econômicas nem habilidades neurolinguísticas, tanto quanto no caso da presidente Dilma hoje: apenas se defende manutenção no cargo, democraticamente eleito pelo povo, até se prove crime, e isso não ocorreu com Collor que, queiram os bons fluídos da natureza, seja extirpado da política nacional).

Pois bem: a "esquerda moderada", que parecia sofrer de amnésia mal disfarçada ao longo de todos esses anos, radicalizou-se agora também no exercício da cidadania: sai às ruas para garantir, bravamente, a permanência da presidente Dilma no Palácio do Planalto, pois (com razão) alega que ela não cometeu crime que justifique a queda. Parece ter notado, embora não reconheça, que a "revolução social" petista estava longe, muito longe de ser apenas um pouquinho eficaz.

No mesmo sentido, a ex-"esquerda moderada" passou estes mais de 13 anos acusando de "esquerda radical" aqueles que se indignavam diante da permanência da 6ª maior economia mundial na última posição em investimentos em educação, proporcionalmente ao PIB. Pois, eureca! A ex-"esquerda moderada" garantiu que nestes mais ou menos 13 dias até que perca de vez os privilégios do poder, fará o que não fez nem se importou em fazer nos mais de 13 anos no ápice da arrogância e do descaso: garante que informará a sociedade sobre o que está acontecendo no país, politizará as camadas populares para heroicamente manter a presidente blindada contra as oligarquias política e midiática (as mesmas que o PT alimentou crescentemente até antes de ontem).

Mas o carnaval politiqueiro não poderia deixar de cobrar ressaca generalizada: este autor se filiou ao PSoL em 2008: não suportou um mês ali. Durante votação interna, foi assediado na fila e, uma vez meio que evidente que não faria média com a alta cúpula, esta não tardou em mostrar a verdadeira face: "Só vota quem fez a contribuição [financeira mensal, ou dízimo]". O autor ficou devendo, mas não deixou de votar para, após presenciar o festival das picuinhas e do mais mesquinho jogo de interesses internos, nunca mais retornar.

Eis a "esquerda combativa" mercantilizada, acentuadamente sectária, acirradamente dividia entre interesses particulares onde não se admite, em nenhum dos muitos fragmentos, discordância de uma mínima ideia que seja sob sério risco de ser arremessado ao espectro da extrema-direita. Enquanto a ex'"esquerda moderada" purificou-se, e os setores reacionários... já não colocam toda a confiança na grande mídia!

Parece piada? É o Brasil.

Talvez tão incrível quanto todo esse samba do crioulo doido ideológico, é que a ex-"esquerda moderada", hoje combativamente progressista (!), ainda encontra cara-de-pau para patrulhar divergências dos setores progressistas (que se posicionam contra o impedimento da presidente Dilma) que façam uso da crítica, que fogem do tão simplista quanto mágico termo "golpismo" a fim de realmente se compreender o momento histórico brasileiro (qualquer semelhança com os remotos idos de 1964 não é mera coincidência), e assim encontrar alternativas construtivas à construção de um Estado de direito decente. Mea-culpa? Nem pensar! Falta mais que subsídio intelectual: não há estatura moral para isso!

Talvez nem a atual situação de calamidade crônica seja suficiente para que se compreenda, entre a sociedade brasileira, que muito além de se carecer de ideais, a tal redemocratização do país foi uma grande farsa: apenas para não se estender muito entre a politicagem mais baixa e os crimes por parte deste mesmo Estado terrorista, especialmente contra as classes e etnias menos favorecidas, o primeiro presidente da República "pós-ditadura" foi José Sarney, ex-presidente da Arena.

Foi ele também o escolhido a dedo para ser o presidente do Senado por Luiz Inácio, e um dos maiores aliados do governo federal petista entre outros seres como Paulo Maluf, Jader Barbalho, Renan Calheiros e, por que não, ele, Michel Temer o qual a "esquerda radical" dizia com frequência: não se pode aliar a personagens desta espécie. Mas nada importa para a patologia do poder, nem usar como pretexto uma tal de "governabilidade".

Aí está a governabilidade dos "moderados"...

Se Freud teria a capacidade de mensurar psicologicamente o atual sambódromo sócio-político brasileiro, não se sabe. Porém, certamente não se requer ser sociólogo para entender porque o Brasil anda de crise em crise sem tirar lição nenhuma. País altamente reacionário mesmo entre os que se dizem progressistas.

Até agora o País do Futuro não deu certo, e deste jeito que está seguirá no mesmo ritmo até passar pela dura tarefa da auto-análise, único caminho que pode levar à mudança do estado de espírito, de novo vergonha mundial.


MANO BROWN
Providencial Desabafo sobre Apatia entre a Sociedade Brasileira

"Vi a população virar as costas pra Dilma. Aí, falei: já que o povo escolheu isso, que assim seja. Daqui para frente fechou um ciclo
na minha carreira e na minha vida. Se o povo decidiu derrubar um governo, que assim seja. Daqui para frente é cada um, cada um"

26 de abril de 2016 / Publicado no Jornal Pravda (Rússia)


O rapper Mano Brown, dos Racionais MC's, afirmou no discurso em seu espetáculo no último dia 20 no Rio de Janeiro, que “fechou um ciclo” em sua vida e na carreira depois que viu “a população virar as costas pra Dilma”. e depois de constatar “o poder que a população tem num país de Terceiro Mundo”.

“Eu vi a população virar as costas pra Dilma. E eu vi o que é o poder da televisão em um país de terceiro mundo, o que é um país de terceiro mundo se informar. Onde a televisão elege e derruba quem eles querem. Aí eu falei: já que o povo escolheu isso, que assim seja. Daqui para frente, fechou um ciclo na minha carreira e na minha vida. Se o povo decidiu derrubar um governo, que assim seja. Daqui para frente é cada um, cada um. Não siga o Mano Brown que você pode tombar do precipício [decepcionar-se]. Papo reto [sincero]”, disse indignado o músico.

Nestes sombrios tempos de irracionalidade e ódio coletivo em que a sociedade brasileira se polariza cada vez mais entre "nós" e "eles" tornando impossível o diálogo, a análise sóbria sobre a fase histórica do país e um meio termo entre tanto radicalismo, as palavras de Mano Brown, ratificando aquilo que este autor tem defendido nestas páginas, trazem luz a uma realidade histórica bastante triste deste país que esteve completamente passivo enquanto as elites locais executavam contra o Paraguai (maior potência regional à época) o maior genocídio da história dos atuais Estados americanos que até hoje se depara com a total indiferença brasileira, último no continente em abolir (a lápis) a escravidão (deixando os novos indivíduos "livres" sem trabalho, sem casa e sem direito a voto por longas décadas), onde a proclamação da dita "República" se deu entre a elite sem nenhuma participação popular (da classe média às mais inferiores, não se tinha a menor noção do que ocorria), em que o golpe militar, rotulado por seus autores de "Revolução Democrática", foi aplicado em meio a ruas desertas com cidadãos devidamente dentro de suas casas aguardando o que os porões do poder tinham para o país, e que um impedimento (mais tarde provado como ilegal) contra Fernando Collor de Mello em 1992 apoiou-se nas velhas massas de manobra da mídia, travestidos de "caras pintadas".

Isto apenas para citar alguns exemplos, por mais impopulares que sejam. Porém, se não se passar pela dura tarefa da autoanálise agora (amarguradamente, não há nenhum sinal de que se passará por essa tarefa no Brasil), o retrocesso ainda mais grave que aquele sentenciado pela Câmara dos Deputados no último dia 17 acometerá, inevitavelmente, a passiva sociedade brasileira.

Atualização do Caos

O colunista português Miguel Souza Tavares do jornal Expresso de Portugal, em coro com a mídia internacional, sem exceção, observou indignado logo após a votação dos deputados brasileiros pelo impedimento da presidente Dilma Rousseff:

Não sei se os brasileiros terão a noção do que as oito horas de votação na Câmara de Deputados para destituir Dilma Rousseff tiveram de demolidor para a imagem do Brasil no mundo. Entre os povos livres e civilizados, a ideia que passou é que o Brasil é mesmo um país do Terceiro Mundo, onde a democracia é uma farsa e a classe política um grupo de malfeitores de onde está ausente qualquer vestígio de serviço público. Entre os países do verdadeiro Terceiro Mundo, alguns dos quais bastante mais bem governados do que o Brasil, a ideia do país como potencial líder do grupo dos emergentes caiu por terra com estrondo: perante aquele indecoroso espectáculo transmitido em directo para o país e para o mundo, as hipóteses de o Brasil alcançar o ambicionado lugar de membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas só podem ter sido seriamente comprometidas.

De um lado setores societários, marcantemente sectários, ecoando o discurso governista que se limita ao "golpismo", incapazes de apresentar efetivo poder e reação e mais ainda, de se fazer mea culpa (para a qual há inúmeros motivos). Esboçou-se mobilização no sentido de se "interditar" o país, caso o impedimento fosse aprovado no último dia 17: não passava de mais um blefe, impulsividade limitada ás teorias que varreu tais personagens a seus gabinetes e redes sociais a fim de discutir filosofia política ou, na falta de condição intelectual para isso, esbanjar (na melhor das hipóteses) verborragia.

Estes segmentos passaram mais de 13 anos, desde que Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência em 2003, acusando de radicais aqueles que diziam, ao longo dos anos, que não se podia permanecer impunemente no último lugar da lista mundial em gastos proporcionais do PIB em educação em nome de "revolução social"; que não se podia virar as costas às massas de trabalhadores aliando-se indiscriminadamente ao velho coronelismo político, ao agronegócio, aos latifundiários, aos banqueiros, ao oligopólio midiático enquanto promove, ainda que modesta e em muitos casos demagogicamente, investimentos sociais e o próprio discurso popular.

Do outro lado, milhões e milhões de indivíduos das classes mais abastadas sem o menor senso cidadão, democrático, constitucional, exigindo a cabeça de uma presidente que, com todas os equívocos políticos e econômicos, é uma das poucas contra a qual nenhuma acusação por corrupção foi apresentada até agora. Antes de mais nada cidadã, mãe e avó que merece, no mínimo, tanto respeito quanto qualquer outro cidadão que hoje diz lutar por respeito, justiça e demais valores.

Essas classes dominantes, historicamente histéricas e discriminadoras, qualificam qualquer um que não compactue com a ruptura com o Estado de direito agora de "os mortadela" (sic), desferindo toda a sorte de acusações e de palavras de baixo calão mesmo àqueles que têm exercido oposição progressista ao atual governo federal pelo fato destes defenderem o resultado das eleições de 2014 livres, justas, democráticas, e a presunção de inocência da presidente Dilma até que ela seja acusada, e algo comprovado contra si.

Dentre eles, os das classes mais vulneráveis que, se já estão descontentes com a economia hoje, ignoram os ainda mais mares agitados que lhes aguardam no futuro próximo, decorrentes desse golpe à democracia em curso e todo o festival mais patético que o envolve.

Voz no Deserto

Pois a grande ironia deste melancólico capítulo da história brasileira em meio à avalanche de ironias no país hoje, é que se ainda há alguma chance de a democracia ser salva ela reside no fato de que não apenas aquilo que os "radicais", os "ultra" têm defendido deve urgentemente ser implantado, como neles se encontra a remotíssima possibilidade de alguns setores da sociedade serem minimamente politizados e se tornarem sóbrios, racionais o suficiente a fim de compreenderem que defender a Constituição e a democracia não significa, necessariamente, defender o governo federal; entenderem que o que se apresenta como "alternativa" está comprovadamente mergulhado em corrupção, e é essencialmente elitista.

Tarefa inglória entre o agressivo fogo cruzado cuja confusão psíquico-social chama a atenção de todo o mundo, negativamente. É triste, mas não foi desta vez que o gigante despertou. E nem foi agora que o primeiro segmento mencionado deu o braço a torcer a fim de perceber que, no grito, será derrotado e na realidade já está derrotado e sabe disso, por isso o profundo desespero que lhe acomete diante da iminência da perda dos privilégios do poder.

Desde o início, para assombro da imensa maioria da sociedade, observa-se por aqui e nos mais diversos meios como por exemplo na entrevista ao jornal carioca Correio do Brasil por ocasião do lançamento do livro Mentiras e Crimes da "Guerra ao Terror", que desde 1985 se vive um circo democrático no Brasil - a chamada redemocratização nada mais foi que uma grande farsa. Pois aí está...

Mais uma vez não se atenta aos fatos, a história precisará aplicar amargas lições - e é altamente provável que nem isso seja suficiente.


GOLPE EM CURSO
Sobra Histeria, Falta Sobriedade e Cidadania

Atual onda de indignação seletiva não passa de esquizofrenia democrática e histeria justiceira decorrentes do velho ódio sexista, regional, étnico e de classe que marca o caráter fortemente reacionário e discriminatório de amplos setores da sociedade brasileira. Tudo isso devidamente manipulado pelos bem-conhecidos meios de desinformação das massas, promotores do golpe de 64 em nome de Revolução Democrática - qualquer semelhança com os dias de hoje, não é mera coincidência: o pega-trouxa segue mais vivo que nunca no Brasil

20 de abril de 2016 / Publicado no Jornal Pravda (Rússia)


O patético espetáculo apresentado pela Câmara dos Deputados no último dia 17, reflete perfeitamente a estatura intelectual, cultural e moral dos segmentos da sociedade que não apenas clamam pela cassação do mandato da presidente Dilma Rousseff através do discurso do ódio, mas que também se divertiram junto da maioria dos parlamentares.

O cúmulo da estupidez que se evidencia através de "teses" insustentáveis e excesso de agressividade (que revelam o caráter golpista em curso no Brasil), está atingindo crescentemente proporções tão extremas, que a sociedade não está se dando conta das imbecilidades que permeiam seu raciocínio e seus atos.

Os absurdos travestidos de patriotismo que envolvem a tentativa de se depor a presidente Dilma, tem chamado a atenção até dos grandes meios de comunicação em todo o mundo, bem conhecidos por suas tendências baseadas em caráter reacionário.

The New York Times, CNN (vídeo ao final deste artigo), El País, Le Monde, The Guardian, Al-Jazeera, entre tantos outros meios de comunicação de todas as partes do mundo apontam o atentado ao Estado de direito que está em curso no Brasil, e a incoerência dos criminosos opositores que tentam colocar Michel Temer na Presidência.

Não se pode conceber em terras estrangeiras como um Parlamento em que 60% dos integrantes são processados por irregularidades, além de nada menos que 36 dos 38 deputados da comissão especial que votou a favor da abertura de processo de cassação do mandato presidencial envolvidos em casos graves de corrupção, liderados por Eduardo Cunha acusado por lavagem dinheiro e de ter recebido nada menos que R$ 40 milhões em propinas, pode julgar e sentenciar uma presidente da República, a única que não está vinculada às investigações da Operação Lava Jato nem a nenhum caso de corrupção.

Todos apontam também a profunda politização por parte da mídia predominante brasileira - contra a presidente Dilma. Sobre isto, leia-se Imprensa Internacional Classifica de Golpe o Processo em Andamento no Brasil, e assista-se a esta vídeo-reportagem da TV catari Al-Jazeera sobre o papel golpista desempenhado pela grande mídia brasileira nestes meses efervescentes no país.

Terá o mundo todo perdido completamente a noção cidadã e de Estado de direito, enquanto a nação que menos lê no mundo, que ano a ano tira as piores notas em redação e interpretação de textos, que ano a ano piora no quesito corrupção segundo a Transparency International, terá repentinamente se tornado a paladina da verdade, da moral e da justiça, despertado rumo ao senso cidadão? Absolutamente, não. Gostem ou não os jogadores da Pátria de Chuteiras: o espírito despolitizado e reacionário de 1964 permeia hoje a postura dos mais diversos segmentos da sociedade e da política, a mentalidade altamente autoritária dita os rumos do país nas mais diversas instituições e relações sociais.

Não se trata aqui de apoiar o governo federal, nem o Partido dos Trabalhadores, muito pelo contrário: na melhor das hipóteses, está sendo apenas menos ruim que seus grandes oponentes. Investigações devem, sim, ser apoiadas e concluídas. Porém, com reforma judiciária e mudança do estado de espírito da sociedade que apenas seria possível através de regulação midiática diante da qual o próprio PT sempre se acovardou - se não bastasse, tem financiado a grande mídia com bilhões jamais antes presenteados por nenhum governo ao oligopólio midiático que, no Brasil, 70% pertence a cinco famílias.

Neste sentido, a revista Carta Capital relatou em Publicidade Federal: Globo Recebeu R$ 6,2 Bilhões dos Governos Lula e Dilma, que "entre os jornais, O Globo foi o que mais recebeu verbas; revista Veja recebeu mais de R$ 700 milhões no período. (...) Lula e Dilma investiram um total de R$ 13,9 bilhões para fazer propaganda em todas as TVs do país".

E pontuou ainda: "A parte destinada somente às emissoras da Rede Globo representa quase metade desse total. Apesar disso, a porcentagem destinada à Globo tem sido reduzida. Ao final do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, as emissoras globais detinham 49% das verbas estatais destinadas à propagada em TV aberta, chegaram a 59% durante o governo Lula e, no ano passado, a Globo ainda liderava com R$ 453,5 milhões investidos, mas do total, o valor representa 36%."

Diante disso, reclamar de quê, não é, PT? Apenas utilizando-se de muita cara de pau! Mas isso é outra questão que não vem ao urgente caso tratado aqui, que está a ponto de retroceder o país a épocas mais sombrias de sua história diante de excessiva intolerância.

Enfim, tão enigmática quanto a "lógica" petista entre tanta demagogia, puxa-saquismo politiqueiro (cuja lista é extensa), alianças inescrupulosos em nome de suposta "governabilidade (na essência, jogo de interesses) que nos deixa como "alternativa" Michel Temer, além de comprovados casos de corrupção entre sua cúpula (lista, igualmente, nada modesta), é a verborragia daqueles que, raivosamente, clamam pela destituição da presidente da República, contra quem não há absolutamente nada, juridicamente falando, que motive tal medida. E em um Estado de direito é a lei quem deve prevalecer.

Pois os excessivamente incoerentes setores tupiniquins mais reacionários estão sendo dominados por tanto ódio que não se dão conta do ridículo a que se prestam (mais vez mais na história do Brasil, envolvendo a mesma elite econômica e "intelectual", sempre reinando em histeria, ignorância e agressividade).

Antes de mais nada, conforme os meios internacionais têm questionado, como a presidente Dilma pode ser julgada e sentenciada por parlamentares corruptos? Em que mundo estamos para assistirmos, passivamente, a um vice-presidente conspirar abertamente contra a chefe de Estado?

Como pode se levantar como voz da moral contra uma presidente honesta e democraticamente eleita, um indivíduo aplaudido e venerado alegremente por amplos setores políticos e civil-societários como o milico Jair Bolsonaro, autor destas seguintes excrecências em tempos recentes? "O erro da ditadura foi torturar e não matar"; "Pinochet devia ter matado mais gente"; "Mulher deve ganhar salário menor porque engravida"; "Parlamentar não deve andar de ônibus". A que ponto andam chegando a politica e a sociedade civil brasileira?

Pois quando se questiona a legitimidade de Michel Temer para assumir a Presidência no lugar de uma presidente que, por mais que possa se considerar como trilhando por caminhos altamente equivocados como é o caso deste autor, nada a ligue a escândalos de corrupção, o argumento desses enraivecidos setores é que "a legitimidade se dá pelo simples fato que Temer foi escolhido pela própria presidente para ocupar o cargo de vice".

Pois bem: e a presidente Dilma foi escolhida por quem para ser presidente? Portanto, quem tem mais legitimidade inclusive dentro da lógica desses setores? Por que, neste caso, os "democratas por excelência" dão ênfase à escolha da presidente Dilma (Temer), em detrimento do sufrágio universal que escolheu, com 54 milhões de votos, Dilma?

Não que se deva fazer isso (este texto não visa se aprofundar neste tema específico, mas sim nas contradições que podem nos apontar o caráter dos que defendem a saída de Dilma Rousseff), mas se há tanta sede democrática, por que esses setores nunca mencionam a realização de novas eleições gerais? Pelo simples fato que sua essência não é nada democrática, eles não visam à saída democrática.

Outra profunda incoerência que toma conta do Brasil neste festival do mais baixo nível, é que nada que a presidente Dilma faça tem validade nem mesmo sua tentativa, garantida pela Constituição, de se defender (todos são inocentes até se prove o contrário), mas por que, para esses setores pateticamente pautados pela velha e envelhecida mídia de desinformação das massas, a única medida considerável da presidente é a escolha de Temer como vice, que o validaria para ocupar o Palácio do Planalto? Eis como as contradições decorrentes de um claro preconceito, naturalmente, evidenciam-se.

O argumento-chefe da sociedade é a impopularidade da presidente. Pois sua impopularidade não é maior que exatamente a deles, Michel Temer e de Eduardo Cunha, quem seria vice-presidente no caso de cassação presidencial. E agora, onde está a democracia dos baluartes da moral, da ordem e da vontade popular?

Sobre as chamadas "pedaladas fiscais", práticas habituais desde o ano 2000, realmente ocorreram também nestes últimos seis anos e a própria presidente admitiu isso. Contudo, tal prática não motiva cassação de mandato segundo a Constituição. Amir Khair, ex-secretário de Finanças na gestão da prefeita Luiza Erundina (à época no PT, atualmente no PSB), acha difícil provar que houve infração. "O que estão chamando de 'pedalada' não passa de atrasos de pagamentos, comuns em tempos de crise".

Porém, fazer-se entender segundo princípios constitucionais sempre foi tarefa difícil, em alguns casos impossível no Brasil; e agora, em estado de esquizofrenia generalizada, é algo que apenas uma simples tentativa vale, inevitavelmente por parte dos paladinos da liberdade, do exercício da cidadania, do patriotismo e do progresso, agressão verbal ou mesmo física como tem ocorrido diariamente no país.

Partamos aqui para outra vertente: alguém está sabendo que Michel Temer, como vice, assinou todas as decisões da presidente Dilma? Portanto, se a presidente deve ser afastada pelas manipulações das contas, o que deve ocorrer com Michel Temer? Não se precisa, certamente, ser estudante daqueles malditos cursinhos de Educação Moral e Cívica elaborados pela ditadura, para apontar a coerência neste episódio.

Pois a inversão de papeis está tão acentuada, que exatamente Temer e Cunha possuem envolvimentos em casos de corrupção. Mas nada disso tem sido minimamente lembrado, pelo contrário: no país que sempre tratou princípios legais à base de chacotinha nas mínimas até as mais importantes relações sociais, políticas e econômicas, ambos são exaltados com seus pífios ditos e feitos pela apática e individualista sociedade onde vale a Lei de Gerson do "tanto quanto possível, levar vantagem em tudo", do "achado não é roubado", de "o mundo é dos espertos", e outras verdades absolutas que valem, a quem ousa andar na contramão, o título de radical e até de otário. Mas de repente, o Brasil parece que mudou! Tem havido um banho de moral e de exercício da cidadania! Será?

Quando parece que não haverá mais fôlego para todo esse ódio sexista, regional, étnico e de classe que toma conta do Brasil, frequentemente se sai com a situação econômica do Brasil. Para nem se estender em mais esta profunda estupidez de que um Estado de direito não comporta "acho que a economia (...)", "as previsões econômicas são que (...)" a fim de se impedir a continuidade de manatos políticos, vale apontar o que desde que a presidente Dilma assumiu esses setores se esquecem, ou nunca souberam disto em seu cúmulo da alienação, da ignorância, da desinformação, indivíduos que em nenhum lugar do mundos seriam classificados como cidadãos na acepção da palavra: todos os candidatos à Presidência nas últimas eleições (as últimas eleições no Brasil, lembre-se, deu-se em 2014, sim?) afirmaram que manteriam os tão combatidos programas sociais do atual governo federal, inclusive o Bolsa Família (isso foi dito categoricamente pelo próprio mocinho-heroi, a principal "alternativa" dos reaças tupiniquins, Aécio Never). O próprio Temer afirmou, na gravação que permitiu ser vazada a fim de se promover e gerar ainda mais pressão sobre Dilma Rousseff, que manteria tais programas sociais. A baixaria não encontra limites no Brasil.

Muitas vezes o ser humano, na dificuldade de se enxergar, apenas enxerga os absurdos no outro. Pois, a fim de ajudar que o brasileiro reacionário se enxergue neste momento, usemos uma hipotética situação como exemplo: se nos Estados Unidos, padrão político, econômico e societário dessas mesmas mentalidades elitistas tupiniquins, se clamasse nas ruas e na imprensa por cassação de George Bush (que terminou o mandato como presidente mais impopular de seu país) por ocasião da crise financeira de 2008, mais grave nos últimos 80 anos em todo o mundo, o que se imagina que ocorreria nas ruas com os manifestantes e com a própria mídia que abraçasse essa ideia?

Vale recordar que a medida imediata e definitiva de Bush foi aplicar o maior volume financeiro aos bancos, como salvação: 700 bilhões de dólares, enquanto a sociedade até hoje padece diante de altas taxas de desemprego e miséria que só cresce. Pode-se imaginar, no suposto "berço da democracia", apenas a cogitação de se derrubar um chefe de Estado pela divergência econômica e impopularidade? Se fosse assim, nenhum presidente daquele país teria terminado seu mandato em muitas décadas - nem Barack Obama agora. Aliás, em poucos lugares do mundo um presidente, dentro dessa "lógica", concluiria o mandato.

Está, mais que nunca, sendo proibido pensar no Brasil. Os que atentam contra a inteligência humana desta maneira são os mesmos que agridem nas ruas qualquer cidadão que porte bandeira partidária, camiseta de cor vermelha. Os intolerantes setores que promoveram e até hoje apoiam o golpe militar de 1964. Eles não são democráticos, o discurso deles é falso.

Por isso tudo, da primeira à última linha: o que está em curso no Brasil é, sim, um golpe. Um golpe não apenas contra a Constituição, contra o Estado de direito, contra a liberdade de pensamento, de escolha, mas um grave atentado à própria inteligência humana!

Não sem razão, apenas a título de comparação (doa a quem doer), apenas a cidade de Buenos Aires possui mais livrarias que todo o Brasil, país de dimensões continentais (na vizinha Argentina, o ex-ditador Rafael Videla morreu em cela comum 2013 condenado a prisão perpétua, além de mais de 100 militares condenados por crimes de lesa-humanidade, enquanto a sociedade argentina não sai das ruas por memoria, verdade e justiça em reação á ditadura que deixou o poder em 1983).

Não se podia mesmo esperar outra coisa no Brasil que menos investe em educação em todo o mundo, de acordo com o PIB: "debates" inócuos, recheados de verborragia, sem nenhum conteúdo em muitos casos clamando por retorno do Estado de exceção ao invés de demandar mais democracia.

É lamentável ter que baixar o nível abordando questões tão medíocres como estas a fim de tentar se fazer entender - certamente, nem discorrendo sobre assuntos elementares e tão evidentes quanto melancólicos como estes, será possível se fazer entender em tempos da mais profunda irracionalidade, a fim de que determinados indivíduos percebam o que está ocorrendo no Brasil hoje.

Quanto ao PT, tem grande parcela de culpa nisso tudo: está provando de seu próprio veneno por políticas pela metade, outras nem sequer aplicadas conforme rapidamente abordado aqui (a lista é vasta), e pelo desdém arrogante contra setores progressistas que durante 14 anos têm advertido, entre o fogo cruzado da patologia do poder, dos fatais rumos que o país, inevitavelmente, enfrentaria. Pois aí está...

Mas nem por isso Dilma deve ser afastada do cargo, por mais que se oponha a seu governo. Até que ela mesma, por vontade própria, decida deixar o cargo - quem conhece o caráter íntegro e brioso da forte Dilma, e a própria oposição política, midiática e societária sabe bem disso, descarta essa possibilidade. Neste caso, ou se realmente houver injusta cassação dever-se-ia promover novas eleições gerais, jamais entregar a Presidência a Temer-Cunha. Ou até que seja provado contra a presidente Dilma Rousseff algum crime que, constitucionalmente, motive cassação o que, definitivamente, não há agora.

Quando a sociedade brasileira, especialmente as mentalidades elitistas estiverem realmente banhadas de brios, de vergonha na cara e de senso cidadão, não manifestarão tal indignação seletiva que se cala (ou se diverte) diante de um poleiro parlamentar, e de um vice-presidente que conspira publicamente contra a chefe de Estado do país. Seja quem for a chefe, é mais uma vergonha que o mundo não compreende entre as tantas por parte da ala reacionária da sociedade civil e da circense classe política que não têm respostas positivas para apresentar, ao não ser tentar negar o indisfarçável golpe em curso - ou em muitos casos até assumir publicamente defesa de novo golpe militar, como a maioria entre as classes média e alta desejam.

A realidade é que as raivosas classes dominantes brasileiras, subservientes à influência imperialista norte-americana e preconceituosa como poucas no mundo, sempre se conformaram com uma máscara democrática que garantisse seus privilégios e, ao mesmo tempo, acomodasse as classes menos favorecidas, mas nunca aceitaram a possibilidade de o país encontrar uma saída a um Estado efetivamente igualitário, inclusivo e soberano como o presidente João Goulart estava promovendo no início dos anos de 1960.

Os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, com todos os equívocos, fracassos e corrupção sistêmica de seu partido (como qualquer outro grande partido brasileiro), têm obtido conquistas sociais jamais vistas no país pós-João Goulart, e de certa forma se descolado de Washington.

Ainda que na maioria dos casos modestas e até demagógicas (cotas universitárias importantes temporariamente, mas por que não se investir em educação básica para que os historicamente excluídos já não necessitem mais delas? É um exemplo entre vários), tais políticas são o suficiente para produzir a presente fúria nos mesquinhos segmentos que nunca aceitaram sucessivas derrotas nas urnas, pior ainda para um nordestino, metalúrgico oriundo da roça, depois para uma mulher com cara de povo, de pulso firme que havia combatido a ditadura militar (incrivelmente considerada, por isso, "bandida" por diversos brasileiros), levando-a a ser presa e torturada. A própria elite política norte-americana jamais digeriu bem a acensão ao poder do Partido dos Trabalhadores conforme apontam cabos secretos revelados por WikiLeaks, além de todas as evidências diárias.

Mas não apenas isso: tanto quanto ou talvez mais que luta da burguesia contra os pobres, trata-se em grande medida de briga de cachorro grande pelo poder que, mais dia menos dia, dar-se-ia com qualquer partido mais descolado da oligarquia PSDB-DEM que tem plena consciência de que, pelo pleito democrático, não voltará ao poder tão cedo (oligarquia que, aliás, têm recebido mais atenção petista que as próprias classes inferiores). Não se pode colocar o dueto Lula-Dilma como paladino das causas sociais - longe disso. Nunca os bancos lucraram tanto quanto nos anos petistas, nunca houve na história do país tanta fuga de divisas, nunca houve tanta repressão no campo, o código florestal favorece a degradação ambiental e o latifúndio, a reforma agrária nem se menciona, nunca nenhum outro governo federal "investiu" tanto nas cobras do quintal brasileiro, isto é, a grande mídia partidária, e por aí vai...

Eis mais um festival da vergonha nacional apresentado pelas classes mais abastadas impossibilitadas de fazer autocrítica, para o mundo todo ver - e indignar-se, este sim, de verdade. Até quando, Brasil, o 1º de abril de 1964, dia da mentira cujo circo foi armado sob falácia de Revolução Democrática que logo se revelou um golpe contra o Estado de direito, perpetuar-se-á neste país?


MOVIMENTO ENDIREITA BRASIL
Pagamento de Mil Reais por Hostilidade a Ciro Gomes: Qual a Origem do Dinheiro?

A mídia oligárquica não investiga origem dos "líderes" dos movimentos opositores e seus fundos. Nada indica que mudará posição omissa (por questões óbvias). Não se trata de movimentos espontâneos e nem de líderes movidos por amor à democracia e ao povo brasileiro

Publicado no Jornal Pravda (Rússia) / 3 de abril de 2016


"O Ciro Gomes foi visto agora no restaurante Due Cuochi, [bairro] do Itaim [na cidade de São Paulo], tomando um [vinho] Barolo de centenas de reais a garrafa. Se alguém estiver perto, hostilize o cara. Mas ele é esquentadinho, filmem. O MEB [Movimento Endireita Brasil] paga R$ 1000 pelo vídeo".

Esta mensagem foi postada na página no Fez-Se Buque do Movimento Endireita Brasil, pró-cassação da presidente Dilma Rousseff, nesta sexta-feira (1). Ou seja, os ferrenhos defensores do que chamam de "democracia" estavam propondo incitar reação em um cidadão, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE), na hora do jantar, para filmar e incriminá-lo.

Se não bastasse, e como nem poderia ser diferente no país da Lei de Gérson onde impera o "mundo é dos espertos", o dever-se "levar vantagem em tudo" e do "achado não é roubado", com direito à generosa propina: esta não poderia mesmo faltar para completar o sambódromo politiqueiro por que atravessa o Brasil hoje, onde desfila a despolitização e a excessiva truculência. E, em meio a práticas repugnantes como essa, indignam-se os envolvidos em tal entrevero quando seus atos são caracterizados de golpistas.

Porém, o que a mensagem do MEB postada na rede social traz (a qual não tem sido exceção desde as chamadas "Jornadas de Junho" de 2013) é mais uma importante peça a fim de montarmos o enigmático quebra-cabeça envolvendo a atual onda de manifestações populares, e políticas por parte da oligarquia congressista com profundo aspecto de artificialidade. Tentou-se juntar tais peças, ao menos parcialmente dada a complexidade do fato, em Onda de Protestos no Brasil: Primavera ou Massa de Manobra? (mais abaixo).

A "Primavera" brasileira segue, fielmente, as mesmas tendências daquelas que, no início, pareceram democráticas, porém com o passar do tempo acabaram mostrando sua verdadeira face cruel. Repita-se: Síria, Egito, Líbia, Ucrânia, Venezuela com tentativas também de ser efetuada em Cuba, onde uma vez mais os promotores de agitações sociais com essência anti-democrática se depararam com uma inteligência forte, e uma sociedade altamente politizada, unida em prol da Revolução Socialista.

A assessoria do ex-ministro Ciro Gomes diz que ele estava no restaurante, mas que tomou uma Gin Tônica. Porém, isso não é o mais importante aqui.

De Onde Sai Esse Dinheiro?

O que vem ao realmente caso é que 1000 reais não são uma soma nada baixa em dinheiro, convenhamos. Especialmente em um pais que, já miserável, atravessa a pior crise econômica desde 1930.

Diante disso, não pode deixar de ser feita esta pergunta: de onde sai o dinheiro para casos como este, gerar reação em um político a fim de filmá-lo? E será mesmo tão ingenuamente movidos pelo senso patriótico, com certa ingenuidade que os "bons moços" da ultra-direita tupiniquim, indivíduos tão civilizados e éticos, defensores da democracia, da família, da religião e da moral têm há quase três anos distribuído altas somas em dinheiro à semelhança de Silvio Santos? E além do mais, não são esses mesmos indivíduos que reclamam raivosamente da crise econômica? Sim, contraditoriamente são eles mesmos.

Ricardo Salles, fundador e líder do MEB, foi secretario particular do governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB): até dezembro de 2014, cuidava de toda a agenda do governador. Salles é crítico ferrenho da Comissão da Verdade, e defensor do golpe militar de 1964. Refere-se à presidente Dilma como "terrorista".

Envolvendo os grupos opositores ao governo, pró-cassação que saem em protesto constantemente às ruas, vale mencionar o parecer do acadêmico de Direito português, Boaventura Santos: "Os financiamentos que hoje circulam abundantemente no Brasil provêm de uma multiplicidade de fundos (a nova natureza de um imperialismo mais difuso), desde as tradicionais organizações vinculadas à CIA até aos irmãos Koch, que nos EUA financiam a política mais conservadora e que têm interesses sobretudo no setor do petróleo, e às organizações evangélicas norte-americanas".

Tais afirmações de um dos mais respeitados legistas do mundo, não são feitas de maneira meramente intuitiva.

Agitos Sociais com Máscara Cidadã

O Movimento Brasil Livre (MBL), principal convocador dos protestos, é mencionado pela norte-americana Atlas Network (nome fantasia da Atlas Economic Research Foundation desde 2013):

Muito membros do Movimento Brasil Livre têm passado pelo programa de treinamento da Atlas Network, a Academia de Liderança da Atlas (Atlas Leadership Academy), e estão agora colocando em prática [no Brasil] o que aprenderam no local onde viveram [Estados Unidos] e trabalharam.

A Atlas Network, cujo proprietário é David Koch, magnata do petróleo estadunidense, é uma think tank especializada em fomentar a criação de outras organizações de ultradireita no mundo, com recursos obtidos com fundações parceiras nos Estados Unidos e/ou canalizados dos think tanks empresariais locais para a formação de jovens líderes, principalmente na América Latina e na Europa oriental. Koch, por sua vez, é bem conhecido em seu país pelo caráter inescrupuloso quando se trata de fazer negócios.

Segundo a jornalista Marina Amaral:

De acordo com o formulário 990, que todas as organizações filantrópicas tem de entregar ao IRS (Receita nos EUA), a receita da Atlas em 2013 foi de US$ 11,459 milhões. Os recursos destinados para atividades fora dos Estados Unidos foram de US$ 6,1 milhões: dos quais US$ 2,8 milhões para a América Central e US$ 595 mil para a América do Sul.

Juliano Torres, diretor executivo do Estudantes pela Liberdade (EPL), explica a relação entre o EPL e o MBL, nome criado pelo EPL a fim de e engajar nas manifestações de rua sem comprometer as organizações norte-americanas, impedidas de doar recursos para ativistas políticos segundo a lei vigente nos Estados Unidos.

“Quando teve os protestos em 2013 pelo Passe Livre, vários membros do Estudantes pela Liberdade queriam participar, só que, como a gente recebe recursos de organizações como a Atlas e a Students for Liberty, por uma questão de imposto de renda lá, eles não podem desenvolver atividades políticas. Então a gente falou: 'Os membros do EPL podem participar como pessoas físicas, mas não como organização para evitar problemas. Aí a gente resolveu criar uma marca, não era uma organização, era só uma marca para a gente se vender nas manifestações como Movimento Brasil Livre", afirma Torres.

Não sem motivo, afirma Kim Kataguri, membro da EPL: "A gente quer privatizar a Petrobras. A gente quer o Estado mínimo".

Já o Movimento Vem prá Rua (VPR) aparece vinculado à Stratfor, empresa norte-americana privada de inteligência que é conhecida como uma segunda CIA, em um dos milhares de telegramas secretos emitidos pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, liberados por WikiLeaks.

Segundo diversos cabos liberados pela organização de Julian Assange, é exatamente a Stratfor a principal organização dos Estados Unidos no treinamento de líderes oposicionistas, do Egito ao Brasil, passando por Síria, Líbia, Bolívia e Venezuela.

E Rogério Chequer, líder do VPR, era sócio da empresa Atlas Capital Management, até 2011, que geria fundos de investimentos em sociedade com David Chon e com Harry Kretsk. Um deles, o Discover Atlas Fund com US$ 115 milhões em ativos segundo o sítio Institutional Investitor.

Em 2012, Chequer, que reponde processos na Justiça norte-americana, foi admitido na empresa por onde hoje se apresenta, a Soap Comunicações, especializada apresentações de negócios. O que faz no Brasil diante disso, e por que se tornou figura proeminente a partir das ruas, é a pergunta que se coloca bem como de onde vem o dinheiro da VPR. Tudo indica, segundo os documentos secretos, que o líder da VPR seja um dos informantes brasileiros à empresa de espionagem Stratfor.

A mídia oligárquica, brasileira e internacional, não tem se deu ao trabalho, há três anos do início dos protestos, de investigar a origem dos "líderes" desses movimentos e de seus fundos, e nada indica que mudará a posição omissa (por questões óbvias). Mas um fato é inegável: não se trata de movimentos espontâneos e nem de líderes movidos pelo exercício da cidadania, pelo amor à democracia e muito meno ao sofrido povo brasileiro.

Luta Anti-Corrupção ou Golpe à Democracia?

Por fim, altamente sintomático também é o fato que a Casa Branca, que em determinados casos se manifesta veementemente a favor de democracias nacionais, não se manifesta sobre os métodos golpistas do Judiciário e do Congresso brasileiro, sustentados pelo monopólio midiático (no Brasil, controlado pelas mesmas cinco famílias promotoras do golpe militar de 1964), tudo isso obviamente reverberado pelas reacionárias e agressivas ruas brasileiras hoje, através de clamor por retorno à ditadura militar.

Conforme escreveu recentemente o jornalista norte-americano residente no Brasil, Glenn Greenwald (receptor das denúncias documentais de Edward Snowden, sobre espionagem massiva em todo o mundo pelo regime de Washington):

Em uma democracia, governos são eleitos pelo voto, não por demonstrações de oposição na rua – particularmente quando os manifestantes vêm de um segmento social relativamente limitado [elite e classe média].

(...) Não há dúvidas de que o PT é repleto de corrupção. Existem sérios indícios envolvendo o Lula que merecem ser investigados de maneira imparcial e justa. E o impeachment é um processo legítimo em uma democracia quando provado que o suspeito é culpado de vários crimes e a lei deve ser seguida claramente quando o impeachment é efetuado.

Mas (...) o esforço para remover Dilma e seu partido do poder lembram mais uma clara luta anti-democrática por poder do que um movimento genuíno contra a corrupção.

Em outras palavras, tudo isso parece historicamente familiar, particularmente para a América Latina onde governos de esquerda democraticamente eleitos tem sido repetidamente removidos do poder, por meios não legais ou democráticos.

Mas a mentalidade elitista impregnada na maior parte destes segmentos societários brasileiros, fechados em seus fortes preconceitos de classe e de cor, além de acentuadamente dessituados não lhes permite compreender (e aceitar) que derrotas fazem parte do Estado de direito - o que muitos nem sequer sabem o que significa: nada mais que a democracia que elegeu Dilma Rousseff com 54 milhões de votos.


SERGIO MORO
Operação Carbono Pode Ter Vínculo com Assassinato de Celso Daniel

Um dos crimes mais bárbaros e nebulosos dos altos escalões da política brasileira, tenha ou não relação com Operação Carbono,
deve ter investigação reaberta - ainda que, desde os anos de Luiz Inácio, a contragosto do PT para tornar o caso ainda mais "estranho"

2 de abril de 2016 / Publicado no Jornal Pravda (Rússia)

Republicado por E-Notícias


O juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato, afirmou que “é possível” que o esquema criminoso alvo da Operação Carbono 14, que envolve o empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões via José Carlos Bumlai e o repasse de R$ 6 milhões para o dono do Diário do Grande ABC, Ronan Maria Pinto “tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então Prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT)”. A 27ª fase deflagrada nesta sexta-feira, 1, prendeu o empresário e o ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira.

“É ainda possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então Prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais grave”, escreve Moro envolvendo a 27ª fase da Operação Lava Jato, denominada Operação Carbono 14.

O Assassinato de Celso Daniel

Celso Daniel foi brutalmente assassinado na grande São Paulo, em 20 de janeiro de 2012. Seu corpo foi encontrado em uma estrada de terra no município paulista de Juquitiba alvejado por oito tiros. Contudo, estes 16 anos contam oito mortos e nenhuma solução envolvendo o homicídio daquele que seria o coordenador da campanha presidencial de Luiz Inácio da Silva em 2002, além de ser considerado um dos políticos mais promissores dentro do partido, hoje no poder.

Segundo a polícia, Celso Daniel foi vítima de crime comum, encomendado pelo amigo e ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, que, amigo pessoal do ex-prefeito de Santo André, estava com Celso na noite em que ele foi sequestrado e nega veementemente ter cometido o crime. Tal versão é defendida irredutivelmente pelo PT, desde o início.

A versão da polícia, contudo, é desconsiderada pela promotoria, a qual garante que Celso Daniel foi assassinado porque teria descoberto um esquema de corrupção na prefeitura de sua cidade, com o fim de desviar dinheiro para um caixa dois do Partido dos Trabalhadores usado para financiar campanhas eleitorais.

Oito pessoas acabaram acusadas pela morte de Celso Daniel pelo Ministério Público. Até hoje, só um dos implicados no crime, Marcos Bispo dos Santos, foi julgado, à revelia, e condenado a 18 anos de prisão. No julgamento de Marcos Bispo dos Santos, o promotor Francisco Cembranelli disse aos jurados que Celso Daniel “tinha ciência da corrupção e contrataram sua morte quando ameaçou tomar providências”. Os promotores são acusados pelos petistas de "politizarem" o crime.

Contudo, o próprio irmão do ex-prefeito, Bruno José Daniel, sempre duvidou da tese de crime comum. O juiz Sergio Moro, que ouviu o irmão de Celso Daniel, comunicou neste dia 1º que “[Bruno Daniel] relatou, em síntese que após o homicídio lhe foi relatada a existência desse esquema criminoso e que envolvia repasses de parte dos valores da extorsão ao Partido dos Trabalhadores. O fato lhe teria sido relatado por Gilberto Carvalho e por Miriam Belchior. O destinatário dos valores devidos ao Partido dos Trabalhadores seria José Dirceu de Oliveira e Silva”, registra Moro. “Levantou [o irmão de Celso Daniel] suspeitas ainda sobre o possível envolvimento de Sergio Gomes da Silva no homicídio do irmão".

Bruno Daniel exilou-se na França por alguns anos como refugiado político, devido às ameças sofridas pela insistência em desvendar o crime do irmão. Em determinada entrevista à Rede Bandeirantes de Televisão afirmou que Gilberto Carvalho havia levado “em seu corsinha preto” R$ 1,2 milhão em propina arrecadada em Santo André para entregar a José Dirceu, que teria dado encaminhamento para que o dinheiro fosse usado na campanha de Luiz Inácio, em 2002.

Crime Comum?

Políticos petistas que possuíam ligação com o ex-prefeito e que já ocuparam cargos do alto escalão do governo federal, como o ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, assessor da prefeitura de Santo André quando Celso Daniel foi assassinado, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, viúva do ex-prefeito, nunca deram importância à investigação e ao seu posterior arquivamento de um homicídio que custou o assassinato de sete pessoas ligadas ao crime, entre testemunhas e acusados de participação no homicídio.

Queima de arquivo? Pois a lista continua.

Em abril de 2002, três meses depois do assassinato de Celso Daniel, o preso Dionísio Severo, ligado ao “Sombra”, foi assassinado na cadeia: dois dias antes, havia declarado que teria informações sobre o caso. Resgatado da prisão por um helicóptero dois dias antes da morte de Celso e, depois, recapturado pela polícia. O homem que deu abrigo ao foragido neste meio tempo, Sérgio “Orelha”, também foi assassinado, assim como Otávio Mercier, investigador de polícia que ligou para Severo na véspera do sequestro de Celso Daniel.

E não param por aí as "coincidências" sangrentas (no caso de ter sido crime comum e não por motivações políticas envolvendo altos e sujos interesses, tudo não passa mesmo de uma grande "coincidência"): o garçom que serviu Celso Daniel e Sergio "Sombra" na noite do sequestro do ex-prefeito andreense, quando tinha consigo documentos falsos e um depósito de R$ 60 mil na conta bancária, acabou também assassinado.

A sorte realmente não andou ao lado dos que cruzaram o caminho de Celso Daniel, nem pelo 6º ou 7º grau, digamos assim (conhecido do conhecido do conhecido, e por aí vai...): como um misterioso serial killer ao pior estilo norte-americano, 20 dias depois foi morta com um tiro nas costas a única testemunha do assassinato do garçom, Paulo Henrique Brito.

Um agente funerário também foi assassinado: Ivan Moraes Rédua, com dois tiros nas costas em dezembro do mesmo ano. Este havia sido a primeira pessoa a reconhecer o corpo de Celso Daniel, quando ainda estava jogado na estrada.

Pois o médico-legista Carlos Delmonte Printes, que examinou o cadáver de Celso Daniel, é o último a integrar a tão macabra quanto misteriosa lista. Ele vinha dizendo que o ex-prefeito de Santo André havia sido brutalmente torturado antes do assassinato. Em setembro de 2005 o dr. Printes foi entrevistado por Jô Soares na Rede Globo, onde afirmou que fora pressionado por políticos a fim de admitir a tese de... crime comum! Um mês depois foi encontrado morto em seu escritório, na Zona Sul de São Paulo. A causa atestada? Não poderia ser mais sintomática: suicídio.

Se Gritar 'Pega Ladrão!'...

Como bem observou o jornalista Jorge Kajuru no último dia 26, através de publicação em seu sítio na Internet intitulada Há 10 anos, a ex-petista Heloísa Helena alertava o Brasil sobre o PT: "Em 2006, a então candidata à presidência, Heloísa Helena, fez severas acusações contra o ex-presidente Lula. Suas palavras circularam na internet por meio da transcrição de uma matéria do portal Terra":

A candidata do PSoL à Presidência, Heloísa Helena, afirmou hoje que o presidente e seu adversário Luiz Inácio Lula Silva (PT)
chefia uma quadrilha de 'gangsters' capaz de “roubar, matar, caluniar e liquidar com qualquer um que ameace seu projeto de poder”.
'Eu sei o que eles são capazes de fazer', afirmou a senadora. As informações são da rádio CBN.

Ex-filiada ao PT, Heloísa Helena foi expulsa após mais de 10 anos de militância por discordar dos rumos do partido, os quais denunciava abertamente. Heloísa Helena tinha razão em suas denúncias, que segundo ela lhe valeram diversas ameaças de morte? É, no mínimo, muito difícil acreditar que não.


ONDA DE PROTESTOS
Primavera ou Massa de Manobra?

"A sociedade não se transforma, se não se transforma o ser humano, não o objeto
mas aquilo que ele tem dentro da cabeça. Revoluções são culturais, ou não são tais"
(Gustavo Pereira Prêmio Nacional de Literatura (Venezuela), 22.6.2013, em entrevista à TV Telesur)

16 de março de 2016 / Publicado no Jornal Pravda (Rússia), e no Diário Liberdade (Galiza)


Desde que, em junho de 2013, milhares de brasileiros passaram a sair às ruas em massa para protestar em geral "contra tudo o que está aí" (discurso predominante), nenhum, absolutamente nenhum sociólogo tem sido capaz de explicar o fenômeno que envolve uma sociedade vítima do Estado que está, há décadas, no último lugar em gastos proporcionais com educação em todo o mundo. Se por um lado há total contradição nestes dois fatos que lançam inúmeros pontos de interrogação no ar, por outro faz todo o sentido a influência da CIA [aos mais desinformados pela mídia conservadora: trata-se de uma agência de Inteligência norte-americana que, reconhecidamente, aplica golpes de Estado nos mais remotos rincões do planeta, utilizando-se para isso, em diversos casos, de um velho e simples artifício: agitar sociedades internamente, jogando multidões às ruas para derrubar governos que, independente da orientação ideológica, contrariam os interesses do regime de Washington (pasmem!) e de seus parceiros, a nível global].

O próprio colunista da conceituada revista brasileira Caros Amigos, Gershon Knispel, observou no início de toda a efervescência social brasileira: "Quanto mais busco resposta nas inúmeras palestras de sociólogos que assisto, com mais dúvidas saio dali". Knispel sugeriu, como sempre fortemente embasado, que a agitação era artificial, com endereço bastante certo: Washington.

A onde de protestos no Brasil segue a mesma forma, idêntica de países que, comprovadamente, sofrem a Revolução Colorida formulada pelo cientista político norte-americano Gene Sharp (http://www.telegraph.co.uk/culture/film/filmmakersonfilm/8841546/Gene-Sharp-How-to-Start-a-Revolution.html). São vários e vários os fatores que apontam para tal revolução artificial no Brasil, enquanto a tese de que se vive no país sul-americano uma Primavera é fragilíssima, para não dizer mesmo que é insustentável.

Envolvendo classes alta e média do Brasil, cidadãos saem às ruas repentinamente sem nenhum tipo de liderança, e deixam-nas por algum tempo da mesma maneira, de repente. Essas massas são conclamadas, via de regra, pela mídia conservadora e até pela própria classe política mais reacionária (ambas, paradoxalmente, sofrem de bem conhecido horror a protestos públicos, por questões óbvias). Exatamente assim, ocorreu às vésperas do fatídico 31 de março de 1964. Quem não se recorda ou desconhece a pauta canalha da mídia naquela época, e da tão reacionária quanto totalmente despolitizada Marcha da Família com Deus, pela Liberdade, que levou ao golpe militar?

Até o início das manifestações em junho de 2013, os índices de aprovação da presidente Dilma eram altos, acima dos 57%, repentinamente, passaram a cair vertiginosamente sem nada que motivasse de modo ao menos razoável tal queda. Mas junto dos protestos crescentes, enchiam as manchetes de jornais bombardeios contra o governo federal, recheados de verborragia e "previsões" de crise, política e econômica. Rebaixada à casa dos 30%, a aprovação ao governo Dilma seria o mais baixo desde Fernando Collor de Melo, ás vésperas de sua cassação em 2002.

Em agosto de 2013, a Câmara dos Deputados simplesmente conclamou a sociedade às ruas, sugerindo como suposto foco "eles [os políticos] não me representam". Outra grande curiosidade é que os meios de comunicação, um dos grandes promotores da atual onda de protestos, não raras vezes apresenta informações distorcidas do que ocorre nas ruas, cujas principais reivindicações, e aí vem outra curiosidade, jamais contrariam os interesses do regime norte-americano e dos sionistas, donos da mídia predominante internacional e dos grandes bancos (tais como defesa da Petrobras, da soberania contra a espionagem massiva pela comunidade de Inteligência dos Estados Unidos, por reforma política, regulação midiática, diminuição dos exorbitantes lucros bancários, reforma agrária, julgamento dos ex-ditadores militares e de políticos ligados a eles, etc).

Quanto à espionagem, vale recordar que o Brasil tem estado (por mera coincidência?) entre os países mais espionados em todo o mundo, desde a presidente da República até os mais comuns civis. Em determinados anos, segundo documentos revelados por Edward Snowden, o Brasil foi exatamente o mais vigiado do mundo. Para tanto, os meios eletrônicos funcionam, por mais fictício que possa parecer, como principal ferramente à CIA.

A cada novo mandato presidencial nos Estados Unidos, essa mesma CIA antecipa a geopolítica e a economia mundial ao novo ocupante da Casa Branca. Pois em janeiro de 2013, a agência de Inteligência norte-americana observou ao presidente Barack Obama, no relatório intitulado Global Trends 2030 - Alternative Worlds (Tendências Mundiais 2030: Novos Mundos Possíveis), que "[Os meios eletrônicos fornecem] uma capacidade sem precedentes para [os governos] vigiarem seus cidadãos".

Pois tem sido através dessa vigilância, do controle e da manipulação de cidadãos sobretudo nas redes sociais e da injeção secreta de bilhões de dólares, que a CIA tem promovido revoluções coloridas mundo afora, como na tal Primavera Árabe: na Síria, segundo telegramas secreto emitidos pela Embaixada dos EUA em Damasco, intitulado Próximos Passos para uma Estratégia de Direitos Humanos, foram aplicados nada menos que 12 bilhões de dólares entre 2005 e 2010, "investidos" em ONGs e em na mídia, a fim de "apoiar a reforma democrática" (leia-se derrubar o presidente Bashar al-Assad, já que o próprio documento, no final, registra a intenção dos porões da Casa Branca de "estabelecer um Senado que criaria o espaço legislativo para políticos da oposição trabalhar").

Outros trechos do documento secreto, que contam atividades culturais, midiáticos e em favor de ONGs por direitos humanos de fachada da CIA, dizem o seguinte:

(...) Envolvimento direto da Embaixada [dos EUA na Síria] em sua programação na sociedade civil. Como resultado, no Iniciativa de Parceria
para o Oriente Médio e a Secretaria de Direitos Humanos e do Trabalho (DRL, na sigla em inglês) assumiram a liderança na identificação e no financiamento sociedade civil, e projetos de direitos humanos. Embora a Embaixada tenha tido participação direta em alguns desses esforços, especialmente com a DRL, a maior parte do programação tem prosseguido sem o envolvimento direto da Embaixada. (...)

A DRL financiou quatro grandes programas específicos na Síria no último ano fiscal. Os beneficiados foram (1) Casa da Liberdade, a qual realizou várias oficinas para um seleto grupo de ativistas sírios, sobre 'mobilização estratégica cívica e de não-violência'; (2) a American Bar Association, que realizou uma conferência em Damasco em julho e, em seguida, continuou expandindo-se com o objetivo de implementar programas de educação legais na Síria, através de parceiros locais; (3) a American University, que realizou uma pesquisa na sociedade tribal e civil síria convidando os shaykhs [líderes religiosos, grifo nosso] de seis tribos para Beirute para entrevistas e treinamento, e (4) Entrevistas, que têm coordenado com o Arab Women Media Center a fim de apoiar acampamentos de jovens nos meios de comunicação entre os sírios em idade universitária, em Amã e Damasco.

Também precisamos garantir que a programação aqui seja completamente coordenada, que a Embaixada tenha os recursos necessários para administrar os programas, e que os programas sejam compatíveis com as sanções econômicas norte-americanas contra a Síria.

Pois no Egito, na Líbia e na Síria, além da Venezuela, cabos liberados por WikiLeaks revelam a influência fundamental de Washington nas agitações sociais, da mesma maneira que tem sido feita na Síria.

Retornando ao caso do Brasil: até os mais desinformados e de mentalidade pautada pela grande mídia têm consciência hoje de que o Fez-Se Buque foi criado pela CIA, e que o sionista Mark Zückerberg é "laranja" da agência secreta norte-americana. Pois não é que o próprio Zückerberg, que não possui nenhum vínculo com o Brasil, apareceu repentinamente como um dos grandes incentivadores dos protestos maciços em 2013? Veja imagem dele abaixo com cartaz que diz, convocando a sociedade brasileira para sair às ruas: "Não é só pelos 20 centavos [do aumento da passagem de ônibus que se protesta]. Muda, Brasil!". Por coincidência ou não, foi ali mesmo no Fez-Se Buque que as agitações começaram no Brasil, e seguem até hoje. Assim como na "Primavera Árabe"

Nessa rede social, comprovadamente projetada e financiada pela CIA, logo que se iniciaram as maciças manifestações no final do segundo semestre de 2013, passou-se a surgirem milhares falsos perfis que recebiam dezenas de milhares de curtições, fazendo-os se proliferar e se tornar mais e mais populares, empurrando massas às ruas.

Sobre isso, observou o jornalista russo Nil Nikandrov em julho de 2013, no artigo Quem Agita o Brasil, e Por Quê, no sítio russo Strategic Culture Foundation:

"São bem conhecidos os laços que unem o início da carreira empresarial de Zuckerberg e a CIA. Os contatos foram muitos e sabe-se que a CIA financiou o início de seu negócio. Zuckerberg tem também contatos estreitos com a Agência de Segurança Nacional dos EUA [orig. U.S. National Security Agency (NSA)], os quais não são segredo para ninguém. Difícil acreditar que Zuckerberg tenha-se envolvido por iniciativa sua nos protestos no Brasil (e ainda mais difícil, que tenha passado, repentinamente, a preocupar-se com o preço dos transportes públicos por lá)."

Em julho de 2013, a própria rede de TV venezuelana Telesur debatia em seu programa Mesa Redonda Internacional, a possibilidade e influência externa nos protestos que há um mês tiveram início. Em algumas entrevistas de brasileiros manifestantes à Telesur, muitos se atrapalhavam ao responder por que estavam nas ruas. Depois de muito pensar e olhar perdido, respondeu de maneira vaga: "Contra a corrupção". Outra, "contra tudo o que está aí".

Este vídeo da Telesur mostra fuzileiro naval à paisana infiltrado entre manifestantes, destruindo nada menos que o Palácio do Itamaraty a fim de gerar reação policial contra manifestantes, e o caos conhecido como Estratégia de Tensão:

Tal prática, em nada isolada nos dias que sacodem o Brasil, tem sido sintomática no sentido de apontar influência externa nestas manifestações massivas do país. Neste vídeo produzido pelo jornal carioca A Nova Democracia, policiais com armas nas mãos apontam e intimam manifestantes; comandante da PM disse ser a favor do uso de armas de fogo para controlar os atos na cidade do Rio de Janeiro, em protesto contra o governador Sérgio Cabral por má administração e pelo hábito de sobrevoar a sociedade a bordo de helicópteros e jatos particulares.

Outro ponto sintomático nesta atual festa da democracia nas ruas tupiniquins, é que o clamor dos principais organizadores têm sido retorno à ditadura militar de péssima memória. Proíbe-se, inconstitucionalmente, uso de camisetas vermelhas e de bandeiras de partidos políticos.

Antes de mais nada (e nada disso se discute no país por falta de conhecimento tanto quanto de "interesse", que se guarde essa palavra), a Constituição garante liberdade de ir e vir acompanhada da liberdade de expressão sem que o cidadão seja incomodado por isso. Nas manifestações de 2013, bandeiras de partidos foram queimadas por todo o país, e muitos portadores desses materiais acabaram agredidos verbal e fisicamente

Quanto à reação em cima de partidos políticos, outro aspecto negativo e que remonta ao golpe militar de 1964, do qual nenhuma lição foi tirada mais de 50 anos depois, vale ressaltar a anulação de partidos políticos, base da democracia e de debates públicos, é matéria-prima de regimes ditatoriais e totalitários. As manifestações poderiam ser apartidárias (talvez nestas circunstâncias hoje, já seja essencial a participação dos partidos para afirmar o Estado democrático), mas jamais anti-partidárias.

Não que os partidos brasileiros tenham desempenhado importante papel na "democracia" nacional, nem que sejam peça vital nas manifestações de rua hoje e nem sequer em uma ideal democracia em si, a participativa do povo, pelo povo, para o povo, muito pelo contrário: são sectários, politiqueiros, dominadores e corruptos em sua imensa maioria sendo, exatamente por isso tudo, muito mais obstáculo à ativa participação da sociedade na vida política do país que impulsores. Eis aí o sistema político brasileiro para falar por nós que necessita de reforma e de mais democracia, não de outro golpe contra ela.

O Ato Institucional 2, Artigo 18 de 27 de outubro de 1965 da ditadura militar (1964-1985), dizia: "A Revolução [ditadura militar] é um movimento que veio da inspiração do povo brasileiro para atender suas aspirações mais legítimas: erradicar uma situação e um governo que afundava o País na corrupção e na subversão [...]". Assim, foram extintos os partidos enquanto os militares apelavam para o discursos ufanisticamente patrióticos, "Brasil, ame-o ou deixe-o", Prá frente, Brasil!" etc, eliminando desta maneira a crítica e qualquer oposição (a "tática do nacionalismo" é tão antiga quanto a formação dos Estados, cujos exemplos mais recentes são o nazi-fascismo e Bush para eliminar todo e qualquer questionamento sobre as implicações do 11 de Setembro, e da subsequente "Guerra ao Terror", acusando os questionadores de apátridas, exatamente como se dava na época da Guerra Fria para colocar em descrédito quem contestava o sistema).

A atual agressividade anti-partidária, em si mesma um ato político, pode nada mais ser que um meio disfarçado para que partidários ultraconservadores se apresentem e, como vem acontecendo, ganhem o controle da situação (exatamente o que ocorreu no golpe militar de 1964).

Outro fator profundamente sintomático é que meio a toda essa indignação seletiva contra a corrupção, quando se trata da oposição de direita trata-se como caso individual, porém quando se trara de políticos à esquerda do espectro político, o problema é considerado como sistêmico-partidário.

Pois os sintomas não param por aí tal fato nos remete ao fato que o espectro da direita está o PSDB, citado em cabos secretos liberados por WikiLeaks garantindo favorecimento aos interesses norte-americanos em relação à Petrobras no caso de vitória em eleições presidenciais (petróleo que é exatamente motivo de obsessão por parte do regime de Washington, e das artificiais "Primaveras" nos países mencionados mais acima).

Outra evidência - que não para por aqui, a lista é extensa - de que são artificiais estas ondas de protestos, é que a elitizada sociedade brasileira (em todos os segmentos) é tão reacionária e mal-informada (portanto, incapaz de mobilizações espontâneas e politizadas de tal magnitude) que não consegue enxergar cada um desses evidentes fatos, ou nenhum deles. Mas como disse Florestan Fernandes, "A elite brasileira sempre foi antissocial, antinacional e anti-de­mocrática".

"Povo que esquece seu passado, está condenado a vivê-lo novamente" (Nicolás Avellaneda, jurista argentino, 1837 - 1885). O mais grave é que no Brasil nem sequer se sabe, na maior parte dos casos, do passado nacional. Falar hoje, em meio a esse suposto senso de cidadania e patriotiotismo, nas implicações do golpe de 1964 é assunto de ignorância generalizada, bem como mal se sabe hoje quem foi João Goulart, presidente em momento dos mais importantes da história do Brasil não apenas por ter sido inconstitucionalmente derrubado pela ditadura militar, mas pelas políticas sociais que iniciaria, e pela defesa da soberania nacional que contrariava os interesses de Washington.

Quanto ao PT, deveria ter se lembrado de que educação rende votos, sim, e muitos - a governos transparentes: quando vierem as tempestades, apoiar-se-ão na educação e na politização social para se sustentar. Azar dos deslumbres do poder: aí estão as massas de manobra, vítimas dos interesses da mídia grande que são os mesmos das classes dominantes e dos políticos mais conservadores, carentes de educação e de politização.


'BRAZIL'
Crise, Cenário de Golpe e as Lições Nunca Aprendidas

Educação precária. Sociedade despolitizada, "esquerda" inerte. PT aliado aos banqueiros e às classes dominantes, distante do povo
Mídia desregulada manipulando suas velhas massas de manobra. Governo federal é vítima dos próprios deslumbres com o poder

13 de março de 2016 / Publicado no Jornal Pravda (Rússia), e no Diário Liberdade (Galiza)


"Em uma sociedade dividida e com tanta desigualdade como a brasileira existem lados, o do povão e o das elites econômicas e políticas. Em seus quase 100 anos de história, as Organizações Globo e a família Marinho tiveram um lado: sempre contra você."

Assim o semanário brasileiro Brasil de Fato inicia editorial desta semana, intitulado De que lado samba a Globo: sempre contra você. E tem toda a razão. Por outro lado, diante deste claro cenário de golpe no Brasil, vale perguntarmo-nos: e o Partido dos Trabalhadores, tem estado ao lado de quem nestes mais de 14 anos à frente da presidência da República? Do povão ou das elites, que hoje tentam devorá-lo? Da mídia alternativa ou do monopólio da informação, especialmente a Rede Globo, hoje impiedosa com o governo federal como sempre foi na história do Brasil, contra quem bem entendeu?

Em agosto de 2003, no velório do "doutor" Roberto Marinho, nada mais que jornalista e proprietário desse poderoso conglomerado que inclui TV, rádio, jornais e revistas, o qual cresceu vertiginosamente no início dos anos de 1960 até se tornar um império financiado ilegalmente pelos norte-americano, a fim de garantir o golpe militar em 1964 (veja documentário da Telesur), o então presidente Luiz Inácio observou: "Aí se vai um grande brasileiro, merecedor de três dias de luto oficial".

Nos dias de hoje o mesmo Luiz Inácio deixa claro que mudou radicalmente de opinião em relação à poderosa Globo. Por quê? Talvez porque ele mesmo se tornou um milionário especialmente em seus anos no Palácio da Alvorada, assim como seu filho, o que não motiva prisão nem sequer preventiva, até que se comprove implicações criminosas a este respeito - e tal fato deve ser, sim, investigado, entre outros diversos.

Por falar em radical, os mesmos que passamos anos e anos advertindo que os rumos do governo levariam a um final inevitavelmente catastrófico do ponto de vista econômico, político e social, éramos patrulhados, fortemente agredidos verbalmente, ridicularizados, qualificados exatamente de "radicais", de "ultra-esquerdistas", "insensatos" e "desatualizados" que não sabíamos nos adequar à realidade, tudo isso por este desesperado setor hoje, a esquerda "sóbria" que vê seus líderes, um a um, irem à cadeia ou perderem o mandato.

A mesma esquerda "moderada" era secretamente representada por José Dirceu, quem costumava ir, com o pires na mão, ao encontro dos agentes da CIA travestidos de embaixadores em pleno centro de espionagem com fachada de Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, simplesmente a fim de "prestar contas" sobre a política interna e externa do governo brasileiro, conforme revelam amplamente cabos liberados por WikiLeaks. Estava dando armas ao inimigo.

É evidente que, com forte combustão midiático, o mais raivoso senso elitista que permeia todos os segmentos da sociedade brasileira estão movendo as maciças manifestações nestes tempos pró-cassação da presidente Dilma e pela detenção do Luiz Inácio, quem afirmou também, logo que venceu a eleição presidencial de 2002: "nunca fui de esquerda", imaginando que sairia impune (pelos setores reacionários) por mais aquele cinismo descarado.

Assim, resta saber se o "equilibrado" ex-presidente está em desacordo com que, nestes dias efervescentes para ele e para todos os que defendemos a democracia no Brasil, civis simplesmente proíbam outros cidadãos de transitar em meio às manifestações populares com camisetas vermelhas e com bandeiras de partidos políticos. Sobre isso, qualquer semelhança com vésperas de golpes mundo afora, inclusive com o de 1964 no próprio Brasil, não é mera coincidência - mais uma cala evidência de que as atuais manifestações, de pacíficas e democráticas, não têm absolutamente nada.

Enquanto o próprio líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) afirma que "não estão presentes os fundamentos que autorizam o pedido de prisão preventiva [de Luiz Inácio]", o que menos se discute entre a sociedade brasileira hoje é a própria política, as leis, a Constituição: não há nível educacional para isso, não há a menor politização de maneira que cidadãos estão excessivamente ocupados com discursos vazios, com muita verborragia e com suas próprias leis que remontam à ditadura militar.

Aliás, anos atrás quando se discutia no país a importância da Comissão da Verdade apenas para se apurar a realidade dos fatos durante os 21 anos de autoritarismo no Brasil, sem jamais conduzir ditadores ao banco dos réus, foi o suficiente para gerar (pasmem) reação em Luiz Inácio, quem se saiu com esta: "Passado é passado", ou seja: esqueçamos tudo. Eis que o veneno se volta contra o PT nestes dias.

Em terras tupiniquins, os militares jamais foram sequer julgados, contrariando a Organização dos Estados Americanos (OEA) e todas as leis e pactos internacionais, enquanto nos países vizinhos os exemplos se dão no sentido oposto.

O Brasil de Fato segue desta maneira o editorial:

Na campanha que “O Petróleo é nosso”, na desestabilização do governo do presidente João Goulart
e no consequente apoio aos 21 anos de ditadura, a Globo estava contra os interesses do povo.

Na tentativa de barrar a força do movimento operário, na luta de milhões de brasileiros pelas
eleições diretas no país, as “Diretas já”, a Globo esteve do lado dos poderosos e seus interesses.

O editorial aponta fatos históricos para argumentar que a "Globo defende interesse dos ricos", exatamente como tem feito o PT dado que nunca na história do país os bancos lucraram tanto, em valores absolutos e proporcionais. Os governos de Luiz Inácio e de Dilma nem sequer reformaram o capitalismo, o que já contrariaria suas raízes e mesmo discursos em tempos não tão distantes.

Contudo, que o PT não espere que a população - à qual o partido não se aliou, não politizou, à favor da qual não promoveu educação - tenha entendimento agora que tal empresa de mídia defende interesses das classes dominantes, os quais vão contra a própria sociedade em geral. Essa mesma sociedade samba no ritmo da Imprensa que o PT jamais regulou, pelo contrário: bajulou e até financiou com bilhões de reais, em detrimento da mídia alternativa.

"A sociedade tem o controle remoto [para mudar de canal]", afirmou Dilma indignada com a ideia de "censurar" (regular) a mídia. Tudo o que a presidente gostaria hoje, certamente, é que a sociedade tivesse realmente opções de se informar de maneira isenta, o que apenas poderia ser possível através de uma mídia regulada como nos Estados mais democráticos do mundo. Mas é tarde demais: aí está a grande mídia com suas velhas massas de manobra, em um cenário irreversível.

Apenas a cúpula petista, talvez excessivamente envaidecida com os privilégios do poder, acreditou ingenuamente que poderia aliar-se a este setor tão conhecido da sociedade brasileira, promotor do golpe que derrubou João Goulart, presidente democraticamente eleito e amplamente apoiado pela população até ser derrubado, além de tantos outros atentados à fragilíssima democracia nacional, muito bem conhecidos.

Quem se lembra que em 2013 o "intelectual" Emir Sader, quem além de filiado ao PT é maior porta-voz, mestre tão venerado da inerte, mesquinha e dessituada"esquerda" tupiniquim de péssimo gosto, moral e intelectual, tachou membros do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, que à época protestavam na cidade de São Paulo, de "cachorros vira-latas"? Mais uma postura reacionária da "esquerda", mais uma "lógica" à brasileira.

Detalhe: o Prefeito então era e é ainda hoje Fernando Haddad, de seu partido político. Os interesses político-partidários têm regido o PT nestes mais de 14 anos, como aliás era de se esperar muito antes de assumir a presidência do Brasil considerando-se determinadas figuras da cúpula do partido.

O mesmo Emir Sader sempre tentou precariamente, em coro com inúmeros petistas e com parte de uma mídia dita alternativa que nada mais representa a não ser a outra face de uma mesma moeda politiqueiro-midiática, embarcar o Brasil no trem da Revolução Bolivariana a qual esta sim é, ano após ano, reconhecida por organismos internacionais (incluindo a ONU) pelas conquistas sociais, políticas e econômicas através de governos efetivamente progressistas que representam a ampla maioria de suas respectivas sociedades, e não as elites locais. No Brasil, tal tentativa petista apostando na ignorância coletiva.

É imensa a tragicômica lista que pode servir para se ilustrar a atual situação do PT, a inércia da "esquerda" brasileira, especialmente a mais "sóbria" além da própria condição da sociedade brasileira em geral, uma vez mais - idêntico ao que ocorreu em 1964 - vítima dos conglomerados midiáticos, que a pauta nos mínimos conceitos e preconceitos, em posturas e em ações.

Contudo, com a mesma convicção que se afirmava desde o início da gestão petista à frente do governo federal que tudo terminaria assim, pode-se afirmar também hoje que a sociedade brasileira, inclusive a "esquerda", não tirará lição nenhuma ao final de mais este capítulo trágico de sua história em que o que menos se está fazendo no Brasil, é justiça e inclusão social.

Pois em tempos em que os usurpadores do poder à "esquerda" veem-se agonizando, já é tarde demais para dar-se conta de que Che Guevara tinha total razão quando afirmou: "Não se pode confiar, nem um tantinho assim, no imperialismo". O quadro não será mais mudado. Optou-se pela governabilidade sem limites, isto é, pela manutenção do poder e não pelo bem-estar coletivo, e o resultado não poderia ter sido pior: terminar linchado de todos os lados, sem apoio nenhum setor a não ser de parte dos militantes partidários (há outra parte fortemente contra o governo).

As irracionais elites são impiedosas e nunca toleraram um barbudo, nordestino da roça na presidência da República, e nem muito menos uma mulher que combateu a ditadura militar. Definitivamente, as classes dominantes preferem o mocinho burguês Aécio Neves, quem surfava sobre as ondas do Rio de Janeiro enquanto a presidente Dilma era presa e torturada pelos ditadores militares. Por mais que as propostas políticas de ambos sejam quase idênticas...


EDUCAÇÃO & CULTURA
Memórias de um Professor no País da Mediocridade

Péssimo nível educacional de Santa Catarina, estado mais rico per capita do Brasil que se gaba da propaganda (em muitos casos, falsa) que orgulhosamente vende de si mesmo, retrata perfeitamente a barbárie cultural nacional. Com o velho toque demagógico de uma
nação que sobrevive sobre aparências e muito ufanismo, tanto quanto sobre a soberba

19 de fevereiro de 2016, publicado na Pravda (Rússia), e pelo Diário Liberdade (Galiza)

Republicado por Rádio Evangelho, por Estudos Vermelhos, e por Memórias Cubanas


Neste momento, encontro-me na Biblioteca Municipal da cidade brasileira de Brusque, das mais ricas do estado de Santa Catarina, este, por sua vez, o mais rico do Brasil proporcionalmente, isto é, em relação ao número de habitantes.

Como de praxe, o local, em tese de estudos e pesquisas, está tenso contrariando as recentes filmagens da Prefeitura local, apresentando seu alegado "êxito" educacional através da Biblioteca lotada: neste exato momento, um professor preparando aulas à minha frente em uma mesa ao fundo do estabelecimento, levanta a voz e surpreende estudantes adolescentes sentados sobre mesas, no chão, brincando em altas vozes, e chama a atenção: "Por favor, baixem o tom de voz, respeitem quem está estudando! Ou quem não quer estudar, que se retire!". E continua dando lições de respeito neste sentido, sem ser minimamente atendido.

Enquanto estas linhas estão sendo escritas, já veio ao local mais de cinco minutos depois das advertências inicias do docente, a bibliotecária Kátia Maria Costa, quem dera entrevista às mencionadas filmagens, cheia de orgulho, pelo vertiginoso aumento do número de visitantes da Biblioteca nos últimos dois anos. As advertências do indignado professor seguem - sem nenhum resultado.

Recentemente, em conversa particular comigo, dois funcionários desta Biblioteca se gabavam com acentuado toque de arrogância, e até certa fúria, do estrondoso aumento do número de frequentadores por mês desta Biblioteca, em tão pouco tempo, "um grande sucesso" em contraposição às minhas críticas ao nível educacional brasileiro, envolvendo especialmente a decadência do Poder Público em todas as esferas, assim como em todos as áreas (saúde, segurança, etc).

Um detalhe não mencionado pelos dignos representantes desta suposta Revolução Cultural brusquense, é que tal crescimento de visitantes mensais da Biblioteca deu-se após o fornecimento de computadores e uai-fai livre, o que muda completamente esse cenário coloridamente embrulhado com cultura e educação.

(Antes de prosseguir: mais de 10 minutos após as primeiras advertências, o professor levanta, vai mais adiante da mesa em que tenta fazer pesquisa, e chama a atenção dos adolescentes).

Neste momento, diversos jovens passeiam pelo recinto fazendo daqui algo muito similar a um boteco; sentados sobre mesas e no solo chutam-se, batem-se com as mãos, roubam bonés de colegas e saem correndo, enfim, há entre 20 e 30 usuários. Tive o cuidado de contar: três dos presentes (cidadãos de mais avançada idade) leem livros, um senhor lê jornal, uns três com seus noutibuques e o restante, imensa maioria, com celulares - utilizando-se principalmente do Uótizapi, com alto som ambiente de músicas e piadas eletrônicas.

(Neste momento, enquanto retorno da sala da bibliotecária Kátia com estatísticas sobre frequência do local, o professor que tenta elaborar aulas está na recepção, entre reclamações com funcionários e discussão com alunos, os quais mantém a peculiar característica desafiadora da discência e da própria sociedade brasileira. De nada adianta: seguem palmas, gargalhadas, celulares tocando com chamadas, Uótizapi, piadas e músicas, palavras de baixo calão entre os adolescentes, gritos e todas as brincadeiras inconvenientes no local. O professor está inquieto em sua mesa).

Os números estimados passados semanas antes por funcionários, acabam de ser passados com precisão pela bibliotecária: o "grande êxito" em números é comparativamente estrondoso - às primeiras vistas, como quase tudo no Brasil, mas dado o número de habitantes de Brusque, 120 mil, e a própria realidade patética do local, traduzem-se em mais um tradicionalmente idolatrado casuísmo tupiniquim.

Em 2013, quando não se computava frequentadores, tal estimativa girava em torno de 400 por mês no local segundo a bibliotecária (cifra que coincide com minha avaliação antes da conversa com a diretora da Biblioteca, seguindo a lógica dos números e dos interesses no usufruto deste estabelecimento).

No ano todo, este número deve ter chegado a 4.400 pessoas (considerando recesso). E isto sim, dado oficial: os empréstimos de livro foram da ordem de pífios 7.522, uma média de 683 mensais.

No ano de 2014, o Poder Público delira até hoje com as 35 mil pessoas que visitaram a Biblioteca, tomando emprestados míseros 14 mil livros (número mais deplorável se se considera, e os demagogos de plantão não consideram isto, que um mesmo cidadão muitas vezes empresta vários livros em um mês).

Em 2015 os visitantes, para vanglória das elites nacionais (as mesmas que apoiaram entusiasticamente o golpe militar que, de imediato, passou a queimar livros de Sociologia, de Filosofia e de História, se estes últimos ousassem questionar o perpétuo sistema medíocre), chegaram a 53 mil pessoas, o que dá uma média de 4.4490 mensalmente, comparadas exaustivamente por aqui às cerca de 400 de três anos antes. Os livros emprestados, por sua vez, somaram no ano passado 17.400, o que apresenta média de 1.453 livros mensais.

O detalhe que faz tanta diferença quanto é omitido em meio a estes números, já reveladores por si só: apenas no início de 2014, foi colocado uai-fai livre e disponibilizados três computadores a qualquer um que apresentar documento de identificação. Neles, vê-se com total prevalência de acessos ao Fez-se Buque além de jogos tais como lutas de combate e pôquer.

Fica, assim, bastante claro que o hábito de leitura não avançou em praticamente nada, mesmo diante destes (fantasiosos) números. A Biblioteca acabou fornecendo serviço que a degrada: o uai-fai serve diariamente para a utilização de Uótizapis e usos variados de celulares com seus inúmeros inconvenientes, além de computadores conectados em salas de bate-papo e redes sociais (quando muito, já que, talvez, haja seus acessos mais baixos à Internet).

E tudo se deteriora ainda mais se, conforme já abordado, compara-se os números de empréstimos de livros aos 120 mil habitantes da cidade tanto de elite (econômica) quanto elitista (relativo à mentalidade).

Fica claro nestes números apresentados com rigor de detalhes pela bibliotecária, bastando notar que o número de empréstimos de livros não seguiu proporcionalmente o de visitantes ao local (se não bastasse o cenário pateticamente contemplado com absoluta frequência por aqui) aquilo que coloquei aos arrogantes e furiosos defensores corporativistas da aparente Revolução Cultural do século XXI na cidade de Brusque: o assédio á Biblioteca se dá mais pelo acesso gratuito à Internet com seus infindáveis divertimentos, alienações e pornografias que cada vez mais imbecilizam a sociedade, que aumento significativo de interessados em leitura.

A própria bibliotecária, agora há pouco, reconheceu a mim em sua sala quando fui procurar as mencionadas informações: até 2013 a Biblioteca ficava em outro local, de difícil acesso, no alto de uma escadaria, o que certamente fez com que os que já possuíam o hábito da leitura naqueles tempos, adquirissem mais livros hoje.

Seria injusto culpar unicamente á bibliotecária Kátia pelo caótico ambiente do local. Embora falte um pouco mais de pulso, ela já foi testemunhada solicitando repetidas vezes que um adolescente saísse do computador por seu tempo havia se esgotado, enquanto era gozada e confrontada. Trata-se, seguramente, da menos culpada.

Este autor lecionou em escolas públicas e particulares na cidade em questão, e presenciou a vergonha do ensino e do "incentivo" à cultura: na primeira semana em que passei a dar aulas em determinada escola por aqui, fui convidado pela diretora a assistir a uma apresentação "cultural" dos alunos, apoiados pelos seus respectivos professores. Surpreendi-me quando algumas apresentações eram de dança erótica, outra de músicas do extinto e precariamente folclórico Mamonas Assassinas (conjunto de baixo-nível que primava pela excessiva estupidez) e por aí vai, tudo sob alegres aplausos do corpo docente.

Quando este autor, que ficou com dois meses de seus ganhos de professor atrasados pelo Estado por questões documentais, solicitou junto à diretoria uma palestra para apresentação e divulgação (não para venda) de seu livro, na qual predominariam comentários de política internacional (tema do livro em questão) junto aos alunos: jamais atendido - o que havia ficado claro logo no início da minha ideia, dada a indiferença demonstrada. Vale ressaltar: o "salário" (gorjeta) pago aos professores já é de fome; imagine-se, agora, um docente sem receber por seu sofrido labor por dois meses...

Este autor havia conversado com a diretora da escola sobre as possibilidades de imprimir atividades aos alunos, ao que foi respondido: "A escola disponibiliza impressora com preços reduzidos a professores. Professores cobram dos alunos por impressões nas épocas de provas e quando lhes passam trabalhos. Você pode cobrar dos alunos um valor superior, e ficar com o dinheiro".

Em um país que industrializa como poucos absolutamente tudo - a indústria das multas, a indústria das receitas de remédios -, eis a indústria das provas e dos trabalhos escolares! Largamente utilizada por professores que lucram com atividades em sala de aula, porém recusada por este pobre professor e autor mesmo nos momentos mais difíceis da vida acreditando que consciência e exercício da cidadania, que passam fundamentalmente pela valorização educacional através de exemplos e de dedicação integral, não têm preço. Estes sim, seriam o futuro de um país que há muitas décadas se intitula como tal, "o País do Futuro" rumo a um porvir que nunca chega, enquanto baseado em ilusões.

O estado de Santa Catarina não fornece nenhum material aos alunos, nem sequer livros didáticos das próprias aulas. É completamente precária a condição de trabalho nas escolas públicas por aqui, quadro tenebrosamente completado por diretores, inspetores e muitos professores ignorantes, de mentalidade rasa que, eles mesmos, não possuem o hábito da leitura.

Nesta cidade que segue à risca o espírito autoritário e discriminador do Brasil em geral, há apenas três livrarias médias além de uma de supermercado, minúscula.

Já sobre o livrinho deste autor, vale deixar registrado: foi retirado por mim de duas livrarias (Catarinense e Martins Fontes) pelo mesmo motivo: ambas vendiam livros "escondidas" do autor sendo que a primeira contrariava o contrato elaborado por ela mesma, não prestando conta mensal da comercialização do produto, o que lhe cabia, posteriormente, executar o reembolso pelas vendas.

Na Livraria Cultura, disponível atualmente, um recente reembolso acabou "acidentalmente" em antiga conta do Banco Itaú (inexistente, cujo cartão está perdido e o autor se encontra, hoje, bem longe de sua agência, portanto o dinheiro está perdido), ao invés da atual conta do autor no Banco do Brasil. Detalhe: o proprietário da referida livraria é o mesmo do Itaú; portanto, o mísero valor (de R$ 59.90 nas prateleiras, o autor lucra menos de R$ 6,00 por venda) acabou depositado ao próprio dono da livraria. Moral da história: na prática, o autor paga para ter livro publicado.

Tudo isso pateticamente registrado nos contatos por correio eletrônico deste pobre autor com tais estabelecimentos, no país do imponderável onde, desgraçadamente, seria talvez mais vantajoso a um escritor disponibilizar livros em blog pessoal que nas grandes livrarias, dado o tenebroso quadro da ganância desenfreada.

No Brasil briga-se com a nua e crua realidade cotidiana, acusando raivosamente os adeptos da autoanálise de "apátridas", "traidores" da Pátria de Chuteiras, os reacionários (mesmo entre declarados progressistas que levam no espírito a reação mais conservadora) do "Brasil, ame-o ou deixe-o", lema criado à época da ditadura impregnado na mentalidade de uma sociedade que, até hoje, nega veementemente autocrítica cuja "bravura" não acompanha, nem de longe, a mesma intensidade quando o assunto são os tão graves quanto evidentes problemas sociais do país.

Enfim, aí estão mais fatos e números estatísticos embora, no Brasil, também se brigue estoicamente com eles - tanto quanto contra os indignados com este quadro, constantemente tachados de pessimistas e de coisas muito piores.

O auto-engano, em qualquer segmento da vida, é o maior adversário do avanço, poucas coisas são tão maléficas quanto ele. E vivemos em um país de inúmeros e extremamente agressivos auto-enganos (em grande parte, impostos também pela mídia e pelas classes dominantes que gozam do sistema mafioso que estabelecem), em que muitos se irritam profundamente quando determinadas verdades são colocadas.

Não poderíamos deixar passar o alegado sucesso do Poder Público da cidade de Brusque, frente a este perfeito ambiente de bagunça em barzinho de esquina cujos livros fazem papel de meros enfeites, ambos os fatos ilustrando perfeitamente a realidade do Brasil demagogo e atrasado.

Por tal maneira de se (des)organizar (que levou mais este professor e autor da tentativa de estudar no local a ser interrompido, e impulsionado a escrever esta nota) e pela incapacidade de se enxergar minimamente, ano após ano a sociedade brasileira não tira lição nenhuma de suas crises não permitindo que o Brasil se conscientize, nem que enxergue a realidade e, a partir disso, que anseie mudá-la - começar efetivamente a mudar já seria uma outra e longa história; antes, deve desejar deixar o comodismo, a passividade (alguns poucos, espectadores de camarote) frente aos inúmeros capítulo da farra das classes dominantes e dos usurpadoras do poder, os quais se regozijam cada vez que a sociedade aceita a ideia de constituir uma promissora nação, das mais avançadas dentre os emergentes - para muitos, país entre os mais avançados do mundo.

As ilusões do Carnaval não se limitam aos cinco ou seis dias em que se para absolutamente tudo o segundo mês do ano por aqui, no país das aparências e do excesso de demagogia. Nem a preguiçosa ressaca, física e intelectual, encerra-se naquele período.

"Brasil, ame-o ou deixe-o" dos milicos, até quando?


OPERAÇÃO LAVA JATO
Denúncia de Propina a Aécio Neves de R$ 300 mil – Com Direito a Recuo da Raivosa Reação Tupiniquim

“E o Aécio Neves, não é da oposição?”, teria dito Rocha [entregador da propina]. O diretor da UTC teria
respondido, na versão do delator: “Aqui a gente dá dinheiro prá todo mundo: situação, oposição, [...] todo mundo”

Atual onda de esquizofrenia justiceira pela direita, e histeria democrática à esquerda no Brasil, trata-se de
velha briga pela usurpação do poder sustentada por uma sociedade em geral despolitizada, intolerante e
individualista, com fortes raízes reacionárias. Eterno País do Futuro, conduzido do nada a lugar nenhum

3 de janeiro de 2016 / Publicado no Diário Liberdade (Galiza)


Quanto mais se desenrolam os fatos no Brasil – cuja corrupção e demagogia política são endêmicas muito antes de o PT assumir a Presidência em 2003, bem como enraizadas na sociedade brasileira em geral –, mais se evidencia o caráter oportunista e reacionário, de baixíssima estatura moral e intelectual por trás da esquizofrenia justiceira que toma conta do Brasil, desde as denúncias e os patéticos espetáculos que envolveram o julgamento do (criminoso) Mensalão Petista, até a atual "indignação" em relação aos escândalos envolvendo a Petrobras por aqueles que, paradoxalmente, sempre deixaram claro o desejo de entregar uma das companhias petrolíferas mais eficientes do mundo, ao capital estrangeiro. "Nata intelectual", ignora que nenhum país ao redor do globo, sobretudo considerando a atual conjuntura internacional, abre mão de seu petróleo.

Mas no raciocínio ultraconservador tupiniquim sim, mata-se frequentemente o cachorro a fim de eliminar as pulgas. É a cultura da reação brasileira, tão antiga quanto a própria formação de seu Estado.

Do outro lado, a histeria democrática por parte de setores com pobre aspecto e discurso progressista de essência igualmente reacionária, parte da formação e da história brasileira dos oportunismos e do "jeitinho".

Dos desdobramentos do Mensalão ao atual escândalo da Petrobras, não se dão conta, tão atarefados com interesses político-partidários, que exercem o mesmo jogo, tão baixo quanto inócuo, que criticam com tanta indignação.

Não sem motivo, veem-se refém, de mãos completamente atadas diante das jogadas elitistas, não raras vezes acompanhada de violência física. Parece não haver alternativas ao Brasil.

Entre duros julgamentos (seletivamente antecipados pela mídia corporativa) e inúmeras cassações, o País parece andar como sempre andou: em círculo. Por quê?

Denúncias de Propina de R$ 300 Mil a Aécio Neves

Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como Ceará e encarregado de entregar dinheiro ao doleiro Alberto Yousseff, revelou em depoimento na Justiça que levou R$ 300 mil no segundo semestre de 2013 ao diretor da empreiteira UTC, Antônio Carlos D'Agosto Miranda, denunciado na Operação Lava Jato (investigação de esquema de corrupção na Petrobras), que seriam entregues ao senador Aécio Neves, do Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB).

O jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem sobre este fato em 30 de dezembro, sem muito destaque fato da maior relevância na política brasileira, como sempre quando envolvem principalmente PSDB e Democratas (DEM).

Nela, o jornaleco (maior promotor do golpe militar de 1964, ao lado de O Globo) expõe documento que revela trecho do depoimento de Rocha, em que o diretor da UTC havia reclamado da demora pela entrega do dinheiro. “Ainda bem que chegou”, disse Miranda a Rocha quando o valor lhe foi entregue por este. “Eu não aguentava mais a pessoa me cobrando tanto”. Rocha contou em seu depoimento que perguntou quem era essa pessoa, e o diretor da empresa respondeu: “Aécio Neves”.

A alta direção da UTC já havia admitido em seus depoimentos que Miranda, acusado pelo Ministério Público por responsabilidade nos “acertos” de propina com o PMDB na obra de Angra 3, recebia, guardava e entregava dinheiro destinado a políticos.

O que muito dificilmente a grande mídia brasileira faz quando se trata do PT e de partidos de esquerda – valendo-se contra estes (em muitos casos, nada valorosos, é importante observar) de toda e qualquer acusação e de meros factoides para sentenciar culpas e dolos –, a Folha de S. Paulo publicou o “Outro Lado” na reportagem, em que a assessoria de Imprensa do senador mineiro considera o depoimento “absurdo e irresponsável”. Alega que Aécio apenas recebeu verbas legais da UTC para a campanha presidencial no ano seguinte, em 2014.

Sobre isto, muito bem observa Fernando Brito que dinheiro destinado a campanhas, especialmente presidenciais, envolve milhões de reais. E relembra ainda que a UTC, que também negou ao jornal brasileiro o fato, “já havia admitido, em depoimentos, que Miranda recebia, guardava e entregava dinheiro destinado a políticos”.

Além do mais, tal prática não é exceção quando Aécio Neves e o próprio PSDB estão em questão. Muito pelo contrário.

Breve Histórico de Aécio, Ocultado pela Mídia

“Confirmo [que Aécio recebeu dinheiro de corrupção] por conta do que eu escutava
do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador dele”, Alberto Yousseff

Ocultado pelo oligopólio midiático brasileiro, o histórico do senador Aécio Neves não lhe é nada favorável.

Não é pequena a lista que envolve “o mocinho da grande mídia” em fracassos políticos, autoritarismo, nepotismo, suspeitas de improbidade administrativa e comprovados casos de corrupção (até vício em cocaína com bastante embasamento, cujo político, quando questionado no programa de entrevista Roda Viva da TV Cultura do Brasil anos atrás, atrapalhou-se visivelmente) sem o devido acompanhamento midiático e sem a mínima seriedade jurídica, tão rigorosa em outros casos, sistematicamente.

Não se trata, aqui, de tomar irresponsavelmente como verdade absoluta a delação de Rocha, fazendo assim o mesmo jogo da ditadura da informação oligárquica brasileira quando se trata de condenar aqueles que não fazem parte de seu cartel – prática fortemente vista no Mensalão petista (o que não alivia a culpa dos envolvidos), e dos atuais escândalos envolvendo a Petrobras que não são privilégios de apenas um partido, e nem muito menos corrupção praticada somente nos últimos anos conforme tem sido passado a uma opinião pública completamente perdida em meio a uma torrente de informação e pouca contextualização.

Deixemos este jogo baixo para a jornalada tupiniquim, para os meios de desinformação mestres na persuasão e no embaralhamento do entendimento coletivo. E para alguns outros meios que se dizem alternativos no Brasil os quais, neste caso envolvendo a denúncia de Rocha, praticando – com cinismo nada surpreendente a quem conhece o caráter de grande parte da dita esquerda –, têm uma vez mais feito, desgraçadamente, aquilo que ao mesmo tempo tanto têm abominado ao longo dos anos.

Bem à semelhança do PT que os controla, ora oposição puritana que embarca na Revolução Bolivariana para se vender como um deles, ora governo traindo todo o barulho de ontem pelos mesmos absurdos que comete hoje, com direito a patético show de "intelectualidade" que tentou demonstrar (e jamais enganou este autor) em um remoto passado.

A seguir, um pouco das traquinagens de Aécio Neves na política e até sua forte influência na grande mídia brasileira, quando os interesses mesquinhos se veem ameaçados por pessoas de bem, atropeladas impiedosamente pelo “coronel” mineiro.

Este contexto sim, ao definir quem é mais este político de péssimo gosto no cenário brasileiro, pode desempenhar assim importante papel na delação em questão, se é que o caso vai se desenrolar, tentar proporcionar parecer se o delator está mentindo, o que realmente não parece levando-se o contexto dos fatos em questão, e mais que tudo evidenciar quem é mais este mito da politicagem mais baixa: Aécio Neves, criado pelos mesmos setores promotores do golpe militar no Brasil que nunca mudaram a essência golpista, mito aceito por uma sociedade com fortes raízes reacionárias.

Mensalão Tucano. O escândalo conhecido como Mensalão Tucano (do PSDB), executado em 1998 no estado de Minas Gerais quase que completamente ignorado pelas empresas de mídia brasileiras e pela opinião pública nacional, foi o que deu origem ao Mensalão Petista.

O governador era Eduardo Azeredo, candidato à reeleição, e Aécio Neves, deputado federal que concorria também à reeleição. Além do próprio governador à época, as denúncias envolviam Clésio Andrade, que seria vice-governador de Aécio Neves em (...), seu primeiro mandato, entre outros onze personagens – a maioria, políticos do PSDB – em um escândalo que envolve peculato e lavagem de dinheiro em desvios de nada menos que R$ 3,5 milhões (R$ 13,5 milhões, corrigidos).

A campanha de Aécio Neves para a Câmara dos Deputados foi favorecida pelo esquema de corrupção com R$ 110 mil. Outro fato envolvendo Aécio neste escândalo, é que o jornalista e ex-secretário de Comunicação do governo de Azeredo, Eduardo Guedes, acusado de ser um dos principais protagonistas do esquema, continua prestando serviços não apenas ao PSDB, mas também diretamente a Aécio Neves, senador da República.

Censura à TV Band. "Gente, nunca vi tanto carro de autoridade chegando ao Mineirão. São quase 10 mil convidados do Brasil inteiro, naturalmente com ingresso garantido. E o povo? O povo só teve acesso a 42 mil ingressos, caríssimos!!"

Em 2 de junho de 2004, o jornalista Jorge Kajuru transmitia, pela Rede Bandeirantes de TV (Band) a chegada da torcida brasileira ao estádio do Mineirão, na capital mineira de Belo Horizonte, onde jogariam Brasil contra a Argentina pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2006.

De repente, Kajuru observa pessoas com deficiência física, com ingressos na mão, impossibilitadas de entrar no estádio. No lugar delas, ingressavam componentes da alta sociedade mineira inclusive políticos de todo o País, todos com milhares de convites nas mãos. Concedidos por quem? Pelo então governador do Estado de Minas Gerais, Aécio Neves.

Kajuru passou a, indignado, entrevistar aqueles que haviam pago para assistir ao clássico do futebol mundial, que passaram a ser espectadores totalmente passivos, desacreditados da entrada da socialyte brasileira em seus lugares.

Kajuru chamava a câmera da Band a registrar também a entrada da elite no estádio, até que, repentinamente, a central da emissora chamou o intervalo, sem nenhuma explicação: Kajuru saiu do ar para nunca mais voltar. Sem nenhuma explicação...

O jornalista que garantia então a maior audiência da gigante TV brasileira, famoso pela imparcialidade e coragem, com ganhos que superavam os 70 mil dólares, acabou demitido no dia seguinte por ordem irredutível de Aécio Neves.

Veja vídeos aqui, aqui e aqui.

Eleições Presidenciais' 2014: Derrota em Minas. Antes de mais nada, o candidato presidencial preferido da mídia derrotado no segundo turno nas eleições presidenciais de 2014, que se declarou vitorioso moral, perdeu dentro do próprio Estado onde é senador, que governou de 2003 a 2010.

Tal derrota (que revela muito e os motivos ficarão claros nas linhas a seguir) não apenas não é lembrada pela mídia e pela sociedade brasileira em geral, como a imensa maioria dos brasileiros nem sequer tem conhecimento deste fato.

As seguintes informações foram retiradas, parcialmente, da publicação do sítio brasileiro Carta Maior (http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/14-escandalos-de-corrupcao-envolvendo-Aecio-o-PSDB-e-aliados/4/32017), em 17 de outubro de 2014, intitulada 14 Escândalos de Corrupção Envolvendo Aécio e o PSDB, e Aliados, de Najla Passos:

Desvio das verbas da saúde mineira: R$ 7,6 bilhões. Na última terça (14), no debate da Band, a presidenta Dilma acusou Aécio Neves de desviar R$7,6 bilhões da saúde quando foi governador de Minas Gerais.

O tucano disse que ela estava mentindo e, então, Dilma convidou os eleitores a acessarem o site do Tribunal de Constas do Estado (TCE). Naquela noite, o site saiu do ar, segundo o TCE devido à grande quantidade de acessos.

Nesta quarta (15), o site voltou, mas os documentos citados por Dilma desapareceram por cerca de 4 horas, até a imprensa denunciar a manobra.

A presidenta do TCE, Adriane Andrade, foi indicada por Aécio e é casada com Clésio Andrade (PMDB), seu vice-governador no primeiro mandato.

'Aecioporto' de Cláudio: R$ 14 milhões. Quando era governador de Minas Gerais (2003-2010), Aécio construiu cinco aeroportos em municípios pequenos, todos eles nas proximidades das terras de sua família.

O caso mais escandaloso foi o de Cláudio, com cerca de 30 mil habitantes e que já fica próximo a outro aeroporto (o de Divinópolis, há apenas 50 Km). A pista, que foi construída a 6 Km da fazenda do presidenciável, fica nas terras do tio-avô de Aécio, desapropriadas e pagas com dinheiro público.

Quem cuida das chaves do portão são os primos de Aécio. Custou R$ 14 milhões aos cofres mineiros.

Relações com Yousseff : R$ 4,3 milhões. O doleiro Alberto Yousseff ficou conhecido nacionalmente devido ao seu envolvimento no escândalo da Petrobrás. Mas a Polícia Federal também investiga os serviços prestados palas empresas de fachada do doleiro para uma outra estatal, a mineira Cemig, controlada há anos pelo PSDB de Aécio Neves, principal líder do partido no Estado.

As suspeitas é que a Cemig tenha sido usada para engrossar o caixa do grupo, através da parceria com a empresa Investminas, uma sociedade de propósito específico, criada para construir e operar pequenas hidrelétricas, cuja única operação comercial foi uma parceria firmada com a Cemig.

Vendida à Light, a participação na sociedade rendeu à Investminas, em poucos meses, R$ 26,586 milhões, um ágil surpreendente de 157%. Três semanas depois, R$ 4,3 milhões foram depositados pela Investminas na conta MO Consultoria, empresa de fachada usada por Yousseff.

As suspeitas é que tenham sido destinados a pagar os agentes públicos envolvidos na operação. O caso ainda está sob investigação.

Favorecimento aos veículos da Família Neves: Valor não contabilizado. Nem Aécio Neves e nem o governo de MG divulgam qual a fatia da publicidade oficial do estado foi parar nos meios de comunicação da família do presidenciável, de 2003 até agora. E a falta de transparência, claro, gera suspeitas.

A família Neves controla a Rádio Arco Íris, retransmissora da Jovem Pan em Belo Horizonte, e as rádios São João e Colonial, de São João del Rei, além do semanário Gazeta de São João del Rei.

Aécio é sócio da Arco Íris com a mãe e irmã mais velha, Andrea que, quando ele foi governador, era coordenadora voluntária do grupo de assessoramento do governo que tinha como atribuição estabelecer as políticas de comunicação do governo e aprovar os gastos em publicidade.

Nepotismo em Minas. Aécio diz que é a favor da meritocracia, mas, além de receber pelo gabinete do pai, em Brasília, quando morava no Leblon, de 1980 a 1983, não deixou de empregar parentes quando governou Minas.

A lista é longa. Oswaldo Borges da Costa Filho, genro do padrasto do governador, foi presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico e Minas Gerais.

Fernando Quinto Rocha Tolentino, primo, assessor do diretor-geral do Departamento de Estradas e Rodagem (DER/MG).

Guilherme Horta, outro primo, assessor especial do governador.

Tânia Guimarães Campos, prima, secretária de agenda do governador.

Frederico Pacheco de Medeiros, primo, era secretário-adjunto de estado de Governo.

Ana Guimarães Campos e Júnia Guimarães Campos, primas, servidoras do Servas.

Tancredo Augusto Tolentino Neves, tio, diretor da área de apoio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).

Andréia Neves da Cunha, irmã, diretora-presidente do Serviço de Assistência Social de Minas Gerais (Servas). Segundo Aécio, o trabalho da irmã era voluntário.

“Me diga com quem você anda, e lhe direi quem é”, diz o vezo popular. Pois o histórico de Aécio Neves trilha exatamente o mesmo caminho do setor midiático que lhe prestou ridícula panfletagem nas últimas eleições presidenciais, assim como a Fernando Henrique nas campanhas de 1994 e 1998: enlameado, mentiroso, ganancioso, autoritário, golpista e cínico.

Ora Reação, ora Silêncio: Cínicas Conveniências

Enquanto está impossível dialogar no Brasil dada a agressividade além da própria ignorância excessiva por parte das mentalidades elitistas, muitas das quais autoconsideradas “elite intelectual”, uma a uma as denúncias contra o “bom moço” mineiro terminam invariavelmente em estridente silêncio; silêncio insuportavelmente ensurdecedor por parte da tradicional reação tão ferozmente “indignada” com corrupção em "determinados casos", tão “politizada” e “moralista” com um toque ainda de filosofia política e até religiosa.

Uma das elites mais ignorantes, histéricas, preconceituosas e individualistas do planeta. Do outro lado, uma “esquerda” em grande parte dessituada, descompromissada, apática, absolutamente inerte como sempre, sem norte, arrogantemente ocupada com seus interesses político-partidários. Contra fatos, não há argumentos.

Procurados nas ruas, ali os reacionários brasileiros não se encontram agora, não para manifestar indignação contra Aécio ou ao menos exigir séria e conclusiva investigação sobre mais este escândalo de corrupção envolvendo um dos perfeitos representantes das classes mais abastadas do Brasil.

Não são vistos e nem ouvidos sobre os R$ 300 mil assim como não foram por nenhum dos casos apontados mais acima, e não por falta de informação mesmo que o país sofra a ditadura dela; nem pelo evidente analfabetismo político que assola o País do imponderável, se não bastassem os 50% de analfabetos (incluindo funcionais).

Estão encolhidos uma vez mais por falta de vergonha na cara. É claro, o cinismo gera apatia enquanto retira do indivíduo personalidade e uma das virtudes mais dignas: brio.

Pouca hipocrisia é sempre uma grande bobagem no Brasil. A farra moral e intelectual continua, à direita e à esquerda.

“Nordestinos Vagabundos!”: Intolerância, Discriminação e Incoerência, Irmãs Trigêmeas

O mote da agressividade dos setores reacionários tupiniquins na campanha presidencial de 2014 no Brasil, conforme alegado mais acima indialogáveis pela ignorância dos fatos tanto quanto pelo caráter violento foi o Bolsa Família, que envolve R$ 25 bilhões enquanto o pagamento dos juros aos bancos, raivosamente defendido pelos setores mais conservadores, custou R$ 250 bilhões em 2014. Já o pagamento das dívidas interna e externa, política também dos sonhos da “nata intelectual” brasileira, atingiu o patamar dos 3,8 trilhões de dólares em setembro de 2015.

Como pouca desgraça é também uma grande bobagem neste perpétuo festival da tragicomédia nacional, tendo como protagonistas agora os ferrenhos defensores do retorno à ditadura militar, passou desapercebido ou não se quis perceber que o próprio xodó dos reacionários na última campanha presidencial, Aécio Neves, afirmou nos debates com a presidenta e então candidata à reeleição, Dilma Rousseff, que não encerraria o Bolsa Família, mas que o ampliaria.

Um dos principais e sempre fragilíssimos argumentos dos muitos críticos do Bolsa Família mesmo nas classes média e baixa, é que tal benefício “sustenta vagabundos, especialmente nordestinos que, além de não trabalhar, geram mais filhos para ter o benefício aumentado”.

Pois os paladinos da ética, da verdade e da justiça ignoram uma vez mais os fatos: que o número de filhos por família beneficiada pelo Bolsa Família tem diminuído consideravelmente ao longo dos anos em que o programa tem estado em vigência.

Enquanto o emprego formal tem crescido desde que o PT assumiu o poder como nunca antes na história do Brasil (as condições de trabalho, é verdade, seguem precárias e os salários da maioria destes empregos gerados são mínimos, mas estas são outras questões a serem discutidas sob outra perspectiva, até porque os políticos defendidos pela ala mais conservadora da sociedade brasileira não têm apresentado nenhum projeto nestes campos, e quando ocupam poderes nas mais diferentes esferas nacionais, apenas pioram o quadro: menos emprego, menos salário – o salário mínimo, ainda muito ruim, durante os anos do PT no governo federal, tem obtido aumento real como nunca antes na história do Brasil – com a mesma ou pior precariedade nas condições laborais).

É bem verdade que grande parte dos programas, pela maneira de si mesmas e pelo contexto mais amplo, acabam muito mais como paliativos que terminarão em bolha sempre prestes a estourar.

Porém, ignorância, a intolerância e a discriminação têm estado fortemente presentes no caráter brasileiro, têm pautado todas suas ideias e “debates”. Para os portadores dessas antivirtudes, o dinheiro investido em programas sociais (irrisória quantia nos governos Dilma e Lula) deveria ser aplicado na construção de mais presídios.

O raciocínio contrário, investir no social para formar o cidadão, em diversos casos tirá-lo da rua, evitar criminalidade e educar eliminando também presídios, é simples matemática incompreensível a tais setores que ainda hoje, após todas as condenações internacionais pelos crimes de lesa-humanidade, ainda clamam por retorno da ditadura militar que tanto atrasou este País - a começar culturalmente.

Não servem exemplos como os da vizinha Argentina, jamais! Onde o ex-presidente Rafael Videla, ditador militar de 1976 a 1981, faleceu em 2013 em cela comum, condenado à prisão perpétua.

Lá, há centenas de ex-militares que torturaram e assassinaram julgados e devidamente condenados. Boa parte da sociedade, até hoje, não sai das ruas clamando por verdade, memória e justiça, dando inclusive recomendações para que a sociedade brasileira faça o mesmo em apoio à Comissão da Verdade (feitas especialmente por Estela de Carlotto, líder das Avós da Praça de Maio) (http://edumontesanti.skyrock.com/39.html), já falida no Brasil. De nada adianta...

Nem à dita "esquerda" servem tais exemplos: inerte! Enquanto a impunidade contra os ex-ditadores brasileiros não aspira nenhuma esperança de ter o quadro alterado.

Muitos, muitos e muitos no Brasil nem sequer sabem quem foi João Goulart, um dos presidentes mais populares, sem nenhum tipo de envolvimento com corrupção derrubado inconstitucionalmente em 1964.

Nem se sabe quem foi o primeiro presidente militar que o sucedeu: Humberto Castelo Branco, autor da célebre frase logo que assumiu o poder fantoche: “O que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil”.

Assim como a imensa maioria da sociedade não sabe do filho fora do casamento que seu presidente eleito e reeleito, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), tem com a jornalista Miriam Dutra da dona Rede Globo, gerado quando o ex-presidente era senador, em 1991.

A mídia local, altamente sensacionalista, sempre escondeu tal fato ao passo que, pelos idos de 2003-2004, fez enorme estardalhaço sobre a possibilidade de o então presidente Lula costumar tomar... caipirinha!

À época, até os mais ilustres representantes da direita brasileira espalharam na Internet toda a indignação diante de tal possibilidade, chegando à beira da exigência de cassação do mandato presidencial. “Ele não pode ser presidente do [tão moralista] Brasil!”.

O furor nacional foi tão grande, que as possíveis doses de caipirinha de Lula viraram notícia inclusive no New York Times. O que o jornal norte-americano e os intolerantes e preconceituosos brasileiros nunca se lembraram então, foi que tal bebida é uma das preferidas da sociedade brasileira, inclusive daquelas mesmas classes que tanto se indignaram enquanto, certamente, desfrutavam da tal caipirinha nas ensolaradas praias de Ipanema, Copacabana, Guarujá, em suas fazendas etc.

O oportunismo, o cinismo e a excessiva ignorância reinam soberanos no Brasil.

Tratavam-se também dos mesmos eleitores do nada fiel aos princípios morais, Fernando Henrique Cardoso. Mas isso já não importava, como jamais importou o fato de que este (padrinho político de Aécio Neves) havia comprado a reeleição junto ao Congresso, na calada da noite. Muitos, tampouco sabem disso no judiado Brasil.

Discutir temas como a renúncia de Jânio Quadros (prefeito, governador ou algo assim?), as mortes de Juscelino Kubitschek e de Getúlio Vargas, são tarefas quase impossíveis no Brasil: estas já não geram a típica reação... pela ausência de interesse, ou antes, falta de conhecimento.

Tal desconhecimento generalizado impera também nas faculdades brasileiras, que mais se assemelham a shopping centers pelo comércio – de lanches, de diplomas e de muitas bugigangas em geral –, e pelo desfile de modas e de toda a espécie de futilidades autoencaradas como supra-sumo de uma sociedade inegavelmente decadente. Instituições formadoras, quando muito, de meros técnicos em suas respectivas profissões (repita-se: quando muito!), jamais de cidadãos na acepção da palavra, dotados de consciência e de autonomia reflexiva.

O seguinte fato sofrido no primeiro semestre 2015 por este autor no Brasil, retrata perfeitamente o que se tem enfrentado no País: por vestir algumas vezes boina semelhante à de Che Guevara, este autor viu-se intimidado por alguém que se dizia cheio de ódio contra petistas, afirmando estar à caça destes a fim de pendurá-los em pau-de-arara e espancá-los, devido à atual situação brasileira.

Os nomes dados pelo então justiceiro da democracia a quem fosse eleitor do PT, tendo votado especialmente na presidente Dilma, eram os mais baixos possíveis. Quando ainda acreditava que se tratava de debate cidadão, este autor afirmou não ter votado na atual presidente e nem ser eleitor do PT, a não ser em segundos turnos (quando há risco de os reaças assumirem o poder), tal como votado no caso da própria Dilma.

Pois em determinado momento, sozinho diante da jovenzinha esposa deste autor, de menos de 1,60 de altura, o bruta-montes de uns 120 kg e cerca de 1,90 de altura, a “perguntou” (ameaçou): “Seu esposo é petista, não é?!”.

Este é um relato de algo que tem sido corriqueiro no País hoje.

Até bombas têm-se soltado contra edifícios petistas – sob a total inércia deste partido, muito bem apontada em novembro de 2015 pelo jornalista José Arbex Jr. Na revista Caros Amigos, em artigo intitulado Me Bate que Eu Gosto, referindo-se, obviamente, à covardia petista fruto de seus próprios atos politiqueiros, que o fazem prisioneiros do podre sistema.

O Brasil está insuportável!

Eis o subproduto da grande mídia e a omissão diante disso tudo por parte da “esquerda”.

O Brasil está em seu devido lugar: sem chão, completamente dessituado.

Classificar todo esse festival da ignorância mais agressiva de “incoerência”, seria um grande eufemismo. Há vários adjetivos para isso e um deles é muita estupidez decorrente dos traços já mencionados que andam de mãos dadas, o caráter fortemente intolerante, discriminatório além da gritante (no sentido mais amplo do termo) ignorância que marca a ala reacionária tupiniquim, não militada às classes mais abastadas: a mentalidade elitista não escolhe classe social, mas permeia todas elas e de maneira bem ampla no Brasil.

Toda nação é, em geral, o retrato perfeito da prática jornalística de seu respectivo país, transmissora de conhecimentos e formadora de opinião – estudos científicos apontam neste sentido –. Pois os grandes meios brasileiros, que se recusam a sequer discutir a democratização da mídia brasileira, deveriam ao menos discutir o tipo de cidadão que “subreproduzem”, enquanto perpétuos desconstrutores da realidade social, política e econômica.

Avanço a Lugar Nenhum: Sem Autoanálise, com 'Jeitinho Brasileiro' e Muito Autoengano

“Achado não é roubado”. “Levar vantagem em tudo”. “O mundo é dos espertos”. “Para tudo, deve haver o 'jeitinho' brasileiro' [trambiques e mutretas]”.

Tais velhas máximas compõem a sábia Lei de Gérson, a qual não é criação deste autor e nem de grupinhos isolados no Brasil, mas regem as relações sócio-políticas brasileiras desde tempos coloniais.

Sem essas características é quase impossível sobreviver no Brasil, a começar pelos rótulos impostos pelos jogadores da Pátria de Chuteiras: “radical”, “otário”.

Tudo isso, só seria possível no país que menos lê no mundo, de dimensões continentais que possui menos livrarias que apenas a cidade de Buenos Aires (tampouco por culpa deste autor, vale ressaltar aos mais ufanistas, a que pese o fato de sermos “penta”).

Nação sem autoafirmação cultural, sem identidade que sequer se crê latino, que não sabe bem sua posição no mundo, que dentro de casa perpetua a noção de que a coisa pública, que é de todos, não pertence a ninguém.

É verdade que tudo começa nos governos, estes são os grandes responsáveis pelo tenebroso quadro que nos assola. Mas é incontestável mais que a acomodação: a profunda recusa em se mudar a mentalidade e o Brazilian Way of Life (em inglês, por motivos didáticos, entenda quem quiser).

A preguiça intelectual e o profundo apreço à imoralidade assustam.

O PT se vê hoje vítima do próprio veneno de não ter mudado em absolutamente nada o quadro “deseducativo” brasileiro, diante de uma sociedade levada como areia para todos os cantos pelas enraivecidas mídia e mentalidades elitistas em geral, e por ter se omitido em seguir o que qualquer nação democrática vislumbra (inclusive os tão admiráveis Estados Unidos, da própria grande mídia e dos sonhos das mentalidades elitistas locais): a regulamentação da mídia. Agora, parece ser tarde para se tomar alguma medida nestes sentidos.

Em contraposição à esquizofrenia justiceira da direita, está a histeria democrática da “esquerda” brasileira. Pois é isto mesmo: no Brasil há apenas contraposição na ferrenha disputa pelos porões do poder, não oposição à estupidez. E a briga pelos privilégios esquenta cada vez mais!

A presidente Dilma Rousseff se vê também provando do imperdoável veneno da omissão: não se apoiou no povo desde junho de 2013, início das manifestações de rua, artificiais em certa medida mas grande oportunidade para fazer mudanças no País, a começar dentro das alianças espúrias de seu partido que a fazem refém de um sistema projetado para corromper.

Optou-se pela fidelidade à politicagem mais baixa deste país, de maneira que agora parece ser tarde para se tomar alguma medida no sentido de salvar o governo e a própria democracia brasileira – ou ao menos, defender as instituições democráticas sem sofrer grandes traumas, o que está sendo dolorosamente inevitável.

Vemos desde os desdobramentos do Mensalão petista – quando o que menos se viu foi um Justiça séria e menos ainda uma mídia imparcial, diante de uma sociedade com inúmeras ilusões, inclusive democráticas –, grande parte de uma mídia dita alternativa como face da mesma moeda politiqueiro-midiática, praticando constante e cinicamente aquilo que tão “indignadamente” critica. Neste sentido, aprenderam muito bem a lição demagógica com o PT.

Situação emblemática neste sentido, deu-se em 2013: o “intelectual” Emir Sader, filiado ao PT e digníssimo mestre da "esquerda" brazuca, “qualificou” os sem -teto que, à época, protestavam na cidade de São Paulo, de “cachorros vira-lata”.

Motivo do protesto: ausência de políticas públicas por parte da Prefeitura (petista) e do governo federal em relação à moradia. O suficiente para gerar a mencionada “reação do progressista” comentarista brasileiro.

No Brasil, a “lógica” das coisas anda por aí...

Vale deixar registrado aqui que em termos de moradia e saneamento básico, o País realmente não avançou quase nada desde que o PT assumiu a Presidência, em 2003.

Não há para onde correr no Brasil, nem para a Polícia, nem para o bandido, nem para um espectro sócio-político e nem para outro. A solução parece ser, sempre, correr de todos no país do imponderável.

A “seletiva indignação” recheada de agressividade (inclusive física, não raramente) por parte dos amplos setores conservadores, seguidos pelo mesmo caráter dos autodenominados progressistas que apenas se diferem no tipo do discurso, leva o eterno País do Futuro a caminhar ao mesmo sentido de sempre: de nada a lugar nenhum. E com o velho e envelhecido aspecto de "grandes lutas".

Politicamente o Brasil segue fadado a optar pelo “menos nocivo”, diante do atual sistema político comprado por bancos e megacorporações, baseados no maquiavélico toma-lá-dá-cá com seus “produtos” políticos levando a sociedade (que demonstra gostar profundamente de "ser levada"), distraída pelo marketing do mais baixo nível que habilita candidatos a vender seus subprodutos, a ser absolutamente incapaz de perceber – ou não querer perceber, dada a mentalidade preponderante – opções que apresentam novas ideias e projetos ao Brasil. Mas estas, não possuem o devido "glamour" que o bom e altivo brasileiro exige e, é claro, merece! Afinal, entre outros tantos privilégios, "Deus é brasileiro!".

Isso tudo reforçado pela completa indisposição de luta da chamada “esquerda” nacional.

Pois da mesma maneira hoje, com todos os escândalos de corrupção e seus respectivos “julgamentos”, trata-se de ilusão a generalizada e fixa ideia de que o Brasil passa por “mais uma grande limpeza”. Trata-se, isto sim, de mais uma feroz briga pelo poder e pela defesa de privilégios travada entre os usurpadores do poder – entre eles, o próprio PT.

Haja vista o tratamento da mídia, da opinião pública e da Justiça para Aécio Neves e a todos os setores mais conservadores da política brasileira, como sempre fizeram na tentativa de blindá-los. O Brasil quer mais do mesmo, apenas com o diferencial de desejar os seus no poder. Até porque é generalizado o discurso de que "se eu estivesse no poder, faria o mesmo...".

Ou o Brasil opta por iniciar a dolorosa tarefa da autoanalise, única capaz de proporcionar conscientização e apontar às mudanças positivas, ou o autoengano seguirá fazendo do país do futebol, do carnaval e da bunda da mulata - e da caipirinha, por que não? -, exemplo mundial a não ser seguido.

Ou o mundo todo está errado? Não é o que a situação agora, catastroficamente oportuna para reflexões, parece dizer...

Já dizia Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena se a alma não é pequena", Mas por enquanto no Brasil, ainda devemos, alguns, contentarmo-nos com os auspícios de Darcy Ribeiro, “O Brasil, último país a acabar com a escravidão, tem uma perversidade intrínseca na herança que torna nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso”.

Outros tantos, ainda se contentam em culpar raivosamente ao próximo e até aos pobres pela pobreza, quando o Brasil no espelho reflete uma imagem completamente deformada de democracia e de cidadania. De novo (e até quando?): Brasil, uma questão de libertinagem...
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#Posté le jeudi 02 septembre 2010 00:02

Modifié le lundi 22 octobre 2018 06:14


ATO EVANGÉLICO
Anti-Cidadania e Natural Truculência

Junho de 2013

Ato evangélico em defesa da liberdade religiosa e contra o movimento Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT), organizado pela Associação Vitória em Cristo do pastor evangélico Silas Malafaia, reuniu em Brasília neste dia 5 de junho, 40 mil pessoas, de acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Militar.

Marcada por ataques ao LGBT, ao governo federal e ao poder Judiciário, a manifestação custou R$ 500 mil à Associação religiosa, incluindo propagandas de TV. Principal orador, pastor Silas majoritariamente desferiu ataques aos "adversários" de sua religião. "O crime de opinião foi extinto e o ativismo gay quer dizer que a minha opinião sobre a união homo-afetiva é crime. Nós chamam de fundamentalistas, mas eles são fundamentalistas do lixo moral, o ativismo gay é o fundamentalismo do lixo moral", afirmou Malafaia. "Tentam comparar com racismo, mas raça é condição, não se pede para ser negro, moreno ou branco. Homossexualidade é comportamento. Ninguém nasce homossexual", complementou.

A crítica estendeu-se ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pela aprovação à união civil entre pessoas do mesmo sexo, por obrigar cartórios a registrar o casamento homossexual e pela troca de ministro que pode modificar o julgamento da Ação Penal 470, conhecida como Mensalão.

Auto-Piedade e Persuasão

"Esse nosso evento é um ensaio, um exercício de cidadania. Não somos cidadãos de segunda classe, vamos influenciar a nação", afirmou Malafaia. A cidadania, contudo, desenvolve-se decisivamente no dia a dia nos mínimos atos do cidadão, desde os mais silenciosos ao contrário dos maus como, por exemplo, os fariseus que têm na visibilidade seu ápice.

É inócuo, até nocivo mais esse "exercício de cidadania" do pastor Malafaia que coloca sentimento de inferioridade nos fieis, segregando-os da sociedade: o preconceito ao revés, em forma de autopiedade. O sistema que ele representa é o exemplo mais original da anti-cidadania: ausência de prestação de contas, de transparência e de integração, de efetiva participação coletiva sabidamente rechaçada neste meio, tudo isso justificado na centralização do poder praticado por Moisés e Abraão há 6 mil anos, em uma terra invadida (Israel) e sob realidade teológica totalmente diversa da atual.

Ser cidadão de primeira classe e influenciar positivamente uma nação, portanto, passam longe da retórica altamente persuasiva, especialmente do sistema interno que marca este setor que cai em descrédito cada vez maior perante a sociedade. E isto não se dá por ódio advindo do preconceito religioso como este mesmo setor tenta fazer crer, mas por suas contradições (práticas e teóricas), pela ausência total justamente de transparência (em um país altamente corrupto como o Brasil, que nos últimos anos ainda piorou neste quesito segundo ONU e Transparency International) além de acentuada intolerância e agressividade que o marca, fruto da estrutura centralizadora e opressiva que cerceia, em seu interior, a prática da cidadania. Cidadão de primeira classe é prestador de contas por natureza; cidadão de primeira classe não vive do trabalho dos outros, muito menos se enriquece sobre o ofício alheio.

A radicalização de um lado apenas radicaliza o outro: como sempre, a Igreja dita evangélica opta pela contra-mão dos ensinamentos de Jesus, seguindo o caminho do convencimento ao invés da conscientização. E convencimento truculento, sua marca registrada que deixa, uma vez mais, implícita a consideração de inimigos aos que possuem ideias e costumes distintos. Não é visando a este fim fragmentador da sociedade baseado na histeria, que instituições religiosas são isentas de impostos pelo Estado.

Corporativismo: Antítese da Democracia

O pastor e deputado federal Marco Feliciano, dono de ditos e feitos dos mais infelizes que representam perfeitamente a estatura intelectual e moral deste setor, cujo sistema é menos, bem menos transparente que o político, também esteve no ato e discursou com brilhantismo em persuadir os interlocutores religiosos (brilhantismo patético conforme exigem as circunstâncias): "Depois de 90 dias no vale da sombra das mortes [referindo-se, religiosamente e não democraticamente como sempre, àquilo que chama de perseguição por parte de colegas, Imprensa e opinião pública por presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara], estou aqui para dizer que represento vocês", o que, evidentemente, levantou o público. Afirmou também que "a família tem de vir antes do governo e da sociedade". Concluiu o pronunciamento dizendo esperar pela "eleição de um presidente da República evangélico".

Nada mais vazio e corporativista (corporativismo, a antítese da democracia e da cidadania embora costume surtir enorme efeito eleitoreiro entre pessoas que carecem destes sensos), evidenciando por que o numero de evangélicos cresce no Brasil à mesma proporção que o da corrupção; por que a capacidade de argumentação sempre supera a prática neste meio.

Órgãos por direitos humanos, inclusive internacionais entre parlamentares e cidadãos brasileiros que se opõem a Marco Feliciano na presidência da CDHM, podem até ser democraticamente contestados por isto, mas indiscutivelmente usam argumentos totalmente embasados para manifestar tal oposição, ao contrário de Feliciano e Malafaia. Portanto, se alguém está exercendo perseguição à opinião alheia são os religiosos em questão, com caráter histérico, gratuito, corporativista sem nenhuma justificativa para que Feliciano esteja à frente da referida Comissão.

Ausência de pensamento total, entre tanto discurso emotivo e apelo bíblico (este, não pode faltar) direcionado a um amplo público que mal sabe o significado de uma república federativa (seus líderes fazem questão que continuem ignorando tal significado: é a alma do negócio). O retrato perfeitamente evidente de um setor que, politiqueiro, adapta seus seguidores a serem pensados ao invés de os fazer pensar.

Que esperar de um segmento religioso cujo fim é definir conceitos, e espalhar conceitos? Obviamente, conceitos são difundidos através de convencimento, enquanto no caso do desenvolvimento de virtudes como foco primordial de um indivíduo ou de uma comunidade, sua difusão se dá de maneira natural e à base de conscientização. No que diz respeito à ala religiosa em questão, vale enfatizar que a arte do convencimento é ensinada e sistematicamente posta em prática através de lideranças de baixa estatura intelectual, cultural e moral.

Sectarismo e Natural Truculência

Prove: a sensibilíssima diferença de reação através do semblante de um evangélico ao dizer duas frases, Brasil evangélico, e Brasil e um mundo melhor para se viver, mais livre e sem corrupção. O que eles mesmos vivem dizendo? Pois é... Isso tudo tem um nome: sectarismo. Esta é a questão que se coloca, e que está levando este segmento religioso a se manifestar publicamente em nome de uma pseudocidadania. A motivação passa longe das virtudes e do bem comum - trata-se de defesa doutrinária em sua essência (os conceitos).

Neste sentido, recente incitação ao convencimento, e convencimento confrontante do pastor-deputado, Marco Feliciano, é um retrato perfeito do caráter imperante neste meio, onde tolerância e conscientização amorosa baseadas em exemplos de vida, são raras e honrosas exceções, onde conhecimento teórico vale, desde que respeitadas as mínimas vírgulas doutrinárias impostas por cada confraria, muito, muito mais que o caráter do indivíduo:

A Aids é uma doença gay. A Aids é uma doença que veio desse povo, mas se você falar, vai colocar eles [sic] numa situação
constrangedora, não vão conseguir verba.(...). Você, que passa o dia na internet [...], faça algo pelo Reino, infeliz [grifo nosso].
Até quando os nossos cantores gospel, que estão alguns aqui e outros fora, até quando os maiores pregadores de fama que
temos aí graças ao Twitter, vão passar o dia todo tuitando futilidades? (...) Eles [homossexuais] peitam o cristianismo,
debocham na nossa cara e vomitam em cima de nós [grifo nosso], e a Igreja pouco faz ou nada faz

O clamor de Feliciano, em grande parte demagógico com um q de ativismo para impressionar o público, é verdade, acompanha o histórico neste meio: não chama a uma mobilização contra a corrupção, contra as diferenças sociais, não é algo aberto à sociedade em prol, por exemplo, do sistema de ensino, e saúde, de segurança, mas envolve a instituição e suas "rivalidades", ele deixa bem claro.

No pouco que acabou se falando sobre o Mensalão, caso extremamente complexo (o que não anula manifestações, pelo contrário, a sociedade deve se manifestar, o que nunca fez ao longo desses anos, nem muito menos a Igreja evangélica, e pode haver razão no que disse Malafaia no Ato deste dia 5), trata-se claramente, dado o histórico e o bem conhecido espírito dos envolvidos, de "moeda de troca", a velha chantagem: enquanto a Igreja em questão faz reivindicações, usa-se assunto recente, delicado em relação ao governo a fim de ameaçar jogar toda uma massa contra ele. Esses religiosos, donos de habilidades oportunísticas raras (que nunca se manifestaram à respeito), certamente dirão que "lutaram contra a corrupção no dia 5 de junho m Brasília" - e seus seguidoras, é claro, acreditarão;

Com isso tudo, a instituição em questão se segrega ainda mais e um empurra aquele para a outra extremidade, a sociedade se fragmenta cada vez mais, criam-se novos guetos, novas comunidades, novas bandeiras a partir das polarizações baseadas na sentença já declarada "de que lado você está?", não havendo nenhum espaço mais para diálogo equilibrado nem para uma sociedade integrada: confusão generalizada, divisão odiosa incitada há muito pelos donos do poder - tática conhecida internacionalmente como Estratégia de Tensão (termo em grande parte desconhecido e mal definido no Brasil) -. Fortalecem tais divisões hoje, surpreendentemente para os mais desavisados, os ditos evangélicos (seguidores do Evangelho, em tese) desempenhando papel fundamental neste quesito - estes mesmos já segregados e divididos internamente, muito antes disso tudo.

É este ambiente sectário baseado fundamentalmente, agressivamente em definir conceitos religiosos (que mede saúde espiritual através do conhecimento intelectual da doutrina, e da capacidade de "levá-la aos quatro cantos do mundo" através do poder da argumentação ao invés de priorizar geração de virtudes), que também explica dados do Censo de 2012, apontando que a cidade de São Paulo, a exemplo do que tem ocorrido em todo o país, viveu uma pulverização evangélica sem precedentes na última década: o número de evangélicos sem laços com uma igreja determinada aumentou mais de quatro vezes entre 2000 e 2010.

O que ocorre é que as pessoas chegam carentes, sedentas de respostas, de exemplos virtuosos, esperançosas, o que acabam não encontrando a não ser muita teoria (em geral, acompanhando o nível de seu maior representante hoje, Feliciano, senão em pior nível, o que é muito comum), e desiludem-se. Seu crescimento efêmero (sobretudo em termos práticos, fato autenticado pela própria ONU, Transparency International), deve-se, em enorme medida e muito mais que qualquer coisa, ao poder midiático e persuasivo que os marca

Na manifestação de Brasília deste dia 5, quando um pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular tentou subir ao palco com membros de sua igreja, foi barrado de maneira truculenta pelos "seguranças gospel": a bandeira da congregação foi confundida pelos cães de guarda do Senhor com a dos "rivais" LGBT, os quais não perdoaram aos ímpios, expulsaram-nos dali à força e apreenderam o material "diabólico". Assim, o real espírito da retórica "pacifista" evangélica aflorando-se, reinando soberana, evidente nas alturas, natural consequência de mais um ato cuja essência nada mais é que a polarização da sociedade baseada na intolerância, na rivalidade, no ódio.

O fortíssimo caráter segregador de uma Igreja evangélica totalmente dividida por mínimas diferenças envolvendo vírgulas doutrinárias (seria louvável se, ao menos, tal dissenção se devesse a questões de caráter, mas isso nunca foi o que mais importou enquanto a própria divisão doutrinária feroz é, na realidade, fruto do jogo de interesses com aspecto de religiosidade) está prestando mais um enorme desserviço à sociedade, polarizando-a mais ainda, e tal manifestação veio deixar isso bem claro - a quem ainda tinha alguma dúvida.

Vale da Sombra da Morte, Quem?

No vale da sombra das morte, Marco Feliciano, está o trabalhador brasileiro pagador de impostos, dependente da saúde, educação e segurança públicas. Abra mão da retórica apelativa e cinicamente religiosa, fonte de votos e mordomias que nenhum de seus concidadãos comuns sequer sonha em ter. Lamentavelmente, o governo federal está refém deste setor devido ao toma-la-da-cá que marca a politica brasileira: consequência do apoio recebido na campanha eleitoral de 2010, em que a então candidata à Presidência, Dilma Rousseff, chegou a ser considerada publicamente "apóstolo Paulo do século XXI" por essas supostas vozes oficiais de Deus, politiqueiros de péssimo gosto que, ainda na era da informação global, usam como massa de manobra milhões de cidadãos. É por este troca-troca político também que Feliciano preside a CDHM, não por determinação do Senhor como ele e os seus tentam fazer crer.

Cidadãos de primeira classe, antes de mais nada, vivem do seu trabalho, não do dos outros. Neste caso, estes não serão, naturalmente levados a sério e nisso não há nenhum preconceito. Se a referida Igreja reformulasse suas estruturas, se antes de mais nada se tornasse transparente com prestação de contas, se seus líderes auto-declarados pastores e apóstolos não se enriquecessem acumulando fortunas com a religião (o que nenhum apóstolo nem profeta bíblico jamais fez), se aplicasse seu dinheiro, o grosso de seu dinheiro em assistência social e deixasse de ser excessivamente intolerante dentro dela mesma, não precisaria fazer tanta força para ganhar credibilidade nem para colocar seus valores à mesa da cidadania - à base de grito e porrete. Sobre o espaço conquistado, sobretudo midiático? Só há um Deus, e um mediador entre Deus e os homens: Mamon. Na prática, há alguma dúvida de que seja isso?


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ALIANÇA PT-PMDB
Briga de Casal – Mas de Casal Bandido
 
"O PMDB trata de tentar aturar o PT hoje por conveniência - e, nenhuma descoberta no campo da ciência política, na primeira oportunidade arrematarão o pé nos fundilhos do PT, e se estiverem de muito bom humor sem dar tiros a todos os lados, o que é improvável que aconteça. Isso deve acontecer na eleição de 2014, mas pode ser adiado de acordo com as costuras partidárias que se deem até lá." Publicado em dezembro de 2012 no Observatório da Imprensa e aqui, em Uma Questão de Liberdade *

1º de junho de 2013


No fundo, nenhuma das partes quer desfazer a aliança: uma delas, na defensiva, absolutamente passiva, está refém de suas próprias traquinagens – duplo discurso, em resumo –. O outro, “o outro” em todos os sentidos nesta paixão bandida, ameaça de todas as formas embora, típico de qualquer romance do mais baixo nível, tampouco queira pôr fim à história de uma relação baseada no amor utilitário –não quer o término de tudo, pelo menos por enquanto...

Movidos por interesses diversos, exceto coerência, retidão enfim, sinceros sentimentos, muita água ainda há de correr por debaixo desses panos sujos, que trazem desde a festa de noivado suas mágoas, velhas feridas longe de serem cicatrizadas em uma relação projetada para não durar muito tempo. Na época do monoteísmo do mercado, compatibilidade já não importa mais em um casamento – por que entre casais bandidos deveria ser diferente?

Esposo Poderoso e Refém, com Esposa Pobre, Bela e Obstinada, aos Tapas

O desenrolar do troca de farpas, ameaças de traição vingativa e bastante caca a ser, certamente, jogada no ventilador, tudo isso previsível, sempre natural consequência de interesses insalubres, a aliança entre PT e PMDB iniciada na eleição presidencial de 2002 vencida por Lula, aparentemente consolidada em 2010 com a escolha de Michel Temer para vice de Dilma, que carregou consigo diversas alianças regionais, totalmente incoerentes sob todos os aspectos, trata-se de mais uma orgia da politicagem brasileira.

O PMDB considera seriamente a hipótese de apoiar o governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB), provável candidato à Presidência no ano que vem. Outros coroneis da politicagem nacional já sentenciaram até mesmo em nome da sociedade, indicando possuir o futuro da nação na palma da mão: "Ele [Campos] será o novo presidente da República. Há um grande desgaste com o PT", afirmou um parlamentar do PMDB.

Apoiar Campos no caso de confirmação da candidatura é a maneira de os peemedebistas forçarem os petistas a apoiá-los nas eleições estaduais de 2014, além de manifestarem indignação pela aprovação da Medida Provisória dos Portos e pelo pedido de abertura da CPI da Petrobrás.

No caso das alianças, a reclamação dos peemedebistas, desde 2010, é que os petistas não "devolvem" os "acordos de cavalheiros": enquanto o PMDB apoiou a eleição de Dilma à Presidência, inclusive concedendo palanque duplo em determinados estados, o PT, em alguns deles, acabou apoiando seus próprios candidatos ao invés de se manter neutro. Hoje, em estados nos quais o PMDB anela ter candidato próprio, tais como Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, o PT "ameaça" lançar candidatos.

Casamento Conveniente: Pau Só Começando

O jogo de ameaças não se limita à declaração do anonimamente revoltado parlamentar peemedebista: disse sem vergonha o sem-vergonha senador Waldemir Moka (PMDB-MS), que "a tendência é apoiar Dilma, desde que possamos lançar candidato [para governador]. Quem pode estragar isso é o PT". Quem pode estragar isso é o PT através de costuras que não atendam aos interesses político- partidários do PMDB, quis evidentemente dizer Moka sem guardar nenhum mistério consigo, sem nenhum tipo de constrangimento.

"Já aceitamos abrir um palanque duplo para Dilma em 2010, quando Geddel [Geddel Quadros Vieira Lima, candidato derrotado ao governo baiano naquele ano] disputou com Jaques Wagner [governador do PT eleito naquele ano], mas o PT não cumpriu o acordo. No meio da campanha, quando Geddel estava crescendo, a presidente foi pressionada e disse que só tinha um candidato: Jaques Wagner", reclama Lúcio Vieira Lima, presidente do PMBD baiano e deputado federal.

No meio desse pega em que PT (esposo rico mas refém) e PMDB (bela e pobre esposa, obstinada, grita forte cheia de cartas na manga) em tese não comungam da mesma ideologia (na prática, não existe ideologia na política do Brasil, já paupérrimas teoricamente), e em absolutamente nada a não ser na sede pelo poder, vale recordar que em 2010 o PMDB do Rio Grande do Sul, a cônjuge traída, fera ferida entre os usurpadores do poder de turno, apoiou o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, para atar mais um nó na cabeça do cidadão médio brasileiro (nem Freud explicaria essas alianças, palanques, apoios e esperneios).

Como ambos os partidos em questão não possuem "ideologia" nem história em nada compatíveis, nem são, assim, em absolutamente nada movidos por ética, muito menos pelo sentimento patriótico da busca por soluções ao país, o conflito de interesses inevitavelmente atingirá proporções muito maiores, e o certo divórcio de mais este romance bandido na política tupiniquim envolverá muita baixaria, até pessoal, outra consequência natural que revelará a essência da bomba relógio alimentada por esta política canalha.

Quando isto ocorrer, a persuasão dos políticos desviará a atenção do brasileiro – já desviada atualmente de todo esse jogo baixo –, encontrando cínico respaldo na mal tratada, ou melhor definido, inexistente democracia: “Faz parte do jogo democrático”. O PT criticou, através do deputado federal André Vargas (PR) , o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na semana passada, por ter dito que no Brasil temos “partidos de mentirinha”, e o fez de maneira totalmente inconsistente, alegando "autoritarismo" nas declarações de Barbosa (ler Joaquim Barbosa: "Temos Partidos de 'Mentirinha").

Por aí passará o discurso quando a aliança atingir níveis insustentáveis, como já fez o próprio PT através do deputado federal condenado pela Ação Penal 470 (Mensalão), José Genoíno, logo da vitória presidencial de 2005, à época também presidente do partido, para justificar exatamente as questionadas alianças petistas: "Faz parte do jogo democrático". Pior de tudo: muitos cidadãos acreditarão em mais esta retórica por vir. Quem viver, verá...

Noivos Descarados, Padrinhos Cúmplices e Testemunhas dos Delitos Omissas

Em meio a esse teatro de péssimo gosto, às testemunhas (jornalões), que de independentes não têm nada, passa desde sempre desapercebido o jogo de interesses sobre o qual se fundamenta este maquiavélico matrimônio: ela também é refém desse sistema já que os que a sustentam fazem o mesmo, de maneira que denunciá-lo faria o tiro sair pela culatra, colocá-los diante do espelho nacional. Por isso, geralmente as críticas ao governo são levianas, tendenciosas, sistemáticas, baseadas em factoides.

Do outro lado, os padrinhos cúmplices (jornalecos, autodenominados "mídia alternativa"), nanicos tanto na estatura física quanto intelectual e moral, únicas alternativas reais (nada favoráveis) em relação às testemunhas, tampouco apontam esta canalha politicagem brasileira: o país generalizadamente contaminado, na UTI da justiça e da mínima vergonha na cara.

Enquanto se apoiam em forte apelo moralista trompeteando defesa de transparência e ética, os padrinhos se beneficiam deste casamento, um cenário mal-amado desde o início, em 2002: grande parte de seu sustento vem dessa relação baseada na orgia, mais especificamente do esposo rico, dono do poder (pero no mucho): o velho toma lá-dá-cá que marca esta nação.

Em briga de casal bandido, costuma haver divórcio - e quem se mete nela, é atacado por ambos os lados. Brasil, uma questão de libertinagem.

* Tal previsão, baseada em obviedades para as quais não se requer aprofundamento no campo das ciências políticas, foi feita no artigo
10 Anos de Retórica Petista e a Irregenerável Mídia Brasileira, mais abaixo


AFIF MINISTRO
Brasil Perpetuamente Indecente, de Todos os Lados

Maio de 2013

"A posse do ministro Afif traz a pessoa certa para o lugar certo", diz a presidente Dilma Rousseff ao empossar Afif Domingos como ministro-chefe da recém-criada Secretaria da Micro e Pequena Empresa, na manhã desta quinta-feira (9).

"A presidenta qualificou o novo ministro como "o mais importante formulador e, ao mesmo tempo, representante de milhares de cidadãos que têm na micro e pequena empresa o objetivo de suas vidas” e detentor de 'todas as qualidades indispensáveis” para o cargo: Experiência, eficiência e visão estratégica', listou", informou o sítio Carta Maior.

Vale mencionar Carta Maior como um dos veículos que noticiaram este acontecimento pelo simples motivo que, enquanto Emir Sader, militante e maior teórico petista promove naquele sítio, do qual faz parte da editoria, uma verdadeira caça às bruxas sob o raivoso lema esquerda x direita (que não existe) no Brasil polarizando, rotulando, demonizando toda e qualquer oposição de maneira vazia à la Guerra Fria valendo-se de muita retórica desviando, com tudo isso, do foco de questões cruciais as quais ele não aborda, fugindo da essência delas com um aspecto falsamente intelectual, apoiado por alguns outros defensores de interesses político-partidários, Afif é:

1. Vice-governador de São Paulo, sob a administração do peessedebista Geraldo Alckmin (cujo político e seu partido em geral a cúpula petista qualifica de perversa, tucanalha reacionária etc, repetido por Emir Sader);

2. Pertence ao PSD (Partido Social Democrático), recém-criado pelo ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, de péssima memória (adepto de políticas opostas inclusive em relação ao próprio discurso petista, que as qualifica de extrema direita);

3. Presidiu o Conselho do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) nos governos Collor e Itamar Franco, foi secretário de Planejamento do ex-prefeito paulistano Celso Pitta (PPB), impulsionado politicamente por ele, ele mesmo, Paulo Maluf, e secretário do Trabalho do ex-governador José Serra

4. Em 1982, pertencente ao PDS, foi condenado junto do então candidato ao governo de São Paulo, Reinaldo de Barros, e dele, Paulo Maluf candidato à Câmara, a ressarcir a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (IMESP) por uso de seus funcionários para impressão de propaganda e venda de imóvel da IMESP à Associação Comercial de São Paulo (ACSP), à época presidida por Afif;

5. Ex-filiado ao PL e ao PFL (todos qualificados de extrema-direita a ser combatida pelo PT), se não bastasse ainda foi político ativo do PDS, o partido da ditadura militar (1964-1985) que já atendeu também por Arena (mudou o nome para dar uma aliviada devido ao desgaste da ditadura): em 1979, foi designado presidente do Banco de Desenvolvimento do Estado de São Paulo (Badesp). Foi também secretário de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo na gestão dele, nada menos que o então governador biônico, Paulo Maluf (1979-1982).

Apenas esse último ponto já bastaria para, por questões de coerência ideológica petista (que nunca existiu), demonstrando ao menos vergonha na cara no que diz respeito ao seu próprio discurso, não formar um governo com homens desse quilate.

Por questões de vergonha na cara do ponto de vista moral, pura e simplesmente, e o que é mais importante ao Brasil agora, um ex-integrante de uma ditadura sangrenta, perversa, duramente condenada por organismos internacionais que cobra do governo medidas justas, não poderia ser parte de governo nenhum, deveria ter seus direitos políticos cassados como ocorre em vários países, inclusive na vizinha Argentina.

Menos ainda enquanto o Brasil, em meio às oportunistas idas e vindas deste atual governo, tenta fazer andar uma Comissão da Verdade apenas para esclarecer os crimes de lesa humanidade cometido pelos políticos da ditadura, a passos lentos quase parando como diria o filósofo do povão.

Moral de toda essa história: sabe quando o Brasil julgará seus criminosos? Pois é... País dos oportunistas, indiferentes, sem memória incentivados pelos guerreiros dos jornalecos contra os jornalões, duas faces de uma mesma moeda. O sítio Carta Maior noticiou a posse de Afif informando também que:

Afif colocou como prioridade de sua gestão o combate ao “excesso de burocracia” e afirmou que sua
pasta se dividirá, basicamente, em duas secretarias: uma de racionalização e simplificação e outra de
competitividade. “Nós temos que ter obsessão por des-re-gu-la-men-tar”, reforçou sílaba por sílaba
.
Por combater burocracia e desregulamentar, Afif refere-se à redução do papel do Estado na questão, o que o mencionado sítio contraria veementemente. Porém, como um sítio ideológico e não jornalístico, Carta Maior furta-se, uma vez mais, de fazer valer seu alegado papel de mídia alternativa e deixa passar mais essa politicagem que em poucos países do mundo se observa.

De alternativa, grande parte da mídia tem apenas o tamanho nanico e o lado ao qual tende. O Pão já foi dado, que venha o Circo de 2014, e depois, em 2016, "os maiores roubos da história do Brasil", nas palavras do deputado Romário. Brasil, uma questão de libertinagem.


CURTINHAS: REVISÃO SEMANAL
Retalhos de Democracia
 
Da omissão contraditória de Lula sobre o Mensalão passando pela violência incontrolável, pela parcialidade midiática e pelo aniversário do golpe de 64, até a maquiavélica política e a jesuscracia dos protestantes, dia a dia se faz evidente a imaturidade democrática brasileira

1º de abril de 2013


Lula Entrevistado por Valor Econômico

O ex-presidente Lula (2002-2010) que, ao contrário de ex-governantes em todos os lugares do mundo custa a deixar os holofotes, foi entrevistado pelo diário paulistano Valor Econômico. Quando perguntado sobre o julgamento do Mensalão, respondeu:

"Não vou falar por uma questão de respeito ao Poder Judiciário. O partido fez uma nota que eu concordo. Vou esperar os embargos infringentes. Quando tiver a decisão final vou dar minha opinião como cidadão. Por enquanto vou aguardar o tribunal. Não é correto, não é prudente que um ex-presidente fique dizendo, 'Ah, gostei de tal votação', 'Tal juiz é bom'. Não vou fazer juízo de valor das pessoas. Quando terminar a votação, quando não tiver mais recursos vou dizer para você o que é que eu penso do Mensalão".

Desde que o escândalo veio à tona, em 2004, Lula mantém a "ética" e não toca no assunto. O máximo que se atreveu a fazer foi, naquele mesmo ano, afirmar que nunca soube de nada, além de ter pedido desculpas à sociedade pelos escândalos que, segundo ele, o envergonhavam.

Tão curioso quanto as poucas e ambíguas declarações da época em que era presidente, é hoje, em meio ao inusitado silêncio, Lula afirmar que não está correto, na condição de ex-presidente, emitir parecer sobre o julgamento de um dos maiores escândalos políticos da historia do Brasil que envolveu a cúpula de seu partido (a qual certamente não dava nenhum passo sem seu consentimento), justamente em seu governo, enquanto, na própria entrevista ao Valor, criticou a Imprensa como sempre, opinou duramente sobre o PSDB, comentou as possibilidades de o partido abrir mão de candidatura própria ao governo paulista (gerando divergências dentro do PT). Enfim, até sobre Copa do Mundo no ano que vem, em relação à possibilidade de São Paulo ficar de fora como sede, Lula opinou.

A democracia quer e precisa, há oito anos, ouvir Lula, mas tanto quanto "o poder não muda as pessoas, as revela" segundo a ex-senadora e atual vereadora de Maceió, Heloísa Helena, é impossível sustentar uma mentira de maneira lógica. Aí está uma vez mais provado.

E por falar em mentirinhas e em governos de mentirinha, alguém se lembra da célebre frase do diretor do FMI em 10 de abril de 2003, Heinrich Koeller, em referência ao então presidente Lula? Não, ninguém se lembra, nem jornalões nem "alternativos" (alternativos apenas no tamanho nanico) enquanto se alardeia "revolução social do PT no Brasil". Pois como os filósofos dizem que recordar é viver, de cuja informação os donos do poder fogem como o capeta da cruz apoiando-se justamente na desinformação, mais ainda de análises baseadas em contextos e não em fatos isolados, reducionistas, vamos lá:

Estou entusiasmado [com o governo Lula]; fica mais adequado eu dizer que estou profundamente impressionado
com o presidente Lula (...). O terceiro ponto é que o FMI atende ao presidente Lula e sua equipe de governo,
a qual [agenda econômica] segue nossa filosofia, além da do Brasil, é claro".

O FMI converteu-se em progressista, ou o quê? Certamente, "o quê" é a alternativa correta...

Dilma Convida Afif, e Tenta Aliança com PSD

O convite deu-se para que o ex-politico da ditadura militar assuma a recém-criada Secretaria da Micro e Pequena Empresa, que tem status de ministério. O PSD (Partido Social Democrático) de Afif, vice-governador de São Paulo, foi fundado em março de 2011 pelo então prefeito Gilberto Kassab.

Kassab, que executou profunda "limpeza social" na maior capital latino-americana desalojando milhares de famílias inteiras de suas casas e, aos berros, xingou um aposentado na porta de um hospital de vagabundo, possui visão economicamente liberal, socialmente conservadoras, opostas ao que, teórica e historicamente, defende a presidente Dilma Rousseff e o PT. Afif deverá assumir a Secretaria no final de abril ou início de maio, enquanto seu partido apoiara a reeleição da presidente no ano que vem, afim de angariar ministérios no governo federal.

Enquanto na Argentina, até agora, 378 torturadores foram condenados por crimes de lesa humanidade durante a ditadura militar (1976-1983) - o próprio ex-presidente Rafael Videla foi punido com prisão perpétua -, a exemplo do que tem ocorrido em outros países latino-americanos vitimas de ditaduras, aqui custamos a manter coerência de ideias. Paulo Maluf em São Paulo, entre os políticos remanescentes da ditadura hoje e enlameado em casos de corrupção, José Sarney, ex-presidente do Senado indicado por Lula, oligarca maranhense ex-presidente da Arena (partido da ditadura), e hoje Renan Calheiros, atolado até o pescoço em casos de corrupção indicado ao Senado também pelo governo federal, que nos digam! E o Brasil decente prometido pelo PT nas campanhas presidenciais segue na mais desavergonhada retorica.

Seguem as orgíacas alianças na política brasileira baseadas no maquiavélico toma-lá-dá-cá, sem identidade programática e desconexas de estado para estado, por todo o país. No caso do PT que tem vencido eleições sob forte apelo moralista com o lema Quero um Brasil Decente, incluindo promessas de reforma política, tal realidade se torna ainda mais patética. Não por acaso, no quesito corrupção o Brasil despenca, ano a ano, nas pesquisas da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Transparency International.

Apoio do PSDB a Campos

Apoiando a candidatura do governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB) à presidência em 2014, a intenção do PSDB é subtrair votos de Dilma e levar a eleição ao 2º turno, dando assim chance de vitória ao seu candidato, o ex-governador e senador mineiro Aécio Neves: com Campos no cenário eleitoral, segundo pesquisa do Ibope, a candidata petista é quem mais parde.

Enquanto isso em São Paulo, o governador tucano Geraldo Alckmin almeja apoio do PSB para a reeleição. Segundo conversa do governador com lideranças peessedebistas, tal apoio "depende de palanque para Campos em São Paulo". Pouca orgia é bobagem quando o assunto é política no Brasil. Mas só política?

Constrangido, Pastor Rondim Concede Entrevista. E a Inversão de Papeis Protestante

A fim de explicar que não são todos os protestantes que raciocinam baixamente como o pastor e presidente da Comissão de Direitos Humanos e de Minorias (CDHM) na Câmara, Marco Feliciano, o teólogo evangélico Ricardo Gondim (que sofre forte oposição por parte da maioria dos pastores por suas posições contrárias ao que se tem praticado naquele meio religioso, sobretudo em relação à chamada "teologia da prosperidade") afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que "ele pouco representa das tendências protestantes. Foi eleito por um segmento muito alienado politicamente. Candidatos como ele são eleitos, geralmente, para se tornarem os representantes de sua igreja no parlamento. Eles se preocupam mais com os interesses da igreja do que com as questões que dizem respeito a todo o País".

Gondim indignou-se quando Feliciano afirmou, segundo sua visão teológica que reflete a de diversos outros pastores, que a África e seus habitantes são amaldiçoados por Deus. "É apenas o porta-voz de um grupo que, no atual contexto religioso, ainda replica argumentos usados por países colonialistas para a dominação e exploração dos mais pobres, especialmente na África. Isso é muito triste. (...) Ainda é usada por setores de direita, ultraconservadores", afirmou também Gondim.

A presidência de Feliciano na CDHM tem gerado controvérsia: diversos pastores e amplos setores da sociedade protestam por isso, inclusive a Anistia Internacional (órgão pelos direitos humanos) através de nota pública, enquanto parte dos evangélicos e uma de suas principais lideranças, o pastor Silas Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus, defendem a permanência de Feliciano no cargo.

Detalhe: Em seu pronunciamento público, Malafaia alega, como sempre histericamente, que seu setor religioso é vítima de perseguição e ódio. Contudo, não apresenta nenhum outro argumento para justificar a defesa ao colega pastor, ao contrário dos defensores dos direitos humanos e contrários a Feliciano naquele posto em geral. Assim, Malafaia, quem não se indigna na mesma medida em relação aos inúmeros casos de corrupção envolvendo a Igreja evangélica, defende seu colega pastor como presidente da CDHM meramente por corporativismo pastoral.

Não estarão os evangélicos, cujo sistema é bem menos transparente que o próprio sistema político, exercendo perseguição contra a oposição, e neste caso específico contra ativistas por direitos humanos? Inversão total de papeis, costumeira neste meio.

Quarta-feira passada (23 de março), após exigir aos gritos no plenário da comissão que o manifestante que o chamou de racista fosse preso, Feliciano deu uma aula de política, se já não bastassem as de religião (que lhe valeram o cargo de deputado federal): "Democracia é isso".

O pastor-deputado demonstrou justamente o oposto: truculência, remontando os 21 anos de ditadura militar de péssima memória ao país, e com a justificativa de se apoiar na democracia evidenciou, para quem ainda tinha alguma dúvida, total despreparo para os cargos políticos que ocupa.

Jesuscracia

Em tese, o Brasil é um Estado laico, como todas os outros estados de direito. Na prática, contudo, democracia não e nosso forte, e nem sequer laico somos: dia a dia, notícia a notícia isso se torna, pateticamente, mais evidente. Assim, a nada singela e promotora da paz ala protestante não está satisfeita com os vários e altos cargos políticos brindados pelos fieis, milhões de analfabetos políticos e alienados em geral de suas confrarias religiosas, nem com os milionários alugueis em horários de TV, rádio, nem com as próprias compras de emissoras de TV e rádio (inconstitucionais enquanto concessões publicas em Estado, teoricamente, laico).

O deputado federal João Campos (PSDB-GO), membro da bancada evangélica na Câmara, apresentou inconstitucionalmente um projeto estende às organizações religiosas a prerrogativa de contestar a constitucionalidade das leis no Supremo Tribunal Federal (STF). Fez isso inconstitucionalmente porque tal projeto apenas pode ser proposto pelo presidente da República, pelas Mesas do Senado, Assembleias Legislativas, por governadores, pelo procurador-geral da República, pela OAB, por partidos com representação no Congresso, por confederações sindicais e por entidades de classe de âmbito nacional.

Portanto, a representatividade junto ao STF é bastante democrática, ao menos em tese. No entanto, não é preocupação do setor religioso democratizar na prática o sistema legal brasileiro, nem tornar o país socialmente justo, nada disso nunca esteve em pauta. O objetivo é claro: potencializar seu poder de influência e, consequentemente, sua capacidade de dominar e acumular riqueza sem nenhuma prestação de contas.

Em meio a tudo isso, membros de igrejas evangélicas, no auge de seu entusiasmo ingênuo, juraram que implantarão uma jesuscracia no Brasil. E por jesuscracia eles querem dizer encher o Legislativo de pastores, bem como o Executivo e até o Itamaraty. Desrespeita as diferenças, como de praxe, o que nem mesmo Jesus jamais cogitou, e mais: esse sistema idealizado pelos religiosos sem nenhuma consciência cidadã que não sabem sequer o que significa República Federativa, deveria, urgentemente, ser estabelecido dentro das nada transparentes igrejas deles, antes de qualquer coisa.

E a tal jesuscracia idealizada em determinados setores religiosos hoje, traz em si outra evidência: a banalização do nome de Jesus nestes meios. Curioso, além de tudo, é que quando se propõe certas alternativas políticas e sociais baseadas em ensinamentos bíblicos que vão contra o senso evangélico geral, como o socialismo duramente criticado pelo pastor Malafaia, os mesmos proponentes da jesuscracia afirmam que Jesus não deixou princípios políticos. Eis as últimas palavras em Deus do país - e agora, até em democracia!

Posto isso tudo, vale recordar que esse grande circo protestante de péssimo gosto, do pastor Feliciano na presidência da CDHM à jesuscracia ocupando lugar de temas extremamente sérios envolvendo o Brasil, deve-se em grande parte à interesseira e vazia aliança que fez a então candidata à presidência da República, Dilma Rousseff em 2010, com diversas igrejas subindo aos púlpitos que arrancaram aplausos dos milhões de fieis, e entusiasmo de pastores mercadejantes, atrás de influência política. A velha e corrupta aliança entre política e religião mostrando sua cara, gerando seus maléficos frutos como sempre.

Estatais Paulistas Respondem por Metade dos Gastos do Governo com Propaganda

Foi este o titulo de reportagem do jornal O Estado de S. Paulo deste domingo, que traz os seguintes números: "O gasto do Metrô com publicidade saltou de R$ 11,5 milhões em 2008 para R$ 71 milhões em 2009, elevação de 517%. A Dersa, que gastou R$ 2,7 milhões em 2008, elevou o dispêndio para R$ 63,4 milhão em 2009 - 2.248% a mais. A CPTM passou de R$ 4 milhões para R$ 55,7 milhões nos mesmos anos, um incremento de 1.292%".

Por trás desses números estão as verbas que deveriam ser destinadas à catastrófica segurança, saúde e ensino públicos do Estado, como sempre foram, deteriorados durante os sucessivos e excessivamente incompetentes governos peessedebistas em São Paulo (1998-2012).

Depois de toda essa farra, os peessedebistas encontram argumentos para culpar as estatais, ineficiência e peso delas sobre as receitas do Estado, justificativas para exercer outra farra, ainda mais grave: privatizar, e com milionários superfaturamentos. A culpa sempre recai sobre o bem público enquanto a prestação de serviços, em geral, deteriora-se e se encarece cada vez mais nas mãos das impiedosas megacorporações, às quais são entregues nossas riquezas.e que consideram apenas as leis de mercado e maximização do lucro, jamais o bem-estar do cidadão.

Programas Sociais Impulsionam Aprovação de Dilma

Foi este o titulo da reportagem do jornal Folha de S. Paulo deste domingo (31 e março). Realmente, as taxas de desemprego são as mais baixas de história (a que pesem as precárias condições dos trabalhadores), e a redução da conta de luz, de 18% para residências e de até 32% para comércio, serviços e agricultura, é algo a ser positivamente apontado conforme fizeram os pesquisados, reportado pela Folha.

"A citação de políticas sociais do governo federal sobe para 32% no Nordeste". O Brasil Carinhoso que, uma das principais políticas sociais do PT, complementa a renda de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família, com crianças entre 0 e 15 anos a fim de retirá-las da miséria, é uma das maiores mentiras da história do Brasil, pelo simples motivo que concede R$ 2 para 13.124 famílias, o suficiente para retirar essas famílias da miséria (aquelas que ganham menos de R$ 70). Com os R$ 2 do governo, elas deixam, teoricamente, de estar abaixo da linha da pobreza. Dentro desse programa, há famílias que recebem desses R$ 2 a R$ 1.140.

Enquanto o número de famílias que deixa a miséria é fictício, e outras arrecadam uma ajuda bem superior, durante toda essa década de Bolsa Família que deveria vigorar provisoriamente, a condição do trabalhador em si não melhorou, a reforma agrária não é nem cogitada pelo governo. Não se tem ido, portanto, à causa da pobreza.

O alto número de famílias teoricamente deixando a linha da pobreza extrema não condiz com as baixas taxas de desenvolvimento do país: exportador de produtos primários, o Produto Interno Bruto (PIB) cresce insuficientemente, o pais não tem recebido o devido investimento em produção, em infraestrutura e naquilo que realmente melhora a vida dos cidadãos: saneamento básico, saúde, educação, segurança, salários dignos (nosso mínimo segue inconstitucional), e moradia. Por causa dessa realidade, o crescimento econômico e famílias beneficiadas se tratam de uma bolha social e econômica (leia detalhes da política social do governo federal nos artigos Casuísmo Governamental e Parcialidade Midiática, e 10 Anos de Retórica Petista e a Irregenerável Mídia Brasileira, mais abaixo).

Enquanto o pão está sendo devidamente entregue, o circo da Copa do Mundo e da Olimpíada estende sua lona superfaturada em detrimento de investimentos em áreas urgentes, e as ideologias se pegam na suja briga pelo poder, por cabides de emprego e milhões de reais, não há diferença praticamente nenhuma entre os principais partidos brasileiros.

Deputado Romário contra Marin

Junto do baixinho, ex-craque hoje deputado federal (PSB-RJ), à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) neste 1º de abril vão Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado em 1975, em São Paulo após ter sido detido pelo Destacamento de Operações de Informações do Centro de Informações de Defesa Interna (DOI-Codi), e de 54 mil assinaturas civis.

Motivo: exigir a saída de José Maria Marin da presidência, já que este, ex-deputado estadual filiado à antiga Arena, solicitou, em 9 de outubro de 1975, que autoridades tomassem medidas contra militantes de esquerda na TV Cultura. No dia 25, o pai de Ivo seria preso e morto - sem justificativa, a não ser suas ideias politicas, contrarias à ditadura militar que duraria até 1985.

Esperamos para ver a postura da presidente Dilma perante tal petição e, por que não, do próprio Lula. As expectativas são de nulidade, total ou disfarçada pela aliança petista aos ex-políticos da ditadura hoje, além do explícito precedente de Lula neste sentido, quando estava no Itamaraty: "Passado é passado", referindo-se à possível revogação da Lei de Anistia, que levaria a juízo os ditadores, e todos que pudessem ter participado de seus crimes contra a humanidade, esquecidos em meio à indiferente sociedade brasileira, cujos costumes são ditados pela grande mídia e pelos donos do poder.

Arquivo do Dops sobre a Ditadura Serão Liberados na Internet

Este acima foi o titulo de outra matéria do Estado de S. Paulo neste domingo. Sem a devida cobertura: o jornalão apoiou o Golpe Militar de 1964, e os sangrentos anos que o seguiram.

Apesar de tardia, como sempre se dão as coisas no Brasil, trata-se de uma grande notícia rumo à verdade e à justiça no país, no que diz respeito a uma das épocas mais negras da história do pais. E disso podem ser geradas mais práticas de justiça, modificando a cultura da impunidade que reina soberana por aqui.

49 Anos do Golpe Militar e Jornalecos: Duas Faces da Mesma Moeda

Na Agência Carta Maior - O Portal da Esquerda, Gilson Caroni Filho relembra o golpe militar de 1964, que derrubou o presidente João Goulart apresentando profundas verdades mas, dentro delas, jogo de palavras ufanistas envolvendo o atual governo federal, como, aliás, faz boa parte daquele Portal e grande parte dos jornalecos quando o assunto é Partido dos Trabalhadores.

Caroni Filho aponta, corretamente, as distorções da grande mídia em relação ao governo progressista de Jango, como era popularmente conhecido o então presidente, especialmente no momento do golpe, e discorre como tal prática tem se perpetuado ao londo dos tempos. Alega ainda, de maneira muito oportuna, que tais objetivos seguem vivos em setores reacionários da sociedade.

Porém, conclui afirmando que estes dez anos de governo do PT "há diálogo entre quem governa e os movimentos sociais que expressam anseios de liberdade, de participação e de melhoria substancial das condições de vida de grande parte da população. O que assistimos é uma ruptura com os pilares de sustentação do regime militar e dos três governos que lhe sucederam [José Sarney, Fernando Collor / Itamar Franco e Fernando Henrique]".

Os movimentos sociais têm reclamado, ampla e constantemente, justamente da distância do governo além dos inúmeros crimes de tortura e assassinato contra trabalhadores, especialmente do campo Brasil afora, contra o quê o governo está calado e inerte. Em relação à suposta revolução social das políticas do PT, conforme já abordamos brevemente mais acima e amplamente nesta seção e nesta página como um todo, poucos governos maquiaram tanto as informações, como este que está no poder há dez anos.

Tanto é assim, que o referido articulista não apresenta detalhes da tese que sustenta, a exemplo de muitos que atuam no meio jornalístico muito mais como militantes que como comunicadores. Naquele mesmo Portal, o sociólogo Emir Sader, voz oficial do PT, há muito deixou os assuntos mais práticos para usar rótulos e muito jogo de palavras em sua coluna, polarizando toda e qualquer divergência em coro com aqueles que exercem patrulhamento sistemático contra toda e qualquer diferença.

Seus artigos têm se fechado em "futuro da esquerda", "esquerda x direita no Brasil" com argumentos tais como "a direita odeia a América Latina" apenas para não ir mais longe nos exemplos, tudo isso ao invés de discutir o futuro e a realidade da democracia, da justiça social, deixar de fragmentar a sociedade com seus rótulos, de instigá-la ao ódio.

Esta é também uma forma, com um q de intelectualidade, de fugir da discussão essencial, de distrair seus leitores do pontos crucial: o governo pura e simplesmente, ideologizando a questão ao mais avançado grau, escondendo-se detrás de rótulos, fugindo das responsabilidades e, o que é pior, polarizando a sociedade como foi argumentado acima em uma "luta ideológica" que além de não existir (e nem deve), joga-a contra si mesma se já não bastasse o governo que ela tem amplamente contra si, com serviços péssimos, economia cambaleante (gigante bobão), corrupção endêmica e políticos incapazes apoiados em articulistas militantes que posam como intelectuais.
Por trás de todo esse cenário armado, está o PT, há 11 anos, indo à forra com suas alianças nada ideológicas, para dizer o mínimo...

No caso da América Latina, por que não Sader argumentar de maneira sóbria e de maneira consistente: "As forças de dominação sempre visaram a América Latina, entre outras coisas, por ser ela a mais rica do planeta em biodiversidade". Mas Sader, o "intelectual da esquerda" como se pretende, opta pelo discurso ufanista e polarizador de ideologias.

Assim, como um dos grandes porta-vozes da dita esquerda brasileira, o articulista esquiva-se da pontualidade para justificar os infortúnios do governo na perseguição midiática e do setores mais conservadores, o que nem sempre é verdade.

Por sua vez a revista Carta Capital, de boa qualidade, apoia abertamente o governo Dilma assim como se deu com Lula. É claro que se torna mais transparente um meio de comunicação deixar claras suas posições, é menos descarado, deixa de ser um golpe midiático tendo em vista jornalões e jornalecos, que se dizem imparciais, independentes, transparentes, objetivos enquanto, evidentemente, não são absolutamente nada disso. Por outro lado, não é cabe à prática jornalística apoiar partido nem político nenhum, e nem ser porta-voz de absolutamente nada a não ser da verdade.

Isso tudo é apenas uma ilustração de grande parte da mídia dita alternativa que, no Brasil, a é apenas no tamanho nanico em comparação aos jornalões conforme mencionado no início, e não na maneira de praticar jornalismo em sua essência: são nada mais que o outro lado da moeda no que diz respeito aos interesses político-partidários, e em diversos casos como no do Emir Sader que cai em descrédito crescente, até mais agressiva, praticam um antijornalismo mais evidente justificada na "defesa da ideologia correta e justa", assim como o PT justificou, às ocultas, a prática do Mensalão. Dois pesos e duas medidas quando os escândalos envolvem seu partido. Enfim, as empresas de mídia são, diariamente, o nítido retrato do nível democrático brasileiro.

Quanto aos 49 anos de golpe militar, uma Comissão da Verdade ainda custa a vigorar enquanto os 21 anos de péssima memória caem cada vez mais no esquecimento ou na indiferença da sociedade. A presidente Dilma tem cobrado eficiência da Comissão, é verdade e a que pese o desinteresse da população em geral.

Nisso há uma realidade clarividente: mesmo sem apoio das massas, um(a) presidente pode e deve insistir no interesse da nação, o que contraria o argumento de militantes petistas de que diversas falhas cometidas nestes dez anos - inclusive as alianças mencionadas mais acimas - se devem à "falta de apoio da sociedade". Devem-se à falta de vontade política. Neste caso da Comissão da Verdade, Dilma cobra justiça pelo que sofreu, assim como muitos de seus partidários, durante os anos de ditadura: perseguição e tortura em determinados casos. Dois pesos e duas medidas em se lidar com o interesse público.

Turista É Violentada no Rio

Não poderia faltar uma notícia deste gênero no espetáculo semanal do horror à brasileira, país que possui, segundo a ONU, níveis mais que três vezes superiores aos de países em guerra civil e que, sabe Deus como, receberá a Copa do Mundo.

Cada capítulo do horror supera e faz esquecer o anterior por aqui. Tudo se tornou normal no país do imponderável: como observa o jornalista José Arbex em seu livro O Poder da TV, já se chegou ao ponto de assistir o real como se fosse telenovela, e telenovela como real.

Muitos bandidos das ruas, especialmente traficantes de drogas e de seres humanos que não agem sem consentimento dos diversos bandidos da Policia, da política e/ou das mais diversas instituições brasileiras - todos cúmplices, de alguma maneira, desse sistema caótico - poderão dar uma trégua. É nossa esperança, pobre esperança em um país desgovernado.

Brasil, uma questão de libertinagem.

Nada pode parecer impossível de ser mudado
Bertold Brecht


CARTA ABERTA: PASTOR MALAFAIA
Enfiando a Cruz de Cristo no Bucho Alheio

21 de março de 2013 / Enviada ao correio eletrônico e
diretamente ao sítio da
Associação Vitória em Cristo

Enviada também à Câmara dos Deputados / Portal da Câmara, Proposições,
diretamente ao Pastor Marco Feliciano, e a diversos outros deputados


Sr. Silas Malafaia:

Contestando colegas pastores-evangélicos que solicitaram o afastamento do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) da presidência da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias (CDHM) na Câmara dos Deputados, o senhor afirmou na revista Verdade Gospel ter ficado "de boca de ver pastores a serviço da ideologia da esquerda que nos odeia, e que defendem todos os temas contrários aos princípios da Palavra de Deus. Com todo respeito, não sei se é inocência ou oportunismo".

Antes de mais nada, uma vez mais fica estampada incontestavelmente o baixo nível cultural de sua classe, e especialmente do senhor, bando de abarrotados com essas torrentes de livros doutrinários que levam nada a lugar nenhum a fim de se enriquecer e potencializar a manipulação de seus macacos de auditório: não se diz "fiquei de boca aberta de ver", mas "em ver" ou "ao ver".

Tal péssimo nível segue por todo o seu comentário que, além de baixo do ponto de vista cultural, o é também intelectualmente (na maneira de raciocinar) - e o senhor se formou em uma faculdade, portanto, torna-se mais deplorável essa representação de um massa religiosa tristemente perdida, em todos os sentidos, que cai em descrédito perante a sociedade secular por isso tudo - muito mais por isso tudo, que por culpa do Diabo.

Quando o senhor diz que determinados colegas do senhor, que se opõem ao colocado pelos de sua corrente - vozes oficiais de Deus aceitas como tal por seus súditos -, são serviçais de certa ideologia e que os odeia, deixa claro, algo uma vez mais evidente a qualquer mentalidade minimamente razoável: suas táticas de desvirtuar discussões levando para questões ideológicas, polarizando, fragmentando ainda mais a sociedade, segregando os já altamente sectários evangélicos que mais parecem extraterrestres que qualquer coisa, não sendo diferentes como disse Jesus, mas esquisitos iguaizinhos aos senhores.
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O senhor afirma que quem não aprova Marco Feliciano (que, assim como a maioria dos pastores hoje, posa muito mais como artista que como líder religioso, realidade estampada a começar em seu mercadejante sítio na Internet) na presidência da CDHM, faz isso porque ele é um pastor evangélico, tratando-se, portanto, de uma perseguição religiosa segundo sua versão dos fatos Contudo, as críticas neste sentido são todas embasadas, independente de estarem corretas. O que não possui embasamento nenhum é seu apoio a Marco Feliciano, o senhor, para defendê-lo, não oferece nenhuma tese: isto sim é corporativismo religioso, perseguição aos reais defensores dos direitos humanos! Pois é exatamente desta maneira deplorável que os senhores se elegem a cargos políticos com enorme margem de votos, apoiados no argumento vazio, alienador de que crente só vota em crente.

Dentro dessa pífia tática que apenas quem possui cérebro melancolicamente lavado não se apercebe de quê se trata, o senhor ainda aponta divergências como "ódio" contra esse setor à parte da sociedade levando a uma maior divisão entre a sociedade, alarmando seus adeptos, trazendo-os ao seu lado valendo-se do medo e do pavor, uma caça às bruxas gospel a tudo aquilo que não está dentro do que (pateticamente) defendem.

Em seu caso particular, assim como do próprio Marco Feliciano em sua vida religiosa e de tantos outros neste setor, o argumento de ódio e perseguição contra Deus transferida aos senhores, "justos", não procede em absolutamente nada, e é uma vez mais muito fácil apontar os porquês disso tudo.

Os senhores, antes de mais nada, possuem sistemas menos, muito menos transparentes que o próprio sistema político: tudo no meio gospel-evangélico, do qual fiz parte por 15 desgraçados anos de minha vida e vi o que há de pior na sociedade, carece de prestação de contas e se fecham em um descarado mundo de manipulação, dominação, roubalheira indiscriminada e acumulação de riqueza para o que se valem de todo o tipo de artifícios, da mais baixa neurolinguística e, conforme o senhor mesmo evidencia constantemente, na demonização esquizofrênica da crítica ou mesmo da mínima divergência, formando milhões e milhões de cidadãos sem consciência cidadã, mas enfermos psicologicamente.

Os impérios empresariais religiosos dos senhores de hoje em dia são totalmente fechadas à mínima pluralidade de ideias: basta ver raiva doutrinária, através da qual se dividem por uma vírgula que esteja fora daquilo que acreditam religiosamente ético (na teoria, enquanto a prática enlameada dos senhores é justificada na misericórdia de Deus, o que não vale, ao menos não na mesma medida quando se trata dos seus "inimigos").

Ao contrário do afirmado pelo senhor no mencionado comentário à Verdade Gospel e em diversos outros meios, a mídia não apenas não os persegue porque os odeia, como não existe tal prática: se a Imprensa fosse minimamente correta em meio a isso tudo, cobraria prestação de contas e questionaria o enriquecimento incomparável que torna o senhor e seus colegas cidadãos donos de empresas (igrejas) mais ricas que muitas megacorporações. Isso enquanto a pobreza cresce avassaladoramente por aqui. Empresas que crescem, em número de adeptos também, vertiginosamente enquanto, "curiosamente" no mínimo, o Brasil piora sua posição mundial no quesito corrupção. Por quê? Qual a lógica? Está sendo exposta aqui.

O Pr. Feliciano fez duas declarações infelizes, mas ele não pode ser julgado como homofóbico ou racista. Primeiro porque nunca bateu ou mandou matar gay, e segundo que ele é de origem negra (mesmo tendo cabelo esticado hahaha), e seu padrasto é negro.

Não, nenhum dos senhores não pode ser julgado jamais, amparados pelo perdão bíblico. Porém, os senhores passam a vida condenando as mínimas diferenças, neste caso se valendo de todo o rigor bíblico - a enfermidade religiosa em seu grau mais avançado. Além do mais, sr. Malafaia, ser preconceituoso não se caracteriza por medidas extremas (o senhor tende a radicalizar tudo, devido à sua mentalidade e a seu sistema dominador e corrupto), tais como espancar e matar alguém. Nem pertencer ou possuir parente que seja de determinada etnia minoritária, historicamente subjugada, isenta alguém de ser racista.

Tenho divergências com o pastor Marco Feliciano e muita gente sabe disso. Mas a questão não é ele. Vamos assinar documento para favorecer gays, lésbicas, anarquistas, humanistas, ateístas? ISTO É UMA VERGONHA!!

Direitos apenas aos seus: aos que, fazendo uso de seu livre-arbítrio decidem seguir caminho que divirja do seu, os ataques, nenhuma garantia cidadã, no máximo uma Bíblia goela abaixo. O senhor presta mais um serviço à segregação, ao ódio social (cumprindo perfeitamente afirmação de seus colegas psicólogos, que muitos acusam os outros daquilo que está cheio seu próprio subconsciente). Com todo esse radicalismo excessivo, falso moralista, hipócrita, o senhor apenas trata de radicalizar ainda mais o outro lado.

Mais um drástico desserviço à sociedade sob berros histéricos de paz e justiça, mas não são minimamente capazes de executar dentro de suas confrarias religiosas. Sob disfarce de corporativista (defensor dos pastores), na realidade o senhor defende ferrenhamente os que pertencem ao seu grupo sectário - farinhas gospel-evangélicas que não fazem parte de seu saco, também têm sido merecedoras de seus ataques histérico-esquizofrênicos.

Enfim, donos dos templos como o senhor e seu colega Feliciano sem nenhum passado em defesa dos direitos humanos, personagens segregacionistas que respondem muito mais como artistas que como líderes religiosos, não prestam contas, possuem nível cultural e pessoal tão baixo, que manipulam grandes massas totalmente alienadas e analfabetas políticas sem a mínima consciência cidadã, seres que respondem por um eleitorado que não tem a menor noção de por que votar nos senhores, não têm competência para presidir nada em nenhuma casa legislativa, nem sequer estar ali - paradoxalmente, recebem milhões de votos dos súditos apoiados nesses argumentos vazios, a grande arma dos senhores. No caso particular do Marco Feliciano, possui discurso claramente discriminatório, o que o impossibilita totalmente de presidir uma comissão por direitos humanos.

Essa Vitória em Cristo do senhor, por sua vez, deixa claro em seus sermões, não está focada em vitória interior, contra os maus desejos e toda sorte de complexidades pessoais, mas em vitória terrena, conquistas de posições sociais e de bens materiais, do aumento da capacidade de consumo. Os senhores, lamentavelmente, representam perfeitamente esses milhões, os quais conheço perfeitamente, e de cuja realidade a minoria que permanece se salva.

Com tudo isso, do que nem o senhor nem nenhum dos seus sente vergonha, se sua preocupação fosse realmente a causa social, sua postura e seu poder de alcance possuiriam foco totalmente diferentes, a começar pelo fato de que tantos milhões de dólares arrecadados seriam revertidos majoritariamente à sociedade mais necessitada, de diversas maneiras, não ao seu bolso sem a devida prestação de contas, revertida à ampliação do império religioso que gera jactância,muita vaidade, multiplicação dos lucros além de, estes sim grandes interesses dos senhores, excessiva, indisfarçável demagogia, domínio social e, agora, poder político.

""Veja em nosso sítio na Internet investimento em obras sociais com o dinheiro arrecadado", é a velha alegação-em-subterfúgio: o senhor, assim como a imensa maioria de seus colegas pastores, "também" aplica parte do que recebe, e parte ínfima do que fatura, em alguns poucos serviços sociais. A outra parte, incomparavelmente superior, é designada a construção de suntuosos templos, emissoras de rádio e TV (concessões públicas em Estado laico, portanto inconstitucionais pelo quê se apoiam em políticos para manter o status quo criminoso) e, sobretudo e o que é ainda mais grave, toda essa fortuna arrecadada em nome de Deus encontra destino "desconhecido" da sociedade, inclusive de seus fieis devido à ausência completa de prestação de contas que se vale justamente da voluntária omissão e raivosa alienação dos seus súditos.

Os senhores estão cada vez mais poderosos, em todos os sentidos: materiais, midiáticos, políticos, e não sejam mais deploravelmente descarados tentando se ancorar nos ensinamentos do Evangelho para justificar toda essa vergonha! Vergonha que não pode subsistir sem neurolinguística, apelos emotivos e muito jogo de palavras o senhor que nos diga, Ratinho gospel como está conhecido, adorou e aprovou a referência! Que diferença para Jesus e seus apóstolos! Esses poucos serviços sociais dos senhores se tornam mais pífios ainda, quando superficialmente comparados aos impérios dos senhores, que usam as atividades sociais nada mais como meras vacas de presépio, a muleta religiosamente farsante desse sistema tão ridículo quanto o discurso e o caráter dos senhores.

Enquanto a sociedade pega fogo com muita lenha jogada diretamente pelo senhor, além da fome, das doenças facilmente tratáveis matando a tantos, da violência e do ódio crescendo assustadoramente, sua esposa vai semanalmente fazer terapia nos Estados Unidos a fim de se tratar da depressão, tristeza do espírito. Vitória em Cristo é o nome de sua associação, não? Vitória para quem, sobre o quê? Em casa o senhor não faz as vezes de pastor? Nem de esposo? Só para a plateia?

E por falar em ideologia, sr. Malafaia, a sua, reacionária, apoiada no mesmo setor religioso que o senhor raivosamente defende enfiando a cruz de Cristo no bucho alheio, apoiou o Golpe Militar de 1964 derrubando do poder um presidente democraticamente eleito, até o último minuto aprovado amplamente pela sociedade, além de ter (no mínimo até que novas evidências provem algo mais) se silenciado perante os sangrentos 21 anos que se seguiram ao Golpe, estes sim, recheados de espancamento, torturas e assassinatos contra civis inocentes até hoje em nada esclarecidos, e não retratados por seus colegas religiosos. Pouca hipocrisia é bobagem quando os senhores estão em questão.


CARTA ABERTA: PORTAL INTER-JORNAL
Jornalismo Brasileiro, Hugo Chávez e Washington

Março de 2013


Conforme já foi manifestado anteriormente, de maneira direta, fica o agradecimento por este Portal Inter-Jornal de Notícias ter prestigiado nosso trabalho republicando, dentro de determinado período, todas as matérias publicadas em nossa coluna no Observatório da Imprensa (OI) da TV Brasil, e aqui no Blog. Ou melhor: quase todas, lamentavelmente por um motivo bem simples e claro, que nos inculca ao presente comunicado.

À primeira vista, e no que é bem provável que se apoiem, tratou-se apenas de "apurado gosto jornalístico", suposto espírito democrático ao separar informações que julgaram (des)necessárias, até mesmo verdadeiras ou falsas, mas não é este o caso o que evidenciaremos nas linhas a seguir - esclarecimento este que, politicamente incorreto por um lado, faz-se urgente no país que insiste em se livrar do 1º de abril de 1964, dia da mentira que, desgraçadamente, perpetua-se neste país e, nem poderia ser diferente, estende-se (ou inicia-se, melhor dito) à "prática jornalística", no Brasil pífia prática mais malhada que Judas em Sábado de Aleluia que perde cada vez mais credibilidade perante a sociedade (além da profunda crise econômica que já dura anos).

Conforme observado no início, semanalmente este Portal republicou, entre sua seleção de matérias dos mais diversos jornais e revistas do país, nossos artigos sobre política nacional e internacional. Apenas "pulou", curiosamente aos mais desavisados, nosso artigo Venezuela: Entre a Democracia e a Guerra Midiática Global, cujo autor que vos escreve manteve a mesma linha de raciocínio e da própria prática jornalística dos outros trabalhos aproveitados pelos senhores: imparcial, objetivo, e do início ao fim baseado em dados oficiais para sustentar cada vírgula de nossos argumentos.

Mas não há nada de intrigante no porquê de o Inter-Jornal ter mantido de fora o referido artigo, enquanto nesta semana, por ocasião do falecimento do presidente venezuelano Hugo Rafael Chávez Frías, republicou uma nota de 3 (isto mesmo: três) linhas sobre o fatídico assunto, retirado de CadaMinuto. Em outra republicação, desta vez do jornal O Estado do Maranhão, de posse dele, nada mais nada menos que o oligarca José Sarney, ex-presidente da Arena da ditadura militar de péssima memória, o artigo sobre o falecimento do líder bolivariano apresentou-se recheado de mentiras envolvendo a mais rasa prática jornalística (para usar um eufemismo):

Nova Cuba - Hugo Chávez transformou a Venezuela em uma espécie de nova Cuba – retratando os mesmos problemas sociais, a miséria e o controle absoluto das liberdades individuais e coletivas, da comunicação e da imprensa da ilha chefiada por Fidel Castro. Há dois anos, Chávez começou a sentir os problemas do câncer, contra o qual lutou até ontem.

Por nova Cuba, o Estado do Maranhão de José Sarney ironicamente condena um governo supostamente ditatorial. Parece ao InterJornal ditador um mandato quatro vezes eleito através de sufrágio universal, e amplamente apoiado pela sociedade local com índices superiores aos 70% de aprovação, enquanto a oposição não chega a 15% da preferência dos eleitores? Vale ainda lembrar que nas últimas eleições estaduais, os candidatos do partido de Chávez venceram em 20 dos 23 estados.

Parece ainda jornalisticamente correto ao InterJornal manifestar opinião sem base nos fatos? Pois tal imprecisão e tendência em noticiar fatos envolvendo a Venezuelanos anos de Chávez marca a prática da mídia predominante mundial, fielmente seguida por este Portal. Por quê?

Vejamos a seguir trechos de nosso artigo publicado no OI e em nosso Blog, a realidade da tal nova Cuba desastrosa do ponto de vista social conforme noticiou o jornal da família Sarney, seguida desavergonhadamente por este InterJornal. Atentemos também à diferença entre ambas as práticas jornalísticas, a dos materiais aproveitados pelos senhores no que diz respeito à Venezuela e a nossa, tornando assim muito fácil entender os porquês de mais essa aula de antijornalismo que vai muito além da santa incompetência, generalizada neste país manipulador por excelência que pratica escancarada ditadura da informação - mais claro ficará tudo ao se expor brevemente o contexto brasileiro e global, o que também faremos mais adiante:

Além de declarado Estado livre do analfabetismo segundo a Unesco em 2005, após alfabetizar 1,5 milhões de pessoas inclusive nas línguas indígenas, a Venezuela possui o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da América Latina hoje, fruto das políticas sociais de Hugo Chávez (tais índices são bastante relativos, mas no caso venezuelano é bastante significativo comparando sua situação anterior ao governo Chávez, especialmente tomando tais números dentro do contexto atual, que veremos resumidamente a seguir).

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), sob a presidência de Chávez a Venezuela reduziu em 50% a proporção de pessoas em pobreza extrema, atingiu uma das metas do milênio estabelecidas pela organização (o prazo para alcançar tal meta era 2015).

Segundo o Instituto Sofi (Estado da insegurança alimentar no mundo 2012, na sigla em inglês), em 2012 a porcentagem de pessoas subnutridas foi inferior a 5% da população total - de 1990 e 1992, a porcentagem foi de 13,5%.

Entre 2002 e 2010, a pobreza extrema apresentou queda livre como em nenhum outro país da região: de 48,6%, despencou para 27,8% da sociedade, reduzindo-se assim de 22,2% para 11,5%. Em 2012, esta taxa atingiu níveis ainda mais baixos: apenas 7%. E o desemprego, que era de 11,3% quando Chávez assumiu o governo, caiu para 8%.

Quando Chávez assumiu a presidência, o Produto Interno Bruto (PIB) era de US$ 200 bilhões, tendo fechado o ano de 2012 com cifra dobrada, em US$ 400 bilhões. O líder bolivariano assumiu uma economia com inflação na casa dos 35% ao ano, tendo-a baixado para 23,2%, apesar da crise de 2008.

Segundo a professora da Universidade Central da Venezuela, Mariclein Stelling para a revista Caros Amigos (novembro de 2012, pág. 12), "[a sociedade local hoje] têm direitos a ter direitos. Não somos mas uma sociedade submissa, esperando um favor de uma escola. (...)"

Quando o comandante Chávez faleceu, o diário espanhol El País noticiou que o líder venezuelano "perdeu para a morte", mesmo jornal que havia publicado imagem falsa em fevereiro do ex-presidente bolivariano, supostamente internado em estado deplorável entre tantos rumores criados pela mídia internacional sobre a saúde de Hugo Chávez, e do futuro da Venezuela tentando desestabilizar a política e a sociedade local. Os outros grandes jornais, revistas, sítios e TVs de todo o mundo têm dado a Venezuela como país em crise devido à morte do comandante Chávez.

Igualmente sem nenhuma base de sustentação, o Jornal Nacional da Vossa Senhora Rede Globo e do artista e publicitário-chefe William Bonner, no dia do falecimento do Comandante noticiou, contraditoriamente, que a Venezuela vive profunda crise com inflação crescente, relembrou a crise energética vivida pelo país anos atrás, colocando-o ainda muito próximo ao caos social. Vale apontar: caos social envolvendo um país que erradicou em mais de 75% a miséria extrema nos anos de Chávez, entre outros pontos com base em dados oficiais que vão totalmente contra o que o monopólio da informação tem divulgado.

Mais que a "prática jornalística", é vergonhosa a subserviência dos meios de comunicação desde os covardes jornalecos aos jornalões deste país, e a submissão de todos estes aos interesses da Casa Branca que, cada vez mais de maneira desesperada, necessitam de petróleo (a Venezuela possui uma das maiores reservas petrolíferas do planeta, Chávez as nacionalizou além de ter gerado crescimento econômico e promovido avanços sociais incontestáveis de maneira independente, abrindo mão dos históricos ditames do FMI segundo o escravizante Consenso de Washington).

"A primeira reportagem oferecida pela 'praça' de Nova York trata da venda de óleo para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da 'oferta' jornalística informa que a empresa venezuelana, 'que tem 14 mil postos de gasolina nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros de combustível' para serem 'vendidos em parcerias com ONGs locais a preços 40% mais baixos do que os praticados no mercado americano'. (...)

"O editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que considera a notícia imprópria para o jornal." (Laurindo Lalo Leal Filho no Observatório da Imprensa, 6.12.2005).
.
"(...) O Estado de S. Paulo e O Globo, além da revista Veja podem se dedicar a informar sobre os riscos que podem advir de se punir
quem difame religiões, sobretudo entre a elite do país. Esta Embaixada tem obtido significativo sucesso em implantar entrevistas encomendadas a jornalistas, com altos funcionários do governo dos EUA e intelectuais respeitados (...)" (Revelação WikiLeaks de telegramas secretos emitidos por embaixadores norte-americanos no Brasil e em todo o mundo, aqui no Blog).

Nada mais a dizer, totalmente desnecessário perante toda esta realidade, nua e crua. Apenas instar que os senhores respeitem, ao menos, a memória do comandante e, antes de mais nada, do ser humano Hugo Rafael Chávez Frías em meio a toda essa picaretagem jornalística, em busca da sobrevivência garantida pelas migalhas jogadas por seus padrinhos de Washington.


Leia aqui no Blog: Venezuela: Entre a Plena Democracia e a Guerra Midiática Global
Golpe na Venezuela Ligado à Equipe de Bush [exibição de documentários (role a tela)]


PT, JORNALÕES & JORNALECOS
Casuísmo Governamental e Parcialidade Midiática

Fevereiro de 2013


"Precisamos de uma Imprensa livre, e os meios de comunicação no Brasil são, sim, independentes; sabemos como fazer, portanto não precisamos que nos digam como devemos fazer: não ao marco regulatório!" (Jornalões)

"Os jornalões odeiam o povo, e o que o PT tem feito por ele: isso explica a perseguição midiática contra o partido da revolução social jamais vista na história do Brasil, e nós, da mídia alternativa, denunciamos isso praticando o jornalismo mais puro. Além disso, o Brasil está peitando os Estados Unidos, o que responde tanto ódio contra o governo federal." (Jornalecos)

"O governo federal tem, há dez anos, retirado milhões de famílias da situação de miséria". "O PT é o partido da educação." O Risco Brasil tem recuado." "O Brasil subiu um degrau no IDH da ONU." "O Brasil saldou sua dívida com o FMI, e hoje está livre da dívida externa." "O PT forma alianças com quem combateu no passado em nome da governabilidade, dando exemplos de diálogo, democracia e da mais pura prática política: política é isso!" (Governo federal)


Em meio a esse bombardeio e diária chuva torrencial de informações que, "dá a impressão", não constrói a realidade social com clareza e, "parece", todos os lados estão distantes da realidade nacional cotidiana, mas, enfim, qual deles está com a razão?

Como um bom ser politizado, deve-se aceitar, seria uma afronta ao civismo recusar o meio convite, meio intimação, na essência fragmentadora da sociedade,"de que lado você está?", bem ao estilo Guerra Fria. Jornalões x Jornalecos, PSDB x PT. Não se alinhar a nenhum dos lados pode custar caro do ponto de vista moral e cívico. Pois de que lado você está?

Leituras dos Jornalões

O diário O Estado de S. Paulo de 2 de fevereiro reportou, na seção Economia, página B5, que o Brasil apresenta atualmente as menores taxas de desemprego de sua história e uma das menores do mundo, com 4,6%.

O título da reportagem, que não mereceu o devido destaque do jornal cujas razões não se tratam de nenhum enigma, foi Dilma Festeja Redução do Desemprego, a qual, na versão impressa, trouxe imagem da presidente da república sendo cumprimentada por cidadãos em sua viagem a Castanhal, no Pará.

Tanto quanto o pouquíssimo espaço do Estadão para um dos fatos mais relevantes da história do Brasil, é que além de não ter sido manchete da capa do jornal, foi estabelecido no distante e dos menos lidos cadernos de Economia, o qual poderia, facilmente, ser reportado na seção Nacional, primeiro caderno logo após a capa, os editoriais e o Fórum dos Leitores. O que, sim, valeu chamada de capa, foi Gurgel Vai Enviar Denúncia contra Lula a São Paulo, na página A12. Tal denuncismo valeu espaço maior que o da conquista do governo Dilma Rousseff.

É desnecessário dizer que nenhum editorial do referido diário paulistano comentou as inéditas taxas de desemprego alcançadas pelo país hoje, enquanto criticou (dura e acertadamente, é verdade), a eleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) a presidente do Senado, apontando a orgia parlamentar e presidencial, nada novo em se tratando de Brasil, em Defensor da Ética!.

Já o diário Folha de S. Paulo do dia seguinte, 3 de fevereiro, apresentou como grande manchete do dia Programa Social Consome Metade dos Gastos Federais, cuja reportagem, denotando "louvor" no caderno inicial na página A4, seção Poder logo após os editoriais e o Painel do Leitor, cuja matéria, Metade dos Gastos de Dilma Vai para Programas Sociais, ocupou toda a página valendo inclusive os tradicionais gráficos do jornal, com o assunto estendido às páginas A8 e A9 (páginas dedicadas em sua totalidade ao assunto, gastos sociais do governo federal também com gráficos).

A princípio, dá a impressão que O Estado é o grande e único vilão dessa história, e que a Folha e o governo do Partido dos Trabalhadores, a 10 anos no poder, são os bons moços em meio a toda essa guerra político-midiática - muito longe disso, que reforçaria a difundida e equivocada ideia de que há perseguição midiática contra o PT por que este é eficiente em suas políticas sociais e de combate à corrupção.

A caça às bruxas por parte da grande mídia contra o partido realmente existe, e de maneira muito evidente e sistemática, mas os motivos são outros bem diferentes do alegado pelos militantes petistas e pelos jornalecos que respondem como sua voz oficial.

O Estado de S. Paulo: Fazendo Jus à Falta de Credibilidade

"Em casa que não tem pão, todo mundo grita e ninguém tem razão", diria o profeta cujas palavras se encaixam perfeitamente no jogo "democrático" brasileiro, "desde sempre" e inclusive nos fatos abordados mais acima, tanto por parte da grande mídia quanto da política nacional.

Por parte de O Estado de S. Paulo que realmente exerce perseguição sistemática ao PT, a vertiginosa queda da credibilidade perante a sociedade a exemplo dos grandes meios de comunicação do país, que não é de hoje, além da grave e crescente crise econômica que assola todos os jornais impressos, tem-se evidenciado das mais diversas maneiras por práticas jornalísticas no mínimo muito "exóticas" como a mencionada mais acima, pelo que recebe seguidas manifestações populares, não sem motivo embora nem sempre os leitores reajam e aleguem da maneira mais apropriada.

As mais recentes, emblemáticas e ressonantes reclamações que apontam o nível de credibilidade do Estadão, deram-se na semana do incêndio da boate Kiss na cidade de Santa Maria (RS) na madrugada de 27 de fevereiro, que até o presente matou 237 pessoas: na mesma semana da tragédia, o jornalão conclamou os cidadãos paulistanos a denunciar no periódico casas noturnas que estejam ferindo as leis de segurança. Uma proposta interessante do jornal que recebeu, por parte dos leitores, centenas de ataques, não poucos até enraivecidos, entendendo que se tratasse de oportunismo, sensacionalismo, hipocrisia. Independente de qualquer coisa, tais reações demonstram a que nível anda a "credibilidade" do Estadão.

(Parêntese importante, colocando sério ponto de interrogação na proposta do jornal: dias depois, em 31 de janeiro, ele reportou: "No 1º dia de vistoria, bombeiros de SP reprovam 2 em cada 3 casas da cidade. Das 330 boates vistoriadas anteontem no Estado, 177 não tinham o auto de vistoria ou apresentaram documento com irregularidades" (manchete e a linha-fina). Na primeira metade da reportagem, foi afirmado que "em alguns casos, os problemas apontados são de fácil solução, como luzes de emergência apagadas e extintores vencidos". Pois tais problemas classificados como "de fácil solução" - com este termo dando a conotação de que não se trata de nada grave,praticamente eximindo os envolvidos de responsabilidade - referem-se, por coincidência e obra do acaso, aos mesmos crimes que causaram o segundo incêndio mais mortal da história do Brasil, em Santa Maria, e que tem valido toda a energia midiática dos últimos dias, inclusive a própria proposta justiceira do jornalão mais malhado que Judas em Sábado de Aleluia. Mesmo assim, não se pode afirmar, a nosso ver, que a proposta do Estadão foi oportunista, elaborada no departamento de Marketing ao invés de consciência editorial e cidadã, mas em análise retrospectiva tudo indica que sim, especialmente se levando em conta o histórico do diário. Por outro lado, o teor vazio e precipitado da maioria das críticas à ideia do jornal traz à baila a necessidade da criação de um Observatório do Leitor conforme já sugerimos no artigo abaixo. Que tal? Insistiremos nesta ideia que urge especialmente após as manifestações populares nos mais diversos meios de comunicação sobre o julgamento do Mensalão e agora, por ocasião da tragédia em Santa Maria, um nada novo festival da verborragia: inúmeras argumentações vazias e das mais absurdas, não raras vezes ainda defendendo oportunisticamente interesses político-partidários de determinados "leitores", enquanto acusam injustamente bons escritores. No caso do recente incêndio no Rio Grande do Sul, assim como diversos comunicadores, leitores buscaram pelo em ovo a fim de encarar o ocorrido como mera "fatalidade", muitos enxergaram histericamente fantasmas políticos em artigos muito oportunos, e quando tudo esteve bom demais em matéria de sobriedade, discutiram a questão de maneira totalmente isolada do contexto social e político brasileiro, tudo isso com a tradicional autoridade de sempre dentro do espetáculo do terror que assola diariamente este país - quando se trata dos mais abastados como vítimas, o espaço é bem maior e vale inúmeras homenagens, é claro, até que todo mundo se esqueça de tudo e que venha o próximo capítulo do horror).

Folha de S. Paulo e as Políticas Sociais Maquiadas

Quanto à mencionada reportagem da Folha, traz mais um oportunismo governamental sobre necessárias políticas emergenciais que, além de pobres em sua essência, têm tido caráter definitivo sem ir às causas dos problemas, perpetuando-os e maquiando a realidade brasileira a exemplo do que tem feito em geral o PT nestes 10 anos no Planalto.

O gráfico da página A9 (versão impressa do jornal) apresenta Famílias Beneficiadas com o Brasil Carinhoso (uma das principais políticas sociais do PT, o Brasil Carinhoso complementa a renda de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família, com crianças entre 0 e 15 anos a fim de retirá-las da miséria).

Das famílias beneficiadas pelo programa, revela a Folha, com base no Ministério de Desenvolvimento Social, que:

13.124 são assistidas com R$ 2 extra // 23.116 com R$ 4 // 12.265 com R$ 6 // 35.443 com R$ 8
78.821 com R$ 10 // 153.878 famílias com R$ 12 a 20 // 1.092.528 (topo da lista) com R$ 22 a 98// 618 com R$ 100 a 198
107.296 com R$ 200 a 298 // 23.015 com R$ 300 a 398 // 5.597 com R$ 400 a 498 // 1.124 com R$ 500 a 598
273 com R$ 600 a 698 // 35 com R$ 700 a 798 // 12 com R$ 800 a 898 // 4 com R$ 930 a 1.140

Tais números, seguidos da reportagem Programas São Bem-Sucedidos e Estão em Fase de 'Consolidação', Diz Ministério, revelam mais uma clara política casuísta do PT nesta década de governo, entre equívocos e acertos que o fazem a meia dúzia na troca pelo seis do PSDB que tanto criticou quando oposição, vencendo-o nas três últimas eleições presidenciais sob forte lema de Brasil decente e justo.

Grande parte dos "benefícios" citados acima pelo jornalão atestam, por si mesmo sem maiores esforços matemáticos e/ou científico-sociais, o oportunismo e a ineficácia do Itamaraty. Vale apontar que uma família com quatro crianças é considerada miserável quando subsiste com R$ 70 mensais, de maneira que com os R$ 2 ou com outras módicas somas do Brasil Carinhoso, milhares de famílias, segundo o cômputo oficial, deixaram de viver na miséria em tese - 16,4 milhões nos últimos sete meses que faz o governo comemorar, conforme reportou a Daniel Carvalho na página A8 da Folha, 13 Mil Famílias Deixam a Lista da Miséria após Extra de R$ 2.

E acrescenta: "De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, há ainda cerca de 600 mil famílias na extrema pobreza em todo o país. Antes do lançamento do Bolsa Família, em 2003, havia 8,5 milhões de famílias nessa situação segundo a pasta".

Mais uma nanopolítica, ineficiente, absurda a qual, se não bastasse, é recheada de marketing político e, na prática, não melhora a situação do brasileiro em sua essência mas faz do tamanho da economia uma bolha cheia de números, especulações, assistencialismo permanente ao invés de produção que, mais dia menos dia, estourará e despertará a duras penas os que dormem.

Acrescente-se ainda que o déficit na balança comercial atinge níveis jamais vistos, tanto em números proporcionais quanto absolutos, enquanto o Brasil se perpetua como exportador de commodities (matérias-primas e produtos agrícolas). Neste sentido, há dois anos o país amarga uma das últimas posições mundiais no que tange à produção. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2011, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fechou o ano no paupérrimo patamar dos 2,7%, e em 2012 superou apenas o do Paraguai na América do Sul, com mísero 1%, perdendo assim o posto de 6ª economia do mundo para a Grã-Bretanha.

Em 10 anos, a produtividade da mão-de-obra está praticamente estagnada segundo a Confederação Nacional da Indústria - houve crescimento de apenas 0,6% ao ano entre 2000 e 2010, contra 6,9% de Taiwan, 6% da República Tcheca, 5% dos Estados Unidos, 4% da Finlândia e 1,2% da hoje crítica Espanha (dados: O Estado de S. Paulo, Maus Augúrios, 15 de janeiro de 2013, versão impressa).

"'Com R$ 2, não dá para comprar nem meio quilo de frango. Comprei um coco hoje com R$ 2', afirma Luiza Sousa
[mãe de quatro filhos], desempregada em Dermeval Lobão, no Piauí" (abertura da reportagem de Daniel Carvalho).

A senhora Luiza é mais uma que, segundo a "revolucionária política social" do PT, "deixou de ser miserável".

Casuísmo na "Revolução Social" do PT

Enquanto políticas assistencialistas, bem elaboradas, são fundamentais em nações com índices de desigualdade como o Brasil, desde que sejam medidas emergenciais e não definitivas como em grande parte tem sido o caso deste país, o Partido dos Trabalhadores tem primado pela maquiagem da realidade baseada em discursos ufanistas, inclusive ao justificar a (existente) perseguição que sofre por parte da mídia predominante (os motivos não são aqueles alegados pelos petistas).

Tal necessidade social em contraposição às nanopolíticas, inacabadas trompeteadas pelo PT são evidenciadas pelo Bolsa Família e Brasil Carinhoso, e podem muito bem ser também comparadas ao sistema de cotas raciais a negros, índios e pardos, e a ex-estudantes de escolas públicas nas universidades.

Este foi o tema abordado pela revista Fórum de janeiro, reproduzindo do Caderno de Pensamento Crítico Latino-Americano (CLACSO) o Seminário 10 Anos de Ações Afirmativas: Conquistas e Desafios, organizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO) em parceria com o Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

O Seminário, que ponderou os benefícios das cotas nas universidades e considerou tais ações afirmativas "vitórias e conquistas dos movimentos sociais brasileiros, em particular dos movimentos negro e indígena", acabou não abordando a omissão governamental em investimentos em educação, em um país que segue sendo durante todos os anos de PT último em todo o mundo em investimentos em educação, com 5,1% do PIB, com altos índices de analfabetismo que nos colocam à frente apenas da Bolívia na América do Sul - segundo números oficiais, 30% entre analfabetos plenos e funcionais, mas é certo que este número seja bem maior.

Outro fato importante neste sentido, é que tais números avançaram de maneira ínfima nos anos de PT no governo federal. Com tudo isso, após quase uma década de cotas nas universidades não investir consistentemente em educação, enquanto "especialistas" nem sequer colocam tais fatos catastróficos em discussão (não se deveria esperar que os políticos fizessem isso), é no mínimo excesso de incompetência (ou defesa de "algum" interesse? Pois é).

A referida revista tampouco discutiu um programa que deveria ser emergencial, hoje estabelecido com caráter definitivo devido justamente à falta de investimentos em educação (sobretudo fundamental e médio) do governo federal e de políticas eficientes em favor da inclusão social: mais investimentos em cultura, opções de esporte e lazer às classes menos favorecidas, tema que deságua em uma discussão mais ampla a fim de superar a discriminação, enraizada na sociedade: atuação menos agressiva e mais justa, preventiva da Polícia, reforma no sistema Judiciário a fim de ser mais equânime, e a próprio marco regulatório para a mídia, respeitando regiões e minorias, tudo isso a fim de efetivamente modificar a estrutura discriminatória do Estado brasileiro.

A omissão estatal em relação às propostas acima são a razão (e a resposta) da consideração do Seminário:

"(...) A necessidade de se formularem políticas que visem a garantir condições de acolhimento
e apoio psicopedagógico para que os estudantes cotistas possam acompanhar os cursos.

"(...) Significativo choque entre os estudantes que ingressem pelas cotas e a cultura universitária.

"(...) Outro tema importante é a flexibilização curricular. Exemplos dessa necessidade são as
dificuldades com disciplinas como cálculo, nas exatas, e leitura e interpretação de textos nas humanas.

"(...) Outro motivo que é a visão estigmatizante que recai sobre sobre os cotistas, que existe e não deve ser negada.

"(...) É preciso, inclusive, combater firmemente as diversas formas de racismo e
discriminação que ainda se manifestam no cotidiano das universidades [grifo nosso]".

Está aí mais um triste exemplo da surpreendente capacidade do brasileiro em se discutir fatos complexos de maneira isolada (como foi o caso da tragédia em Santa Maria, e assim é de injustiça em injustiça, de horror em horror neste país). É verdade que páginas antes, na matéria A Violência que Tem Idade e Cor, a revista Fórum abordou o investimento em educação como importante fator na superação da discriminação e inclusão social na sociedade brasileira, mas nada específico ao tema trazido da CLACSO/FLCSO, isto é, as cotas nas universidades, e nem sequer discutiu a omissão dos governos Lula e Dilma nesta área.

O Brasil é mais uma vez reprovado pelos órgãos internacionais de direitos humanos: em seu Informe Anual' 2012, a Anistia Internacional condenou diversas questões em que o Estado brasileiro fere os direitos humanos, inclusive as medidas da presidente Dilma Rousseff que favorecem o extermínio contra os indígenas. A política de cotas nas universidades, perante esta cruel realidade, é mais uma grande hipocrisia governamental.

E em meio a essa "revolução social" petista perseguida pela grande mídia, onde está a tão prometida, esperada e urgente reforma agrária? Os jornalecos muto poucos se recordam hoje desse detalhe que tanto cobraram, em altíssono com o PT, dos governos anteriores.

No que diz respeito ao vácuo na política das cotas raciais e a ex-estudantes de escolas públicas nas universidades, tema apresentado pela Fórum, é exatamente esta lacuna o motivo de um dos pontos da própria discussão do Seminário que abordou a dificuldade de alunos universitários cotistas em acompanhar adequadamente o ritmo das aulas. Políticas insuficientes possuem resultados ineficientes.

Durante a implementação deste importante sistema inclusivo, que remonta aos primeiros anos do governo Lula (2003-2011), dever-se-ia qualificar os ensinos primário, fundamental e médio, proporcionando às classes menos favorecidas futuras condições (tal futuro já deveria ter sido antes de ontem) de competir nos vestibulares com igualdade de condições por vagas nas universidades estaduais e federais, sem necessidade das cotas (as quais, de certa forma, dentro de sua urgente importância, acabam acentuando a segregação étnica), e em condições de se formar no mesmo nível de colegas não-cotistas.

Mas não é nada disso o que tem acontecido: o governo Fernando Henrique (1995-2003), tão combatido pelo PT hoje, destacou-se pelos investimentos no ensino básico. Já o governo Lula, que se orgulha de ter fortalecido o ensino universitário, criou o mito da criação das 14 universidades em que, na maioria dos casos (10, para sermos mais exatos) simplesmente assinou papeis transformando faculdades em centros universitários, em grande parte tão caoticamente abandonados quanto antes (a esse respeito, leia matérias da revista Veja e do jornal O Estado de S. Paulo).

O Observatório da Imprensa reportou em janeiro a situação vergonhosamente precária da Biblioteca Nacional, enquanto o jornal O Estado de S. Paulo, no mesmo mês, reportou que Em 72,5% das Escolas Não Há Biblioteca; Lei Prevê Obrigatoriedade até 2020. Casos emblemáticos no que diz respeito ao oportunismo e à retórica petista, bem distante da realidade educacional e cultural deste país.

Outros grandes marcos na vazia e eufórica política de propaganda petista, é o recuo nas taxas do Risco Brasil, o fato de o Brasil ter supostamente avançado de categoria na classificação de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), de ter saldado a dívida com o FMI alegando que, assim, o país está livre da dívida externa, o que até hoje é ampla e equivocadamente aceito e as justificativas para as alianças que, segundo o partido, indicam amadurecimento democrático.

Grande importância o governo federal, desde os tempos do presidente Lula, tem dado ao recuo das taxas do Risco Brasil, algo meramente especulativo, dados muito relativos como explicou Hélio Duque, doutor em Ciências, área econômica, pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Ao mesmo tempo, ignora-se dados bem mais práticos, como os divulgados por Doing Businness do Banco Mundial, o qual analisa países mais propícios para se fazer negócios e, em novembro de 2010, colocou o Brasil em 127º lugar dentre os 183 da lista, o que demonstra queda em relação ao ano anterior, quando ocupara a 124ª posição, bem como quando comparado a 2007, na 121ª.

Sobre o mito (mais um) alardeado por diversos setores pró-governistas, conforme abordamos em Oito Anos e Meio de PT e Seis Por Meia Dúzia no Brasil, nesta seção:

"O Brasil saiu da categoria de países com médio IDH subindo para a dos classificados com alto índice, o que não representa nenhum avanço prático: até 2006, a ONU dividia os países da listagem em três subdivisões, Alto (63 países), Médio (82) e Baixo (30). A partir de 2007, houve acréscimo de uma categoria, ficando desta maneira: Muito Elevado (42), Alto (43, alguns classificados como Alto na antiga listagem, como Argentina e Chile, e outros Médio como o Brasil), Médio (42, permanecendo alguns do Médio anterior), e Baixo
(42, subdivisão composta por países que já compunham essa mesma subdivisão anterior).

"Portanto, não se pode dizer que o Brasil subiu um degrau no que diz respeito ao IDH de 2007 para cá, mas sim que a ONU aumentou
um deles mudando os nomes dos dois primeiros, e que o Brasil se manteve na segunda subdivisão, onde sempre esteve. Argentina
e Chile, com melhores IDH da América Latina há anos, crescendo continuamente nesta avaliação, saíram em 2006 da primeira
subdivisão para a segunda, o que não implica, por isso, em queda do seu IDH, muito pelo contrário: apenas melhoraram seu
índice proporcionalmente, e nem significa que diminuíram a distância em relação ao Brasil - a aumentaram."

No caso da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o mito de o Brasil estar livre de dívida externa e ter se tornado mais soberano, não se menciona dois pontos fundamentais:

O Brasil é muito mais devedor de bancos internacionais (entre grandes bobagens governamentais, financiaram agentes internacionais que se instalaram no país à época ditatorial, 1964-1985, e toda a estrutura de manutenção do regime militar; portanto, a dívida externa está longe de ser liquidada).

E o governo Lula, nas palavras de Maria Lucia Fatorelli, em entrevista à Gabriela Moncau para a revista Caros Amigos em janeiro:

"Pagou a dívida financeira de 4% antecipadamente [ao FMI] - e, diga-se de passagem, para pagar a dívida com o FMI foram emitidos
títulos da dívida interna, que na época pagavam juros de 19,3%. Então, não pagamos a dívida. Ela meramente mudou de mãos,
deixamos de dever ao FMI para dever aos detentores dos títulos da dívida interna.
 
"Então, financeiramente, foi um dano. E politicamente: no dia do pagamento ao FMI, o [Antônio] Palocci, que era ministro da Fazenda, publicou na página do Ministério uma declaração formal. Uma carta dizendo que o pagamento não significava a desvinculação ao
inciso tal do estatuto do FMI, ou seja, todo o direito do FMI de monitorar a economia, ter acesso aos dados, etc., prevalecia.

"A partir de 2005, o tesouro nacional começou a resgatar antecipadamente títulos da dívida externa, e pagando ágio.
É inacreditável pagar uma conta antes do vencimento, e ao invés de pedir desconto, pagar ágio."

Tudo isso além das alianças políticas totalmente contraditórias do ponto de vista ideológico, histórico e com políticos emaranhados em escândalos de corrupção: aliança a Paulo Maluf em São Paulo; indicando atualmente Renan Calheiros (PMDB-AL) para presidir o Senado, quem renunciou ao mesmo cargo em 2007 para não ser cassado devido a denúncias de peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos, crimes que hoje voltam à tona no Ministério Público Federal; e em um passado próximo apoio para que José Sarney presidisse também o encardido Senado brasileiro (vale recordar que Sarney presidiu a Arena, partido da ditadura militar, investigações contra cujo regime Lula se opôs sob o sábio argumento que "passado é passado", contrariando, assim, sua postura histórica e seus eloquentes discursos nas mais diversas campanhas políticas, inclusive nas que lhe garantiram eleição e reeleição presidencial).

O argumento petista para defender tais orgíacas alianças é a "governabilidade". Desta maneira, além de toda a vergonha contida nas práticas em si, elas fazem do Estado o fim e da sociedade um meio (de manutenção de poder, sobretudo), cujos interesses desta deveriam ser priorizados pelo governo, não a estabilidade do poder a qualquer custo e a segurança político-partidária - este caso se trata de mais uma grande evidência do nível do raciocínio democrático do Brasil, de sua prática nefasta e do personalismo político.

Enfim, para o fato de que o PT hoje se alie a quem tanto combateu quando era oposição, não há justificativa plausível, a não ser recordar as palavras de Heloísa Helena: "o poder não corrompe as pessoas, apenas as revela!".

Realmente, os governos Lula e Dilma diminuíram a subserviência do país em relação aos ditames de Washington, fortalecendo as relações com os países em desenvolvimento e tomando decisões mais sóbrias (o apoio à elevação da Palestina para a condição de Estado na ONU é o exemplo mais recente). Outro fato muito importante a esse respeito é a velha Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), hoje totalmente descartada (em 2005, engavetada por seus próprios criadores).

Tal necessária postura vai, por um lado, totalmente conta a posição dos governos de 1964 a 2002. Por outro, na prática tal "independência" é também muito retórica já que as remessas de lucros ao exterior batem recordes históricos (mesmo considerando valores proporcionar; sobre isto, leia A Irregenerável Mídia Brasileira, mais abaixo, com dados oficiais e precisos).

Outro fator que vai contra a retórica independentista do atual governo é o que tem revelado WikiLeaks: em reuniões privadas, bem "privadas" (entenda como quiser), de embaixadores estadunidenses com nossos "representantes" (inclusive ele, José Dirceu, chamado por um embaixador norte-americano, em um de seus telegramas aos EUA, de "camaleão, cruel e brilhante"), sendo que estes não são em nada semelhantes ao grito de Dom Pedro I às margens do Ipiranga, muito pelo contrário, com o pires na mão - e abanando o rabinho, tudo isso confirmando, em segredo, as evidências nuas e cruas dos números e da realidade à vista de todos (leia a maior cobertura nacional sobre as revelações de telegramas secretos emitidos pelos embaixadores dos EUA aqui no Blog, com traduções inéditas o Brasil).

Vale recordar também que ele, o presidente George Bush (2001-2009), tinha no presidente Lula um de seus grandes parceiros na América Latina enquanto nossos vizinhos Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela, realmente se opondo ao imperialismo da Casa Branca e de maneira muito eficiente - avançando sobretudo em cada um dos pontos sociais colocados mais acima (bem como na democratização da Imprensa que será discutida mais abaixo) -, sofrem represálias de Washington não por terem menos "habilidade política" que o PT, mas sim por não serem ambíguos como o PT.

Sobre as taxas de desemprego, menores da história do Brasil, motivo de elogio justa comemoração do governo Dilma Rousseff, trata-se de ponto positivo porém deve ser relativizado principalmente dentro da ideia passada de "revolução social", pelo simples motivo que as condições do trabalho no país seguem tão precárias quanto sempre foi, e os três mandatos presidenciais petistas não fizeram rigorosamente nada para mudar este tenebroso quadro, conforme abordamos em A Irregenerável Mídia Brasileira, aqui em O Brasil no Espelho:

"(...) Segundo o professor do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, o crescimento de vagas de trabalho na última década “se concentrou na faixa de até dois salários mínimos, o que aquece o mercado de trabalho com baixos salários e, consequentemente, em condições muito precárias” (fonte: revista Caros Amigos, maio de 2012, página 20).

"(...) O salário mínimo brasileiro é menor que o paraguaio, mesmo em números absolutos estando quase quatro vezes aquém do recomendado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cujos cálculos estipulam R$ 2.300 como o mínimo para que um trabalhador deveria ganhar para sustentar sua família.

"Nos anos de 1990, a taxa média de trabalhadores com carteira assinada era de 40%. Na década de 1980, 60%. Hoje, esse índice é de 55% (ibidem), o que não pode ser chamado de revolução no campo do trabalho, menos ainda se levarmos em conta que a precarização das condições de trabalho se acentuaram nos últimos anos, atingindo níveis alarmantes de acidentes: em 2001, último ano de Fernando Henrique Cardoso na presidência da República, o número de acidentes de trabalho foi de 340 mil em todo o país; em 2007 este índice deu um salto para 653 mil, e em 2010 os acidentes atingiram, segundo o Ministério da Previdência, 720 mil trabalhadores
(fonte: revista Caros Amigos, outubro de 2012, página 16)."

Conforme reportamos em Oito Anos e Meio de PT e Seis por Meia Dúzia no Brasil,

"(...) Com todas as crises e fracassos políticos, sociais e econômicos de Fernando Henrique, o número de pobres durante
seus oito anos de governo caiu em 5 milhões segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

"Isso é importante notar por dois motivos: quando Lula assumiu a presidência, o Brasil saía de séria crise mas já vinha em uma crescente no combate à pobreza (veja gráfico), e não levando isso em consideração muitos costumam aplicar números de combate à pobreza
ao atual governo a partir de dados do ano de 1990 ou dos primeiros anos daquela década, em que o Brasil atingia níveis de miséria alarmantes comparando-os aos de hoje, como se Lula tivesse sido o presidente naqueles anos em que já se combatia a pobreza."

Portanto, entre retrocessos e avanços, a revolução que o PT alega ter promovido no Brasil é uma miragem no deserto - ou, sem eufemismos nem poeticismos, trata-se de uma grande mentira, para sermos diretos.

E Dá-Lhe Jornalecos!

A revista Fórum, amplamente patrocinada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), órgão este de posse de Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu, José Genoíno entre outros homens fortes do PT, publicou o Seminário da FLACSO/Uerj, profundamente elogiosa à política das cotas, mas a revista não escreveu nada que pudesse ao menos ser acrescentado ao que reproduziu da CLACSO. Por quê?

Trata-se de uma bela revista, mas se acredita que o governo federal é eficiente na área da educação, algo está errado sob aval dos números e dos fatos nus e crus do dia a dia.

O diário digital Correio do Brasil, do Rio de Janeiro - que teve recentemente como colunistas José Dirceu e Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT e réu confesso da arrecadação ilegal de verbas para a primeira campanha presidencial de Lula, expulso do partido por isso), sem nenhuma voz contrária a eles com espaço no diário "politizado" -, tem produzido reportagens escancaradamente partidárias, tendenciosas, usando também de jogo de palavras para pichar injustamente os "inimigos" (PSDB-DEM e grande mídia), e ultimamente tem usado de termos que se enquadram no que temos chamado em nossos recentes artigos de esquizofrenia democrática os quais, além do mais, muitas vezes são aplicados fora de ocasião quando lemos os títulos da reportagens e seu conteúdo, em contraposição à presente e também evidente histeria justiceira dos seus "inimigos", a ala mais conservadora do país:

Ódio da Mídia Conservadora Aumenta após Encontro entre Dilma e Franklin Martins: publicada em 30 de janeiro, a reportagem que usa o termo ódio no título aborda a representação do PSDB entregue à Procuradoria-Geral da República contra a presidente Dilma, por seu pronunciamento sobre a redução da tarifa de energia, acusando-a de fazer propaganda política.

O diário carioca dá toda a voz as versões petistas e opina de acordo com elas em mais uma matéria pouco embasada. E nada ao longo da matéria caracteriza ódio de nenhum setor, nem da mídia conservadora contra quem quer que seja.

No final dela, aborda a regularização da mídia e o projeto de lei do ex-ministro da secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, para desconcentrar os veículos de comunicação, medida há muito defendida pelo próprio periódico. Porém, como sempre, o Correio não discute o porquê de Dilma se posicionar contrária à tal regulamentação, e nem sequer reporta que isso ocorra.

Em outra reportagem em 9 de janeiro, na qual o Correio abordou a possibilidade de o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, investigar a participação do ex-presidente Lula no esquema chamado de Mensalão, sob o título Gurgel Favorece Oposição com Declarações sobre Lula. Mais um título com reportagem que deixam clara a partidarização do mencionado diário, uma tentativa de polarizar a sociedade. Vejamos como a reportagem é aberta:

"Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel deu mais um passo na direção desejada pela oposição às esquerdas no país
[grifo nosso] ao afirmar que pensa em enviar à primeira instância o depoimento do operador do 'mensalão', Marcos Valério de Souza,
no qual ele acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de usar recursos do esquema para pagar despesas pessoais."

Se a decisão do procurador-geral relacionando Lula ao Mensalão é tão absurda conforme denotam o Correio e todos os jornalecos deste país, por que passar tão distante dos fatos em si que envolvem tudo isso recheados de verborragia, ao invés de apresentar, de maneira sólida e sóbria, os motivos cabais que, supostamente, sustentariam sua tese e levariam os leitores a concordar com eles?

Andando no esquizofrênico círculo da eterna perseguição para tudo o que liga o PT a má administração e corrupção, apenas reforçam e até mesmo criam novas suspeitas devido à pobreza das vozes oficiais midiáticas do partido, e afastam leitores dos jornalecos (oxalá afastem eleitores de toda essa orgia, também).

Emir Sader, um dos mais influentes militantes petistas, partido ao qual é filiado, possui blog na Agência Carta Maior onde, quando ficam difíceis as explicações para traquinagens do governo federal, trata de assuntos latino-americanos, geralmente, ou até europeus e norte-americanos. Seu espaço exerce também agressiva patrulha a críticas ao governo do PT, ainda que parta de adeptos de visões progressistas, as quais o próprio sociólogo defende, em tese.

Há muito tempo, suas defesas político-partidárias (Sader, defensor da regulação da mídia, é declarado militante petista e apoiante dos governos Lula-Dilma venha o que vier) são em grande parte vazias, sem aprofundamento estatístico e factual como, por exemplo, no artigo comentando os 10 anos de PT no governo federal.

Antes, em 13 de julho de 2011, de maneira igualmente vazia apenas espalhou ódio e fragmentação social ao publicar Os Otavinhos onde, ao invés de criticar a essência das políticas que enxerga equivocadas, menciona de maneira totalmente debochada as classes paulistanas mais favorecidas que apoiam o PSDB.

Em 15 de novembro último, escreveu o artigo São Paulo Precisa de um Banho de Democracia, novamente recheada de argumentos (no que Sader é realmente bom), porém sem fatos, sem dados estatísticos, apenas acirrando ânimos e rivalidades regionais.

Tudo isso uma partidarização da mídia que vai na contramão total da mídia que o próprio Emir Sader defende em sua velha retórica democrática: regulada e imparcial. O mencionado sociólogo tem todo o direito de fazer militância política, mas que a exerça no partido. Em seu último artigo, publicado em 9 de fevereiro, A Imprensa Brasileira Não É Democrática, inclui seu blog na crítica ou ele pode usar o espaço para fazer militância, pelo simples motivo de supostamente ser progressista e avaliar sua ideologia a mais apropriada? É em favor desse tipo de "prática jornalística" que Sader defende a regularização da Imprensa brasileira? Pouca hipocrisia é bobagem...

Tal "progressismo" de Sader, "democrático é tudo, e apenas aquilo que defenda nosso partido e visão de mundo", algo muito bem representado por outros jornalecos e pseudo-intelectuais, acaba em regimes que a história conhece muito bem, e de maneira extremamente triste. E como se pode observar nos comentários em seu blog, a exemplo dos jornalões tampouco o referido sociólogo está com credibilidade perante grande parte dos cidadãos, a não ser entre militantes de seu partido político.

Sobre os jornalecos em geral, entre suas práticas de antijornalismo não são vistos questionando o PT em absolutamente nada, trata-se de um partido, para eles, acima do bem e do mal. Nem cobram hoje o que sempre cobraram dos antecessores, e aquilo que o próprio PT sempre defendeu, sobre cujas bases se elegeu e reelegeu: limpeza política, transparência governamental, reforma agrária, regulação da Imprensa (este último ponto ainda é defendido, mas timidamente se comparado ao passado, sem exercer nenhuma pressão sobre a presidente e sem noticiar que ela, declaradamente, não o deseja).

Em cada um dos pontos sociais e midiáticos apontados aqui, nossos vizinhos Argentina, Equador, Venezuela, Bolívia estão avançando consideravelmente. No Brasil, os jornalecos, contrariando sua linha histórica, não apontam a ausência de investimento dos governo Dilma em educação, assim como se deu no governo Lula.

Enfim, esses são exemplos de diversos outras publicações e militantes de esquerda que atuam como intelectuais partidarizando a Imprensa, fazendo o mesmo jogo (pró-PT e tendências ideológicas) tanto quanto os jornalões - com o diferencial de os jornalões disporem de menos hipocrisia e de se preocuparem menos com os jornalecos, que vice-versa.

- E então, de que Lado Você Está? - De Nenhum, Sir...

Diferentemente de nossos vizinhos apontados mais acima, a guerra político-midiática no Brasil muitas vezes injusta sofrida pelo PT, partido da demagogia e do marketing, não se dá por questões de avanços sociais que contrariam as classes dominantes, conforme o partido e seus militantes alegam, nem mesmo por questões ideológicas (inexistentes no país que, quando ameaçam sair do papel, revelam sua pobreza e tremenda incoerência).

Tal perseguição (em menor intensidade do que argumentam petistas e jornalecos, que a usam muitas vezes como subterfúgio para seus destinos), dá-se, isto sim conforme já abordamos no artigo O Atoleiro Sistêmico, mais abaixo, simplesmente por que no governo federal está o partido que exerce histórica oposição aos partidos de estimação da grande mídia, os quais contêm ainda seus sustentadores, PSDB e DEM (o PMDB também faz parte disso, mas por estar "aturando" o PT devido à atual aliança repleta de toma-lá-dá-cá, mantém-se mais em silêncio e apenas por isso a oposição midiática ao PT não é ainda mais suja).

Perante todo este nebuloso cenário político-midiático, ao não promover a reforma política e o engavetamento do projeto de democratização da mídia em 2004 pelo então presidente Lula por pressão da grande mídia e dos setores mais conservadores da sociedade, desta maneira contrariando as promessas de campanha do PT, o governo federal prova do próprio veneno, vítima de sua omissão e de seu indisfarçável jogo de interesses muito distantes do Brasil Decente, lema que valeu as três vitórias presidenciais do PT.

Por tudo isso, conforme temos insistido, jornalões, jornalecos, PT, PSDB e DEM, duas faces de uma mesma moeda enferrujada. A velha farinha do mesmo saco que já transbordou, uma feroz briga de cachorro grande pela usurpação do poder.

Passou da hora da sociedade acordar, fazer e acontecer e também deixar de ser nocivamente, amestradamente "partidária", ou terá sempre tanta razão em reclamar da conjuntura nacional quanto os jornalecos têm em acusar as intenções e as práticas jornalísticas dos jornalões, estes em acusar o PT exatamente por aquilo que seus políticos de estimação sempre fizeram (e de maneira até mais grave), e o PT em reclamar dos demotucanos e dos jornalões... Ufa! Nunca é demais alertar: salve-se quem puder!

Neste cenário, que falta para uma reforma política e midiática no Brasil? Um governo sério, realmente comprometido com o país e não com o poder, e uma sociedade igualmente comprometida com sua vida política, que exerça sua cidadania, que assuma seu papel de atriz principal deste palco ao invés de mera coadjuvante, submetida ao Deus-dará, ou aos políticos-darão. Ou seguiremos reféns do salve-se quem puder, torcendo para que a desgraça não bata à nossa porta amanhã, pois a realidade brasileira é totalmente distinta da pintada pelos políticos e vendedores de notícias a consumidores de informação perdidos em um país agroexportador, e concentrador de renda como poucos no mundo que muito pouco avançou nesta última década.

Esta é nossa realidade, doa a quem doer.


LEITURA DE EL PAÍS
Ativismo Espanhol e as Lições Nunca Aprendidas no Brasil
 
Sociedade espanhola, com histórico de fortes investimentos em educação e 22ª na lista de combate à corrupção, enxerga a realidade e manifesta-se; o Brasil, 69º na lista e último em gastos com educação, tem sociedade inerte e dessituada perante caos sócio-político

Publicado no Observatório da Imprensa

Republicado pelo Portal Inter-Jornal Notícias

Janeiro de 2013


O diário El País da Espanha deste domingo, 13, reportou nas páginas 10 e 11 (versão impressa) que "96% dos espanhois acreditam que a corrupção na política é muito alta. Os cidadãos querem um pacto do Estado, mas não o enxergam viável".

Dos cidadãos pesquisados, 95% referiam-se ao governista Partido Popular (PP) do presidente Mariano Raroy, enquanto 97% criticaram duramente o Partido Socialista Operário Espanhol, ambos os principais partidos daquele país.

E continua reportando o diário de mais um país europeu que mergulha em profunda recessão econômica, onde, porém, a corrupção é considerada baixa dentro do cenário internacional (segundo o Transparency International, a Espanha está em 30º lugar no que diz respeito a estados menos corruptos do mundo dentro de um conjunto de 172 países analisados pelo órgão - a título de comparação, a França ocupa o 22º posto, e Uruguai e Chile, 20º ambos):

"A impressão que têm os cidadãos sobre a corrupção política desenha um negro panorama no qual há cada vez mais casos e, o que é mais negativo, onde existe impunidade quase absoluta.

"63% acredita que tem crescido a corrupção política; 54% garante que é superior a de outros países e até 95% desconfia das intenções dos partidos e da eficácia da Justiça a fim de combatê-la.

"95% dos pesquisados denunciam que os partidos tendem a tapar e proteger seus militantes corruptos em vez de denunciá-los e expulsá-los.

"Se neste momento houvesse eleições, o índice de participação estimada estaria entre 60% e 62%, isto é, entre 10% e 12% pontos menos em comparação às eleições gerais de 2011.

"A conclusão é que 88% reprova os atuais partidos que defendem seus interesses e problemas ao invés dos da sociedade; 81% garante que acreditam criam mais problemas que resolvem, e 72% lamenta que sinta aos pactos mais como fraqueza que como fortaleza".

Alguma semelhança da visão dos cidadãos espanhois com o cenário político brasileiro?

Brasil: As Lições Nunca Aprendidas

Temos no Brasil todos os motivos para indignação, no mínimo, igual à dos espanhois. Antes de mais nada, nosso país piora ano a ano no quesito corrupção tanto para a Organização das Nações Unidas (ONU), quanto para o Transparency International: segundo este organismo, o Brasil, em queda livre nos últimos anos, ocupa hoje o inglório 69º lugar no combate à corrupção, atrás de países como Gana, Lesoto e Arábia Saudita situando-se, assim, na metade de uma lista que inclui estados como o Afeganistão, Chade e Somália). Temos uma Imprensa completamente parcial: jornalões e jornalecos mudam apenas a tendência política, a histeria justiceira conservadora versus a esquizofrenia democrática "revolucionária" (na essência, reacionária) enquanto as aulas de antijornalismo são sempre as mesmas.

José Pablo Fernández, analista do jornal El País, comentou o quadro sócio-político de seu país na página 11 neste mesmo domingo, em cima da mencionada pesquisa:

"(...) Os cidadãos propõem, além disso, possíveis medidas para combater a corrupção que passam desde agilizar a Justiça na investigação destes casos, até não votar nas listas que incluem candidatos acusados de corrupção".

Que dizermos no Brasil do Poder Judiciário em relação à morosidade e à impunidade (em relação aos mais poderosos)? E se não bastasse todo esse infortúnio, ultimamente rendido ao espetáculo midiático e às vaidades decorrentes dele.

Fernández segue: "Pesquisa após pesquisa, os cidadãos continuam reivindicando a necessidade de um grande pacto nacional entre os principais partidos políticos a fim de enfrentar a atual crise econômica (...).

"Sua preocupação em resolver interesses partidários antes dos nacionais, sua capacidade de criar problemas antes de resolvê-los e sua incapacidade de chegar a acordos em questões importantes são características que, segundo a ampla maioria dos cidadãos, definem nossos atuais dirigentes.

Perante a constante desaceleração econômica que o Brasil vive, cujas administrações Lula e Dilma têm apostado no crescimento econômico apoiado na financeirização e em políticas assistencialistas (necessárias apenas como paliativo, não como medidas definitivas), ao invés da plena distribuição de renda e na industrialização, perpetuando-se como exportador de commodities fazendo de tal crescimento uma grande bolha a estourar mais uma vez no futuro, é possível sequer mencionar um pacto entre nossos partidos pelo país, os quais não mantêm a menor coerência ideológica e, como consequência, nas alianças locais, estaduais e nacionais costurando-se das maneiras mais desavergonhadas, e degladiando-se oportunisticamente por interesses próprios tudo isso fazendo do sistema político brasileiro um dos mais atrasados do mundo? Para nem se estender na questão das campanhas eleitorais, uma verdadeira prostituição em forma de política.

Exemplo mais recente e emblemático da escancarada prostituição política, é a concessão de passaporte diplomático ao pastor evangélico da Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago de Oliveira, e à sua esposa Franciléia de Castro Gomes de Oliveira, por parte do Ministério das Relações Exteriores (tal pastor é aquele mesmo que, entre tantas famosas traquinagens, vendeu em sua igreja o martelo da justiça de Deus aos fieis, em sua maioria das classes mais pobres, por mil reais).

Em novembro de 2011, o fundador e líder da Igreja Internacional da Graça de Deus, pastor Romildo Ribeiro Soares, e sua esposa Maria Magdalena Bezerra Soares, também haviam sido agraciados com tal "bênção" diplomática: na campanha eleitoral de 2010, as lideranças evangélicas, que manobram grandes massas retirando delas a consciência cidadã através da deturpação do Evangelho, apoiaram fortemente a então candidata à presidência, Dilma Rousseff (veja vídeos da campanha evangélica por Dilma, melancólica lavagem cerebral, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).

Naquela campanha, houve líder de 27 mil pastores que, da maneira mais patética possível, colocou Dilma como o apóstolo Paulo do século XXI em programa de rádio, em cadeia nacional (veja vídeo aqui).

Perante isso tudo, abuso inominável, nada politicamente mais correto hoje, é claro, do que conceder privilégio nas filas dos aeroportos de todo o mundo além de obtenção de vistos mais facilmente aos líderes gospel, donos de verdadeiros impérios que comercializam toda a sorte de tralha religiosa recebendo regalias do Estado, transformados pelo governo agora em figuras diplomáticas que nada acrescentam ao interesse público - muito pelo contrário, deveriam antes de mais nada passar a prestar contas e muitos responder na Justiça pelos gravíssimos crimes que cometem -, enquanto ativistas por direitos humanos no país mal são ouvidos, quando não são mesmo torturados e mortos.

(Denúncias de ex-pastores sobre aliança politicamente corrupta entre lideranças religiosas e políticas, um lado apoiando-se no outro, além de lavagem de dinheiro, espancamento contra inimigos e tráfico de drogas envolvendo famosos pastores evangélicos, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui. Não deixe de assistir vídeo: Programa do jornalista Roberto Cabrini: Sérias denuncias de diversas testemunhas contra líder da Assembleia de Deus, Marcos Pereira, por enriquecimento sobre tráfico de drogas, participação em vários crimes, abuso sexual contra mulheres, esposas de fieis, e crianças que testemunham chorando, práticas de violência contra crianças e ordenação de execução de pessoas que "sabiam demais" sobre tais casos. Leia no Observatório da Imprensa: Os Espertalhões da Fé, onde Luiz Cláudio Cunha comenta a venda milionária de horários das emissoras de TV a líderes religiosos).

Tudo isso nada mais é que o secular e nocivo apoio da política sobre a religião, para nem se estender no caso da Universidade Presbiteriana Mackenzie que, em 2003, perdeu o certificado de entidade filantrópica (a exemplo de diversas outras universidades brasileiras), já que havia repassado ilegalmente fundos à entidade-mãe, a Igreja Presbiteriana, a mesma do líder mencionado acima,que classificou Dilma como apóstolo do século - escândalo de corrupção que não obteve a devida cobertura por parte da Imprensa (a maioria dos brasileiros nem sabe que isso ocorreu), nem os envolvidos foram punidos na Justiça justamente acobertados pela histórica aliança entre política e religião corrupta.

Sobre o interesse partidário sobre o societário, vale apontar a omissão da presidente Dilma no que diz respeito às leis de Imprensa: seu silêncio a esse respeito se deve à alta popularidade e à velha máxima política maquiavélica, em time que está ganhando não se mexe, pouco importando as necessidades do país fazendo com que seja, no final das contas, o próprio governo e seu partido vítima do veneno político desta omissão (levando também à velha guerra jornalões x jornalecos que temos mencionado neste espaço, além de todos os agravantes já conhecidos).

O analista do diário espanhol aponta também o ideal aliado ao realismo da sociedade de seu país: "Contudo, mostram-se pessimistas [seguindo-se a presente realidade, grifo nosso] que este entendimento se converta em prática, principalmente porque a elite política espanhola não está à altura do que demandam as atuais circunstâncias".

Tal realismo tem levado os espanhois às ruas em manifestações pacíficas sobretudo através do movimento Democracia Real Já, especialmente desde que a crise financeira estourou no país em 2011, somada ao inconformismo social pelo apoio do governo local às invasões norte-americanas ao Afeganistão e Iraque.

Para não ir muito longe e se adequar um pouco mais à nossa realidade, na vizinha Argentina a sociedade se manifesta pacífica e intensamente há anos por justiça em relação aos ex-ditadores militares (1976-1983), os quais estão sendo cada vez mais condenados - o ex-presidente Rafael Videla cumpre prisão perpétua em cela comum por crimes de lesa-humanidade, os mesmos que a Organização dos Estados Americanos e todos os órgãos de direitos humanos, nacionais e internacionais, acusam a ditadura militar brasileira (1964-1985) onde nada acontece sobre esta questão e o que realmente ocorreu nos 21 anos sob mandos e desmandos ditatoriais, ainda são um grande mistério (sobre isto, filosofou em sentença absolvente o ex-presidente Lula: "passado é passado").

Entre diversas outras conquistas do povo argentino, consciente de sua realidade daí apto para mudá-la, em dezembro de 2001/janeiro de 2002 derrubou à base de panela nas ruas cinco presidentes em 23 dias.

A realidade da economia (altamente especulativa, com inaceitáveis remessas de lucro ao exterior sem capacidade de distribuir efetivamente a renda da 6ª maior economia mundial), das práticas de corrupção enraizadas em nosso sistema político e em nossa própria sociedade, dos índices de violência, dos baixíssimos investimentos em educação, das sofríveis condições de saneamento básico e moradia, do abandonado sistema prisional que aprimora bandidos, do sistema público de saúde e do trabalho, cada um desses pontos colocados com dados estatísticos oficiais em nossa última análise (10 Anos de Retórica Petista e a Irregenerável Mídia Brasileira, mais abaixo), somado ao abordado mais acima são belos motivos para que, no Brasil, mudemos completamente o discurso, a percepção das coisas, e coloquemo-lo em prática urgentemente.

Fernández conclui seu artigo: "[Os dirigentes políticos] Não são piores que aqueles de há 20 ou 30 anos, mas, para a maioria, os atuais políticos não teriam podido conseguir a transição à democracia."

De volta ao Patropi, melancolicamente conclusivos de nossa parte: em nossa "democracia", conforme apontamos no artigo anterior, o ex-presidente da Arena da ditadura e oligarca José Sarney, além de presidente do Senado por vários anos - indicado por Lula -, assumiu a Presidência no lugar de Dilma em viagem no mês passado. Da época ditatorial, além de Sarney, Paulo Maluf, Jorge Bornhausen, Jarbas Passarinho e Marco Maciel são alguns personagens que não fariam falta nenhuma ao país, fora da atividade política hoje Soa como piada em qualquer canto sério do globo tudo isso.

Perante este cenário sombrio, a sociedade inerte enquanto os "mais politizados", para nem dizer os militantes, defendem ferrenhamente, como sempre, a "ideologia" e os interesses político-partidários de seus preferidos em detrimento da verdade e da justiça, polarizando ideias, patrulhando divergências, fragmentando cada vez mais nossa sociedade. Até quando, Brasil?


MENSALÃO, STF, JORNALÕES E JORNALECOS
Atoleiro Brasileiro, Mais que Ideológico, É Sistêmico
 
Não deve haver ilusão de que, com o julgamento do Mensalão, o Brasil torna-se justo: trata-se de histeria justiceira do Poder Judiciário e da ala conservadora contra a outra face da mesma moeda, o setor que padece de esquizofrenia democrática. Tudo seguirá igual no país

Publicado no Observatório da Imprensa / Dezembro de 2012


Após 49 sessões e mais de 300 horas de julgamento que se estenderam por três meses (a maior parte "coincidindo" exatamente com as eleições municipais), o saldo da condenação do caso chamado de "Mensalão" - através do qual o Partido dos Trabalhadores (PT) arrecadou ilegalmente fundos para a campanha presidencial que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 (prática no Brasil conhecida como caixa dois), e mais tarde subornou parlamentares a fim de ratificar projetos do governo federal, denunciado pela Procuradoria-Geral da República - são 12 réus absolvidos e 25 condenados, que totalizam 282 anos de prisão além de multas em um total de R$ 22,7 milhões. O escândalo veio à tona em 2005.

Entre os condenados, destacam-se o empresário Marcos Valério, responsável por arrecadar fundos para a campanha petista, e por operar o sistema de captação e distribuição de verbas para o pagamento de parlamentares, o qual sofreu a pena mais alta: 40 anos, 2 meses e 10 dias de prisão - ao menos 6 anos e 8 meses terão que ser cumpridos em regime fechado -, além de multa no valor de R$ 979 mil. José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil apontado pela denúncia do Ministério Público Federal como "chefe da quadrilha", teve pena total de 10 anos e 10 meses, dos quais ao menos 1 ano e 10 meses deverá ser cumprido na cadeia, e R$ 670 mil de multa. O então presidente do PT, José Genoíno, hoje assessor especial do Ministério da Defesa, foi condenado a pagar multa de de R$ 468 mil além de 6 anos e 11 meses de prisão, pena que deverá ser cumprida em regime semi-aberto por ser inferior a 8 anos. Delúbio Soares, à época tesoureiro do PT, recebeu condenação de 8 anos e 11 meses de prisão, além de multa de R$ 325 mil. Todos enquadram-se no crime de formação de quadrilha e corrupção ativa, e ao caso de Marcos Valério acrescenta-se peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Apenas contra o ex-presidente do PT e contra o ex-ministro da Casa Civil não há provas concretas de participação no esquema, tanto em relação ao ao "caixa dois" quanto no pagamento mensal a parlamentares, enquanto o ex-tesoureiro do partido é réu confesso no que diz respeito à arrecadação de fundos ilegais para a campanha, tanto que foi expulso do PT tendo lhe sido permitido retornar mais tarde conforme veremos nas linhas a seguir. Marcos Valério é também réu confesso em relação à arrecadação para a campanha, contra quem há diversas provas neste sentido, mas nenhuma prova concreta quanto ao seu envolvimento na prática do Mensalão, a não ser suas alegações afirmativas a esse respeito envolvendo inclusive os já mencionados e condenados políticos.

Será que as Coisas Estão Mudando para Melhor?

"Os motivos do crime são extremamente graves. Os fatos e as provas comprovam que o governo não tinha maioria na Câmara dos Deputados e por isso ele [José Genoíno] aderiu à trama organizada por José Dirceu para dominar o poder político", afirmou na sentença o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator do processo, Joaquim Barbosa (ministro indicado por Lula, quando presidente da República).

Por um lado, chama a atenção o fato de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenha comprovadamente comprado parlamentares a fim de mudar a Constituição e poder se reeleger em 1998, e nada aconteceu, pelo contrário, a Justiça e a grande mídia permanecem caladas até os dias de hoje. A compra de parlamentares por parte do ex-presidente do PSDB é um fato - não provado judicialmente, mas um fato, e bastante explorado pela mídia alternativa.

Outro fato no mínimo bastante curioso é que o "Mensalão Tucano" no estado de Minas Gerais - o qual, segundo denúncias do Ministério Público Federal, foram desviados R$ 3,5 milhões de estatais mineiras à reeleição do governador Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998, além de repasse de verbas a parlamentares tudo isso, igualmente, com participação de Marcos Valério -, não esteja gerando, nem de longe, a síndrome de justiça por parte do Poder Judiciário e nem da mídia comercial com o agravante que, diferentemente do petista, o esquema tucano - denominado pelo ex-procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza de "laboratório do Mensalão Petista", ambos os esquemas com artifícios idênticos - envolve órgãos públicos conforme apontamos acima, além do ministro do STF, Gilmar Mendes, e de ter beneficiado inclusive o ex-presidente Fernando Henrique.

Também gera estranheza que o chamado caixa dois seja uma daquelas ilegalidades já consagradas como normais dentro de um acordo de cavalheiros, fora da lei mas aceitável dentro de um consenso frio, não declarado entre a política, a Justiça, o alto empresariado, a Imprensa e entre a própria sociedade: eleição após eleição, praticamente todos os partidos realizam, na cara de todos, a arrecadação ilegal de verbas, sem a qual, dentro do atual sistema eleitoral, os partidos vencedores jamais conseguiriam vencer as respectivas eleições, para que se tenha noção do quanto tal prática já se tornou corriqueira, um "mal necessário" no "país do futuro". Desta vez, contudo, o Poder Judiciário e a grande mídia resolveram arregaçar as mangas em relação ao caixa dois, dando um banho de moral política no país. Será mesmo sinal de que as coisas estão mudando para melhor do ponto de vista judicial, midiático e, consequentemente, político em um dos países mais corruptos do mundo? É o que discutiremos aqui.

Jornalões x Jornalecos: "Histeria Justiceira" contra "Esquizofrenia Democrática"

Estes são apenas três casos, dentre vários não julgados ou sem o mesmo espaço judicial-midiático, que evidenciam os dois pesos e duas medidas dos meios de comunicação e da "Justiça" brasileira, ora raivosamente justiceiros, ora surpreendentemente anuentes ou "ingênuos", beirando a bíblica inofensividade das pombas de uma das parábolas de Jesus aos que ainda acreditam em tais instituições. A lista é vasta, e não devemos nos esquecer ainda dos desvios de dinheiro de Paulo Maluf que geram mais espaço na mídia e na Justiça internacional que na tupiniquim ao longo dos últimos anos, além da "Justiça" nacional se negar a investigar crimes de lesa humanidade cometidos pelos militares nos anos de ditadura (1964-1985), mantendo a Lei de Anistia contrariando a Corte Interamericana de Direitos Humanos, órgão jurídico da Organização dos Estados Americanos (OEA) que, em 14 de dezembro de 2010, condenou o Estado brasileiro pela omissão através da manutenção da mencionada lei (sobre isso, leia Golpes Militares na América Latina).

Quanto ao Mensalão Petista, não há provas cabais (pelo menos, o STF não as apresentou até o momento, e nada indica que o fará, após dadas as sentenças) de que o ex-ministro José Dirceu tenha sido seu mandante, nem sequer que tenha realmente participado do esquema, e o mesmo vale para José Genoíno conforme apontamos no início . Em meio a tudo isso, chama a atenção também, embora não seja nenhuma novidade no Brasil, o desempenho dos veículos de comunicação em geral na questão, das mais diversas tendências: de um lado, os jornalões, como sempre, usando e abusando do casuísmo jornalístico para praticar, descaradamente, o revanchismo contra seus desafetos petistas, um antijornalismo incapaz de ponderar, porém sistemático em gerar factoides e até sentenciar antecipando-se à Justiça, mesmo sobre determinadas evidências enquanto, estranhamente, não dão a mesma atenção, longe disso quando se trata de fraudes comprovadas por parte dos políticos de sua linha (geralmente, os da chamada direita). O Judiciário e a mídia grande, instituições com baixíssima credibilidade no país e em franco declínio, usam o Mensalão - assim como fazem em todas as oportunidades possíveis - para alcançar interesses político-partidários, tradição há muito evidente no Brasil.

Do outro lado, diversos jornalecos e pseudointelectuais igualmente defendendo interesses político-partidários - autodenominados mídia alternativa, diferenciando-se dos jornalões apenas na linha editorial, não no jogo jornalístico -, levam a briga, em grande medida, para o campo ideológico relegando a prática jornalística e distraindo a atenção da sociedade ao não investigar, deixando assim de exercer o que deveria ser o Quarto Poder da nação do mesmo modo que o outro extremo do antijornalismo que tanto acusam (cada um "investigando", inocentando ou sumariamente condenando quando lhe compraz), um reacionarismo inversamente proporcional àquele que demonizam justificando verdades contrárias aos seus interesses na "perseguição descomedida do poder estabelecido [contra a esquerda, o que realmente existe]", tentando livrar-se dos seus desatinos levando, desta maneira, o "debate" brasileiro a uma completa, perpétua "esquizofrenia democrática" em que o país caminha de escândalo em escândalo recheado de sensacionalismo, sem discutir a fundo seus problemas, e sem jamais os resolver. Tudo isso à estatura exata do nível intelectual e até moral da chamada esquerda brasileira em geral, de péssimo gosto.

Esconderijo Ideológico (Mal) Disfarçado de Intelectualidade, Interesses Comerciais (Pessimamente) Disfarçados de Ideologia

Acaba passando desapercebido de muitos este papel dos jornalecos, outra face da moeda politiqueira sendo que esta pode ferir bem mais cidadãos de bem que colocam neles sua confiança enquanto alegados paladinos da verdade, mas no conteúdo produtores de antivirtudes jornalísticas, no mínimo tanto quanto a grande mídia. Este caso do Mensalão, desde o início há sete anos, vem a evidenciar a "prática jornalística" dos jornalecos que posam de mídia alternativa com suas vozes partidárias oficiais que posam de intelectuais, baseada no uso de palavras para convencer, não para esclarecer em grande medida apelando para frases de efeito e para a emoção - jogo, em muitos casos, até mais baixo que o dos jornalões a quem tanto acusam de fazer jogo político ao invés de seguirem os princípios jornalísticos -. A "impressão" que os jornalecos causam, para usarmos um eufemismo, é que o que menos querem é que a sociedade entenda o Mensalão e todos os seus desdobramentos - mais ávidos por essa alienação que os próprios jornalões -. Que esperar se, algum dia, tais veículos forem grandes em quantidade e em poder? Mais uma repetição histórica? De novo, o velho filme? Tudo indica que sim...

Essa batalha rasa, até selvagem travada entre jornalões x jornalecos, resume a questão a algo meramente ideológico na qual não conseguem observar a situação dentro de um contexto mais amplo que seja capaz de enxergar o Mensalão sob os diversos prismas em que está envolvido, fechando-se, desta maneira, a um lado apenas da história gerando mais sectarismo entre os diversos segmentos da sociedade, polarizando direita e esquerda e esquecendo-se, em meio a todo esse festival da raiva política e de seu consequente reducionismo de pensamento, da objetividade, da imparcialidade, da ética e da verdade, quatro princípios da prática jornalística.

É verdade que os jornalões estão sendo, em grande parte conforme apontamos mais acima, movidos até certo ponto por questões ideológicas, sobretudo revanchistas na questão do Mensalão para, agora, fazerem todo esse estardalhaço (vale observar que a "revanche" que os jornalões buscam agora, deve-se às sucessivas derrotas eleitorais). Mas e a mídia autodenominada alternativa, fará jus, enfim, à tal autodenominação fornecendo uma necessária opção jornalística à sociedade, ou mergulhará definitivamente nessa guerra ideológica, fazendo o papel de porta-voz de partido político e consagrando-se em mais um órgão sectário, censurador e redutor de ideias? Ou será ainda que, muito além de questões ideológicas, tais jornalecos travestidos de mídia alternativa fazem as vezes de porta-vozes de partido político por serem apoiados financeiramente justamente por políticos? Neste caso, o problema transcenderia o campo ideológico e adentraria o sistêmico...

O grande compromisso dos jornalões, no final das contas, tampouco é com o sectarismo ideológico que muitas vezes os rege, do contrário não teriam, por exemplo, apoiado o Golpe Militar de 1964 bem como os anos de ditadura que o seguiram, enquanto hoje tentam esconder tal fato ao mesmo tempo que vendem descaradamente uma imagem democrática, além de todas as suas famosas contradições entre ditos, textos e feitos ao longo das décadas, e até crimes jornalísticos nos quais a revista Veja, grande representante da ultradireita do mais baixo nível, é mestra. Neste caso... a ideologia também é apenas uma muleta comercial e política. Esses dois interesses sempre acabam falando bem mais alto nos meios de comunicação do Brasil em geral, seja qual for a vertente ideológica - justamente por isso, muitas vezes como neste próprio caso do Mensalão, temos a sensação de que há compromisso maior com a ideologia que com a realidade dos fatos e com a justiça (sectarismo), e não entendemos o porquê. Pois trata-se da pobre ideologia utilizada como esconderijo, disfarçado de intelectualidade.

“Sinto-Me Traído por Práticas de que Nunca Tive Conhecimento”

É exatamente a mesma linha de raciocínio do líder religioso que esmurra o púlpito ou a Bíblia, enquanto debate teologia falando no amor e na misericórdia (algo tão pateticamente conhecido no país): o fanatismo sobre uma pobre teoria que serve muito mais como defesa de vaidades, privilégios, acúmulo de riqueza, dominação e muita exploração, menos compromisso com o que se defende verbalmente, com a justiça social e com o bem comum - isso é apenas acessório, um meio para se alcançar, através da neurolinguística, seus fins escusos.

O problema da grande mídia com o PT, praticando uma baixa e sistemática oposição ao longo destes 10 anos de governo federal, ao contrário do que parte da mídia dita alternativa tem tentado fazer crer, não se dá porque este partido "combate" a financeirização econômica, a corrupção, as contradições do atual sistema político, as desigualdades sociais de maneira consistente, nem porque "enfrenta" as distorções midiáticas do país, "melhora" os serviços públicos, "promove" a reforma agrária, "fortalece" os movimentos sociais e "luta" pelos direitos humanos, até porque o PT no Planalto, na maioria dos pontos colocados, não tem feito nada disso enquanto em alguns outros têm sido ineficiente e demagógico, mas se dá por este partido ser a grande oposição aos partidos sustentadores da mídia predominante. O resto é retórica.

Trata-se de realidade incontestável o papel parcial, sujo da grande mídia ao apresentar mais este espetáculo denominado Mensalão, em parceria de sucesso com o Poder Judiciário enquanto ambos tratam outros casos de corrupção, até mais graves conforme já observamos, com absoluta, astuta, vexatória leniência. Mas o Mensalão existiu e isso é outro fato (de acordo com evidências, mas não ainda através de provas judiciais consistentes), tanto quanto Fernando Henrique comprou parlamentares (pelas evidências, não através de provas judiciais muito embora os da esquerda tenham tal fato como se fosse provado judicialmente, por outro lado, histericamente, não aceitando a mesma postura no caso do Mensalão conforme temos abordado; o socialismo dos dois pesos e duas medidas, novamente, servindo como subterfúgio). Resta colher provas reais e, ao invés de a Justiça se guiar pela dedução (por mais lógica que seja), comprovar quem são os ativos participantes do esquema petista.

Evidência mais recente deste fato chamado Mensalão, foram as palavras do próprio José Dirceu, de que há petistas metidos no esquema fora dos julgamentos do STF hoje (afirmação publicada por alguns dos próprios jornalecos). Tais palavras confessam categoricamente que o Mensalão é um fato, atestam depoimentos de diversas testemunhas que transformam um caso em algo muito além de factoide criado pela Imprensa como querem fazer crer os jornalecos - tudo começou com as denúncias de Roberto Jefferson em 6 de junho de 2005, de que o PT pagava mensalidade aos parlamentares em troca de apoio através do tesoureiro Delúbio Soares, comandado por José Dirceu e José Genoíno, ao que se segue ao longo desses mais de sete anos defesas totalmente inconsistentes.

Voltando ainda no tempo, logo no início do escândalo o presidente Lula disse em discurso às TVs e rádios, em cadeia nacional em agosto de 2005: "(...) Sinto-me traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado pelas [sic] revelações que aparecem a cada dia, e que chocam o país (...)". Em novembro do mesmo ano, Delúbio Soares seria expulso do partido, ao qual retornaria em 2011. No dia 29 de maio de 2006, o relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios concluiria que o Mensalão realmente existiu, tendo seu relator sugerido o indiciamento de 118 pessoas, entre elas José Dirceu e José Genoíno, isentando Lula de culpa. Contudo, a CPI não apresentou relatório final por falta de provas consistentes em relação ao Mensalão.

Radicais, Insensatos em Seu Reducionismo

Quem se lembra que, no início do escândalo, José Genoíno alegou ter assinado sem ler documentos de transação financeira do BMG ao PT, no valor de R$ 2,4 milhões, enquanto Delúbio Soares alegou ter passado informações incompletas a Genoíno? Tudo isso, descuido bastante sintomático... Vale observar que os jornalecos "alternativos" não se lembram ou não querem lembrar por nada de coisas desse tipo, que se avolumaram com o passar do tempo. Outra "curiosidade" bastante sintomática é o silêncio do PT neste caso do Mensalão, partido historicamente, marcantemente barulhento, sua natureza é assim; neste caso, contudo - a exemplo do caso Celso Daniel que o partido faz de tudo para que não seja devidamente investigado e julgado (e tem obtido êxito desde janeiro de 2002, quando ocorreu o crime em São Paulo) -, o "partido das revoluções" está totalmente silencioso, estranhamente passivo, equivocadamente inerte - ou não há outra saída? Eis a questão...

WikiLeaks, que o PT sempre tentou minimizar, liberou telegramas secretos também de encontros sigilosos de embaixadores dos EUA no Brasil com José Dirceu. Em um deles, emitido em 13.10.2005 e liberado à Imprensa em 20.12.2010, o então ex-ministro afastado do cargo confessou ao embaixador Arnold Vela a utilização de verba ilegal na campanha de 2002 (leia tradução do cabo, feita na íntegra pelo Blog, Telegrama confidencial emitido pela Embaixada dos EUA em Brasília - Impressões pessoais e políticas sobre José Dirceu, após suspensão deste da política por corrupção): "Neste contexto, Dirceu admitiu que ele mesmo tinha, habitualmente, gasto o dobro do que relatou em suas próprias campanhas, e que todos os políticos brasileiros empregam algum tipo de caixa dois. Embora incomodado com a hipocrisia dos seus adversários atuais sobre este assunto, Dirceu considerou esta prática natural e mesmo inevitável em um país onde os políticos não gostam de ser vistos recebendo dinheiro, e os doadores não gostam de ser vistos doando-o". Segundo outro cabo emitido pelo embaixador John Danilovich em 19.8.2005, liberado em 20.12.2010 (Telegrama confidencial emitido pela Embaixada dos EUA em Brasília - Escândalo do Mensalão que envolve José Dirceu, relatando impressões do caso), o ex-ministro afirmou: "Eu não sabia de nada", palavras do ex-ministro, enquanto o oficial norte-americano escreveu: "Seu raciocínio [de José Dirceu] foi que a direção do PT pós-2002, surgiu com esquemas de financiamento ilegal, perversos e 'até os ossos', que estão no centro das investigações atuais".

Enfim, a grande maioria dos crimes cometidos pelos militares brasileiros à época da ditadura (1964-1985), desde o Golpe a exemplo de praticamente todos os outros na América Latina, não foram, pelo menos ainda, provados judicialmente (no Brasil, nada indica que serão por falta de vontade política e de comprometimento popular), mas há evidências irrefutáveis em relação aos abusos de poder, os quais podem ou não vir a ser provados na Justiça como é o caso da morte do jornalista Vladimir Herzog e da própria derrubada do presidente João Goulart em 1964. Perante todas as evidências, é necessário que tanto a Imprensa quanto o cidadão brasileiro aguarde decisões judiciais para avaliar se o país deve retornar à ditadura, ou ao menos para ter convicção de que aquele regime foi sanguinário e que o melhor é a democracia (não esta que vivemos, caricaturada)? Segundo a linha de raciocínio dos jornalecos e de grande parte da esquerda brasileira, sim... Justamente estes, os que mais apedrejam, e com toda a razão, o Golpe de 1964 e os 21 anos de ditadura que o seguiram. Se fosse o caso de termos de esperar pelas provas da Justiça brasileira pelos crimes da ditadura, seríamos, neste caso, excessivamente legalistas, exatamente como são os lados opostos nessa questão do Mensalão: radicais, insensatos em seu reducionismo que os faz mudar de posição muito facilmente.

O Espetáculo Midiático

É impensável, para qualquer mentalidade minimamente razoável - independente de revelações extra como WikiLeaks que vêm apenas reforçar as evidências - que José Dirceu, homem forte do então presidente Lula, que Genoíno, à época presidente do partido em questão, e que mesmo Lula não tenham sabido e até participado do esquema - isso é tentar defender o indefensável -. As próprias defesas de José Dirceu e de Genoíno, desde que o caso veio à luz em 2005, não parecem vir de réus inocentes que nada tem com um caso de corrupção de tal dimensão, e mesmo a própria postura quase neutra do ex-presidente Lula é, no mínimo, muito estranha - é claro que o ônus da prova pertence ao acusador, mas os discursos dos três ditos-cujo nunca são pontuais, mas muito vagas, vazias: limitam-se a eximir-se de culpa (o que todo réu faz, mesmo os que mais perigosos criminosos mais graves, é óbvio) e a atacar a Imprensa, jamais negando a existência do Mensalão nem muito menos explicando como se deu a arrecadação da campanha do PT em questão, a relação presidencial com os parlamentares à época , e de que maneira, exatamente, seus acusadores estão desde o início supostamente mentindo Isso é o que se espera, naturalmente, de réus inocentes. Foi com base nessa subjetividade do "domínio do fato" - termo jurídico que culpa o réu que sabia do crime -, que o ministro relator Joaquim Barbosa condenou o ex-chefe da Casa Civil e o ex-presidente do PT.

Porém, com tudo isso, a Justiça não pode se basear no provável, mas em provas concretas ou mesmo provas indiciárias seriam aceitáveis desde que houvesse consistência nos indícios e nas testemunhas, algo impreciso neste julgamento do Mensalão segundo especialistas em jurisprudência. O próprio "domínio do fato" requer objetividade aliada à subjetividade (leia esta análise jurídica do dr. Cezar Roberto Bitencourt), enquanto quem foram exatamente os ativos corruptores do Mensalão ainda não foi provado. Tal "pioneirismo" do relator na aplicação da teoria do "domínio do fato" sem a existência do "ato de ofício" (provas cabais), tem sido duramente criticado por especialistas a exemplo do próprio revisor do processo, Enrique Ricardo Lewandowski, que chegou a discutir duramente com o relator em pleno julgamento - vozes críticas que têm sido muito pouco ecoadas pela mídia gorda, ao contrário da mídia alternativa -. Como consequência de toda essa "fragilidade" jurídica (para dizer o mínimo), nem o próprio Mensalão acaba legalmente provado com consistência, embora evidente que tenha realmente ocorrido dentro de todo o contexto.

Quanto ao PT, já passou da hora de tomar atitudes afirmativas que confrontem o que o partido chama de forças corruptas persecutórias, ao mesmo tempo que defendam os interesses do cidadão e que afirmem a alegada integridade do partido, além de suas promessas de campanha - uma das maneiras de se fazer isso é a presidente Dilma Rousseff colocar em prática o que sempre defendeu: instaurar o marco regulatório para a Imprensa - o que Lula também prometeu, e não fez. Isso, entre outras coisas, limitará os abusos midiáticos ao que o próprio PT e suas vozes oficiais da Imprensa histericamente se opõem, e agora, uma vez mais, denunciam como causa das mencionadas condenações. Ou, do contrário, ficam entremetidos nessa briga de cachorro grande em “casa que não tem pão [nos últimos anos, ausência minimamente aliviada], todo mundo grita e ninguém tem razão”.

Outro grande e triste exemplo do PT vítima de seu próprio veneno, é o praticamente inexistente avanço cultural conforme abordamos em Oito Anos e Meio de PT e Seis por Meia Dúzia no Brasil: Até Quando?, mais abaixo: "Em país de 30% de analfabetos, funcionais e totais segundo dados do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2009 (mesmo estes índices alarmantes não refletem a realidade quando se considera analfabetismo, pois os indicadores do Pnad consideram apenas escolarização enquanto há milhões de cidadãos escolarizados analfabetos, funcionais ou totais, o que significa dizer que o número de analfabetos no País é muito superior a este, já alto), ainda somos os últimos no mundo em gastos em educação (*) (Botsuana na África investe 10% do seu PIB nessa área, o Brasil do PT, 4,8%, gasto ínfimo assim como o de governos anteriores), - segundo a dados da Unesco, o nível educacional do Brasil está entre os mais baixos da América Latina, e na posição de 88º no mundo.

"Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2006, último ano do primeiro mandato do presidente Lula, 75,2% dos municípios não possuíam centros culturais, em 91,3% não havia salas de cinema, em 78,8% não havia teatros nem salas de espetáculo, 7,1% não contavam com museus e 10,9% sequer possuíam uma biblioteca. Não há indicativos de que essa situação catastrófica tenha tido alguma melhora nos últimos anos". Pois agora o PT colhe os frutos da ausência de políticas eficazes no campo educacional, vendo uma sociedade quase que totalmente perdida em meio todo esse escândalo do Mensalão bombardeado pela mídia grande. Ou será que ao PT nuna interessou uma sociedade realmente esclarecida, como é o caso dos grandes partidos do país? A realidade é que isto lhe está custando muito caro agora, em meio à espetacularização do julgamento do Mensalão muito bem aceita pela sociedade, uma vez mais - por exemplo, o debate sobre a urgente reforma política praticamente não existiu no país por parte da Imprensa (nem por parte da mídia chamada de alternativa) e, como consequência, em meio à sociedade.

A política nem lá, nem cá do PT - no governo federal há 10 anos sob forte apelo por mudança sob todos os aspectos, reivindicando um Brasil decente - apenas fornece mais pá para que seus inimigos cavem ainda mais fundo a cova, omissão que joga dúvidas ainda maiores quanto à isenção do partido. Por que o silêncio, e por que a inércia política em determinados pontos fundamentais em meio a tudo isso? Resta a questão, tendo em mente o Mensalão e as alianças que o PT tem feito, conscientes de como é o meio político: há independência política e integridade moral para fazer o que se deve? Pois é...

Aí está um dos resultados das concessões e alianças totalmente contraditórias do PT, em nome da governabilidade e de uma "boa política". Conforme temos apontado e criticado contundentemente nesta página, há situações na política e na própria vida de um modo geral que não se faz concessão nem aliança, não há atalhos a serem tomados a não ser se manter firme nas posições ou, do contrário, o preço a ser pago poderá ser muito alto. O PT é hoje um partido desconfigurado, sem identidade igualzinho aos outros, e o mesmo pode-se dizer de seus porta-vozes da mídia que mudam a tendência do discurso, mas não o jeitinho de fazer política jornalística.

Enquanto isso, escondidos detrás de ideologias (inconsistentes e instáveis de ambos os lados, mudam de posição facilmente em casos semelhantes de acordo com as oportunidades), de slogans e de frases de efeito, a velha mídia conservadora e boa parte da mídia alternativa evidenciam que o problema (pelo andar da carruagem, insolúvel) deste país é sistêmico, muito mais que ideológico - este usado como escudo que acaba servindo para fragmentar ainda mais a sociedade brasileira, entre os tantos desserviços prestados pelo "jornalismo" brasileiro em geral -. “O capitalismo é a exploração do homem pelo homem". Sim, e o "socialismo" brasileiro... é o inverso disso. Já diria sabiamente o grande filósofo francês Michel Foucault (1926-1984): "Não é através da ideologia que se molda o social, mas através da verdade".

O que sobra de ideologia no Brasil (em grande parte retórica, e retórica mal elaborada, muito pobre, é verdade) falta em conteúdo, em verdade, em moral, em justiça. Por tudo isso, não deve haver em meio à sociedade a ilusão de que a justiça está sendo feita no caso do Mensalão, e nem muito menos a falsa ideia de que, daqui em diante, o sistema Judiciário definitivamente funcionará no país: trata-se de mais um grande jogo de interesses, ambos os lados apoiados em um fundo de verdade mas corruptos na essência. Quem mais ganhou com toda essa história foi o espetáculo midiático, cujas empresas de comunicação atravessam profunda crise financeira, moral e intelectual perfeitamente elucidada por seus respectivos partidos de estimação, PSDB e DEM de um lado, PT de outro. E quem mais perdeu no caso do Mensalão, uma vez mais no país, foi a justiça.


O (Eterno?) Autoengano Democrático do Brasil
 
"Quem lutou e pôs o Marconi [governador de Goiás] lá, fomos nós!", do bicheiro Cachoeira.
Poucas palavras definiriam tão adequadamente o nível do suposto Estado de direito brasileiro

Maio de 2012


"Quem lutou e pôs o Marconi [governador de Goiás] lá, fomos nós!". Palavras do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, cobrando do ex-presidente do Detran de Goiás, Edivaldo Cardoso, apoio à eleição do governador Marconi Perillo (PSDB), em conversa gravada e revelada pela Polícia Federal (PF) com autorização judicial. Preso em 29 de fevereiro durante a Operação Monte Carlo, Cachoeira está sendo investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por suspeita de liderar uma rede criminosa de corrupção e exploração de jogos ilícitos que envolve o senador, falso moralista (ex?) queridinho da grande Imprensa e dos setores mais conservadores do país, Demóstenes Torres (ex-DEM-GO, hoje sem partido após sofrer expulsão), o próprio Perillo, o govenador do Distrito Federal Agnello Queiroz (PT), a empresa Delta Construção, até o Supremo Tribunal Federal (STF) além da revista Veja (também a preferida da ala conservadora brasileira) e outros órgãos de imprensa do estado goiano.

Na ligação, Cachoeira e Cardoso conversam sobre R$ 1,6 milhão que o Detran usaria para publicidade em veículos de comunicação. Quando soube que um jornal de oposição a Perillo, da cidade de Anápolis no interior do Estado, receberia mais que o Canal 5 também de Anápolis, Cachoeira indigna-se e exige maior favorecimento no negócio. O dono do Canal 5 e do jornal O Estado de Goiás é Carlos Nogueira, o Butina, laranja de Cachoeira de acordo com a PF. No final da conversa, o ex-presidente do Detran cede à pressão do bicheiro.

As palavras de Cachoeira apontadas no início são mais uma sintética evidência do nível de Estado democrático que vivemos no Brasil, nada poderia ser mais adequado para refletir a dura realidade deste país, ou para revelá-la a quem ainda tinha alguma dúvida. Democracia, ao contrário do que muitos de nós brasileiros consideramos, vai além, a quilômetros de distância de eleições diretas (até porque sem educação, sem justiça, sem igualdade e sem participação ativa da sociedade nos assuntos do país entre as eleições, estas são em grande parte fictícias tendo em vista que a população acaba servindo principalmente como massa de manobra).

No Brasil - cujo sistema partidário e eleitoral depende fundamentalmente da manipulação financeira - muito mais que conteúdo de ideias, o marketing define a maioria das eleições e, claro, o dinheiro para arcar com a marketagem eleitoreira de péssimo nível, consequência de uma nada favorável série de fatores estruturais. Os partidos políticos em geral não possuem ideologia definida nem sequer mínima coerência quando se trata de alianças estaduais, bem como a nível federal - absolutamente tudo se baseia em um explicitamente vergonhoso, orgíaco “troca-troca" -. No entanto, não há vontade política nem amadurecimento social para se estabelecer a urgente e profunda reforma política que venha a regulamentar tal sistema, prometida por Luiz Inácio Lula da Silva na primeira campanha presidencial, nos idos de 2001.

Estamos há várias décadas praticamente estagnados nas desigualdades sociais, sendo o país um dos maiores concentradores de renda do mundo e a precarização das condições de trabalho segue tão acentuada quanto há muitas décadas. Conforme temos argumentado nesta página, a simples matemática do crescimento econômico (tendência mundial tomando o contexto histórico e algo muito relativo, haja vista por exemplo a China e a Índia, gigantes economicamente e ao mesmo tempo paupérrimas que, além do mais, ferem gravemente os direitos humanos) não se traduz necessariamente por riqueza e bem estar da sociedade, ao contrário do que alardeiam os diversos tecnocratas de hoje e sempre. O Brasil está muito distante de ser um país de plenas oportunidades e igualdade, somos uma sociedade intolerante com as diferenças, em geral altamente preconceituosa e totalmente alheia às questões sociais, políticas e econômicas, marcada por rara passividade. Tudo isso sob um Estado que criminaliza escancaradamente a pobreza e massacra, moral e até fisicamente, as etnias negra e indígena - temos a polícia mais violenta do mundo, que em milhares de casos mata sem nenhuma justificativa.

Há muitas décadas, somos o país que menos investe em educação em todo o mundo, com taxa de analfabetismo hoje em 35% (incluindo funcionais); a "Justiça" é morosa e corrupta (vale repetir que o STF está metido neste mais recente escândalo); a prestação de serviço público é, sem exceção, um desastre (a do setor privado conta com suas exceções); o saneamento básico, a infraestrutura, a saúde e a segurança pública do país seguem catastróficos, somos um dos países mais violentos do mundo e nossa situação agrária pouco mudou desde a era colonial da monocultura exportadora - além da enorme concentração latifundiária, há diversas denúncias, ano a ano, de trabalhos análogos à escravidão no campo, Brasil afora (leia Oito Anos e Meio de PT e “Seis por Meia Dúzia" no Brasil: Até Quando?, mais abaixo, e Saneamento Público: Onde Jogar Tanto Lixo Humano? O Estado Brasileiro Racista, Criminalizador da Pobreza e Exterminador, ambos apresentando diversos dados oficiais envolvendo cada um desses pontos, e evidenciando o estado calamitoso do verdadeiro Brasil que custamos a enxergar).

Vivemos em um país totalmente leniente com a corrupção, enraizada em nossa sociedade - a começar pelo podre sistema político, conforme está mais uma vez vindo à tona -. Todos os medidores estatísticos apontam para uma piora neste quesito nos últimos anos, além da realidade escancarada do dia a dia em todos os setores da sociedade, para não deixar dúvidas. Quem vive a honestidade é generalizadamente tido como trouxa ou radical no Brasil, ou até mesmo um mentiroso, falso moralista que esconde seus desatinos debaixo do tapete. Está na alma deste país: é humanamente impossível não ser, de alguma maneira, corrupto e quebrar a palavra dada.

Além do mais, a sociedade brasileira, em todos os segmentos, a começar, é claro, pela política e pela Imprensa, é totalmente fragmentada, dividida em facções ideológicas ou de grupos diversos dado que se defende interesses político-partidários e privilégios muito, muito mais que a verdade em si, e que o bem da nação como um todo. Seria muito difícil, para não dizer impossível, uma aliança nacional como está havendo na Argentina em torno da estatização da empresa petrolífera YPF (Yacimientos Petrolíferos Fiscales), através de senso comum entre oposição e governo para que as riquezas do país sejam revertidas em benefícios à nação.

Na Argentina, ex-ditadores militares (1976-1983) das três juntas (Marinha, Exército e Aeronáutica) têm sofrido severas penas através da Justiça local encarcerados em prisões comuns (o ex-presidente Rafael Videla cumpre prisão perpétua, além de cerca de 200 outros militares já condenados), enquanto no Brasil "lutamos" para que saia do papel a Comissão da Verdade (a tendência é que se desmanche no vazio, cumprindo as tradições deste país quando o assunto é memória e justiça, pois não há o menor preparo sócio-político para esse tipo de julgamento nem muito menos de condenação a gente tão grande por aqui; leia Comissão da Verdade, PT e Deputado Bolsonaro: Verdade sem Justiça até Quando no Brasil?, mais abaixo). E se não bastasse, há mais uma década e meia, José Sarney, ex-presidente da Arena (partido da ditadura), alterna a presidência do Senado de maneira praticamente intocável, indicado inclusive por (pasmemos!) Luís Inácio Lula da Silva logo no início de seu primeiro mandato presidencial (2002-2006) - entre outros personagens que revezaram a liderança do Senado da República nesta década e meia, estiveram figuras como Jader Barbalho e Antônio Carlos Magalhães. Vale apontar que na Argentina se está condenando os militares perpetradores de crimes de lesa humanidade muito mais devido à pressão popular, que à vontade política - e a Justiça argentina é hoje referência internacional.

Tudo isso, enquanto reinamos na hipocrisia de aplicar todo o rigor da lei e agressivas críticas da opinião pública em geral a um pai de família que, desesperado de fome, com a própria e com a da esposa e dos filhos, furta um saco de feijão em um megamercado ao passo que grande parte de nós, sociedade civil, emociona-se ao vislumbrar um dos poderosos desse país aterrizando em helicóptero ou chegando em um carro importado e blindado, rodeado por seis seguranças e abraçado à sua amante, uma loiraça de 21 anos no auge de seu quadril salientado por uma mini-saia vermelha-pecado (para nem mencionar a postura da nossa “Justiça” em relação aos maiores bandidos deste país). Não hesitamos em paparicar, como podemos, esse tipo de caráter quando nos deparamos com ele, afinal, "todo mundo faz, ou faria se estivesse lá". Sonho de consumo...

Exemplo mais recente e original desse tipo de raciocínio impregnado em nossa mente, é que a instalação da CPI sobre o caso Cachoeira-Demóstenes-revista Veja-Delta-STF trará uma crise política ao país, ideia patrocinada por setores da mídia desesperada (mesmo raciocínio dos militares e dos setores conservadores do país hoje para se manter a Lei de Anistia, que defende a impunidade quanto aos crimes praticados pelos militares torturadores e assassinos nos 21 anos de ditadura, 1964-1985). É incrível como a lei e a verdade geram mal estar no Brasil, tidos como inimigos da paz e até do perdão cristão!

No Brasil, grande parte dos direitistas (os quais, em geral, não apreciam se declarar como tais) justifica seus desatinos democráticos na defesa dos valores morais e da família, enquanto diversos esquerdistas alegam que suas traquinagens, contrariando praticamente tudo o que outrora defenderam ruidosamente, devem ser praticadas em nome da governabilidade, ou antes da tomada do poder para o bem geral. Assim, "tudo" se perpetua como normal, o país fica sem norte à mercê das insensatas defesas de grupos e de "ideais", totalmente rachado dentro da velha farinha do mesmo saco ao invés da defesa de uma sociedade realmente justa, em busca do bem comum e da verdade acima de tudo.

Essa "cultura" acaba se refletindo em todos os setores da sociedade brasileira, em seus mínimos detalhes, é claro. Toda essa realidade, quer a reconheçamos ou não, é a natural consequência, o mais puro reflexo da secular associação entre o Estado, a mídia e as classes dominantes, cujo caso Cachoeira-Demóstenes-revista Veja-Delta-STF é o mais recente capítulo que não poderíamos deixar passar sem fazer toda esta observação. O Brasil é, com raras e honrosas exceções, um país das associações bandidas cujo sistema podre nos é e sempre foi imposto pelo topo. O toma-lá-dá-cá não é privilégio da política (embora as raízes que levaram a esse círculo vicioso, conforme já observamos, sejam de total responsabilidade dos formadores do Estado brasileiro ao longo dos séculos, desde a chegada de Cabral). De pizza em pizza, o Brasil segue avistando o nada, o vazio de uma terra nada à vista em um país do futuro que sempre está para chegar... depois de amanhã.

O autoengano, em qualquer segmento da vida, é o maior adversário do avanço, poucas coisas são tão maléficas quanto ele. E vivemos em um país de inúmeros e extremamente agressivos autoenganos (em grande parte, impostos também pela mídia e pelas classes dominantes que gozam do sistema mafioso que estabelecem), em que muitos se irritam profundamente quando determinadas verdades são colocadas (toda essa mais acima, por exemplo). Não poderíamos deixar passar o ensejo proporcionado pelo caso Cachoeira-Demóstenes-revista Veja-Delta-STF, sintetizado na palavras do bicheiro que ilustram perfeitamente a realidade do Brasil, com o intuito de registrar o que se fará de tudo para levar ao esquecimento da sociedade como sempre ocorre e, enquanto o assunto estiver em pauta, não tirar lição nenhuma do caso, não permitir que o Brasil se conscientize, que enxergue sua realidade e, a partir disso, anseie mudá-la.

O Brasil no Espelho reflete uma imagem totalmente deformada de democracia, resta usarmos o incontestável espelho do dia a dia para mudarmos nossa realidade. Ou não... Está faltando brio à nossa sociedade, está faltando vergonha na cara para se indignar com o espetáculo semanal da roubalheira indiscriminada neste país - este seria o caso para que, no mínimo entre outras coisas, fossem canceladas milhares de assinaturas da Veja -. Cada episódio como este pode servir como séria reflexão, como um alerta para que a sociedade se mobilize e repense o país, repense antes de tudo o sistema que envolve a vida cotidiana de cada um de nós, ou pode acabar sempre no esquecimento aguardando o próximo capítulo da farra das classes dominantes, usurpadoras do poder. Nem só de Copa do Mundo e de Carnaval vive o homem, e se o Brasil quiser realmente mudar para melhor algum dia terá que passar antes, inevitavelmente, por essa dura revisão de sua identidade. É também uma questão de liberdade...


COMISSÃO DA VERDADE, PT E DEPUTADO BOLSONARO
Verdade sem Justiça até Quando no Brasil?
 
Comissão da Verdade para esclarecer violações aos direitos humanos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar (1964-1985), custa a sair do papel. Subcomissão criada por deputados sofre ataques histéricos do deputado Bolsonaro, militar reformado.
E quem está no comando de tudo isso é o PT, que impede irracionalmente investigação do assassinato do ex-prefeito Celso Daniel

Abril de 2012


A Comissão da Verdade, proposta no 3º Programa Nacional de Direitos Humanos assinado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro de 2009, foi finalmente aprovada pelo Congresso em 21 de setembro de 2011 e ratificada pela presidente Dilma Rousseff em 18 de novembro, a fim de promover a apuração e o esclarecimento público das violações de direitos humanos praticadas no Brasil entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar (1964-1985). Tal Comissão não terá poderes para punir, mas apenas para investigar crimes como tortura, mortes, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres, perdoados através da Lei da Anistia de 1979 (leia o Projeto de Lei, na íntegra).

No Brasil, único país da América Latina em que os ditadores militares ainda não foram julgados, o debate praticamente inexiste entre políticos, mídia grande e diversos setores da sociedade, e, em muitos casos, apenas uma manifestação por esclarecimento e justiça em relação aos diversos crimes cometidos pelos militares, causa total histeria por parte de muitos (bem ao estilo militar e reacionário em geral) geralmente acompanhada de acusações de "comunista comedor de criancinhas" e, se o defensor de justiça e direitos humanos for algum militante, de ser patrocinado diretamente por Fidel Castro através de dinheiro e espingardas, ataques morais vazios que remontam à época mais negra da história: a Guerra Fria (1948-1989, que custa a sair das mentes e dos corações reacionários), dentro da qual se incluiu a própria ditadura militar brasileira.

Uma vez aprovada, a Comissão já tratou de gerar alívio em alguns, e aguçar profundamente os ânimos de outros: "Queremos que o Brasil feche de verdade essas feridas e possa virar a página" disse o deputado Ivan Valente (PSoL-SP). "Estamos mexendo em uma ferida já está cicatrizada que poderá voltar a causar problemas sérios" afirmou o deputado Arolde de Oliveira (DEM-RJ), contrário à proposta, enquanto o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), miltar reformado favorável à pena de morte, a torturas e à ditadura militar, político famoso por suas verborragias na Câmara esbravejou, gritou, ofendeu e ameaçou então: "Cala a boca que eu estou falando, cala a boca! A Dilma vai ter seu troco. Eu não tenho medo de vocês, não! Não venham me ameaçar. (...) É uma piada, piada para morrer de rir. Fidel Castro financiou a luta armada. Essas verdades vêm a público e vocês não querem ver. Fizeram curso em Cuba, na Coreia e na China de como matar, torturar!" (Globo.com).

A Subcomissão da Verdade, Memória e Justiça foi criada por integrantes do governo a fim de manter o assunto em pauta, enquanto não é instalada a Comissão pela presidente Dilma Rousseff. Reunida pela primeira vez na Câmara dos Deputados em 3 de abril, convocando camponeses e ex-militares para testemunhar a ação opressiva do Estado à Guerrilha do Araguaia durante a ditadura. Deu-se a portas fechadas para preservar as vítimas já que, segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Domingos Dutra (PT-MA), duas delas haviam sofrido tentativa de homicídio a caminho do parlamento. A Subcomissão intenciona exercer pressão para se rever a Lei de Anistia (saiba mais sobre essa lei aqui no Blog, em Golpes Militares na América Latina).

Durante a primeira sessão da Subcomissão, a postura extremamente raivosa do deputado Bolsonaro apenas reforçou a necessidade de se preservar os depoentes, pela qual, no dia seguinte, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), enviou à Corregedoria Parlamentar uma solicitação da Comissão de Direitos Humanos para que seja aberto processo disciplinar contra o deputado militar, por quebra de decoro parlamentar: "Que p... de Comissão é essa!? Tendenciosos. Vocês estão fazendo é a Comissão da Mentira! (...) A conversa não chegou ao chiqueiro!", disse ao deputado Dutra protestando não só contra a Comissão, mas também pelo caráter reservado da Subcomissão; reduziu a séria questão a disputas ideológicas (de praxe), e ainda chamou para a briga (não poderia faltar isto): “Essa historinha contada pela Erundina de que as testemunhas sofreram atentados não ficou comprovada. Aliás, nunca ocorreu. Não me apresentaram nenhum boletim de ocorrência. Não entendo como esses esquerdistas, que vivem dizendo que foram bravos e guerreiros para lutar contra uma ditadura tão feroz, vão ficar com medo de prestar depoimento no parlamento. Estão com medo do quê?” (Carta Maior).

O deputado Bolsonaro ainda ousou, no auge de sua valente histeria reacionária, filosofar: ““Eu pedi o espelho da reunião, com os nomes dos depoentes, e um funcionário da casa tomou da minha mão. Aí eu saquei uma câmera e tirei uma foto dele. O cara veio pra cima de mim, eu o segurei pelo pescoço e disse pra ele calar a boca que a conversa ainda não tinha chegado na pocilga. Os outros deputados, então, me cercaram e começaram a me acusar. Eu gostei muito quando um dos militares disse que o Exército não estava preparado para atuar na guerrilha. Isso mostra que quem era treinado para matar, torturar e espalhar o terror entre a população eram os guerrilheiros, treinados em Cuba, na Coreia e na China. E dei boas gargalhadas quando um outro se recusou a acompanhar os deputados da comissão em visita à área, alegando que os parlamentares só querem saber de ganhar dinheiro” (ibidem).

Sobre a última colocação do deputado Bolsonaro, mesclando a mais reducionista filosofia sócio-política com raivosa ironia peculiar das classes que representa (militares e reacionários em geral da sociedade) com a perfeição de poucos neste país, em relação às afirmações do militar depoente, não entendeu que quando a testemunha disse que o Exército estava despreparado para atuar na guerrilha, quis dizer o que as possibilidades intelectuais do deputado foram capazes de alcançar, mas exatamente ao contrário: o Exército sim era feroz, "treinado para matar, torturar e espalhar o terror entre a população", exatamente como o deputado colocou tentando inverter os papeis, é precisamente isso mas totalmente ao inverso, tanto que o Exército sim, matou, torturou e espalhou o terror no Araguaia, daí o despreparo argumentado pelo depoente que levou aos crimes contra a humanidade cometidos não pelos guerrilheiros do Araguaia, mas pelos militares, em tese defensores da população, população do Araguaia que não pôde se defender nem foi capaz de atacar os militares com a capacidade criminosamente mortal destes. O despreparo do Exército, é evidente e isso quis dizer o depoente militar, deu-se em não visar defender a sociedade, mas o Estado a qualquer custo nem que fosse através do terror - eis a fatal inversão de valores dos militares e de seus defensores no Brasil, essência de qualquer ditadura em todos os lugares do mundo.

Logo que o oficial do Exército, general José Elito Siqueira tomou posse do Gabinete de Segurança Institucional no início de 2011 (nomeado chefe da pasta pela presidente Dilma, evidentemente), afirmou que "a existência de desaparecidos políticos durante o regime militar, não deve ser motivo de vergonha". Mas é claro: dentre tais desaparecidos não há nenhum familiar do digníssimo oficial do Exército, hoje ministro de Dilma - muito longe disso. Só resta o general Elito explicar à sociedade o porquê da oposição histericamente ferrenha de sua classe à Comissão da Verdade, sobretudo à abertura dos arquivos da ditadura, desta maneira apagando à força o passado do Brasil, se não há do que se envergonhar...

A alegação de figuras tétricas da ala conservadora brasileira, em especial dos reservistas tais como os próprios Bolsonaro e José Elito, é que a Comissão da Verdade tende a ouvir apenas um lado da questão, isto é, as vítimas da ditadura. Pois trata-se de mais um evidente cinismo, outra palrada de baixíssimo valor intelectual e moral, dentre tantas: a única versão que a sociedade conhece hoje em relação aos 21 anos de ditadura, é a imposta pelos militares, considerada oficial.

Não por mera coincidência, os militares, que se apoiaram na força em detrimento da razão para aplicar o Golpe de 1964 e para a manutenção de seus 21 anos de poder, são os que menos apreciam educação: foram os que menos investiram nessa área na história do Brasil, apostando na falta de conhecimento e na ausência de pensamento da sociedade para se sustentar deixando assim, como herança, um país com um dos maiores índices de analfabetismo, dívida externa e concentração de renda do mundo quando derrubados do poder, em 1985.

Enquanto isso na Itália, o procurador Giancarlo Capaldo, que desde 1988 trabalha no processo contra ditadores e militares sul-americanos envolvidos no Plano Condor, concluiu recentemente um inquérito sobre o desaparecimento dos ítalo-argentinos Horacio Domingo Campliglia Pedamonti e Lorenzo Ismael Viñas Gigli, sequestrados no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, respectivamente, considerando que os crimes contra a humanidade são imprescritíveis. Capaldo aguarda ainda decisão do juiz para abrir um processo contra ex-agentes da ditadura brasileira. “A Lei de Anistia se aplica só na jurisdição do Brasil. A Itália não sancionou nenhuma lei que possa beneficiar os responsáveis pelos desaparecimentos de cidadãos italianos sequestrados no Brasil, vítimas do Plano Condor. Na Itália não estamos obrigados a perdoar os culpados” (Carta Maior).

Se o deputado Bolsonaro, que já sofreu processo da Ordem dos Advogados do Brasil por racismo, não está satisfeito com a maneira brasileira de se tentar fazer justiça neste caso, certamente muito menos está com a italiana. Pois que vão o deputado e seus valentes padrinhos ditadores à Itália, apresentar-se voluntária e corajosamente à Justiça daquele país a fim de provar que o que provocaram neste país não foi um golpe, mas uma revolução pacífica em nome da moral e da família conforme alegam. Porém, que no berço do Direito o deputado Bolsonaro lembre-se que não está no Brasil, antes de dar seus destemidos espetáculos verborrágicos: vão ele e os militares, todos, para a cadeia se se atreverem a armar lá o teatro que armam aqui (se bem que, ao pisar na Itália, muitos deles não passam do aeroporto antes mesmo dos berros salivares: verão o Sol nascer quadrado no dia seguinte, por cada um dos crimes de lesa humanidade que cometeram em seus 21 anos de mandos e desmandos terroristas no Brasil).

Deputado Bolsonaro que, oposição a Fernando Henrique Cardoso tanto quanto a Lula, chegou a defender o fuzilamento daquele. Outras célebres ideias do deputado, hoje em seu sexto partido político: "É um índio que está a soldo aqui em Brasília, veio de avião, vai agora comer uma costelinha de porco, tomar um chope, provavelmente um uísque, e quem sabe telefonar para alguém para a noite sua ser mais agradável. Esse é o índio que vem falar aqui de reserva indígena. Ele devia ir comer um capim ali fora para manter as suas origens" (após ser atingido por um água por um índio em Brasília, em maio de 1998), "O objetivo é fazer o cara abrir a boca. O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico" (defendendo a prática de tortura em fevereiro de 2000), "Competência? É problema do deputado. Se quiser botar uma prostituta no meu gabinete, eu boto. Se quiser botar a minha mãe, eu boto. É problema meu" (sobre proposta de Emenda Constitucional que proibiria o nepotismo, maio de 2012), "Já vai tarde" (por ocasião da morte de Luis Eduardo Calos Magalhães, à revista Veja em 1998), "Gastaram muito chumbo com o [Carlos] Lamarca. Ele devia ter sido morto a coronhadas", "Pinochet [ditador chileno, 1973-1990] devia ter matado mais gente".

Disse Estela de Carlotto, a presidente da Associação Abuelas de Plaza de Mayo da Argentina: "Não esperem que a presidente Dilma tome essa medida [de julgar e condenar os ditadores]. Ela precisa do apoio do seu povo. Tem que ser uma espécie de onda" (conheça o trabalho das Abuelas aqui no Blog). Perante isso tudo, cabe à sociedade brasileira pressionar junto aos políticos (enviando mensagens e manifestando-se como puder, dentro dos limites da lei), à mídia (igualmente através de mensagens) e publicando nos blogs e nas redes sociais, pela revogação da Lei de Anistia, pela abertura dos arquivos da ditadura e, enfim, pela criação de um tribunal que julgue os crimes cometidos durante a época mais negra deste país.

Na Argentina - país que historicamente possui índices sociais muito acima dos padrões latino-americanos (apenas a cidade de Buenos Aires abriga mais livrarias que o Brasil todo), e que mais tem avançado em defesa dos direitos humanos em todo o continente americano - o ex-presidente Rafael Videla (1976-1981) está preso, condenado à prisão perpétua por crimes contra a humanidade praticados durante a ditadura militar em seu país, que assassinou 30 mil pessoas, além de mais 18 militares condenados pela Justiça local também à prisão perpétua. A Esma (Escola de Mecânica da Armada) maior cenário do terror militar argentino situado na capital Buenos Aires, em cujas celas clandestinas cerca de cinco mil civis inocentes foram torturados e assassinados segundo estimativas oficiais, funciona desde 2007 como centro cultural e de memória, por decreto do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007).

Sendo realista perante o quadro sócio-político brasileiro


DENÚNCIAS DE PM CONTRA MINISTRO DO ESPORTE
Justiça no Grito Evidencia Fragilidade Democrática do Brasil
 
"Por parte da população, esse julgamento antecipando-se à Justiça, à defesa de um réu todavia
inexistente e a provas cabais jamais apresentadas, pode ser compreendido pela ausência
de confiança na Justiça além da total falta de credibilidade dos políticos. Lamentável, como
sempre, é o desempenho tendencioso da mídia casuísta perante tais denúncias"

25 de Outubro de 2011


"O Ministro [do Esporte, Orlando Silva] Recebia o Dinheiro na Garagem" foi o título da matéria escândalo da revista Veja, veículo de raso valor cultural (a começar pela linguagem), de baixíssimo valor intelectual (pela qualidade das ideias e das matérias) e de nenhum valor ético (por sua tradicionalmente descarada prática jornalística, a qual cai em descrédito cada vez maior perante a sociedade e entre a própria elite conservadora, à qual é voltada), publicada em sua última edição, dia 15 de outubro.

O policial militar João Dias Ferreira, sem apresentar nenhuma prova, disse à Veja que existe um esquema de desvio de verba no Ministério do Esporte conduzido pelo próprio ministro Orlando Silva (PCdoB-BA), com o intuito de financiar o caixa de seu partido e beneficiar entidades politicamente afins. Enquanto o próprio ministro tem clamado à Justiça que o investigue, a resposta da maior parte da Imprensa, dos políticos e da sociedade brasileira é altamente preocupante, mais uma evidência do nível do Estado de direito brasileiro: a revista Veja tomou as palavras do policial como verdades absolutas, não deu nenhum espaço para a defesa do acusado e a matéria foi o suficiente para, sem provas e sem apuração da Procuradoria Geral da Repúbica com devida defesa do ministro, causar reviravolta no país e execrar o acusado.

Se não bastasse o fato de o policial ter sido preso em 2010 por casos comprovados de corrupção envolvendo os mesmos desvios que ele agora denuncia, além de até hoje dever quantia que supera a ordem dos R$ 3 milhões ao Ministério do Esporte por usar indevidamente o dinheiro que deveria atender estudantes pobres, este circo armado à brasileira ainda possui dois outros seríssimos agravantes: tornaram-se desafetos do ministro do Esporte os gângsters Ricardo Teixeira, presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) enlameado em casos de corrupção também nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014, e Joseph Blatter, dirigente maior da FIFA (Federação Internacional de Futebol Associação), ambos com vasto histórico de crimes que configuram verdadeira máfia inclusive praticando costumeiro "vale tudo" contra quem está em seu caminho, contrariando seus interesses. O outro preocupante agravante: a matéria é de autoria da tal revista Veja...

O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) disse que João Dias usa a revista a fim de criar um clima político hostil a Orlando Silva e a favor de si mesmo para, assim, influenciar a análise das supostas provas pela polícia e pelo Ministério Público. Porém, considerando aquilo que a Justiça e o mundo todo conhecem muito bem de Teixeira e Blatter, somado ao fato de que ambos têm tido seus interesses contrariados pelo governo brasileiro, especialmente pelo ministro do Esporte no que diz respeito à definição das leis da Copa do Mundo de 2014 impedindo que os dirigentes esportivos imponham suas exigências ao país, a ponto destes deixarem o ministro afastado das últimas reuniões oficiais, o militar pode não estar pensando apenas em si mesmo... Para bom entendedor, meia palavra basta.

Colocando em risco, de maneira louvável, a já instável situação política de seu governo dadas as denúncias de corrupção que renderam demissões de quatro ministros em poucos meses de governo, a presidente Dilma, demonstrando caráter, senso democrático e firmeza política, contrariou o tradicional e brasileríssimo politicamente correto agindo com digna fidelidade em relação ao seu ministro, mantendo-o decididamente no cargo - já têm havido críticas à presidente por isso, inclusive da Veja e, vale lembrar, o antecessor e padrinho político Lula, dono de rara ambiguidade, por muito menos lavou as mãos demitindo sumariamente alguns de seus colegas, corruptos, é verdade, mas antecipando-se à Justiça para, posteriormente, eximir-se surpreendentemente de toda e qualquer responsabilidade alegando nunca ter tido conhecimento de tanta corrupção da parte de políticos mais próximos a ele, tais como José Dirceu, ministro da Casa Civil quem, seguramente, não dava nenhum passo sem o consentimento do chefe de Estado e líder partidário histórico à época.

Até que o ministro Orlando Silva dê sua versão, ou se for o caso até que o Supremo Tribunal Federal julgue as provas - até o presente não apresentadas por João Dias que ainda diz não haver nenhuma envolvendo diretamente o ministro -, dentro desse clima o Brasil dá mais uma grande marcha à ré na história, avistando longinquamente o efetivo Estado democrático rumando de volta aos anos arbitrários e mais negros desse país, fazendo justiça no grito. Um dos princípios básicos do direito é que o ônus da prova pertence ao acusador, mas no Brasil nunca é assim e o filme se repete agora através de um acusado sem julgamento, sem defesa e nem sequer provas apresentadas, sendo bombardeado, sumariamente condenado por todos os setores da sociedade.

Por parte da população, esse julgamento antecipando-se à Justiça, à defesa de um réu todavia inexistente e a provas cabais jamais apresentadas até o momento, pode ser compreendido pela perfeitamente justificável ausência de confiança na Justiça brasileira além da total falta de credibilidade dos políticos - qualquer faísca envolvendo tal classe significa bomba em potencial, por forças de hábito. Lamentável, como sempre, é a postura raivosamente oportunista da oposição política (sempre assim no Brasil sejam quais forem os partidos, com raríssimas exceções) e o desempenho tendencioso da mídia casuísta perante tais denúncias, praticando um antijornalismo que não acrescenta absolutamente nada à promoção da cidadania e da justiça, acarretando em fator preponderante para agravar justamente esse círculo vicioso da falta de senso democrático.

Totalmente previsível é que, no final de toda essa história em 2014, independente do que possa vir a ser provado, a tal Copa do Mundo causará o maior rombo nos cofres públicos que o Brasil já sofreu e os grandes culpados não passarão nem perto da Justiça. Copa do Mundo cujos preparativos corruptamente desastrosos estão ao nível exato das previsões de qualquer pessoa minimamente realista, conforme escrevemos em agosto de 2008 (leia Copa do Mundo no Brasil' 2014: País que Vive Corrupção Generalizada, Caos e Guerra Civil, Não Pode Receber Evento dessa Magnitude, mais abaixo).

Enquanto a presidente Dilma tem em mãos uma das maiores batatas quentes que é a tal Copa do Mundo, a ser realizada sabe Deus como no Patropi (presidente que, perdida em meio aos piores lobos nacionais e internacionais envolvidos em tal megaevento, equivocadamente aprovou licitações sigilosas para as obras, além dos arrasadores despejos forçados de comunidades pobres inteiras por todo o país, em função do evento), o Brasil permite-se, em pleno século XXI, ter o rumo cegamente conduzido por escândalo especulativo - e especulação originária de um policial comprovadamente corrupto publicada por veículo do conhecido nível da mencionada revista.

O desenrolar dessa questão é o derradeiro capítulo que evidencia, uma vez mais, o estágio atrasado do Estado de direito brasileiro. No caso da revista Veja, é apenas mais uma de suas tantas aulas de antijornalismo para o qual, se praticado em qualquer país minimamente democrático que estipula marco regulatório garantindo direitos e obrigações à Imprensa, seria legalmente responsabilizada - e o PT, de novo, prova do seu próprio veneno retórico engavetando há quase uma década o projeto da Lei de Imprensa. Brasil, uma questão de libertinagem.


CARTA ABERTA
Presidente Dilma Rousseff

Aumento Salarial Presidencial de 133,9%, de 11 Mil para 28 Mil Reais

Enviada à Presidência em 1º de julho de 2011


Presidente Dilma Rousseff, duas semanas antes de a senhora assumir o presente cargo e algumas semanas após ter vencido as eleições, em 15 de dezembro de 2010 o Congresso aprovou aumento no salário presidencial em 133,9% (!), dos já altos R$ 11 mil para absurdos R$ 28 mil!

Isso é tão absurdo, repugnante, irascível que se torna difícil saber por qual das tantas incoerências iniciar este comentário, a fim de expor tal afronta que se configura o aumento do seu salário. Bem, a presidente da Argentina, sra. Cristina Kirchner, recebe salário de 6 mil pesos, o que em reais não chegam a 2 mil e 300, rendimentos 14 vezes menores que os da senhora, presidente do Brasil (sem contar o dinheiro "extra" em nosso país).

Isso em um país de miseráveis, cujo salário mínimo é um dos menores do mundo e menor que o do Paraguai, que é de 1 milhão e 500 mil guaranis, equivalente a 588 reais, frente ao nosso salário mínimo de absurdos 545 reais (com desemprego em alta). País que está em último lugar no mundo em gastos proporcionais do PIB em educação, com 4,8% (Botsuana na África, investe 10% do seu PIB nessa área), colocando o nível educacional do Brasil em 88º lugar em todo o mundo, e um dos mais baixos de toda a América Latina segundo a Unesco.

Além do precário saneamento básico que, de acordo com dados do IBGE, não evoluiu em nada nestes oito anos e meio de governo federal do PT: apenas 62,6% dos domicílios urbanos brasileiros têm acesso à rede de água, esgoto e à coleta de lixo, sendo que quando Lula assumiu o poder, essa cifra estava em cerca de 60% em 2003 quando Lula assumiu o poder, conforme mostram indicadores do próprio IBGE. Nas zonas rurais, esse número hoje cai para 25%.

O pior de tudo, presidente, é que a senhora venceu as eleições apoiada demagogicamente em discurso de governo popular. Todas as contradições de seu governo que favorece indecentemente o capital especulativo, se resumem em tal aumento salarial, a evidência do caráter dessa presidência. E também o porquê de não se investir tamanha economia em educação: o povo, composto por 50% de analfabetos hoje (incluindo funcionais) precisa acreditar nos senhores, é a alma do sujo negócio desse poder.

E por falar em favorecimento ao capital especulativo, muito provavelmente a senhora, quando deixar a presidência, seguirá o caminho do seu padrinho Lula que mal deixou o cargo e já deu cinco palestras no exterior por 1 milhão de dólares, a esses mesmos bancos e empresas transnacionais que "adoram" o Brasil, que daqui tanto lucro remetem a suas matrizes no exterior ajudados por políticas que, como em nenhum outro país, entregam facilmente o dinheiro do Estado e nossas riquezas ao estrangeiro.

Pois o dinheiro que hoje Lula ganha nessas palestras é uma migalha devolvida, ínfima parte do que ele entregou de mão beijada a esses bancos e megacorporações; é o dinheiro da nossa educação, da nossa saúde, do nosso saneamento básico, da nossa segurança e do nosso salário, bem como o dinheiro que paga o salário da senhora.

O Pão já foi dado através de políticas assistencialistas, nada consistentes que não melhoraram significativamente o poder aquisitivo do brasileiro; agora, que venha o Circo de 2014 e ninguém se lembrará de nada disso (na verdade, poucos sabem deste aumento astronômico de seu salário mesmo entre pessoas bem informadas). Aliás, Circo já totalmente enlameado que, para piorar ainda mais, a senhora ainda aprovou recentemente licitações sigilosas: a senhora acredita mesmo que, perante tudo isso, vale a pena à população confiar em tal sigilo, abrindo mão da prestação de contas do dinheiro público de antemão, de quanto o Estado está disposto a pagar e que tipo de serviço deseja receber em relação às obras da tal Copa do Mundo?

O discurso petista preferido é que, em suposto Brasil de todos, decente, tem-se resgatado a autoestima do brasileiro, algo recheado de jogo de palavras e frases de efeito e ufanistas elaboradas em departamentos de marketing. Pois sinto cada vez mais vergonha deste país, extremamente enojado com a classe política apoiada e ao mesmo tempo incentivadora do jeitinho brasileiro, fundamentado em "tanto quanto possível, levar vantagem em tudo", "o sistema é assim mesmo, não se pode ser radical: se um não fizer, outro fará...", e todas as suas mentiras apostando na ignorância e na apatia de muitos. Pois o salário de uma presidente quase triplicar de uma só vez, é o perfeito exemplo de um país totalmente inescrupuloso, desmoralizado.

O que traria autoestima ao nosso povo e um Brasil justo e democrático, seriam políticas eficazes através das quais o tamanho da economia fosse traduzido em benefício direto e essencial às pessoas: saneamento básico, educação, saúde, segurança, salários decentes etc.

Por fim, vale observar que a Imprensa pouco, quase nada noticiou o absurdo que foi tal aumento em seu salário, senhora presidente, a mesma Imprensa que o PT sempre culpa pelos escândalos de corrupção e crises financeiras. Enquanto os senhores acusam, com razão, a oposição (PSDB/DEM) de influenciar nossa suja mídia quando estão em jogo os interesses dela, quem tem conhecimento mínimo de política sabe que o PT, por sua vez, adota o controle midiático e a ausência de pensamento como parte integrante de sua agenda - oculta, claro (sem referência ao fundamental marco regulatório da comunicação, que já deveria ter saído do papel).

Que vergonha, presidente!


OITO ANOS E MEIO DE PT
"Seis por Meia Dúzia" no Brasil até Quando?
 
Nível do discurso petista acompanha perfeitamente o das contradições práticas do governo federal
Segundo a ONU, país tem piorado em corrupção, é 5º no mundo em desigualdade e educação é das piores
Não será agora, quando o Pão já foi dado e adentramos ao Circo de 2014, que o "debate" se enriquecerá
Nem menos que alternativas serão apresentadas. Esperemos, pois, Brasil, país do eterno futuro...

Junho de 2011

O poder não muda as pessoas, apenas as revela!
Heloísa Helena


Reveladora coincidência: os que defendem ferrenhamente os oito anos e meio do governo federal do PT, são os que geralmente não se aprofundam no debate de conteúdo mas optam por frases de efeito, exclamações, adjetivos (sempre pejorativos às diferenças), exaltações e diversos apelos tais como emoção ao extremo aos "companheiros" que, por um motivo ou por outro, compactuam com seus "ideais", e estigmatização e acusação a toda e qualquer crítica que possa levar a alternativas às atuais políticas econômicas, além de mudança no sistema corrupto imperante: inimigos, golpistas etc, revelando o caráter exclusivista e personalista desse governo, o que é totalmente antidemocrático e subproduto das próprias campanhas petistas, baseadas em marketing e não em conteúdo de ideias.

Dados da ONU e da Transparency International apontam que o Brasil piorou no quesito corrupção nos últimos anos: no passado recente o caso Celso Daniel, o Mensalão, o "Pedágio do PT" e o "Escândalo dos Aloprados", hoje o caso Palocci que se enriqueceu 20 vezes entre 2007 e 2010; aumento de 133.9% no salário da presidente Dilma Rousseff logo que assumiu o poder, de R$ 11 mil para R$ 28 mil (a presidente Cristina Kirchner da Argentina ganha 6 mil pesos, o que em reais não chega a 2 mil 300), e aumento de 62% aos deputados; salário mínimo dos mais baixos do mundo (menor que o do Paraguai); Lei Florestal que abre brechas ao desmatamento (no que somos campeões mundiais); privatizações de bens públicos, essenciais e lucrativos se bem administrados, tais como dos aeroportos atualmente; recuo na política agrária e persistência do trabalho escravo no campo (mais informações com números oficiais sobre a catastrófica questão agrária brasileira, e sobre políticas muito aquém das prometidas por Lula neste Blog, em Saneamento Público - Onde Jogar Tanto Lixo Humano?).

A presidente Dilma cortou R$ 50 bilhões em investimentos sociais enquanto seguimos campeões mundiais em taxas de juros, estamos entre os 14 países com maior carga tributária, atrás apenas de países europeus, tendo o país crescido quatro posições de 2008 para 2009 segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de dezembro de 2010 - ano em que tal carga atingiu 35,04% do PIB; os oito anos e meio do governo do PT geraram superávit de 4% do PIB, transferindo mais R$ 1,5 trilhão ao setor financeiro, para pagamento de juros da dívida pública estando o Brasil entre os três mais desiguais do planeta segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), com economia cada vez mais de joelhos ao capital especulativo (dados a seguir publicados pelo jornal A Nova Democracia):

"O lucro líquido do banco Bradesco chegou, no primeiro trimestre desse ano, a R$ 2,7 bilhões, montante 28% maior do que apurado no mesmo período de 2010. O banco Santander, por sua vez, obteve um lucro de R$ 2,071 bilhões, 17,5% maior que no primeiro trimestre de 2010. Já o Itaú/Unibanco registrou o lucro líquido de R$ 3,53 bilhões no primeiro trimestre desse ano, o que corresponde a um crescimento de 9,15% comparando com o ano anterior.

"O lucro líquido dos três maiores bancos privados em atividade em nosso país, quando somados ao lucro líquido do Banco do Brasil, que foi de R$ 2,93 bilhões, ultrapassaram os R$ 10 bilhões, marca nunca antes atingida em um período tão curto."

No mesmo artigo, outros dados apresentados por A Nova Democracia, sobre bilionárias remessas de lucro ao exterior: "As matrizes das indústrias automobilísticas instaladas no Brasil receberam remessas superiores a US$ 2,2 bilhões no primeiro quadrimestre de 2011. Esse valor representa um aumento de 238% comparando com o mesmo período de 2010.

"Segundo dados do Banco Central, o valor enviado pelas empresas automobilísticas corresponde a mais de um quarto, ou seja, 26,2%, de todas as remessas de US$ 8,5 bilhões feitas por empresas estrangeiras instaladas no Brasil nesse período.

"Apesar dessas altas cifras remetidas para as matrizes estrangeiras, o grosso dos investimentos anunciados pelo setor é bancado por recursos nacionais, como os US$ 8,7 bilhões de dólares (aproximadamente, 16,3 bilhões de reais) concedidos pelo BNDES a estas montadoras no período 2008-2010."

Ainda sobre juros da dívida pública, nos últimos 12 meses custou R$ 213,9 bilhões ao Brasil, para o que o Estado cortou gastos e reservou R$ 119,6 bilhões do total da receita de impostos. O valor não pago, R$ 94,3 bilhões, foi acrescido ao saldo da dívida, que não para de aumentar. O programa Bolsa Família, que beneficia 53 bilhões de brasileiros com média de R$ 155,00 por família, custando ao Estado R$ 17 bilhões, poderia ser multiplicado por 12 vezes e meia e acrescido a R$ 1.400,00 por família com o montante do juro da dívida pública pago nesses 12 meses (fonte: Carta Maior).

A Copa do Mundo de 2014, enlameada em superfaturamentos bilionários (considerando apenas aquela ínfima parte que se torna pública), se não bastasse agora com licitações sigilosas aprovadas pela presidente, para cujo evento tem havido despejos forçados e destruição sumária, arbitrária e criminosa de favelas nas grandes capitais brasileiras em um país totalmente despreparado para evento dessa magnitude (quanto a isso, a Relatoria Especial da ONU para o Direito à Moradia Adequada enviou uma carta em dezembro passado ao governo brasileiro, sem, contudo, receber nenhuma resposta); políticas socias assistencialistas, como tais nada substanciais nem duradouras; violência assustadora (em grande parte consequência das injustiças sociais) que não diminuiu em absolutamente nada na última década: seguimos com número de assassinatos anuais em cerca de 45 mil, três vezes superior ao considerado pela ONU como o suficiente para caratcterizar guerra civil dentro de um país.

Quanto à violência, alertou a Unicef em contribuição para documento da ONU de 2008, sobre o Brasil: "A violência em todas as idades aumentou na última década, transformando o assunto em um dos mais sérios desafios enfrentados pelo país. Os homicídios de adolescentes entre 15 e 19 anos aumentaram quatro vezes nas últimas duas décadas, atingindo 7,9 mil em 2003".

Nenhum avanço em relação a políticas em favor dos povos originários do país; altas taxas de desemprego atualmente, subindo (6,4% da população economicamente ativa em março); a Imprensa continua sem marco regulatório, contrariando o discurso de Lula e os princípios de qualquer nação minimamente democrática; manutenção da Lei de Anistia que absolve militares por seus crimes durante a ditadura (1964-1985); mantidos em arquivos ultrassecretos documentos sobre a genocida Guerra do Paraguai, algo sem igual no mundo; reveladas por WikiLeaks reuniões dos alto escalões do governo do PT ao longo desses anos no poder com embaixadores-espiões da CIA, passando a estes informações confidenciais que ferem totalmente a soberania do país.

Em país de 50% de analfabetos, incluindo funcionais, ainda somos os últimos no mundo em gastos em educação (*) (Botsuana na África investe 10% do seu PIB nessa área, o Brasil do PT, 4,8%, gasto ínfimo assim como o de governos anteriores), - segundo a dados da Unesco, o nível educacional do Brasil está entre os mais baixos da América Latina, e na posição de 88º no mundo.

De acordo com últimos levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), apenas 62,6% dos domicílios urbanos brasileiros têm acesso à rede de água, esgoto e à coleta de lixo, sendo que quando Lula assumiu o poder, essa cifra estava em cerca de 60%, conforme mostram indicadores do próprio IBGE - nas zonas rurais, esse número hoje cai para 25%. Ainda segundo o IBGE, em 2005 o grave déficit habitacional brasileiro era de 7 milhões, e em 2009 a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) apontou déficit de 5,8 milhões, uma diminuição irrisória principalmente se levado em conta que há no país 5 milhões de prédios desocupados e sem uso (muitos abandonados aguardando valorização imobiliária), contrariando o princípio constitucional de que, antes de mais nada, a propriedade privada possui função social.

Com tudo isso, perfeito continuísmo da outrora duramente combatida agenda política do bloco PSDB/DEM, o subterfúgio preferencial dos defensores dos oito anos e meio do governo federal do PT, a fim de evitar as verdades expostas aqui, tem sido não analisar o governo Lula em si, mas compará-lo aos números dos oito anos do governo do antecessor Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o qual eles mesmos qualificam, com considerável razão, de desastroso e até inconstitucional.

Há alguma justificativa nisso, embora não em grande medida pois se desconsidera que qualquer nação ou empresa saindo de séria crise financeira como quando Lula assumiu o poder em 2002, tende a ver saltos enormes nos números proporcionais, diferentemente de épocas mais estáveis. Com determinadas melhoras - algumas dignas de elogio à administração federal do PT, outras que apenas acompanham a tendência da evolução universal -, a essência da política de Lula, em todos os aspectos, não difere da de seu antecessor conforme temos visto e seguiremos analisando - para tal parecer, não consideramos nenhuma "revolução" que deveria ter sido promovida, mas mudança efetiva no quadro mais acima exposto. Adota-se, assim discurso baseado na "política do caranguejo": justifica-se as políticas atuais nas do antecessor (que se julga catastrófico), ao invés de se encarar os números e fatos incontestes, e buscar alternativas. Trata-se, indiscutivelmente, de um raciocínio nada progressista.

Com todas as crises e fracassos políticos, sociais e econômicos de Fernando Henrique, de 1992 a 2001 o número de pobres caiu em 5 milhões, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Isso é importante notar por dois motivos: quando Lula assumiu a presidência em 2003, o Brasil saía de séria crise mas já vinha em uma crescente no combate à pobreza (veja gráfico), e não levando isso em considerãção muitos costumam aplicar números de combate à pobreza ao atual governo a partir de dados do ano de 1990 ou dos primeiros anos daquela década, em que o Brasil atingia níveis de moséria alarmantes comparando-os aos de hoje como se Lula tivesse sido o presidente naqueles anos.

Realmente, Lula continuou e ampliou o combate à pobreza, mas muito mais através de políticas paliativas como o Bolsa Família ao mesmo tempo que, a exemplo nocivo de Fernando Henrique, baseou sua política econômica no capital especulativo e não na produção - o que Dilma tem continuado. Também acabam se esquecendo, ao analisar tais dados, de que a pobreza é um conceito muito mais amplo que o da renda, simplesmente, devendo ser analisado de forma multidimensional considerando também diversas outras questões, tais como saneamento básico, saúde, segurança, educação e lazer.

Vejamos este quadro, segundo estudos da Imazon sobre a região da Amazônia:

OBJETIVO 1 - ERRADICAR A POBREZA E A FOME

Meta 1: Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população pobre
.
• Meta Brasil para 2015: 10% da população vivendo em condição de pobreza extrema
(um quarto do salário mínimo).

• Amazônia em 2009: 17% da população em condição de pobreza extrema.

• Avaliação: Mantida a atual taxa de redução, essa meta será atingida somente em 2030.

O Mato Grosso já atingiu a meta. Maranhão é o Estado mais distante dessa meta.

Meta 2: Garantir emprego pleno e produtivo e boas condições de trabalho para todos.

• Avaliação: Embora metas quantitativas não sejam especifi cadas pela ONU, enquanto persistirem na Amazônia trabalho infantil e trabalho em condições análogas à de escravo, essa meta não poderá ser atingida. Além disso, a maioria dos trabalhadores da região atua no mercado informal sem ter assegurados os direitos sociais previstos em lei.

Outro detalhe importante, é que no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH, indicador da qualidade de vida a partir de dados da expectativa de vida, educação e PIB per capita), em que o Brasil atingiu alguma melhora comparativamente ao governo de Fernando Henrique, mas nada significativa, é que todos os países subdesenvolvidos tendem a melhorar sua pontuação neste quesito com o passar dos anos. Basta ver que países até da África obtêm tal melhora, assim como nosso próprio vizinho Paraguai, um dos mais pobres da América Latina que não tem tido nenhum presidente de sucesso, muito pelo contrário, melhorou sua posição na classificação do IDH nos últimos 15 anos.

Mais importante ainda observar a esse respeito, é que em números absolutos o Brasil melhorou modestamente sua posição na classificação do IDH nos últimos anos, mas comparativamente ao crescimento de países, caiu: em 2000, penúltimo ano de Fernando Henrique na presidência, o país ocupava o 69º lugar, enquanto em 2010 ocupou a posição de 73º. A queda se torna mais acentuada se considerarmos que em 2000, 175 países compunham a lista, e 10 anos mais tarde esse número foi reduzido para 169.

Em 2000, vários países que compunham a lista de desenvolvimento médio, tais como Irã, Venezuela e o próprio Brasil, hoje compõem a de desenvolvimento alto. Dentre a maioria destes, inclusive comparando a Irã e Venezuela, o Brasil foi o que menos subiu em IDH, proporcionalmente. E comparativamente a si mesmo, o Basil no governo Lula cresceu proporcionalmente no mesmo patamar em relação ao governo de Fernando Henrique (veja gráfico).

Tendo em vista ainda que o IDH mede melhorias em educação, expectativa de vida e crescimento do PIB per capita, e que o Brasil não avançou nos investimentos em educação a ponto de tirá-lo do sofrível posto de último colocado no mundo em gastos nessa área, que a expectativa de vida média do brasileiro avançou de 69,66 em 1998 para 72,86 anos em 2009 segundo dados do IBGE, e que o PIB per capita subiu de R$ 4.441.00 em 1995 para R$ 5.405,00 em 2009 segundo dados do IBGE de 2010, um aumento de 21,7%, fica claro que o que mais pesou foi o crescimento deste último quesito, o que não traduz necessariamente distribuição de riqueza nem melhora da qualidade de vida da população.

Vale observar que, conforme tem ocorrido em vários países do mundo, inclusive no Brasil historicamente, as taxas de crescimento do PIB podem ser proporcionalmente muito superiores às de distribuição de riqueza e melhoria na qualidade de vida em geral, assim como pode até haver aumento da pobreza frente a um PIB sempre crescente. Basta considerar que a Índia, país miserável, dos mais desiguais do planeta cuja sociedade é dividida em castas, possui o 12º maior PIB do mundo, o qual tem crescido vertiginosamente nos últimos anos enquanto a pobreza local apenas aumenta, conforme aponta reportagem da BBC Brasil.

Quanto ao próprio Brasil diante de todo o "sucesso" econômico alardeado pela ala governista, no quesito concentração de renda - apesar de que 82% dos brasileiros sejam hoje beneficiados pelo sistema previdenciário, o que favorece a distribuição de renda, e que de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) e Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, a renda dos 50% mais pobres cresceu 67,93% entre dezembro de 2000 e dezembro de 2010, enquanto a renda dos 10% mais ricos cresceu apenas 10% no mesmo período - o Brasil amarga o terceiro lugar na lista de países mais desiguais do mundo, o que demonstra lento avanço para tamanho economia, 7ª da mundo, e pelas riquezas que possui. Tal posicionamento na classificação dos desiguais aponta ainda queda comparativamente a outros países: quando Lula assumiu a presidência, o Brasil era o quarto mais desigual do planeta.

Portanto, considerar-se a evolução no IDH é tão relativo quanto se analisar simplesmente o crescimento do PIB, sem levar em conta o contexto e como isso foi investido em educação, saúde, segurança, etc. Assim como não diz nada se há grande soma de reservas cambiais e se o Risco Brasil recuou para 3,75%, se tais números não forem traduzidos em benefícios práticos ao país: por exemplo, o governo Lula emprestou 10 bilhões de dólares ao FMI em 2009, enquanto o Brasil continua o último do mundo em gastos em educação, o saneamento básico e o sistema público de saúde continuam precários, e a segurança pública, uma catástrofe.

Dos números vazios e mortos à prática de volta, se algo acontece com Dilma o presidente do Brasil será nada mais nada menos que Michel Temer do PMDB, seu vice, mas poucos pensaram nisso enfim, é longa a jornada de fracassos e contradições respondidas geralmente por seus defensores através de expressões ufanistas, de "continuada vitória entusiástica, venha o que vier e quem vier" culpando a mídia por todos os seus desatinos, opondo-se raivosamente a toda e qualquer crítica. Tudo isso, que se assemelha muito a regimes ditatoriais e totalitários conforme nos mostra a história, trata-se do retrato vivo das campanhas petistas ao longo da última década, baseada em marketing ao invés de valores e debates mais profundos.

Chegamos a ouvir recentemente de experiente mlitante do PT formada em Direito e funcionária do Tribunal de Contas da União, uma dessas defensoras incondicionais do partido e de suas políticas nem que, para isso, tenha que contradizer hoje tudo o que foi dito ontem, concluir surpreendentemente sobre as palavras secretas dos embaixadores norteamericanos sobre a gente do PT revelados por WikiLeaks recentemente, mais especifamente sobre o ex-ministro da Casa Civil, sr. José Dirceu afastado do cargo por corrupção (um "camaleão" que muda a cor de acordo com a ocasião e os interesses, segundo os norteamericanos): "Pura inveja!".

Agora, que apareça alguém do PT dizendo que quando Heloísa Helena denunciou sofrer ameaças de morte e ter telefone grampeado, após se posicionar contra casos de corrupção dentro do próprio PT ao qual pertencia, foi movida por "inveja do partido" para fazer tais denúncias. Quem tem "debatido" com petistas (ou tentado fazê-lo) nota que não se está nada longe disso.

Se este mesmíssimo artigo, defendendo rigorosamente cada vírgula dele simplesmente se desse ao trabalho de trocar a silga PT para, por exemplo, PSDB, seus respectivos personagens e a data para algo como 2000, os militantes petistas regozijar-se-iam com o que, agora, tanto inconformismo e até fúria gera neles.

E após oito anos e meio de PT, com alguns avanços e muitos fracassos em que militantes, economistas e intelectuais têm mudado suas posições sem argumentos consistentes, muito pelo contrário, certamente não será a partir de agora, quando o Pão já foi dado através de políticas majoritariamente demagógicas e adentramos ao Circo de 2014, que haverá debate de conteúdo no Brasil, nem muito menos que alternativas serão apresentadas e colocadas em prática. Esperemos, pois, Brasil, país do eterno futuro...


(*) Sobre educação, foi criado o "mito das 14 universidades" supostamente criadas por Lula, a qual soava estranho considerando que o país é último no mundo em gastos em educação, conforme argumentamos. O mistério foi desvendado através de reportagem da revista Veja (tanto que o governo federal não seguiu adiante com a propaganda de grande criador de universidades): A Fabulosa Farsa de “Lula, O Maior Criador de Universidades do Mundo", pode ser lida através desta ligação. O blog O que Não Te Contaram também apresenta brilhante reportagem, o qual investigou cada uma das supostas universidades criadas por Lula, chegando à conclusão que ele criou quatro - não acabadas ou em situação precária, em As (1)4 Universidades Criadas pelo Governo Lula, nesta ligação (belíssima pesquisa de Leonor Siminoi e Rerisson Cavalcante).


Manifestações Populares na Espanha e Argentina: Por Que no Brasil Não Há Similares?

Junho de 2011

O movimento Democracia Real Já da Espanha, saiu em peso às ruas neste mês de junho para protestar contra as reformas trabalhistas que reduzem em 5% os salários dos funcionários públicos. Na Argentina, é tradicional a luta popular por justiça contra uma das ditaduras militares mais cruéis do continente (assista vídeos em Golpes Militares na América Latina - Argentina, aqui no Blog).

No caso da Espanha, a crise econômica que estourou nos Estados Unidos em 2008 e se espalhou severamente por todo o mundo, especialmente pela Europa por culpa de banqueiros irresponsáveis, fez com que as sociedades mundiais, de uma maneira ou de outra, tenham pago a conta enquanto as próprias instituições financeiras não tenham sofrido dano algum - em muitos países, foram privilegiadas por bilionários e, em alguns casos, trilionários planos de salvação econômica estatais (sobre tais planos, leia as Cartas Abertas ao Presidente Obama de Edu Montesanti, aqui no Blog). Somada ao terrorismo mundial, fruto de anos de políticas fracassadas, que amedronta os europeus e que vitimou mortalmente os próprios espanhois em 11 de março de 2004, a recente reforma laboral na Espanha, desta vez, foi a gota d'água, e os espanhois, na grande maioria jovens, sai às ruas sob o lema, “Não somos mercadoria nas mãos de políticos e banqueiros. Democracia real já”.

Em Buenos Aires maio passado, uma multidão compareceu à Praça de Maio na região central da capital argentina, localizada entre a Casa Rosada (presidencial) e o Congresso, onde se reivindicou a identidade verdadeira de crianças nascidas em celas militares (leia notícias com imagens mais abaixo). Os frutos dessas pacíficas manifestações têm sido visíveis no país vizinho: totalmente diferente do que ocorre no Brasil, vários militares têm respondido perante à Justiça por seus atos, sofrendo condenações condizentes com o que praticaram. Rafael Videla, presidente durante a maior parte do regime, foi condenado à prisão perpétua. Anteriormente, mais uma entre tantas manifestações eficazes no país, em 2001/2002 os argentinos haviam derrubado cinco presidentes em 23 dias (o primeiro fora Fernando de la Rúa), através do famoso panelaço.

Por Que no Brasil Não Há Mobilizações Similares?

No Brasil, há todos os motivos para que haja grandes mobilizações populares: um dos mais desiguais do MUNDO APESAR DO tamanho da economia, e com salário mínimo dos mais baixos (menor que o do Paraguai), o país tem visto a corrupção generalizada piorar nos últimos anos confirmado por dados da Organização das Nações Unidas e da Transparency International, a Justiça é morosa e tendenciosa em favor dos mais poderosos, o saneamento básico e o sistema carcerário são extremamente precários, o transporte público é caro e ineficiente, a Internet é cara e lenta, o sistema de ensino é, historicamente, deteriorado e até hoje totalmente esquecido pelos políticos, fazendo DO BRASIL ÚLTIMO do mundo em gastos proporcionais do PIB em educação, o país está também entre os mais violentos e discriminatórios, além de campeão mundial em desmatamento e Imprensa nada transparente, sobre a qual WikiLeaks liberou telegramas seríssimos envolvendo-a - se já não bastasse tudo o que conhecemos dela, há muito.

Enfim, sob todos os aspectos, sociais, educacionais, infraestruturais, políticos, econômicos e ambientais, o Brasil está muito mal conceituado nos medidores estatísticos, tanto nacionais quanto internacionais (mais detalhes em Saneamento Público - Onde JOGAR Tanto Lixo Humano?, aqui no Blog).

Frente a tudo isso, o caráter apático, omisso, dessituado e individualista do brasileiro possui implicações históricas. Hoje, há quem o culpe no excessivo envolvimento do jovem à Internet e suas redes sociais, o que é totalmente equivocado: em nossa velha Laranjal Paulista, por décadas viveu-se sem Internet assim como tantas e tantas laranjais Brasil afora, até hoje, possuem acesso reduzido a ela: se não é a Internet, será o campo de futebol, senão o hambúrguer e sorvete no coreto da praça, senão o dominó valendo cerveja no bar, senão o Big Brother enfim...

Até porque o que levou milhares de jovens espanhois às ruas foi justamente a Internet com suas redes sociais, assim como ocorrido nas admiráveis revoltas árabes, que têm derrubado, pacificamente, ditadores sanguinários. Aqui no Brasil, a Internet poderia ser nossa aliada também, mas tudo aqui é motivo para se alienar: se não é a Internet será, como sempre foi, qualquer outro ópio - e porque essa tem sido a opção do brasileiro, antes de mais nada. Isso também sustenta, em parte, nossa tese de que o problema do brasileiro vai muito além do educacional, embora seja de emergencial importância: apenas instrução não mudará o caráter do nosso povo, conforme argumentamos em Superação da Discriminação na Sociedade Brasileira Depende de Mudanças Estruturais, artigo abaixo.

“Achado não é roubado e, tanto quanto possível, levar vantagem em tudo”: o problema está na essência oportunista e comodista do nosso povo, de maneira geral. Exemplo mais evidente de oportunismo e despolitização é que no Brasil tendemos a ser, em muito maior grau comparativamente a outras nações, da seguinte e marcante maneira: peessedebista defende, por N motivos, cegamente o governo do PSDB nem que, para isso, tenha que contrariar o que defendeu em toda sua história; petista defende, por mil e um motivos, cegamente o governo do PT, nem que isso contrarie o que defendeu em toda a sua história; pesolista defende cegamente, por N motivos, o sr. Ivan Valente...

O Brasil não precisa de um povo que defenda governo nenhum, mas de sociedade que defenda a verdade antes de qualquer coisa. O brasileiro tem que querer isso, lutar por isso. Mas o caráter do brasileiro não quer muito a verdade, sempre adjetivando pejorativamente os poucos que a desejam e lutam por ela. E isso tudo por N motivos que se resumem bastante bem nas velhas máximas mencionadas no início do parágrafo anterior (aos jogadores da Pátria de Chuteiras: elas não foram criadas nem difundidas por este Blog).

Todas as crises políticas do Brasil, assim como a mais recente no governo Dilma envolvendo o corrupto ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, ilustram perfeitamente tal realidade: a oposição, tanto a partidária quanto a velha e suja midiática, tenta de tudo para obter vantagens (derrubando o governo nem que seja injustamente valendo-se de até factóides, ou fazendo chantagens para obter lucro com a crise e com a própria corrupção); o governo e seus defensores, sejam quais forem mas mais ainda os de esquerda, invariavelmente tendem a culpar a mídia e a oposição pela crise (a questão Palocci foi mais uma evidência disso). Moral da história: o problema nunca é debatido em sua essência e, consequentemente, nunca mobilizado nem resolvido, claro.

A tudo isso coopera, e muito, a ausência de uma Imprensa realista, ética, imparcial, independente, transparente e objetiva (o que é uma piada no Brasil) que exercesse, efetivamente, o quarto poder fundamental em uma democracia, o que, por sua vez, acabaria não abrindo espaço para ditos e feitos absurdos como o do presidente Lula, quem literalmente apanhou dos militares na época da ditadura e se apoiou nisso em toda sua trajetória política, sobretudo nas cinco campanhas presidenciais sob o lema Quero um Brasil Decente, mas disse defendendo a Lei de Anistia, que isenta os ex-ditadores de responderem na Justiça pelo que cometeram: “Passado é passado...”.

Enfim, se o próprio presidente da República alcança tal filosofia política prezando por esse paupérrimo nível de memória e ativismo, e possui tal assustador senso democrático e de justiça, seguiremos resumidos a nossas mundialmente famosas manifestações carnavalescas e futebolísticas por muitas décadas ou séculos, limitados a derrubar apenas técnico de futebol para alegria da nação geral – sobretudo de donos de botequins e políticos, em sua grande maioria.

Uma coisa são fatos, outra são opiniões. Dentro daquilo que é fato e apresenta todos os motivos para se haver mudança, os brasileiros precisamos, urgentemente, ser mais realistas. O otimismo é muito bom e necessário, mas se não andar junto do realismo não se trata de otimismo, mas de alienação. O Brasil precisa acordar - já passou da hora...


Superação da Discriminação na Sociedade Brasileira Depende de Mudanças Estruturais

Maio de 2011


Somos um povo altamente preconceituoso no Brasil, e a grande evidência experimentamos diariamente, sofrendo ou presenciando as mais diversas discriminações. A maior delas, sem dúvida, é a de classe, muito mais agressiva que a étnica, por exemplo. Haja vista a diferença de tratamento dispensado aos negros de sucesso das bandas de pagode, e a um comum e anônimo professor de
Educação Artística de pele branca, cujo meio de transporte é a lotação, para não ir mais longe nos exemplos.

Mas também está fortissimamente enraizado na sociedade brasileira um muito acentuado preconceito étnico, regional, de gênero e por opção sexual: haja vista o que sofreram as prefeitas paulistanas, Marta Suplicy (em quem nunca votamos) e Luiza Erundina (nossa eterna candidata e personalidade inspiradora); haja vista também qualquer um dos grandes herois negros do fuebol: enquanto estiver marcando gols, o diamante negro é aplaudido e convidado a todas as festas da socialyte brazuca. Contudo, no primeiro "gol feito" perdido por ele, pouca laranjada na cabeça é bobagem: "Preto nordestino (fdp)!!!", aflorando-se, assim, o ódio étnico e regional em nossa tão dita "sociedade aberta e igualitária".

Em 2009, éramos no Brasil 50% de analfabetos - incluindo funcionais, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios): para cada cinco brasileiros, um era analfabeto funcional, de acordo com a Pesquisa. No mesmo ano o Brasil era o último colocado, em todo o mundo, em gastos proporcionais em educação, com apenas 3,8% de seu PIB, fazendo do ensino do país um dos mais baixos de toda a América Latina segundo a Unesco, estando em 2010 na posição de 88º no mundo neste quesito, (confira dados sobre este assunto, no artigo O Brasil no Espelho, mais abaixo).

Conforme argumentamos com mais detalhes em O Brasil no Espelho, qualquer nação que deseja progredir deve investir fortemente em cultura, conforme a própria história revela e o que o Brasil não faz minimamente - o Japão da Revolução Meiji é um belo exemplo, entre tantos, da vital importância da educação em uma sociedade.

Porém, o investimento em cultura em si, não mudará o caráter preconceituoso da nossa sociedade. O Brasil, a fim de obter vitórias significativas sobre esse mal nefasto, carece de efetiva mudança na estrutura política, econômica e social. Basicamente, alteração nas estruturas políticas consiste em consolidação (ou iniciação) das instituições democráticas (o que possibilitará também uma mídia educativa e não comercial, conforme reza a Constituição Federal - veja o que ela determina sobre isso aqui no Blog, em Ética na TV); no campo
econômico, distribuindo riqueza deixando de ser um dos mais desiguais do mundo (houve avanços no governo Lula, deixamos o posto de país mais desigual da América Latina, mas o Brasil ainda está longe do razoavelmente aceitável tendo como triste exemplo a grave questão agrária, entre outros tantos); e, consequência disso tudo, mudança na estrutura da sociedade, ou seja, oferecimento de maiores oportunidades a todos, sob todos os aspectos.

O sistema de cotas nas universidades brasileiras é um bom exemplo de política inclusiva, mas apenas como medida paliativa, o que não ocorreu em todo esse tempo: tal sistema deveria ser implementado a fim de atender, por apenas determinado período, a necessidade urgente de negros, pardos e índios (geralmente pertencentes a classes de menor poder aquisitivo devido a históricas políticas excludentes) de ter acesso à educação superior gratuita.

Durante tal período, dever-se-ia qualificar o ensino fundamental e o médio, proporcionando às classes menos favorecidas futuras condições (esse futuro já deveria ser hoje) de competir nos vestibulares com igualdade por vagas nas universidades estaduais e federais, sem necessidade das cotas (as quais, de certa forma, dentro de sua urgente importância, acabam causando segregação). Mas, conforme apontam dados de investimento em educação e seus resultados nos últimos anos, o governo Lula não fez isso, adiando a
possibilidade de efetiva democratização do ensino para sabe-se lá quando...

Por outro lado, importante política econômica de inclusão social de Lula foi o considerável barateamento das passagens aéreas, democratizando-as para calafrios das paquitas e madames do país, em geral: "aeroporto está parecendo terminal de ônibus", tem sido a histérica e discriminatória reclamação baseada na infame intolerância e segregação social, uma vergonha que custa desimpregnar da nossa sociedade, remontando épocas mais sombrias da história.

Se em 2030 a maioria dos brasileiros vier a falar bem inglês, espanhol e francês (além de vir a falar bem o português também, é claro), e for muito boa em Educação Artística, Informática e Matemática, seria ótimo mas nada disso, em si, transformaria o acentuado e generalizado caráter discriminatório da nossa gente. Advindas de fortes investimentos em educação, o que essas transformações trariam, isso sim, seriam maiores oportunidades de mudança nas estruturas mais acima mencionadas e, daí, tornaria possível que fôssemos um povo de conteúdo muito mais construtivo que o das madames chiquérrimas de cultura europeia, e dos nossos bibelôs trilíngues, informatizados e assassinos das faculdades-empresa do Brasil de hoje.

Um Brasil solidário e forte de caráter o suficiente, passa pela educação mas, mais que de instrução, o brasileiro precisa vencer a cultura do individualismo, da competitividade e do poder venha como vier, seja como for. Isso sim, trará a mudança radical e necessária do nosso sistema excessivamente excludente, em todas as áreas.


SANEAMENTO PÚBLICO: ONDE JOGAR TANTO LIXO HUMANO?
O Estado Brasileiro Racista, Criminalizador da Pobreza e Exterminador


Saneamento Público é o que se faz no Brasil, com as classes menos favorecidas
e etnias historicamente marginalizadas (especialmente negros e índios)

"Onde jogar tanto lixo humano?"
É o grande problema das classes dominantes e do Estado brasileiro


Com informação, a sociedade tem meios de agir
Carlos Castilho (Observatório da Imprensa)

Na prática, há pena de morte (arbitrária) no Brasil
Edu Montesanti



O carcereiro joga o garoto, um pré-adolescente, na solitária. Algum tempo depois, "alguém" ateará fogo ao seu corpo. Os outros garotos internados, ao virem a fumaça saindo pela janelinha da sala, começam a gritar, em desespero. o carcereiro atende, mas, por alguma razão misteriosa, "não consegue" achar a chave. O garoto morre torrado. Isso não aconteceu em alguma prisão da Alemanha nazista, nem em Israel, Iraque ou Guantánamo. Aconteceu em São Paulo, na antiga Febem, em 2003. Ninguém jamais foi punido.

(Jornal Brasil de Fato, 11 a 17 de dezembro de 2008)


"O interrogatório é muito fácil de fazer, pega o favelado e dá porrada até doer. O interrogatório é muito fácil de acabar, pega o bandido e dá porrada até matar. Esse sangue é muito bom, já provei, não tem perigo, é melhor do que café, é o sangue do inimigo". Esse é um dos cantos preferidos dos soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro para incursões em favelas e comunidades pobres da cidade. Para completar a intimidação, a música ecoa de dentro dos Caveirões, carros blindados que custam R$ 403 mil cada.

(Jornal Brasil de Fato, 11 a 17 de dezembro de 2008)


Dona E., que teve um filho de 13 anos morto pela Polícia, recebeu, em agosto deste ano, uma visita inesperada quando chegava ao trabalho. Na porta de sua casa estavam três viaturas, policiais armados e um delegado de Polícia, sem mandado, a fim de intimidá-la. Dona E. relata que, sem qualquer razão, o delegado bateu em seu rosto e a ofendeu na frente de sua família.

Ela também conta que, ao tentar registrar queixa na delegacia, os policiais avisaram que não iria adiantar. No entanto, o procedimento foi realizado apenas com informações do delegado, que alegou que Dona E. havia tentado agredi-lo.

Para piorar, ela ainda denuncia uma tentativa de suborno. "O delegado tentou me convencer de que aquilo não iria adiantar em nada e depois tirou cem reais e me deu. Eu disse que não iria aceitar, porque aquilo não iria pagar a humilhação que eu sofri e as pancadas que ele me deu", afirma.

Depois de recusar o dinheiro, ela recebeu um "alerta" do delegado: "E disse que me mataria, que mataria meus outros filhos, mataria minha mãe e toda minha família". Por causadas ameaças, Dona E. não dorme mais direito à noite, com medo de que a Polícia invada sua casa.

(Jornal Brasil de Fato, 11 a 17 de dezembro de 2008)


A violência contra K.A. deixou marcas bem maiores do que somente uma lembrança ruim. No seu corpo, ainda se alojam duas balas, uma delas na medula, que pode deixá-lo tetraplégico.

K.A. foi baleado em março do ano passado. Junto com ele estava C.S.S., seu companheiro de movimento hip-hop e da Companhia Reaja ou Será Mort@. O primeiro conta que os dois estavam andando em uma rua de Salvador quando foram abordados por policiais militares em uma viatura, que pediram para os jovens levantar a camisa para ver se estavam armados.

Momentos depois de o veículo partir, eles foram abordados por dois homens, armados e à paisana, que os obrigaram a se ajoelhar, colocar as mãos na cabeça e tirar os bonés. K.A. e C.S.S. tentaram explicar que não haviam feito nada, mas, em seguida, os homens começaram a atirar. "Não deu tempo para se defender, chegaram atirando, chegaram na maldade, foi um ato de covardia mesmo. Eles ainda disseram 'e agora, negão, cadê vocês?'", relata K.A.

Ele levou três tiros, mas caiu consciente. Quando uma viatura chegou para socorrê-los, os policiais afirmaram que se tratava de um caso de guerra entre gangues rivais. A comunidade, no entanto, não deixou que K.A fosse levado pela Polícia. "Todo mundo sabe disso lá, eles dão socorro mas acabam matando no meio do caminho, dizendo que a gente revidou", diz.

A espingarda calibre 12, que foi usada contra K.A., foi levada pelos PMs que tentaram socorrê-lo. A arma, porém, desapareceu depois. C.S.S. não sobreviveu aos tiros. Já K.A. ficou com sequelas e hoje caminha com dificuldades. "O que eles fizeram não vai ser pago, porque eu não sou mais o mesmo desde que aconteceu isso. Eu estou com alguns problemas, mas C.S.S. perdeu a vida dele".

(Jornal Brasil de Fato, 11 a 17 de dezembro de 2008)


Já passava das 22 horas do dia 15 de maio de 2006 quando Edson Rogério da Silva Santos foi abordado por policiais militares em um posto de gasolina, bairro da Vila São Jorge, periferia de Santos (SP). O gari de 29 anos dirigia uma moto emprestada de um amigo e pretendia abastecê-la antes de ir para casa.

Após responder aos policiais que já havia sido preso aos 18 anos, começou a ser espancado. "Tu é ladrão, já morreu!", sentenciaram os homens. Mesmo machucado, Edson conseguiu subir na moto e ir embora, mas, logo depois, levou tiros no peito. Quando foi alvejado, ainda vestia capacete. Edson caiu morto na mesma rua que havia varrido horas antes. O relato da abordagem foi feito pelo colega do jovem, que chegou ao local para ajudar com a moto.

A mãe do rapaz, Débora, soube da morte do filho por meio de um programa de rádio, às 8h30 da manhã seguinte. "Era uma notícia sobre uma matança na região. Quando ouvi, sabia que tinha sido a Polícia", afirma Débora. Um policial próximo à família havia dito à Débora que, naquela noite, seria imposto um toque de recolher, e que "não era para as pessoas de bem sair na rua, porque a Polícia ia botar para quebrar".

O assassinato de Edson faz parte do episódio que ficou conhecido como Crimes de Maio, mortes decorrentes da contra-ofensiva da polícia de São Paulo aos ataques da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), em maio de 2006.

(Jornal Brasil de Fato, 11 a 17 de dezembro de 2008).


Há quinze anos, no dia 29 de agosto de 1993, mais de cinquenta policiais integrantes de um grupo de extermínio conhecido como os Cavalos Corredores, invadiram a favela de Vigário Geral, assassinando 21 pessoas. Eles se dividiram em três grupos e espalharam o terror pelas vielas da comunidade.

Foram assassinados o estudante Fábio Pinheiro Lau, 17 anos, o metalúrgico Hélio de Souza Santos, 38 anos, Joacir Medeiros, 69 anos, o enfermeiro Guaracy Rodrigues, 33 anos, o serralheiro José dos Santos,47, Paulo Roberto Ferreira, 44, motorista, o ferroviário Adalberto de Souza, 40, o metalúrgico Cláudio Feliciano, 28, Paulo César Soares,35, o gráfico Cléber Alves, 23, Clodoaldo Pereira, 21, Amarildo Baiense,31, o mecânico Edmilson Costa,23 , o vigia Gilberto Cardoso dos Santos, 61, o casal Luciano e Lucinéia, 24 e 23. Em seguida executaram Dona Jane, 58, sua nora, Rúbia, 18, o marido e a filha Lúcia, 33. Lá, morreram também, Luciene, prestes a completar 16 anos e Lucinete, 27. As crianças, com idades entre 9 e 5 anos, conseguiram fugir, pulando para a rua de uma altura de dois metros. Uma delas saltou com uma criança de seis meses no colo.

No dia anterior, policiais que haviam matado o irmão de Flávio Pires da Silva, 23, conhecido como "Flávio Negão" — chefe do tráfico na favela — foram até o principal ponto de venda de drogas da comunidade para pegar o dinheiro da propina, paga para aliviar a repressão. Chegando à Praça Catolé da Rocha, a viatura foi surpreendida por um cerco de Flávio Negão e seus comparsas, que executaram os quatro PMs que estavam nela. Como vingança, no dia seguinte aconteceu a chacina.

Cavalos Corredores

Os Cavalos Corredores eram policiais do 9º batalhão — na época sob comando do coronel Emir Laranjeira — e tinham esse apelido porque entravam nas favelas correndo e atirando a esmo. As ações criminosas do grupo tinham total apoio do coronel, um dos idealizadores da gangue. Em 1990, Laranjeira se elegeu deputado pelo PSDB e pouco depois, em 1991, pronunciou-se em defesa dos policiais, integrantes dos Cavalos Corredores, acusados de sequestrar e executar onze meninos do bairro de Acari. A blindagem que o coronel-deputado dava ao grupo nunca teve limites e em um episódio, uma das mães de Acari, Edméia Eusébio, foi intimidada por Laranjeira ao comparecer à delegacia para reconhecer um dos assassinos de seu filho, o cabo Paulo Roberto Borges da Silva. Depois dessa intimidação, Edméia desistiu do reconhecimento e foi para casa. Seis meses depois, foi assassinada.

Apesar de idealizador dos Cavalos Corredores e de ter seu nome envolvido em diversos processos criminais, como a lista do jogo do bicho, Laranjeira até hoje está na Assembléia Legislativa, assim como outro acusado de ter relação com o grupo de extermínio, o ex-deputado Guilherme Godinho "Sivuca".

(Jornal A Nova Democracia, outubro de 2008).


São 15 famílias, cerca de 15 crianças. A maior parte mora no espaço de um cômodo. Quando chove além da média, o esgoto emerge da fossa e alaga o corredor. Para dormir, é necessário fechar todo tipo de orifício para que nem ratos, nem baratas adentrem os dormitórios. O banheiro é comunitário, como a lavanderia. Esse é o cortiço da rua do Glicério, 596, no centro de São Paulo.

"Os quartos têm muitas rachaduras, é um lugar de risco. E quando alaga, aumenta ainda mais o número de ratos", conta uma das moradoras do cortiço, Camila dos Santos, uma garota de 20 anos de idade, mãe solteira de um filho de um ano e meio, e que parou seus estudos na 7ª série do ensino fundamental.

A maior parte das pessoas (sobre)vivem no local há mais de cinco anos. Elas somam-se aos 35% da população brasileira que vivem na zona urbana em moradias que não podem ser consideradas dignas de acordo com dados levantados pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). A porcentagem se refere a um universo de 54 milhões de pessoas que pagam um aluguel excessivamente caro, vivem em ocupações precárias ou dividem a moradia com outras famílias.

Segundo o órgão federal, o maior problema das moradias precárias continua sendo a falta de saneamento. E, apesar de o abastecimento de energia elétrica atingir praticamente todas as casas, isso ocorre graças às ligações clandestinas, conhecidas como "gatos".

No cortiço da rua do Glicério, outra moradora, Ana Costa, que vive com a mãe de 86 anos, uma filha de 24 anos, mais quatro netos, todos crianças, afirma que com o saneamento básico deficitário, com o esgoto entrando em contato com os moradores do cortiço após as chuvas, "é bem mais fácil ficar doente".

(Jornal Brasil de Fato, 30 de outubro a 5 de novembro de 2008)


Segundo Guilherme Delgado, pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), ocorre hoje, nos canaviais, uma "explosão endêmica, com elevação significativa dos auxílios-doença concedidos, que passaram de 100, em 2000, para 275, em 2005.

"Quartos superlotados, escuros e em péssimas condições de higiene. Banheiros sujos, cozinhas improvisadas a céu aberto. Na lavoura, os equipamentos são velhos, inadequados ou custeados pelo próprio trabalhador. Ao final de cada jornada, ninguém sabe ao certo quanto irá receber", registra matéria do Diário de Cuiabá (22.10.2007) sobre o resultado de inspeções da Delegacia Regional do Trabalho nas empresas Barralcool, Itamarati e Cooprodia. E acrescenta: "trabalhadores reclamaram da qualidade da comida, sendo que alguns afirmaram encontrar moscas, larvas e até rã na marmita".

(Jornal Brasil de Fato, edição especial / Questão Agrária, fevereiro de 2008)


Rondônia - De acordo com o relato dos camponeses, vários policiais, sem ordem judicial e contando com o reforço de um bando de pistoleiros também fardados, invadiram a área e dispararam contra as mais de 30 famílias que ocupavam a área há mais de 5 anos.

Depois de rendidos, os camponeses foram obrigados a se sentar no chão com armas apontadas para as suas cabeças enquanto um policial fotografava seus rostos. Todos os que resistiam e protestavam contra a ação foram espancados com tapas no ouvido e empurrões, além de ofensas verbais. Após o despejo ilegal, os policiais levaram os camponeses para a sede da fazenda Mutum, onde foram submetidos a torturas diante das mulheres durante várias horas.

Em seguida, os camponeses detidos, quatro homens e três mulheres, foram levados algemados ao camburão, sob ameaças de que iriam para o "inferno". E de fato, as ameaças se confirmaram, pois os camponeses foram levados para o presídio Urso Branco. [AND 32, Dezembro de 2006 — Sistema carcerário de Rondônia: Máquina de moer carne humana]

Grilagem Financia Tortura

A Fazenda Mutum, onde ocorreram as atrocidades relatadas acima, foi declarada como terra da União (Proc. Justiça Federal de RO, n. 20084 1000036249), e estava sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária — INCRA.

De acordo com as denúncias feitas pelos camponeses após a ação policial, o latifundiário Luiz da Dipar (Luiz Carlos Garcia) e o chefe da pistolagem, Odailton Martins, repassaram aproximadamente 450 alqueires das terras do latifúndio para o Sargento da Polícia Militar de Jaci-Paraná, como pagamento pela retirada dos camponeses da área.

Sem nenhuma acusação ou julgamento, sem provas ou testemunhas, os camponeses permaneceram detidos no presídio Urso Branco durante duas semanas, em completo isolamento, e tendo sido negado um pedido de habeas corpus.

Após várias tentativas, uma comissão de professores, estudantes da UNIR — Universidade Federal de Rondônia, e apoiadores conseguiram visitá-los no presídio. Os membros desta comissão disseram suspeitar que as visitas tivessem sido dificultadas para esconder os sinais de maus tratos e torturas, pois os camponeses denunciaram terem sido recebidos no presídio por policiais militares e agentes penitenciários com uma seção de espancamentos.

Os camponeses de União Bandeirantes também denunciam que, após a operação do dia 9 de setembro, a Polícia Militar prosseguiu aterrorizando o povo da região tendo inclusive espancado um morador da área por apoiar as famílias do acampamento Nova Conquista.

Monte Santo, Bahia - Emboscada e Matança - No dia 15 de outubro, três camponeses foram assassinados em Monte Santo, Bahia, quando se dirigiam a pé da Fazenda Capivara em direção ao assentamento Santa Luzia da Bela Vista onde acontecia uma reunião com o INCRA.

No caminho, eles foram surpreendidos por uma emboscada preparada por pistoleiros. Os camponeses Tiago (48 anos), Luiz (24) e Josimar (23), foram covardemente assassinados e seus corpos foram abandonados na beira da estrada.

De acordo com uma nota publicada no sítio resistenciacamponesa.com, os advogados dos camponeses, Tatiana E. Dias Gomes e João Alexandrino de Macedo Neto, dizem haver fortes indícios de que os assassinatos foram ordenados por grileiros de terras da região da Fazenda Capivara. Os advogados ainda denunciam que desde o ano passado já ocorreram seis assassinatos de trabalhadores rurais na região envolvidos na luta pela terra.

Buritis, Rondônia - Na madrugada do dia 10 de novembro, policiais civis e militares do município de Buritis realizaram uma operação no distrito de Jacinópolis e nas linhas 5 e BR-421 na área de Capivari.

Quatro camponeses foram presos na operação. Um deles é dono de um bar em Jacinópolis e os demais camponeses são membros de uma das famílias mais antigas da região.

Durante a prisão de um dos camponeses, os policiais dispararam e feriram a sua esposa, que teve as duas pernas atravessadas pelo projétil. Após a ação covarde de um policial de nome Marcos, os policiais se recusaram a levar a mulher até o hospital, e só o fizeram devido a pressão da família.

Nenhuma dessas ações policiais foi feita com mandado ou qualquer documento legal. O aparato de guerra ostentado pelos pistoleiros conta com o apoio de motocicletas e carros descaracterizados e com policiais usando capuzes. Durante a invasão da casa da família do senhor Floriano os policiais gritavam que não estavam lá para prender e sim para eliminar pessoas constantes numa lista em seu poder.

(Jornal A Nova Democracia, outubro de 2008)


Você sabia que...

... as doenças do coração são as principais causadoras de morte no Brasil, seguidas das cerebrovasculares e de armas de fogo, e que entre jovens de 15 a 24 anos tais armas são as que mais levam a óbito?

De 1979 a 2003, o índice de homicídios na população brasileira cresceu 542,7%, e 742,9% entre os jovens, sendo motivo de óbito de um em cada três deles (Fonte: UNESCO)



"A solução [do Brasil] é soltar uma bomba em cada favela e morro do país, e acabar com os pobres",
de uma professora convicta muito próxima a nós, retratando a opinião de diversos brasileiros, ou ao menos a subjetividade de muitos


E foi morrida essa morte,
irmãos das almas,
essa foi morte morrida
ou foi matada?
Até que não foi morrida,
irmão das almas,
esta foi morte matada,
numa emboscada

João Cabral de Melo Neto
Morte e Vida Severina


INTRODUÇÃO

Grosso da População: O Problema dos Elitistas e da Classe Política Brasileira

Outubro de 2009


No Brasil, 45 mil pessoas são assassinadas anualmente, podendo chegar a 50 mil segundo dados da Secretaria de Segurança Pública e da Organização das Nações Unidas (ONU). Para a própria ONU, 15 mil mortes violentas por ano em um país já é o suficiente para caracterizar guerra civil.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil uma média de 30 mil pessoas são assassinadas anualmente por armas de fogo (dados: UNESCO), maior índice de mortes por habitante em todo o mundo: 19,4 a cada 100 mil, superior ao dos Estados Unidos, com 10,5 mortes por 100 mil habitantes (nesse país, o número de armas de fogo em circulação é bem superior ao do Brasil, bem como o número total da população, cerca de 309 milhões contra 195 milhões de brasileiros). Em 1980, a porcentagem de assassinatos cometidos com armas de fogo no Brasil era de 43,6%; em 2000, subiu para 68,3%.

A situação é ainda mais grave entre jovens de 15 a 24 anos: a cada três óbitos, um se dá por ferimento a bala, maior causador de morte nesta faixa etária e proporcionalmente muito acima da segunda maior causa, que são os acidentes de trânsito. Em 2003, os homicídios juvenis por de armas de fogo representaram 41,6% do total do país, e 34,4% do total das mortes de jovens - os acidentes por transporte, segundo maior responsável por óbitos juvenis, são responsáveis por 15,8% da mortalidade nesta faixa etária.

Com menos de 3% da população mundial, o Brasil responde por 11% dos crimes por armas de fogo no mundo, levando o país a superar 23 países envolvidos em conflitos armados no mundo no que diz respeito a vítimas mortais por armas de fogo, atrás apenas de Angola e Guatemala em números absolutos (proporcionalmente por 100 mil habitantes, o Brasil situa-se muito acima). No Brasil, esses índices crescem ano após ano: entre 1979 e 2003 houve aumento de 542,7% nos homicídios por armas de fogo, quando a população do país cresceu 51,8% - em 1979, foram 6.993 mortes por tais armas; em 2003, 39.284 respondendo por 3,9% do total de mortes no ano (em 1979, representava 1%), totalizando 550.028 mortes durante esses 24 anos. Se consideramos assassinatos com armas de fogo por 100 mil habitantes, em 1979 elas causaram 5,0 óbitos, subindo para 21,3 em 100 mil no ano de 2003, o que representa aumento de 324,6% (UNESCO).

Em 2005, a ONU fez recomendações urgentes ao governo brasileiro dentro do que considerou deterioração da defesa dos direitos humanos, especialmente em relação à morosidade e impunidade no sistema judiciário, à grave questão agrária enfatizando o antigo problema da expulsão de indígenas de suas terras, ao fim da tortura e superlotação nas prisões, e aos assassinatos extrajudiciais. Lula deixou a presidência em 2011 e nada isso foi feito, pelo contrário: a questão dos direitos humanos, em cada um de seus pontos, tem apenas piorado nos últimos anos.

A OMS aponta ainda que, no Brasil, cerca de 20% das mulheres são vítimas de violência física ou sexual durante a vida, na maioria das vezes agressão doméstica. Mesmo com a criação das delegacias especializadas em 1985, que facilita o registro de crimes contra as mulheres, elas ainda sofrem sérias dificuldades para registrar ocorrências criminais, devido ao preconceito e discriminação da Polícia e da sociedade.

O Brasil é um país historicamente, exageradamente corrupto e concentrador de renda. No caso das diferenças sociais, tem havido melhora no governo Lula, mas sob todos os aspectos insuficiente, e ainda amargamos a condição de quinto país mais desigual do mundo. Na séria questão da corrupção, péssimo exemplo causador de tanta violência e fator agravante da própria pobreza, o Brasil piorou sua posição mundial de acordo com classificação divulgada pela ONU e pela Transparency International em 2008 - nesta, o país termina o ano na 80ª posição com índice 3.5; a Dinamarca, país menos corrupto no ano, atingiu 9.3; a Somália, mais corrupto dentre os 180 países, ficou com 1.0 de índice enquanto Haiti, mais corrupto das Américas, ficou com 1.4 e o Chile, menos corrupto da América do Sul, 6.9 na 23ª posição geral, pontuação que coloca o país no grupo da 3ª subdivisão dentre as 9, enquanto o Brasil encaixa-se no grupo de países da 7ª subdivisão (a mesma de países como Tanzânia, Suazilândia e Argélia). Tudo isso além do que temos visto através da realidade nua e crua dos últimos anos no país que dispensa medidores estatísticos, e agrava mais ainda a desigualdade social e a violência generalizada.

Sistema de Segurança Pública Deteriorada

A Polícia brasileira, segundo dados oficiais, é a mais violenta do mundo cujos alvos mais vulneráveis são negros e pobres, que também estão dentre a maioria das 45 mil mortes violentas anuais do país - e a maioria dos mortos pela Polícia, ocorre sem justificativa. Segundo o Ministério da Justiça, há um grande déficit de vagas nas prisões brasileiras, de 35% em relação à população nas penitenciárias. Fora desses locais, 14% dos presos se amontoam desumanamente em delegacias e distritos policiais, onde o déficit de vagas é de 49%.

À Polícia no Brasil é dado o mandado de busca coletiva, através da qual ela pode invadir qualquer casa que esteja em local tido como "suspeito", como é o caso das favelas de Rio de Janeiro e de São Paulo. De janeiro a setembro de 2008, foram 296 mortos pela Polícia no estado de São Paulo, 174 apenas na capital. Somando esses números aos de 2007, 377 mortos, foram 673 assassinatos cometidos pela Polícia em 21 meses. Na média de 2008, sem os números do último trimestre, são 32,8 mortos mensais, mais de um por dia. No Rio, a Polícia matou 1330 pessoas apenas em 2007, o que dá uma média de três por dia, representando 18% das mortes violentas do estado.

De acordo com o delegado Orlando Zaccone, da cidade de Nova Iguaçu, RJ (citado pelo jornal Brasil de Fato, 6 a 12 de novembro de 2008), o número de negros no sistema prisional é maior que na sociedade. O delegado diz que os encarcerados são selecionados entre os setores mais vulneráveis da sociedade, em uma forma cruel de manutenção da estrutura social vigente. Zaccone também explica que outro critério de seletividade do crime é o estereótipo do criminoso. Hoje, a população carcerária tem o perfil pobre, sem que seja o pobre quem mais cometa crimes, em absoluto, enfatiza o delegado. O número de negros no sistema prisional, por sua vez, é maior que na sociedade. Para o delegado, o negro tem mais facilidade de ser identificado, pois pertence a um estrato social popular e comete o crime em espaço público.

Esgoto Humano e Extermínio

Zaccone afirma também que o sistema carcerário hoje funciona como uma espécie de esgoto, para onde são enviados os excedentes da sociedade de mercado. De acordo com ele, o Estado não cumpre as funções de equilíbrio e proteção do bem-estar social. "Ou seja, a gente não divide coletivamente os prejuízos causados pela própria estrutura econômica da sociedade, você vai ter que dar uma solução para o desemprego, àquelas pessoas que estão colocadas de lado no mercado de consumo. E a solução tem sido o cárcere e extermínio. Encarcerar as classes pobres e perigosas, e exterminar aqueles que resistem", completa.

Zaccone acredita que o sistema carcerário precisa de mudança total. "E essa mudança permeia uma questão fundamental: a decisão política. Não apenas decidir por mudanças reformistas, mas em uma perspectiva estrutural, de começar a compreender de fato o que leva a população pobre ao cárcere", conclui (discursos citados no Brasil de Fato).

Fome e Moradia Indigna

Segundo o Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), há 14 milhões de famintos no Brasil e 74 milhões de subnutridos, sendo que o país é o quarto maior produtor mundial de alimentos. 35% dos brasileiros que vivem em áreas urbanas não possuem moradias dignas, e em São Paulo e no Rio de Janeiro nos últimos 15 anos o número de favelas passou de 4 para 7 milhões. 12,3 milhões de pessoas vivem em dormitórios superlotados (com três pessoas ou mais), e em 2007, 5,4 milhões de brasileiros subtraíram mais de 30% de sua renda com o aluguel, o que significa 8% da população urbana do país.

Em São Paulo, o déficit habitacional aparece como um problema dos mais graves: de acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas de 2008, a cidade carece de cerca de 1,5 milhão de moradias para acomodar seus habitantes. "Esse é um problema crônico de todas as cidades mais importantes do planeta hoje, que passam por uma transformação bastante profunda na sua estrutura econômica, com diminuição de empregos industriais, aumento de empregos em serviços, precarização da força de trabalho e vulnerabilidade da moradia", explica o professor do Departamento de Economia da Puc-SP e secretário-adjunto de Finanças da Prefeitura de São Bernardo do Campo, Ricardo Gaspar (Jornal Brasil de Fato, Especulação Empurra os Pobres Cada Vez Mais pra Lá, 23/10/2009)

O Ipea aponta também outros dados importantes: dos 408 mil moradores de cortiços, 66,3% são pardos e negros, os quais compõem ainda 52% dos 270 mil cidadãos sem-teto, 65,6% dos 7 milhões de moradores de favelas, 52,7% dos 7,3 milhões de moradores com irregularidade fundiária (sem escritura ou em situação de ocupação), e 65,8% dos 12,3 milhões dos que vivem em residências adensadas (com três pessoas ou mais por cômodo).

No Rio de Janeiro, há hoje mil favelas e em São Paulo duas mil. E justamente as cidades com maior número de favelas, pela ordem, São Paulo, Rio, Recife, Belo Horizonte e Belém, registram o maior índice de violência e homicídios.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), publicados em dezembro de 2008, apontam que 32,6% dos municípios do país tinham em 2003 mais de 50% de sua população vivendo em pobreza absoluta.

Ausência de Políticas Sérias: Forte Agravante da Violência

Os principais causadores da violência urbana, a desigualdade social, o desemprego, o subemprego, o uso de álcool (também muito alto no Brasil; saiba mais em O Brasil no Espelho, no artigo Bebidas Alcoólicas e Violência no Brasil) e a ação do crime organizado não têm sido combatidos no país com políticas eficientes. Nestes últimos anos, tem havido crescimento do emprego, é verdade, mas aquém do necessário (inclusive daquilo que Lula prometeu em campanha: 10 milhões de novos postos de trabalho).

Por outro lado, os fatores inibidores da violência, uma polícia eficiente, bem selecionada, bem- treinada, bem-remunerada e equipada adequadamente, Justiça ágil e honesta, sistema penitenciário justo e capaz de suportar encarcerados e reintegrá-los à sociedade, boa-infra-estrutura urbana e de serviços essenciais, reforma agrária e, como observou o delegado Zaccone acima, políticas econômicas mais justas, estão muito aquém do razoável.

O Brasil no Espelho: Falta Educação e Sobra Coerção

O preconceito no Brasil é muito acentuado, sendo o de classe social mais agressivo que o étnico. Vários fatores estão envolvidos na questão, sendo a maior agravante sobretudo do preconceito de classe, a histórica concentração de renda no país que polariza as elites e as massas. A falta de investimentos em educação e cultura, que também faz parte de nossa história, merece destaque como fator instigante desse tipo de preconceito. Não que os mais instruídos estejam livres de racismo e de discriminação, claro que não, mas a intensidade e a maneira como se dá esse tipo de discriminação no Brasil estão ligadas também à carência educacional que marca nossa sociedade, em todos os seus níveis, ao longo dos séculos (saiba mais sobre o assunto em O Brasil no Espelho, com breve histórico do país), leva-nos a concluir que grande parte desse racismo e de preconceito de classe advém da falta de educação.

É claro que quando colocamos a questão de investimento em educação, prevemos toda uma conscientização paralela, e não apenas mero conhecimento técnico ou mesmo de cultura geral. Historicamente no país, falta educação e sobra autoritarismo, característica bastante peculiar em regimes ditatoriais e tal fato contribui para que as classes menos favorecidas se perpetuem nessa condição, reagindo a isso tudo e ao que sofrem através de violência, já que não se sentem representadas, respeitadas nem defendidas pelo Estado e pela Polícia, cuja única justiça que conhecem são as próprias mãos.

Não existe uma só nação no mundo que tenha avançado sem fortes investimentos em educação. A Reforma Meiji no Japão, no século XIX, serve como bom modelo, conforme citamos em O Brasil no Espelho: "[A Revolução Meiji] tratou de modernizar todas as áreas do país, melhorando sobremaneira também a qualidade de ensino, [o Japão] vindo a tornar-se uma das grandes forças mundiais. Mesmo sendo o país prejudicado pela ausência de recursos naturais e pela qualidade desfavorável da terra montanhosa, que só permitia 20% de uso para a agricultura, além do afastamento geográfico do resto do globo. É claro que há neste contexto uma política imperialista regional japonesa, mas não se pode negar o avanço social que contribuiu muito para para seu avanço econômico, especialmente tendo em vista a situação anterior do país, e tudo isso tendo a contribuição inegável dos investimentos em cultura. O Brasil, com sua riqueza natural e contribuição das diferentes culturas, tem todas as condições para vir a ser totalmente auto-suficiente e grande força mundial, se iniciar sério programa educacional, após 500 anos de abandono quase que completo nesta área."

Conforme enfatizamos, educação não é tudo mas é a base, inegavelmente grande motor de civilização e do progresso de uma nação. Neste quesito, os fatos comprovam o que dizem os números: o Brasil amarga ainda o último posto mundial em gastos proporcionais com educação, com apenas 3,8 % de seu Produto Interno Bruto (PIB), de 1,3 trilhões de dólares. Botsuana, na África, investe em educação 10 % de seu PIB, que é de 10,3 bilhões de dólares. O resultado disso é que no Brasil há 30% de analfabetos hoje, segundo dados do Pnad.

Enfim, sem conscientização não existe avanço, e sem informação não há conscientização. E sem transparência a informação é sempre deformada. E sem democracia não pode haver transparência, informação, conscientização, nem avanço. E sem educação e cultura não pode existir nada disso em uma nação, muito menos justiça social. A partir das próximas linhas, o Brasil mais no espelho que nunca.


I. TRIBUNAL POPULAR SENTENCIA: ESTADO É CULPADO

São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (Artigo 6º da Constituição Federal do Brasil)


O Tribunal Popular - O Estado Brasileiro no Banco dor Réus, condenou o Estado por unanimidade. Por iniciativa de mais de 70 entidades, tal julgamento ocorreu entre 4 e 6 de dezembro de 2008 na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Nas quatro sessões e mais uma final, o Tribunal apresentou documentos e relatos de familiares de vítimas, julgando o Estado pela sistemática violência contra a população mais pobre, especialmente negra, e pela repressão e criminalização dos movimentos sociais.

O Tribunal levou em questão quatro casos que simbolizam bem a característica da violência no país, ferindo os direitos humanos: execuções de jovens negros na Bahia, o sistema carcerário, execuções na periferia de São Paulo em maio de 2006, e a criminalização dos movimentos sindicais, de luta pela terra, pelos direitos indígenas e quilombolas no Rio Grande do Sul. Para tanto, participaram jurados como a presidente do Grupo Tortura Nunca Mais - RJ, Cecilia Coimbra, o jornalista José Arbex Jr, a psicanalista e escritora Maria Rota Kehl, o professor de Filosofia da USP, Paulo Arantes, o músico e sobrevivente da Chacina da Candelária, Wagner Santos, entre outros. Como observador internacional, esteve presente Kawame Kalimara, integrante do Movimento Malcom X Grass Roots Movement, dos Estados Unidos.

Plinio Arruda Sampaio, presidente da Associação Brasileira da reforma Agrária (Abra), um dos acusadores na sessão final, reivindicou pena máxima ao Estado, afirmando que no país impera um crime, aplicado pelos poderes governamentais, que não está prevista no Código Penal, "a criminalização da pobreza(...), que impõe restrições, carências, sofrimentos, injúrias ao pobre, pelo fato de ser pobre".

Complexo do Alemão

Em relação às operações no Complexo do Alemão, no Tribunal Popular o advogado Carlos Nicodemos, membro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos da criança, observa: "Desde 1997, é crescente o número dos chamados autos de resistência [no Rio], instrumento utilizado como uma forma de velar o assassinato de pessoas, especialmente jovens no estado do Rio". Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio, em 1997 foram mortos cerca de 300 civis nos autos de resistência. Em 2007, foram 1330. Para o advogado, em 2008 é provável que o número tenha sido o mesmo.

A operação no Rio foi realizada no Rio em 27 de junho de 2007, quando armas de fogo mataram 19 pessoas (destas, cinco à queima-roupa), e deixaram 60 feridas, a maioria vítima de balas perdidas. A maioria dos mortos apresentou sinais de tortura e execução, havendo até relatos de feridos que foram colocados no camburão, e mortos ali em seguida. O governo estadual mobilizou 1350 agentes das polícias militar e civil, utilizou 1080 fuzis e 180 mil balas, em cerca de oito horas. Resultado, segundo a Secretaria de Segurança: apreensão de 14 armas, 50 explosivos e munição de duas mil balas. No dia seguinte, segundo relatos do jurista João Tancredo, presidente do instituto de Defensores dos Direitos Humanos (IDDH), "casas eram invadidas e saqueadas, e mulheres que subiam na laje para estender roupas eram mortas". As acusações foram ignoradas pela Justiça e ninguém, até hoje, foi punido.

Dados do Complexo do Alemão dizem que, de seus 200 mil moradores, 0,05% possui ligação com o tráfico de drogas. Para Tancredo, a classe média carioca, estimulada pela imprensa, nutre um sentimento de apoio ao extermínio dos pobres, sem ter conhecimento da ineficiência dessa política. “A classe média, mal informada e desesperada, começa a acreditar nessa política e no extermínio como forma de diminuir a violência. Mas não sabem que isso não resolve nada. A cada 20 mortos, existem 100 para entrar no lugar. Isso porque não há mercado de trabalho”, explica Tancredo (Jornal Brasil de Fato, Ataque a Helicóptero da PM no Rio de Janeiro “Legitima” o Extermínio, 23/10/2009)

Sistema Carcerário e Execuções na Bahia

A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar
condições para a harmônica integração social do condenado e do internado (Artigo 1º da Lei de Execução Penal)


"Pai faz, mãe cria, e a Polícia do Sertão mata", é a frase dita e estampada nas viaturas de policiais na Bahia, onde a situação não se difere muito dos demais estados do país. De acordo com dados da Associação de Familiares e Amigos de Presos e Presas da Bahia (Asaf), entre janeiro e setembro de 2007, 660 pessoas foram assassinadas pela polícia. No mesmo período de 2008, o número subiu para 1450 mortos, sendo que a maioria, segundo a Asaf, nem sequer possuía antecedentes criminais.

No Tribunal foram expostas também as precárias condições do sistema carcerário baiano, especialmente a colônia penal Simões Filho, a qual não só foi construída em área de quilombo, o que é ilegal, mas também encontra-se a menos de 400 metros de alguns dutos de produtos químicos do Pólo Petroquímico de Camaçari, que liberam gases tóxicos.

Um relatório dos estudantes da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), mostrou que as condições dos presos são indignas, sem acesso a sistema de saúde e alimentação adequada, que acabam morrendo de doenças facilmente curáveis, como tuberculose e diarreia.

O relatório apresentou ainda torturas sistemáticas e humilhações, inclusive contra familiares, alertando ainda para retaliação que sofrem os internos, por meio de espancamentos e transferência para presídios de segurança máxima.

Crimes de Maio em São Paulo

A contra-ofensiva da Polícia de São Paulo aos ataques da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), ficou conhecida como Crimes de Maio quando, segundo a Secretaria de Segurança Pública, o PCC matou 47 pessoas. Por outro lado, no mesmo período, de 12 a 20 de maio, morreram assassinadas por armas de fogo 493 pessoas, de acordo com informações do Conselho Regional de Medicina (Cremeso), sendo que nenhuma era ligada ao PCC nem sequer tinha antecedentes criminais. Um caso divulgado pela mídia foi o do entregador de pizza que ouvia músicas em seu walkman sobre a moto, e quando a Polícia o chamou ele não ouviu, sendo sumariamente assassinado a tiros.

"Queremos saber quem matou as outras 446 pessoas. É isso que o Estado teria que nos responder", disse a historiadora Ângela Mendes de Almeida, diretora do Observatório das Violências Policiais - SP, no segundo dia do Tribunal, sobre as mortes dos Crimes de Maio.


II. TRAGÉDIA EM SANTA CATARINA: EXEMPLO EVIDENTE DE PÉSSIMA INFRA-ESTRUTURA

A mídia comercial, com muito sensacionalismo, reinou em audiência com mais essa tragédia no Brasil: torrenciais chuvas no final de novembro estenderam-se por dezembro em Santa Catarina, atingindo principalmente a região do Vale do Itajaí. E para não perder o costume, não se apresentou as verdadeiras causas da catástrofe que registrou 137 mortes, 31 desaparecidos e quase 79 mil desalojados e desabrigados, nas 60 cidades em que 1,5 milhão de pessoas foram afetadas por enchentes e desmoronamentos que riscou do mapa pelo menos 25 comunidades, além de vários casos de contaminação de leptospirose, mas deixou-se implícita a ideia de que a culpa foi da chuva.

A exemplo do que ocorre em cidades por todo o Brasil ano após ano, a população menos favorecida do Vale do Itajaí sofre com a carência de políticas habitacionais. O arquiteto e professor do departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Regional de Blumenau (FURB), Luiz Alberto de Souza, avalia que a urbanização e as moradias precárias do Vale contribuíram decisivamente para tantas perdas. Dados extra-oficiais apontam que, somente na cidade de Blumenau, o deficit de moradias atinge seis mil famílias.

Souza lembra que outra tragédia na região, as enchentes de 1983 e 84, alterou a urbanização, cujas perdas levou a população de diferentes classes sociais, que antes morava em áreas planas, a habitar morros causando desmatamento. "As enxurradas e os deslizamentos atingiram as classes menos favorecidas, as pessoas mais pobres (...)" Ele ainda aponta que, "nossa região não difere de nenhuma outra parte do Brasil e de outras cidades. Nós temos um modelo de exclusão socioterritorial em que a população menos favorecida, do ponto de vista habitacional, tem que suprir sua demanda através de alternativas. E essas alternativas geralmente acabam sendo as áreas que não são muito apropriadas para a ocupação".


III. AS CHACINAS CONTINUAM

Na favela de Vigário geral, no Rio de Janeiro, pouca coisa mudou após a chacina de 1993, quando 21 pessoas foram assassinadas: não há investimentos em educação, saúde, saneamento básico e moradia. De mais de 15 anos para cá, a população dessa favela quase dobrou, mas o número de escolas do ensino fundamental continua o mesmo, e com estrutura ainda mais desgastada. Além disso, não há escolas de ensino médio ali.

Nos últimos anos, seguem os massacres contra as camadas mais populares em todo o Brasil. Nas cidades de Nova Iguaçu e Queimados, na Baixada Fluminense, em 31 de março de 2005, dez homens, na maioria policiais, passaram pelas ruas atirando para todos os lados contra trabalhadores, contra os que trafegavam e contra os que bebiam em bares. Morreram 29 pessoas, uma delas decapitadas.

Pouco mais de um ano depois, fato semelhante ocorreu em Duque de Caxias, também na Baixada Fluminense, quando um grupo de extermínio composto em sua maioria por policiais, matou cinco pessoas em um bar e feriu mais três. Neste mesmo ano, ocorreram os Crimes de Maio em São Paulo, que fizeram a cidade literalmente parar, o comércio fechou, as pessoas mal saíam às ruas e, como mencionou-se mais acima, houve mortes com números dignos de uma guerra. E até hoje em São Paulo, mata-se 1,5 pessoa por dia. Um ano depois, em maio de 2007, mais de mil policiais realizaram uma ocupação no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

Em 22 de agosto de 2008, a Liga da Justiça, milícia composta por policiais do Rio com representação na Câmara dos Vereadores e na Assembléia Legislativa do estado, atiraram contra moradores da favela do Barbante em Campo Grande, matando sete pessoas. Investigações preliminares revelaram motivação eleitoral para o crime.


IV. ESCRAVIDÃO E TERROR NO CAMPO, BRASIL AFORA

A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos
em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis
e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que
favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores (Artigo 186º da
Constituição Federal do Brasil)


A situação de escravidão no campo e a criminalização dos movimentos sociais só se agravam no Brasil. Contribui para isso o aumento da produção de etanol que, além de degradar o meio ambiente devido à monocultura da cana-de-açúcar, causando desmatamento, queimadas e uso intensivo de produtos químicos e agrotóxicos, ainda concentram terras nas mãos de latifundiários, diminuem a auto-suficiência alimentar no país e exigem maior exploração da mão-de-obra.

Estimativas oficiais revelam que no Brasil, os latifúndios sejam 45,1% das terras cultiváveis, e que nos quatro primeiros anos do governo Lula, foram assentadas cerca de 381.419 famílias - número bem menor que a meta estabelecida, de 460 mil.

Dados do Incra apontam que há no Brasil aproximadamente 130 milhões de hectares de terras improdutivas, e 200 milhões de hectares de terras devolutas, isto é, que deveriam ser destinadas à reforma agrária. Enquanto isso, o governo Lula, que não atingiu sua meta no primeiro mandato em relação ao campo, está de mal a pior no segundo: em 2007, a meta era assentar 100 mil famílias, mas os 204,5 hectares de terras desapropriadas no ano são suficientes para assentar apenas 6 mil, enquanto 200 mil famílias estão ainda acampadas, de acordo com dados dos movimentos sociais do campo.

E a euforia do governo em relação ao agrocombustível, que pretende dobrar a área cultivada de 6 para 12 milhões de hectares, só faz as coisas piorar: com a diminuição da auto-suficiência alimentar, que cede terras ao plantio da cana, essas grandes lavouras têm gerado alta no preço da cesta básica que, segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), superou o aumento do salário mínimo em todo o país em 2007. O preço do feijão no ano sofreu, em média, alta de 150%, chegando a 220% em Natal (RN).

No que diz respeito à exploração do trabalhador, dados do Ministério do Trabalho informam que em 2007, 50% dos casos de trabalho escravo deram-se em áreas de plantio intensivo da cana. Tal ministério também relata que no mesmo ano, quase 6 mil escravos foram libertados em todo o país pelas equipes do Grupo Móvel de Fiscalização e pelas Superintendências Regionais do Trabalho, resgatando trabalhadores "em situação análoga à escravidão".

Terror

Do Rio Grande do Sul a Rondônia, os camponeses são torturados e assassinados das formas mais cruéis por latifundiários, grileiros e pela própria Polícia com consentimento do Estado, após tanta exploração das terras e de seu trabalho, com casos de estresse, estado constante de fome e contágio de inúmeras doenças.

No Pará, a Operação Paz no Campo da governadora Ana Júlia Carepa, do PT, executa uma das mais brutais campanhas de perseguição e repressão do país, contra os camponeses da Amazônia. Como revelou o jornal A Nova Democracia: "No dia 12 de novembro, o camponês José Ribamar Rodrigues dos Santos, conhecido popularmente como "Zezão", foi covardemente assassinado por oito pistoleiros que invadiram o acampamento.

"Camponeses relatam que o ataque, ocorrido por volta das 21h30, foi feito por pistoleiros disfarçados de policiais, fortemente armados e encapuzados.

"José Ribamar foi executado na presença da esposa e dos três filhos, todos com menos de 7 anos de idade. Os pistoleiros só abandonaram o acampamento quando as famílias correram para pedir socorro a dois caminhões que passavam na pista. Gravemente ferido, José foi socorrido no Hospital de Redenção, mas não resistiu aos ferimentos.

"(...) José Ribamar fazia parte do grupo de famílias que participou da luta pelas terras do latifúndio Forkilha e vinha sendo perseguido há mais de um ano, assim como dezenas de camponeses que lutam pela terra na região. Zezão é o 11º camponês barbaramente executado após a deflagração da operação "Paz no Campo".

"Tal guerra no Pará, com aprovação das autoridades estaduais, federais e da própria Polícia, chegou ao ponto de pistoleiros exibir lista com nomes das vítimas nas quais constava o valor, em dinheiro, de suas "cabeças". Eles seguem camponeses, rondam suas casas, exibem armas, sem qualquer constrangimento ou preocupação de ser presos."

Em Rondônia, a situação não é diferente, onde a grilagem declarou guerra sem limites contra os trabalhadores do campo. Um fatídico caso que ilustra bem como é tratado o povo neste país, é o do camponês, sr. Gerolino Nogueira de Souza, de 56 anos: autuado pela Polícia, foi internado em um hospital após ter sido torturado pelos mesmos, desenvolvendo grave quadro de pneumonia, hepatite, erisipela e anemia profunda, sem ter direito de receber visitas, e mais: nos setes dias de internação, ficou acorrentado e algemado no leito.

Em Corumbiara (RO), as famílias que haviam retomado as terras de Santa Elina foram despejadas pelo latifúndio e seus bandos de pistoleiros, e atualmente encontram-se alojados fora da fazenda. Os camponeses ficaram com centenas de cartuchos de vários calibres utilizados nos ataques, conduzindo todos eles às autoridades formalizando denúncia ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e à Ouvidoria Agrária. Até agora, porém, nenhum pistoleiro foi preso.

Esses são apenas alguns exemplos de tanto terror que se tem cometido contra seres humanos Brasil afora, cujo grande crime é pertencer a camadas menos favorecidas. E se dentre eles, alguns levantam sua voz para reivindicar justiça e melhores condições de vida, sua vida e a de sua família corre sério risco de ser perdida, pelos meios mais cruéis. Essa é a democracia brasileira...


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se não se mencionasse o nome do país onde acontecem essas atrocidades, certamente se suporia tratar de uma caótica nação sob regime ditatorial ou até mesmo totalitário, talvez na África subsaariana. Terrivelmente curioso é não haver no Brasil conflitos armados declarados, religiosos, de fronteiras nem políticos, mas superarmos todos os países que vivem catastrófica guerra internacional ou civil (no caso do Iraque, os dois casos), tais como os da África e Oriente Médio.

Ao poder público e à mídia comercial esses são casos desinteressantes a ser francamente tocados e tratados em sua essência: são "politicamente incorretos" mexer neles e mudar a situação, não há vontade política para nada disso. Há grandes poderes e personalidades, em todas as esferas da sociedade (política, policial, empresarial), envolvida no tráfico de drogas e em toda a corrupção causadora disso tudo. Além do mais, é interessante que toda essa violência siga ocorrendo também como maneira de sufocar a população, anulando qualquer possibilidade de transformação do status quo.

Por um lado, a ninguém interessa se um negro pobre foi espancado até a morte em alguma favela do Brasil, mesmo que ele nunca tenha passado pela Polícia. O que chama a atenção, por outro lado, o que "arrebenta" o Ibope e causa até mobilização nacional, literalmente parando o país, é alguma barbaridade cometida contra alguém das classes mais abastadas. Logo passa, nada muda, mas o país pára por um tempo, de desgraça em desgraça afastando-se ainda mais da realidade, a mídia fatura e, detalhe importante, os políticos não param, apenas agem com mais eficiência sob a distração generalizada do brasileiro.

As armas de fogo são, conforme vimos, a 3ª maior causadora de óbitos entre a sociedade brasileira, atrás apenas de doenças cardíacas e cerebrovasculares, e maior causadora de mortes entre jovens de 15 a 24 anos - nesta faixa etária, a Aids matou 606 em 2003, enquanto as armas de fogo levaram 16.345 a óbito, o que representa 27 vezes mais (fonte: UNESCO). Por que se coloca comumente em questão no Brasil, especialmente voltado aos jovens os acidentes por transporte, o alcoolismo, o tabagismo, o HIV e as doenças venéreas até em publicidades, enquanto há uma ausência total da abordagem daquilo que é mais mortal entre a juventude brasileira, o porte de armas? Será a trilionária indústria armamentista mais uma pauteira da nossa mídia e da agenda política brasileira?

Apenas o fato de se expor, indignado, tais ocorrências, já é o suficiente para incomodar e gerar mal-estar em diversos setores da sociedade brasileira. Elaborar e colocar em prática políticas que venham solucionar essas questões é um problema bem maior: tocaria em parte do que sobra de uma minoria que vive no país que está entre os quatro mais desiguais do planeta. Essa mesma minoria sabe que, quando a população tiver melhor qualidade de ensino e acesso à informação, isso será o princípio do fim da subjugação de uma imensa maioria sem voz e escrava, mas verdadeira produtora da riqueza do Brasil: ela se conscientizará, saberá que ninguém nasceu para viver obrigatoriamente dessa maneira, se indignará e reivindicará seus direitos, cobrando coerência e vergonha na cara dos políticos, da Justiça, de todos os setores das instituições democráticas brasileiras e inclusive dos próprios patrões - o patronato brasileiro é, em geral aproveitando-se justamente da pobreza, da escassez de empregos e da falta do conhecimento das leis por parte de grande parte da população, praticante de terrorismo psicológico de várias maneiras, através de desmoralização, desqualificação e desestabilização emocional.

No Brasil, temos uma tendência surpreendente de conformarmo-nos e aceitarmos passivamente tudo o que nos acomete, optando geralmente por soluções turvas para compensar nossas perdas, tais como sonegar impostos, levar vantagem em tudo, "achado não é roubado", e por aí vai... Também temos a característica de não nos importarmos com o que acontece de pior com os outros, mas nosso individualismo é tocado ao extremo quando a desgraça da TV bate à nossa porta. Uma outra maneira de resolver os problemas sociais, bastante tradicional, como temos visto, é na base do porrete: como não acreditamos nos governantes, nem na Polícia, nem na Justiça, nossas próprias armas tratam de "fazer justiça" e exterminar aqueles que atravessam nosso caminho. Neste caso, atacar o mais fraco é sempre uma tarefa mais fácil, até porque, raciocina-se, se não houvesse pobres no Brasil não haveria pobreza, violência, falta de educação, lixo, mau-cheiro, esgoto, poluição visual, não haveria questão agrária, nem degradação ambiental, e os nossos problemas estariam resolvidos.

Mas enquanto isso, contentamo-nos em apoiar o Estado e a Polícia que passam virulentamente por cima da Constituição sempre que arbitrariamente julgam necessário invadindo casas em favelas, simplesmente por elas estarem nas favelas tirando das classes menos favorecidas o direito inalienável à inviolabilidade do lar, colocando os pobres como culpados até provem o contrário - ou não provem nada morrendo antes, o que é sempre mais provável acontecer.

A Polícia é um caso especial. Pais de família que são mal armados e recebem baixíssimos salários, sendo obrigados a contrariar a Constituição e fazer os chamados bicos em seus dias de folga, ao invés de repousar de tanto estresse. Muitas vezes os policiais são eficientes mas ao chegar na delegacia com um criminoso, são de diversas maneiras contrariados em sua eficiência por delegados: porque estes julgam que os delitos não são merecedores de atenção (pequenos furtos e uso de drogas), ou porque se acaba compactuando com o crime,a fim de receber propina.

Por outro lado, a Polícia, ainda muito viciada pelos truculentos anos de ditadura militar (1964 - 1985, leia Golpes Militares na América Latina, aqui no Blog) deve demonstrar autoridade, e há casos em que não há como não ser dura - deve ser assim. Mas, conforme evidenciado nesta matéria, nossas autoridades da segurança pública são mal selecionadas, mal treinadas, mal equipadas, mal remuneradas com outros sérios agravantes, tudo isso levando a um trabalho de constante e até extremo estresse em um país com os assustadores índices de violência do Brasil: não sendo devidamente respaldados por seus superiores, seja por impunidade ou por envolvimento em casos de corrupção destes, além dos próprios policiais ainda serem constituídos nos moldes da velha ditadura militar, acabam impondo autoridade não através da eficiência e do respeito, mas da truculência e do medo que geram mais terror e violência na sociedade.

As autoridades da segurança não são preventivas, mas repressivas, e isso é altamente preocupante pois cria um círculo vicioso de violência no país. Faltam políticas de reintegração do preso, e muito antes disso falta política de prevenção do crime - a justiça social. Incompreensivelmente, a questão carcerária e policial (consideráveis aumentos salariais e melhores condições de trabalho à Polícia, além de melhor preparo e cumprimento da Justiça que respaldaria a própria Polícia) são, em sua essência, quase que totalmente ausentes das discussões políticas, midiáticas e, consequentemente, entre a sociedade brasileira frente a um quadro tenebroso. No caso particular dos assassinatos injustificáveis de civis por parte de policiais, estes alegam na maioria das vezes resistência seguida de morte, mas em um estado democrático a legítima defesa precisa ser provada, o que muito raramente ocorre nesses casos. Por fim, a Polícia brasileira é generalizadamente corrupta em suas estruturas, e enquanto esse problema não for admitido e encarado, não será resolvido fazendo com que toda e qualquer medida em seu favor seja efêmera.

Países que enfrentam guerra civil, como Colômbia e Ruanda, vivem em situação de extrema preocupação por isso, discutindo seus problemas e tomando medidas fundamentais que vão no cerne da questão - muitas vezes são medidas equivocadas, mas são tomadas pois reconhecem a situação por que atravessam. Aqui no Brasil, nossa situação é pior, se já não bastasse a própria situação em si: vivemos em meio a uma brutal guerra civil não declarada, a ninguém interessa reconhecer esse fato, e seguimos adiante como se nada estivesse acontecendo. É justamente a ausência da consciência que permite à realidade seguir como está, fazendo o poder estabelecido regozijar-se.

O que caracteriza verdadeira democracia é igualdade de direitos, e os indícios de que haja mudanças para melhor, do jeito que estão as coisas, são nulos: maior investimento em educação, reforma política, marco regulatório da Imprensa, desarmamento, políticas habitacionais, melhor preparo e remuneração policial, a questão do sistema prisional, a morosidade e impunidade da Justiça e a publicidade do álcool, seriam medidas básicas a serem tomadas e com extrema urgência para as quais não existe sequer o mínimo debate no país, sem nenhuma perspectiva de serem colocadas em prática nos próximos anos.

A triste e evidente realidade é que negros, índios e pobres têm servido de bode expiatório hoje, substituindo o "inimigo comunista" da era da ditadura que deixou um forte legado, do qual o Brasil custa a se livrar. Criar inimigos a qualquer custo é a matéria-prima de poderes corruptos, ditadores ou totalitários em sua essência, e de sociedades segregacionistas fundamentadas na dominação e na concentração de riquezas.

O que a "redemocratização" brasileira tem feito é que as classes dominantes e a política deixem de praticar seus horrores contra as classes alta e média como à época da ditadura, para se focar nas mais baixas da "aberta" e "cordial" sociedade brasileira, sob um Estado racista, criminalizador da pobreza e exterminador com as bênçãos dessa mesma classe fortemente elitista (cujo nefasto sentimento não se resume às elites). De maneira geral, está no subconsciente do brasileiro a ideia imputada dia a dia, desde a prática cotidiana até as reportagens jornalísticas preponderantes no país: a culpa dos problemas do Brasil é do pobre. Na prática, há pena de morte (arbitrária) no Brasil perpetrada pelas forças de segurança sob cumplicidade do Estado sendo que este, muitas vezes, é agente direto de tais sentenças.


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A liberdade política de um cidadão é a tranqulidade de espírito que provém da confiança que cada um tem em sua segurança,
para que esta liberdade exista, é necessário que em um governo como tal, nennhum cidadão possa temer outro

Montesquieu
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#Posté le jeudi 02 septembre 2010 00:04

Modifié le vendredi 18 août 2017 00:56

ser humano é ser