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Retour au blog de edumontesanti

XVIII. WIKILEAKS - Estados Unidos, Europa, África e Ásia


ENTREVISTA COM MADS ANDENAES
Equador Corta Acesso de Assange à Internet

XVIII. WIKILEAKS - Estados Unidos, Europa, África e ÁsiaAsilado na Embaixada do Equador em Londres desde agosto de 2012, Julian Assange do WikiLeaks tem acesso à Internet impedido pelo governo equatoriano desde o último dia 17, menos de 24 horas após ter liberado parte dos correios eletrônicos de John Podesta, atual chefe de campanha da candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton.

Através de comunicado oficial, o Ministério de Relações Exteriores do país sul-americano afirmou que "respeita o princípio de não intervenção nos assuntos de outros países", o que motivou Quito a cortar temporariamente a Internet de Assange, quem vem divulgando reveladores correios eletrônicos de Hillary Clinton e de seu Partido Democrata, agitando fortemente a corrida à Casa Branca. No caso particular das mais recentes mensagens do chefe da campanha democrata interceptadas por WikiLeaks, evidenciou-se seu desprezo pelos latino-americanos e católicos e confirmou-se o quanto a ex-secretaria de Estado prioriza as grandes corporações, como Goldman Sachs.

Ao mesmo tempo, o governo equatoriano ressaltou seu compromisso em proteger "vítimas de perseguição política" como Assange, e a intenção de "salvaguardar sua vida e integridade física". Negando ter sofrido qualquer pressão externa para o corte da Internet, em consonância com o discurso do Departamento de Estado norte-americano, a chancelaria equatoriana garantiu: "Ratificamos que a proteção do Estado equatoriano seguirá enquanto as circunstâncias que motivaram a concessão de tal asilo permaneçam".

Já WikiLeaks afirma que inúmeras fontes norte-americanas garantem ter havido pressão de Washington para que o governo de Rafael Correa cortasse o acesso á Internet do jornalista australiano que, desde 2010, tem remexido as vísceras do poder global com a liberação de centenas de milhares de correios eletrônicos confidenciais, secretos e ultra-secretos envolvendo os porões do poder, especialmente os Estados Unidos e a própria CIA, evidenciando ainda mais a suja política coercitivo-expansionista norte-americana.

Na seguinte entrevista, comenta este caso que tem gerado polêmica internacional o jurista norueguês Mads Andenæs (imagem acima), diretor da Faculdade de Direito de Oslo, e desde 2009 presidente do Grupo de Trabalho da ONU sobre Detenção Arbitrária, em defesa exatamente de Julian Assange.

20 de outubro de 2016 / Publicada no sítio na Internet da revista Caros Amigos


Edu Montesanti: Como o senhor vê a decisão do governo equatoriano de negar o acesso de Julian Assange à Internet? O presidente Rafael Correa alega que seu país não interfere em eleições estrangeiras: sua medida é mesmo democrática?

Mads Andenæs: Isso me surpreendeu. O presidente Correa é um dos meus heróis, e não consigo compreender bem esta mais recente medida. Entendo que esse fato mais recente é preocupante para Assange. E deve ser para todos nós.


Edu Montesanti: WikiLeaks tuitou após o ocorrido: "Várias fontes norte-americanas nos afirmam que John Kerry pediu que o Equador detivesse Assange de publicar documentos de Hillary Clinton durante as negociações de paz das FARC", enquanto o Departamento de Estado dos Estados Unidos negou a acusação, e o presidente Correa disse que agiu por conta própria, e que não cede a pressões estrangeiras. A seu ver, professor Mads, houve pressão de Washington no sentido de Quito para uma medida desse tipo, como diz Assange?

Mads Andenæs: Houve pressão, sem dúvida. O que você cita aqui soa crível, mas disso só sei o que tenho lido nos jornais.


Edu Montesanti: O senhor acha que o governo do Equador vai restringir trabalhos jornalísticos do WikiLeaks, em geral?

Mads Andenæs: Espero que não.


Edu Montesanti: O senhor acha que o asilo de Assange corre risco?

Mads Andenæs: Não, realmente espero que não. Mas é preocupante que tanta pressão seja exercida sobre os equatorianos. Estou cada vez mais preocupado que Assange não esteja seguro em nenhum lugar, em asilo ou não. Ele tem muitas boas razões para resistir à extradição.

Lembre-se que dois juízes do Supremo Tribunal do Reino Unido discordaram do julgamento sobre a extradição para a Suécia, e o juiz relator e um dos juízes da Suprema Corte na Suécia executaram o pedido ilegal porque ele era desproporcional. O professor Andrew Ashworth, de Oxford, advertiu que o pedido sueco não alega fatos que constituam um ato criminoso sob a lei Inglesa.

A professora Liora Lázaro, também de Oxford, considerou que a detenção de Assange viola o direito internacional. O presidente do Comitê de Direitos Humanos da Associação do Tribunal Inglês, Kirsty Brimelow QC, e o conselheiro-geral da Human Rights Watch, Dinah PoKempner, apoiaram a decisão do Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Detenção Arbitrária. O Reino Unido e a Suécia agora devem apenas respeitar o direito internacional, tal como aplicado pela ONU.


Edu Montesanti: O senhor teme que se a oposição equatoriana, pró-Washington, ganhar a eleição presidencial de 2017, Assange será extraditado para os Estados Unidos?

Mads Andenæs: Espero mesmo que eles não ganhem, e se acontecer isso, que não reneguem o asilo. Medo... sim, tenho fortes razões para sentir tanto medo neste caso.


CASO ASSANGE
Entrevista com Jurista Mads Andenæs - Presidente do Grupo de Trabalho da ONU sobre Detenção Arbitrária

XVIII. WIKILEAKS - Estados Unidos, Europa, África e Ásia

O advogado norueguês Mads Andenæs é jurista acadêmico e Relator Especial da ONU sobre Detenções Arbitrárias, e presidente do Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Detenção Arbitrária desde 2009, comissão de especialistas que instou às autoridades suecas e britânicas que acabem com a privação da liberdade de Julian Assange, respeito a sua integridade física e à liberdade de movimento, além de pagar-lhe pelo direito a uma compensação financeira.

Assange, detido pela primeira vez na prisão e, em seguida, em prisão domiciliar, refugiou-se na Embaixada do Equador em Londres em 2012, depois de perder ação junto ao Supremo Tribunal do Reino Unido contra a extradição à Suécia, onde teve início uma investigação judicial contra ele em relação a acusações de abuso sexual. Contudo, o fundador e editor de WikiLeaks não foi acusado formalmente.

Em seu parecer oficial, o Grupo de Trabalho considerou que Assange tinha sido submetido a diferentes formas de privação da liberdade: através da detenção inicial na prisão de Wandsworth, em Londres, seguida da prisão domiciliar e, depois disso, por meio do confinamento na Embaixada equatoriana na capital inglesa.

De acordo com um comunicado de imprensa emitido pelo Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos (OHCHR, na sigla em inglês) das Nações Unidas, os peritos concluíram também que a detenção foi arbitrária já que Julian Assange foi mantido em isolamento na prisão de Wandsworth o que, devido à falta de diligência por parte do Ministério Público sueco em suas investigações, resultou na perda de liberdade por longo período.

O Grupo de Trabalho estabeleceu ainda que tal detenção viola dois artigos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, além de seis artigos do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos.

Assange também liberou mais de 250 mil telegramas secretos e confidenciais, emitidos por Embaixadas dos Estados Unidos em todo o mundo. Publicados em seu sítio WikiLeaks, muitos desses cabos que revelam os segredos de Estado norte-americanos têm sido republicados em meios de comunicação e blogs por todo o mundo.

Nesta entrevista, Andenæs comenta sua participação no Grupo de Trabalho das Nações Unidas e por que a comissão defende a liberdade de Assange, apresentando as implicações legais relativas ao caso.

"Há vários erros processuais cometidos pelas autoridades", diz o jurista que apresenta também sua visão sobre o papel que o fundador de WikiLeaks pode desempenhar em relação à política internacional, a importância da solidariedade mundial a ele e como vê as recentes revelações de WikiLeaks, de que os Estados Unidos espionaram o secretário-geral da ONU, Ban Ki-monn, e a chanceler alemã Angela Merkel.

Andenæs, quem emite ainda opinião sobre a cobertura da mídia predominante em relação ao caso Assange, é também professor da Faculdade de Direito da Universidade de Oslo, ex-diretor do Instituto Britânico de Direito Internacional e Comparado, em Londres, e ex-diretor do Centro de Direito Europeu no Kings College, da Universidade de Londres. Ele também é pesquisador do Instituto de Direito Europeu e Comparado da Universidade de Oxford, e pesquisador sênior no Instituto de Estudos Legais Avançados da Universidade de Londres.

É editor-geral da revista jurídica britânica International and Comparative Law Quarterly (da Imprensa da Universidade de Cambridge), do European Business Law Review, além de membro de conselhos editoriais de dez outras revistas da área de Direito e de série de livros, incluindo a Série Nijhoff que trata de Direito Comercial Internacional.

O justista norueguês é membro honorário da Sociedade de Estudos Jurídicos do Reino Unido, membro do conselho da Academia Internacional de Direito Comercial e do Consumidor, Membro Honorário do Instituto Britânico de Direito Internacional e Comparado, e membro da Sociedade Real das Artes, também do Reino Unido.

Mads Andenæs foi secretário-geral da Fédération Internationale de Droit Européen durante o período 2000-2002, secretário da Associação Britânica de Direito Europeu no período 1997-2008, e secretário do Comité de Direito Comparado do Reino Unido, 1999-2005. Foi presidente da Associação dos Institutos de Direitos Humanos, no ano de 2008.

por Edu Montesanti, 16 de março de 2016 / Publicado originalmente em inglês, em Pravda Report (Rússia)

Publicado em português na edição 234 da revista
Caros Amigos, no Jornal Pravda (Rússia), e no Diário Liberdade (Galiza)

Republicado por The Professor's Blog (Suécoa), pela revista sueca The Indicter, por Justice for Assange,
por
Lumi.do (Inglaterra), por Tokyo Rose in la Land (Japão), por The WikiLeaks Supporters Forum, por The Anonymous News,
por Réseau International (França), e em francês por Cercle des Volontaires (França),
por
Réseau International (França), e por WikiLeaks Actu Francophone


Caro doutor Mads Andenæs, obrigado por conceder esta entrevista. O senhor poderia, por favor, falar sobre seu trabalho no Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária (WGAD, na sigla em inglês) durante a parte inicial do caso de Julian Assange, nas Nações Unidas (ONU)?

Eu era presidente do Grupo de Trabalho das Nações Unidas quando a denúncia foi recebida, e a interação entre a ONU e as partes ocorreu. Não fiz parte das discussões do Grupo de Trabalho que antecederam a conclusão do caso de Assange. Meu mandato se estendeu até julho de 2015, enquanto a decisão foi publicada em fevereiro de 2016.


Por que o senhor defende Assange?

Tenho emitido opinião favorável ao parecer do Grupo de Trabalho das Nações Unidas. Assange está em detenção arbitrária, e no Reino Unido e na Suécia devem respeitar a decisão das Nações Unidas contra eles, tomar as medidas necessárias para colocar fim nessa detenção.


Por favor, doutor Andenæs, especifique as acusações contra Julian Assange, e quem o acusa.

O caso atual sobre a extradição para a Suécia diz respeito às alegações de abuso sexual. Claro, as alegações relativas a WikiLeaks envolvem um forte interesse do aparato de segurança em diversos países.

O temor é que essa última questão esteja influenciando o processo e os resultados do primeiro caso.


Como o senhor vê a alegação do regime de Washington, de que Assange tem ameaçado a segurança nacional dos Estados Unidos?

Prof. Mads Andenæs: Vejo que se tratam de alegações, normalmente, proferidas contra o uso do direito à informação e à liberdade de expressão. Há todas as razões para ser cético diante de tais afirmações.


Como o senhor vê a decisão da ONU de libertar Assange?

Ela é muito clara. O WGAD da ONU teve que decidir sobre duas questões. Em primeiro lugar, se havia privação de liberdade em contraposição à restrição da liberdade. Em segundo lugar, se essa privação de liberdade foi arbitrária.

O WGAD da ONU aceitou claramente o argumento de que as condições de Assange não são auto-impostas, ou seja, se ele sair às ruas será preso. Há também um fracasso substancial da autoridades em relação à diligência prévia na execução da ordem criminal.

O limite entre restrição da liberdade e privação de liberdade é finamente traçada na jurisprudência europeia dos direitos humanos. A privação da liberdade não consiste apenas nas condições facilmente reconhecíveis do estado da detenção. Você deve considerar o período de tempo em que Assange permanece na Embaixada do Equador, e sua situação atual.

A liberdade deve ser capaz de ser exercida de maneira efetiva, em sua totalidade. Onde o exercício de tal liberdade tiver resultados significativamente coercitivos, como outras privações de liberdade ou colocar outros direitos em risco, isso então não pode ser descrito como liberdade na prática. O fato de que Assange está resistindo à prisão não resolve esse problema, já que isso significaria argumentar que a liberdade é um direito contingente em sua cooperação.

Assange não é livre para sair da Embaixada equatoriana por sua própria vontade. Ele teme uma extradição aos Estados Unidos seguida de repressão por seu envolvimento com WikiLeaks. As autoridades suecas recusam-se a fornecer garantias de não-repulsão que apresentem resposta a esse temor. A privação de Assange é arbitrária e desproporcional.

Há outras maneiras, menos restritivas de se proceder. Antes de emitir um mandado de detenção europeu, as autoridades suecas poderiam ter seguido a prática normal de entrevistar Assange em uma sala de interrogatório da polícia britânica.

Após Assange ter residido na Embaixada equatoriana, eles poderiam ter contado com protocolos de assistência mútua, questionando Assange através de videoconferência, e dado, assim, a oportunidade de responder às acusações contra ele.


Por favor, doutor Andenæs, esclareça em que consiste a privação de liberdade.

O Pacto Internacional das Nações Unidas sobre os Direitos Civis e Políticos e a Declaração Universal da ONU sobre Direitos Humanos, proíbem privação arbitrária da liberdade nos artigos 9. Isso é algo mais do que uma "restrição à liberdade". Ela inclui prisão domiciliar.


Como o senhor avalia a decisão de Reino Unido e Suécia, de não respeitar a decisão da ONU?

As decisões do WGAD da ONU nem sempre são seguidas por Estados, mas raramente resultam nos ataques pessoais feitos por políticos do Reino Unido após o parecer Assange.

Sei que as palavras usadas pelo ministro das Relações Exteriores e do primeiro-ministro não se tratavam de reprodução das palavras por parte dos conselheiros públicos em direitos humanos e em direito internacional. Os políticos do Reino Unido visam enfraquecer a autoridade do órgão da ONU a fim de obter uma oportunista vantagem de curto prazo.

Temo que esses políticos tenham enfraquecido a possibilidade de a comunidade internacional proteger algumas das vítimas mais vulneráveis de violações dos direitos humanos. Suas palavras têm circulado entre os Estados responsáveis pelas piores violações dos direitos humanos. As palavras desses políticos do Reino Unido vão custar vidas e muito sofrimento humano.

O Reino Unido pode exercer lobby por algum tipo de apoio quando o assunto for relatado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas o Reino Unido certamente será criticado por outros Estados por sua resposta, e claramente merece críticas. Os danos causados pelo Reino Unido na ONU e sua autoridade moral em questões de direitos humanos são outro assunto, mas não há nenhuma dúvida sobre o dano causado à autoridade do Reino Unido.


Por favor, doutor Andenæs, comente o estado atual da investigação preliminar na Suécia, e a acusação vigente dos Estados Unidos contra WikiLeaks.

Também aqueles que estão convencidos de que Assange é culpado de estupro, ache ou não ache você que ele é um auto-publicista deliberadamente resistente à prisão, o que eu não acho, a verdade é que as autoridades poderiam usar menos meios restritivos sem comprometer a investigação inicial sobre as alegações a respeito de sua conduta sexual na Suécia.

É oportuno lembrar que Assange não foi considerado culpado de estupro: atualmente, o Ministério Público e os tribunais na Suécia consideram que existem motivos prováveis. O professor Andrew Ashworth, de Oxford, afirmou na Expert Opinion de 2011 que a equipe de Assange fez referência a que "não considero que nenhum dos fatos alegados no European Arrest Warrant [Mandato de Detenção Europeu], que são as alegações citadas no mandado de prisão, seja auto-suficiente para configurar qualquer infração à lei Inglesa".

O vice-presidente do Supremo Tribunal sueco recordou-nos que o acusado é presumivelmente inocente até considerado culpado (vídeo), e que, quando há declarações contraditórias, os tribunais devem decidir se os requisitos para uma condenação são satisfatórios.

Os tribunais suecos, bem como a maioria do Supremo Tribunal do país e o vice-presidente da Suécia não compareceram à comissão, expressaram que o mandado de detenção, mesmo que não pudesse ter sido executado contra Assange, limitou sua liberdade de uma maneira que acabou sendo relevante para questionar se ela permanece proporcional. A maioria manifestou aprovação diante das medidas tomadas agora, para entrevistar Assange em Londres.

Certamente, o ex-representante jurídico sueco para as Nações Unidas e consultor jurídico do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hans Corell, afirmou que "não entende porque o promotor não tinha interrogado Julian Assange durante todos os anos em que ele esteve na Embaixada do Equador".

Visões moderadas e jurídicas têm divergido sobre muitas dessas questões. Sem dúvida, elas têm sido incrementadas de maneira tendenciosa através de pontos de vista sobre a integridade do próprio Assange. Mas os direitos humanos não são destinados a favorecer um ser querido entre nós, mas sim para favorecer a todos nós.


Porque o senhor acha que o Reino Unido está agindo tão acentuadamente de acordo com os interesses do regime dos Estados Unidos neste caso?

WikiLeaks tem contribuído de modo muito importantes no que diz respeito ao nosso conhecimento do processo diplomático e político. Ele mudou minha percepção sobre grandes acontecimentos e instituições. WikiLeaks faz com que seja muito mais difícil nos manipular.

A tão chamada comunidade de inteligência baseia-se sobre métodos de trabalho envolvidos em segredo. Há poderosas forças institucionais que querem pôr fim às atividades do sr. Assange. E estão presentes em muitos países.


Como o senhor vê a posição do governo do Equador em relação a Assange, e a importância da solidariedade mundial a ele não só por parte de outros governos, mas também por ativistas e civis em geral, Professor Andenæs?

O governo do Equador deu uma contribuição muito importante à proteção de uma esfera pública internacional e à proteção à liberdade de informação, à liberdade de expressão e à responsabilização por violações de direitos humanos. As expressões de solidariedade para com ele, não só por parte de outros governos mas também por ativistas e outros setores populares ao redor do mundo, são muito importantes.


Como o senhor avalia a abordagem dos meios de comunicação predominantes em relação às revelações de WikiLeaks, especialmente envolvendo o julgamento de Assange?

Eu esperava uma defesa mais robusta ao direito à informação e à liberdade de expressão. Mas a mídia, em todos os países, opera dentro de uma complexa interação com os governos e leva em conta o interesse do Estado, de diferentes maneiras. Na minha opinião, neste caso há respeito excessivo ao interesse do Estado.


Como o senhor vê as recentes revelações de WikiLeaks, que o regime de Barack Obama espionou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e a chanceler alemã Angela Merkel em uma particular reunião estratégia de mudança climática, em Berlim neste ano, e que espionou também o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR, na sigla em inglês)?

Revelam práticas totalmente inaceitáveis. Tais revelações também justificam o trabalho de WikiLeaks.


XVIII. WIKILEAKS - Estados Unidos, Europa, África e Ásia
NSA Espionou Chefes de Estado Europeus e Secretário-Geral da ONU

Após quase seis anos da liberação de milhares de telegramas secretos por WikiLeaks, e quase
três anos das denúncias de Snowden Comunidade de Inteligência dos EUA segue espionando indiscriminadamente, como se isso não fosse nada grave. Onde está a mídia predominante?

7 de março de 2016 / Publicado no Diário Liberdade (Galiza), e no Jornal Pravda (Rússia)


No último dia 23, WikiLeaks revelou que a Agência de Segurança Nacional (NSA, por sua sigla em inglês), segue espionando indiscriminadamente: desta vez, a vítima foi a reunião particular estratégica sobre mudança climática realizada em Berlim, da qual participaram a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban-Ki-moon, os quais buscavam soluções para o problema da mudança climática. De acordo com documentos secretos da NSA liberados por WikiLeaks, a reunião foi espionada por microfones ocultos instalados pela agência de inteligência norte-americana.

Além disso, a NSA espionou as reuniões e as entrevistas do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi. Na conversa entre os líderes, destaca que durante sua entrevista o primeiro-ministro israelense "suplicou" a seu homólogo da Itália que o ajudasse a obter acordo com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A agência estadunidense também escutou reuniões privadas entre o presidente francês, Nicolas Sarkozy, com Merkel e Berlusconi.

E se não bastasse, a NSA espionou as conversações entre os altos escalões da União Europeia (UE) com os ministros de negócios do Japão, sobre suas "linhas vermelhas do comércio" secretas.

O editor de WikiLeaks, Julian Assange, disse:

Hoje provamos que as reuniões privadas entre o Secretário-Geral Ban Ki-moon sobre como salvar o planeta da mudança climática foram escutadas por um país que busca em proteger suas maiores empresas de petróleo.

Já em 2010, revelamos que a então secretária de Estado Hillary Clinton [dos EUA] ordenou que seus diplomatas roubassem dados biométricos e outras informações da liderança da ONU.

O governo dos EUA tem acordos assinados com a ONU, nos quais garante que não se envolverá em tal conduta. Será interessante observar qual será a reação da ONU já que, se seu secretário-geral pode ser objeto de espionagem, cujas comunicações e a pessoa possuem inviolabilidade jurídica, podem ser repetidamente atacados indiscriminadamente, todos estão em risco.

A comunidade de Inteligência dos Estados Unidos apenas segue espionando indiscriminadamente, como se nada muito grave estivesse ocorrendo quase seis anos do inicio das liberações de mais de 250 mil telegramas secretos por WikiLeaks, e quase três após as denúncias igualmente documentais por parte do ex-contratista da NSA e da CIA, Edward Snowden, porque a mídia predominante, defensora dos interesses das multinacionais e por isso divorciada da prática jornalística, mantém o silêncio conivente.


XVIII. WIKILEAKS - Estados Unidos, Europa, África e Ásia
Cabos WikiLeaks Revelam Temores sobre Segurança Nuclear da China

Cabos destacam lobby dos EUA, e dizem a tecnologia obsoleta e barata
está "amplamente potencializando" risco de acidente nuclear

25.8.2011 / Fonte: The Guardian

Tradução de Edu Montesanti


Observação do Blog: Mais esta revelação WikiLeaks deixa claro que temores por desastre nuclear não são superados por interesses comerciais, bem como o papel espião-mercenário dos embaixadores norteamericanos.
As afirmações de Washington sobre bombas de destruição massiva no Iraque contrariaram as da ONU, que fizera inspeção ao longo dos anos de 1990 no país. Posteriormente à invasão e morte de Saddam Hussein, ficou ainda mais evidente as mentira que levaram à invasão ao país árabe (segunda maior reserva petrolífera do mundo, atrás apenas da Arábia Saudita), causando destruição completa da infraestrutura do país, de patrimônios da humanidade, pilhagem de suas riquezas naturais e a morte, até agora, morte de mais de 110 mil civis, e 1 milhão de refugiados. Bush terminou o mandato desculpando-se com o mundo por esses "erros" (sem jamais fazer nenhuma reparação).
Ao longo de toda a mesma década de 1990, que marcou intervenções norteamericanas no Iraque, a Coreia do Norte reivindicou desenvolver bombas de destruição massiva, sempre ignorada por Washington. Detalhe: este país é vizinho à China, maior exército do mundo, uma das maiores economias mundias em franca expansão desde a década de 1980, e um dos principais parceiros econômicos dos EUA (ao longo da década de 1990, na 6ª posição).
A China é um dos países que mais fere os direitos humanos em todo o mundo. Direitos humanos que têm sido também outra forte justificativa para as intervenções no Oriente Médio, região mais rica em petróleo do mundo.
As contradições na política externa norteamericana são facilmente desfeitas, e suas reais intenções claramente entendidas quando colocadas à luz da realidade dos fatos.
Abaixo, mais uma revelação WikiLeaks que vem a confirmar tudo isso: assim como no Haiti (revelação mais acima), diplomatas fazem na China as vezes de espiões e lobbistas comerciais, desconsiderando questões humanitárias. O perigo de desastre nuclear não é tratado pela Casa Branca na China como, por exemplo, catástrofes humanitárias na Líbia (país rico em petróleo, e vulnerável a intervenções estrangeiras). Pelo contrário: os interesses comerciais dos Estados Unidos - maiores opositores históricos para a criação de um Tribunal Penal Internacional, que puna crimes de guerra - em uma das economias que mais crescem no mundo, estão muito à frente de qualquer outra coisa, mesmo que isso aumente os riscos de desastre naquele país. É o que leremos a seguir.



A China tem "aumentado amplamente" o risco de acidente nuclear, optando por tecnologia barata que farão 100 anos antiquados, até o fim da vida útil, dezenas seus reatores, de acordo com cabos diplomáticos da embaixada dos EUA em Pequim.

O aviso vem semanas depois de o governo de Pequim retornar ao ambicioso programa de expansão nuclear, que foi temporariamente interrompido por inspeções de segurança, na esteira do colapso de três reatores em Fukushima, Japão.

Cabos divulgado nesta semana por WikiLeaks destacam o sigilo do processo de licitação para contratos de usina nuclear, a influência do lobby do governo, e as fraquezas potenciais na gestão e supervisão regulatória do setor da rápida expansão nuclear da China.

Em agosto de 2008, a embaixada observou que a China estava em processo de construção de 50 a 60 novas usinas nucleares até 2020. Esta meta - que aumentou desde então - foi uma oportunidade de negócios enorme. Para imitar os franceses e russos, o cabo pediu amparo de alto nível contínuo em nome da empresa dos EUA Westinghouse, para estimular seu reator AP-1000.

Isto é crucial, de acordo com o telegrama datado de 29 de agosto de 2008 da embaixada norteamericana em Pequim, porque "todas as compras do reator até agora têm sido, em grande parte, resultado de decisões internas alto nível político na ausência de qualquer processo aberto".

Para a embaixada dos EUA, a maior preocupação era que a China parecia mais interessada na construção de seus reatores próprios - o CPR-1000 - baseada na velha tecnologia da Westinghouse, em Daya Bay e Ling Ao.

"Conforme crescem as ações no mercado do CPR-1000, a China está garantindo que, ao invés de construir uma frota de reatores modernos, eles serão sobrecarregados com a tecnologia que, até o final de sua vida útil, serão de 100 anos antiquados", diz outro telegrama datado de 7 de agosto de 2008.

Nos últimos 10 anos, o CPR-1000 tem sido o modelo mais popular na China. Em 2009, a agência de notícias estatal Xinhua informou que cerca de dois dos 22 reatores nucleares em construção aplicaram a tecnologia do CPR-1000.

O cabo sugere que esta foi uma escolha perigosa: "Ignorando a tecnologia de segurança inativa do AP1000, o que, de acordo com a Westinghouse, é 100 vezes mais segura que o CPR-1000, a China está aumentando tremendamente o risco agregado de sua frota de energia nuclear".

"A tecnologia de segurança inativa" garante que um reator será desligado automaticamente em caso de desastre sem intervenção humana. Usinas sem esse recurso são consideradas menos seguras, pois dependem de intervenção humana que pode ser difícil de prever em situação de crise.

A China diz que tem atualizado e melhorado a tecnologia baseada no CPR-1000, mas o governo reconhece que é menos seguro que os modelos mais recentes. A administração nacional da China de segurança nuclear e de administração de energia, estão atualmente elaborando novos planos de segurança, que são pensados a partir da probabilidade de incluir uma cláusula em que todas as futuras instalações tenham de cumprir os padrões mais elevados de reatores de terceira geração, como o AP-1000 ou tecnologia de tório.

Mas ainda terá de gerenciar dezenas de reatores de segunda geração para as próximas décadas. Quatro CPR-1000 foram aprovados pelo Conselho de Estado poucos dias antes das explosões em Fukushima. O acidente - classificado no mesmo nível de Chernobyl - levou a repensar a dramática da política nuclear no Japão, Alemanha e Itália.

Não há sinal de mudança de coração na China, que planeja construir reatores mais do que o resto do mundo juntos até 2020. O mais recente a ser concluído foi o CPR-1000 em Ling Ao, no início deste mês.

A embaixada dos EUA e a Westinghouse podem ter almejado maquiar os riscos a fim de melhorar a força de seus próprios lances, mas preocupações com a segurança também são expressas na China. Neste ano, o prof Ele Zuoxiu, que ajudou a desenvolver a primeira bomba atômica da China, alegou planos para aumentar a produção de energia nuclear vinte vezes até 2030, a qual pode ser tão desastrosa como o "Grande Salto Adiante" - tentativa desastrosa de Mao Tsé-tung para impulsionar o desenvolvimento industrial, no final dos anos de 1950.

Escrevendo no jornal Science, Ele perguntou: "Será que estamos realmente prontos para este tipo de velocidade vertiginosa [de desenvolvimento de energia nuclear]? Acho que não - estamos seriamente despreparados, especialmente na parte da frente de segurança".

A pressa para construir novas usinas também pode criar problemas para a gestão eficaz, para a operação e supervisão regulatória. O representante da Westinghouse, Gavin Liu, foi citado em um cabo dizendo: "O maior gargalo em potencial são os recursos humanos - chegando com pessoal treinado o suficiente para construir e operar todas estas novas usinas, bem como regulamentar a indústria".

Tais preocupações aumentaram em julho, quando outro dos novos projetos industriais da China - uma estrada de ferro de alta velocidade - levou a uma colisão que matou 39 pessoas. Ele também foi construído internamente, baseado em projetos estrangeiros e foi produzido além mais do que seus operadores parecem ter sido capazes.



XVIII. WIKILEAKS - Estados Unidos, Europa, África e Ásia
Documento Secreto WikiLeaks Confirma Plano de União da América do Norte

20.5.2011 / Fonte: The Truth Seekers


Um documento secreto recentemente lançado por WikiLeaks [exibido neste próprio artigo] revela um embaixador de alto escalão dos EUA, promovendo a fusão dos Estados Unidos, Canadá e México em um combinado mercado consumidor e de trabalho, com moeda comum e um perímetro eletrônico de segurança mútuo, com menos foco nas fronteiras físicas.

Os documentos secretos revelam um plano bem desenvolvido que defende sigilo, uma abordagem minuciosa para não alarmar o público. O documento afirma claramente que o plano é evitar que os esforços dos EUA para proteger cidadãos do terrorismo ou de doenças, interfera no comércio e em outros interesses financeiros. Os documentos também defendem que a promoção deste plano concentra-se nas "empresas individuais, indústrias ou viajantes, especialmente nos consumidores", em vez das nações como um todo.

Esse vazamento de alto nível parece validar preocupações mais recentes de muitos grupos sobre os planos de criar um novo governo, que substituiria a soberania dos EUA, Canadá e México em uma forma semelhante à União Europeia. Os críticos desses planos de fusão, chamam-no de União Norte-Americana. Os defensores do plano de chamam-no de Comunidade Norteamericana e Integração Norteamericana (NAI, na sigla em inglês).

"Trata-se de conspiração, mas não é teoria", disse William Gheen de ALIPAC (Americanos pela Imigração Legal). "Esses traidores estão tentando esconder seus planos, mas está tudo escancarado agora. Eles estão tentando forçar uma união econômica nos EUA que não está ratificado pelo Congresso dos EUA, não está autorizada pela Constituição dos EUA, e não é aprovado pelo público norteamericano. Esse plano está sendo facilitado pelo não cumprimento da lei da nossa imigração vigente, e pelas leis de fronteira".

Os norteamericanos ficaram chocados ao saber, em 2005 e 2006, que milhões de estrangeiros ilegais haviam imigrado aos Estados Unidos, e que agora estavam marchando nas ruas exigindo a legalização, cidadania, direitos de voto e os recursos de contribuinte. Legisladores federais, leais aos planos norteamericanos de Integração, alegaram que "nossos sistemas de imigração estão falidos", quando, na realidade, os sistemas de imigração têm sido ajustados por aqueles que defendem a fusão das populações dos EUA, México e Canadá.

Outros exemplos deste plano de união econômica que tem sido perseguido pelos presidentes Bush e Obama, podem ser encontrados nos escritos do dr. Robert Pastor da American University, em publicações do Conselho de Relações Exteriores, como "Construindo uma Comunidade Norteamericana", e em anúncios feitos pelos chefes de Estado nos três países que apóiam a Segurança e a Prosperidade de Parceria (SPP, na sigla em inglês).

"A Integração dos países norteamericanos exigem desintegração dos EUA. Os cidadãos dos EUA nunca adeririam voluntariamente nesse regime diabólico, que desintegraria os Estados Unidos sob um super-Estado superior e sob um novo governo, que destruiria a atual Constituição dos EUA e suas fronteiras ", disse William Gheen. "Por isso, essa elite dos bancos, do empresariado e as influências políticas estão inundando os EUA com a imigração ilegal desenfreada e híper imigração legal. Elas estão conquistando os inocentes cidadãos amantes da liberdade dos EUA, trazendo pessoas de fora que nos substituirão gradualmente em nossos empregos e em nossas casas".

Enquanto notícias desta recente divulgação WikiLeaks circulam pela Internet, o ALIPAC está lançando a notícia e os documentos para a nação hoje, através de comunicado à imprensa nacional.

Os cidadãos norteamericanos são encorajados a tomar medidas apropriadas para se organizar em defesa da nação, e se preparam para o desafio político e derrotar aqueles que estão buscando essa agenda ilegal, inconstitucional e destruidora da nação.

William Gheen está lançando um artigo mais detalhado hoje, intitulado "WikiLeaks Divulga Arquivos Secretos: Integração Norteamericana", que será distribuído nacionalmente junto deste comunicado de imprensa.



XVIII. WIKILEAKS - Estados Unidos, Europa, África e Ásia
Relatório Especial da Red Cell da CIA: E se os Estrangeiros Virem os Estados Unidos como
País "Exportador de Terrorismo"?

Fonte: WikiLeaks.ch

Tradução de Edu Montesanti


Lançamento WikiLeaks: 25 de agosto de 2010

palavras-chave: WikiLeaks, Inteligência dos EUA, Exército dos EUA, Centro de Inteligência, NGIC, classificados, secreto, NOFORN, Red Cell
valor: classificação SECRETA / NOFORN (EUA)
data: 2 de fevereiro de 2010
grupo: CIA Red Cell
autor: CIA Red Cell
páginas: 3

Descrição

Este relatório da "Red Cell" da CIA de 2 de fevereiro de 2010, veja o que vai acontecer se for internacionalmente entendido que os Estados Unidos são um país exportador de terrorismo; Contrariamente à crença comum, as exportações norte-americanas de terrorismo ou de terroristas não é um fenômeno recente, nem tem estado associado apenas aos radicais islamitas ou a pessoas do Oriente Médio, africanas ou de origem sul-asiática. Essa dinâmica desmente a crença norte-americana de que nossa sociedade livre, aberta e multiculturalmente integrada diminui a atração do radicalismo e do terrorismo aos cidadãos dos EUA. O relatório analisa vários casos em que os EUA exportaram terrorismo, incluindo ataques terroristas pelos EUA com base ou financiados por judeus, muçulmanos e nacionalistas irlandeses. Conclui que a percepção externa dos EUA como "exportador de terrorismo", juntamente com dois pesos e duas medidas dos EUA em direito internacional, pode levar à não-cooperação em entregas [de cidadãos] (incluindo a detenção de agentes da CIA) e à decisão de não compactuar com a Inteligência dos Estados Unidos no que diz respeito a terrorismo. (S / / NF)

Muita atenção tem sido dada ultimamente, à ocorrência crescente de ataques terroristas islamitas contra alvos dos EUA, principalmente em solo norte-americano. Menos atenção tem sido dada ao crescimento local do terrorismo, não exclusivamente terroristas muçulmanos, exportados para atingir pessoas que não sejam norte-americanas. Este relatório analisa as implicações do que isso significaria para os EUA, se for visto cada vez mais como incubador e "exportador de terrorismo". (S / / NF)

Contrariamente à crença comum, as exportações norte-americanas de terrorismo ou de terroristas não é um recente fenômeno, nem tem sido associada apenas aos radicais islamitas ou pessoas do Oriente Médio, africanas ou de origem sul-asiática. Esaa dinâmica desmente a crença norte-americana de que nossa sociedade livre, aberta e multiculturalmente integrada diminui a atração do radicalismo e do terrorismo aos cidadãos dos EUA.

• No ano passado, cinco jovens muçulmanos norte-americanos viajaram do norte de Virgínia ao Paquistão, supostamente para se juntar aos talibans paquistaneses e para participar da jihad. Seus pais contactaram o FBI depois que eles desapareceram sem dizer nada a ninguém e, em seguida, autoridades paquistanesa prenderam-nos enquanto eles supostamente tentaram obter acesso às estruturas de formação da Al-Qaeda.

• Em novembro de 2008, o paquistanês-estadunidense David Headley prestou seu apoio aos ataques do Lashkar-i-Tayyiba (LT, saiba mais sobre este grupo terrorista aqui no Blog) em Mumbai, na Índia, que mataram mais de 160 pessoas. O LT induziu-o a mudar seu nome de Daood Gilani para David Headley, a fim de facilitar sua circulação entre EUA, Paquistão e Índia.

• Alguns judeus norte-americanos têm apoiado e até mesmo sido envolvidos em atos de violência contra claros inimigos de Israel. Em 1994, Baruch Goldstein, um médico judeu norte-americano de Nova York, emigrou para Israel, juntou-se ao grupo extremista Kach e matou 29 palestinos durante as orações destes na mesquita no Túmulo dos Patriarcas, em Hebron, o que ajudou a desencadear uma onda de explosões de ônibus pelo HAMAS no início de 1995.

• Alguns irlandeses-norte-americanos têm muito apoio financeiro e material para esforços violentos a fim de obrigar o Reino Unido a abandonar o controle da Irlanda do Norte. Na década de 1880, membros irlandeses-norte=americanos do clã Gael dinamitaram a Scotland Yard, o Parlamento e a Torre de Londres, e bombas foram detonadas em várias estações de metrô. Em Londres no século XX, irlandeses-norte-americanos forneceram grande parte do apoio financeiro enviado ao Exército Republicano Irlandês (IRA). O Comité de Ajuda do Norte (NORAID), com base nos EUA, fundado no final dos anos 1960 deu origem ao Exército Republicano Irlandês Provisório (PIRA) com dinheiro que foi usado frequentemente para compras de armas. Somente depois de repetidos pedidos do alto escalão britânico e, em seguida, o apoio de Londres ao nosso bombardeio sobre a Líbia na década de 1980, fez o governo dos EUA reprimir o apoio irlandês-norte-americano ao IRA. (S / / NF)

SECRET / NONFORN

Facilidades Nortemericanas às Liberdades Ajudam o Recrutamento de Terroristas e Operações (S / / NF)

Primeiramente, temos que nos preocupar com a infiltrações operativas da Al-Qaeda nos EUA para realizar ataques terroristas, mas a AQ pode estar cada vez mais procurando norte-americanos operar no exterior. Sem dúvida, a Al-Qaeda e outros grupos terroristas reconhecem que os norte-americanos podem ser grandes ativos em operações terroristas no exterior, porque eles carregam passaportes dos EUA, não se encaixam no perfil típico árabe-muçulmano, e podem comunicar-se facilmente com radicais através de seus líderes, e do acesso irrestrito à Internet e outros meios de comunicação.

• Os grupos terroristas como a Al-Qaeda têm certamente notado a facilidade com que Headley foi capaz de viajar várias vezes com visto dos EUA, daqui ao Paquistão e Índia sem levantar suspeitas entre os funcionários.

• Al-Qaeda e outros grupos extremistas também deve ter notado que o governo dos EUA tem se preocupado mais com a prevenção de ataques sobre os EUA por terroristas locais ou estrangeiros, do que com os norteamericanos que vão ao exterior para realizar ataques em outros países. A maioria dos governos estrangeiros não suspe que cidadãos norteamericanos teriam parcela de participação em ataques contra seus cidadãos, dentro de suas fronteiras. Os terroristas estrangeiros têm recrutado extremistas dentro dos EUA para ataques no exterior e são susceptíveis a aumentar o uso desse método porque, até agora, ele passou desapercebido do radar dos governos dos EUA e de outros países.

• A onipresença dos serviços de Internet ao redor do mundo, e o uso generalizado de inglês em sítios populares como o Youtube, Facebook, Myspace, Twitter e blogs diversos, permitem que os clérigos radicais e recrutadores de terroristas ignorem fronteiras físicas dos Estados Unidos, e influenciem cidadãos dos EUA. Por exemplo, um autoproclamado recrutador do Taleban paquistanês, contactou os cinco homens do norte da Virgínia e, em seguida, via YouTube, trocaram correios eletrônicos codificados com o grupo. Os terroristas sabem que, aparentemente, a detecção é particularmente difícil nos casos em que o potencial recruta nortemaericano não está afiliado a nenhum conhecido grupo terrorista. (S / / NF)

Impacto sobre as Relações Exteriores se os EUA Forem Vistos como "Exportadores de Terrorismo" (S / / NF)

Se os EUA forem vistos como exportador de terrorismo, os parceiros estrangeiros podem estar menos dispostos a cooperar com os Estados Unidos nas atividades extrajudiciais, incluindo detenção, transferência e interrogatório de suspeitos em países terceiros. Como recente vítima do grande perfil do terrorismo proveniente do exterior, o governo dos EUA teve uma alavanca importante para pressionar regimes estrangeiros a aceitar os pedidos de extradição de suspeitos de terrorismo a partir de seu solo. No entanto, se os EUA forem vistos como um "exportador de terrorismo", os governos estrangeiros podem solicitar um acordo recíproco que teria um impacto sobre a soberania dos EUA.

• Regimes estrangeiros poderiam solicitar informações sobre cidadãos dos EUA que considerem terroristas ou apoiantes do terrorismo, ou mesmo solicitar a extradição de cidadãos dos EUA. Os EUA não cooperando, pode resultar na recusa de governos a permitir que os EUA tirem suspeitos de terrorismo do território deles, forçando alianças e relações bilaterais.

• Em casos extremos, a recusa dos EUA de cooperar com os pedidos de governos estrangeiros para extradição, pode levar alguns governos a considerar secretamente a remoção de cidadãos norte-americanos suspeitos de terrorismo estrangeiros, do território dos EUA. Operações de inteligência estrangeira em solo norte-americano para neutralizar ou até mesmo assassinar indivíduos norte-americanos considerados uma ameaça, não são algo sem precedentes. Antes de os EUA entrarem II Guerra Mundial, a Inteligência britânica realizou operações de informações contra os cidadãos proeminentes dos EUA considerados isolacionistas ou simpático aos nazistas. Alguns historiadores que examinaram arquivos relevantes, até suspeitam que oficiais da Inteligência britânica assassinaram agentes nazistas em solo dos EUA. (S / / NF)

SECRET / NOFORN

Estrangeiros tendo percepção dos EUA como "exportador de terrorismo", também suscita difíceis questões jurídicas para os EUA, para seus aliados estrangeiros e para as instituições internacionais. Até o momento, os EUA não são signatários do Tribunal Penal Internacional (TPI), em vez disso prosseguem os Acordos de Imunidade Bilateral (BIA, na sigla em inglês), com outros países para garantir a imunidade para os cidadãos dos EUA em relação às punições do TPI. Os EUA, ameaçaram suspender assistência econômica e militar a países que não aderirem aos termos do BIA.

• Se os regimes estrangeiros acreditam que a posição dos EUA sobre a entrega de terroristas é demasiadamente unilateral, favorecendo os EUA, mas não e eles, os tais poderiam dificultar os esforços dos EUA para deter suspeitos de terrorismo. Por exemplo, em 2005 a Itália solicitou mandados de prisão criminal para agentes dos EUA envolvidos no rapto de um clérigo egípcio, e sua entrega ao Egito. A proliferação de tais casos não só desafia as relações bilaterais dos EUA com outros países, mas também danifica esforços de contraterrorismo global.

• Se os líderes estrangeiros virem os EUA recusando-se a prestar informações sobre os suspeitos norteamericanos de terrorismo, ou recusando-se a permitir que testemunhas deponham em seus tribunais, eles poderiam negar o mesmo aos EUA. Em 2005, Abdelghani Mzoudi suspeito do 11 de setembro, foi absolvido por um tribunal alemão porque os EUA se recusaram a permitir que Ramzi bin al-Shibh, principal suspeito do 11 de setembro que estava sob custódia dos EUA, depusesse. Mais casos assim poderiam impedir ações de bloqueio ao terrorismo, seja nos EUA ou no exterior, ou poderiam resultar em libertação dos suspeitos.


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(Diário Liberdade / Galiza)


Fundador do WikiLeaks Diz que Facebook é uma Máquina de Espionagem

3.5.2011 / Fonte: Armação


Em uma entrevista polêmica ao Russia Today, Julian Assange, fundador do WikiLeaks, disse que o Facebook é a “mais espantosa máquina de espionagem já inventada”.

“Nas redes sociais temos a base de dados mais ampla sobre os cidadãos, suas relações, o nome de seus contatos, seus endereços, as mensagens que trocam com outras pessoas e isso tudo é alojado nos EUA, acessível aos seus serviços de inteligência”, disse ele.

Para Assange, as empresas por trás desses serviços – como o Google e o Yahoo – criaram mecanismos para facilitar o acesso dos serviços de inteligência à esse tipo de informação. “Obter uma citação ou um requerimento judicial já não é um problema. Existe uma interface de conexão já em uso. Isso quer dizer que o Facebook está sendo gerido pelos serviços de inteligência americanos? Não, não é isso. Simplesmente a inteligência dos EUA tem a capacidade legal e política para pressioná-los. É caro manejar um a um cada um dos arquivos, por isso automatizaram o processo”.

E o fundador do WikiLeaks vai além: quem usa as redes sociais com frequência e convida os amigos a participarem do Facebook está trabalhando de graça para as agências de inteligência dos EUA.



WikiLeaks: EUA Confiava no Ministro de Relações Exteriores da Líbia

31.3.2011 / Fonte: Now Lebanon

Tradução de Edu Montesanti


O demitido ministro de Relações Exteriores da Líbia, Moussa Kussa, era um homem que os Estados Unidos podiam confiar e comprometer-se, apesar da sua experiência em espionagem, de acordo com os cabos divulgados sobre os EUA pelo WikiLeaks, quinta-feira 31 de março.

"Kussa frequentemente viaja com Muamar Kadafi, e é o principal assessor em matéria de segurança", citou o cabo do sítio de denúncias WikiLeaks, datado de 21 de maio de 2009, conforme afirma.

"Ele é educado pelos ocidentais ... e é visto como um forte apoiante do reengajamento com o Ocidente", disse a mensagem preparada antes de uma viagem à Líbia pelo agora aposentado general dos EUA, William Ward.

Kussa, 59, foi empossado como ministro de Relações Exteriores de Kadafi em março de 2009, depois de ter servido como chefe da agência de Inteligência da Líbia desde 1994.

"Ele desempenhou papel de destaque nas relações EUA-Líbia e, mais amplamente, nos negócios estrangeiros da Líbia. Desde que se tornou ministro das Relações Exteriores, assumiu diversas carteira,s anteriormente assumtidas por outras figuras de destaque do regime".

"Kussa é o raro oficial líbio, que incorpora uma combinação de perspicácia intelectual, capacidade operacional e peso político.

"Promover áreas específicas de cooperação com ele, é uma oportunidade para que ele lance essa mensagem em termos aceitáveis para a liderança da Líbia".

Kussa viajou para a Grã-Bretanha da Tunísia na quarta-feira 30 de março, de acordo com o governo britânico.

O ex-embaixador chegou à Grã-Bretanha "de vontade própria" através de Farnborough, a sudoeste do aeroporto de Londres na quarta-feira, afirmou o ministro de Relações Exterioes britânico, William Hague.

Ele estava agora em conversações com funcionários britânicos, mas Hague ressaltou que Kussa, acusado de ter planejado o atentado de Lockerbie em 1988, não está sob imunidade de processo.

O governo da Líbia, na quinta-feira 31 de março, minimizou a partida de Kussa, afirmando que o regime de Muammar Kadafi "não dependem de indivíduos", em sua primeira admissão sobre a demissão de Kussa, após o ex-chanceler ter renunciado ao cargo.



WikiLeaks Dará um Duro Golpe em Wall Street em 2011

30.11.2010 / Fonte: Telesur

Tradução de Edu Montesanti


Julian Assange,fundador do WikiLeaks, informou terça-feira que vai apresentar novas informações, mas desta vez não serão sobre a diplomacia dos EUA, e sim sobre Wall Street. O golpe será dado no primeiro semestre de 2011.

Assange disse à revista Forbes, em Londres, que o material vai revelar "práticas imorais", citou a agência de notícias DPA.

O fundador do WikiLeaks garante que o conteúdo do material deve "derrubar um ou dois bancos".

Supostamente, trata-se de comunicações internas que confirma, corrupção financeira, assim como "os correios eletrônicos da Enron".

Assange, sobre quem pesa um mandado de prisão pela Interpol, justificou a necessidade da divulgação em "promover reformas no setor financeiro".

Desde a eclosão da crise econômica nos EUA, houve suspeitas de prática ilícita em quase todos os bancos. No entanto, o Goldman Sachs é o que tem mais tem levantado suspeitas de irregularidades, tanto que é investigada pela Securities and Exchange Commission.

O criador do sítio WikiLeaks insiste que, à medida que o perfil de sua página e dele mesmo crescem, acelera-se exponencialmente o número de documentos que recebe.

Salientou, a esse respeito, que atualmente encontra-se em condição de fazer divulgações que afetam o setor privado, não apenas financeiro, mas também o energético e os produtos farmacêuticos.

Na terça-feira, houve diversas reações aos 250 mil documentos divulgados pela WikiLeaks que colocam em risco a diplomacia dos EUA.

Muitos governos em todo o mundo têm falado sobre o escândalo que surgiu domingo, após a publicação da notícia.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, condenou os fatos e disse que eles são "o mais alto grau de irresponsabilidade". Por sua vez, a Arábia Saudita e o Irã têm questionado a veracidade dos textos.

O porta-voz do Ministério dos Assuntos Exteriores, Ramin Mehmanparast, disse que "esses documentos foram produzidos, provavelmente, pelos serviços secretos do Ocidente e dos EUA".

Enquanto isso, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse segunda-feira que os vazamentos deixaram "o Império nu, mostrando como ignora até mesmo seus aliados".

Em entrevista à Telesur, o analista de política internacional, James Petras, ressaltou que os documentos do sítio WikiLeaks ainda não "revelam a verdade da política dos EUA com o resto do mundo. Por que não mencionam o apoio dos EUA a grupos terroristas que operam no Irã, produzindo carros-bomba e matando os cientistas?".

"Pelo menos até agora, o WikiLeaks não está apresentado mais cabos que revelam as práticas norteamericanas, por exemplo práticas de assassinos israelenses que colaboram com a CIA (Agência Central de Inteligência norteamericana)", disse ele.

A correspondente da Telesur em Washington, Aurora Sampeiro, disse que, através de um levantamento, constatou-se que muitos norteamericanos não sabem sobre o tema do WikiLeaks, "outros pareciam envergonhados e não sabiam como esses documentos foram trazidos às claras".

O fato de que, supostamente, não vão prejudicar as relações dos EUA com Espanha e Israel, a jornalista disse que "as reações do Departamento de Estado do Pentágono têm sido discretas".

Finalmente, informou que a secretária de Estado, Hillary Clinton, iniciou nesta terça-feira uma viagem à Ásia Central e ao Golfo Pérsico.



WikiLeaks Revela que 'Acordo de Copenhague' Foi Manipulado pelos Estados Unidos
 
26.12.2010. Fonte: Almoxarifado Empoeirado 


Telegramas secretos mostram 'ofensiva diplomática' dos EUA pela adesão ao 'Acordo de Copenhague' mediante promessa de ajuda financeira

Telegramas da diplomacia americana revelados pelo WikiLeaks mostram uma “ofensiva diplomática” secreta sobre o aquecimento global. Segundo os documentos, a operação política internacional buscou angariar apoio do maior número possível de nações através de empréstimos e ajudas financeiras, com o objetivo de cercar a oposição ao controverso Acordo de Copenhague, documento não-oficial que emergiu das ruínas da COP-15 de 2009, na capital dinamarquesa. Reportagem de Damian Carrington, em The Guardian.

No dia 31 de julho de 2009, o Departamento de Estado dos EUA enviou um telegrama secreto a diplomatas das Nações Unidas sobre uma série de temas, incluindo as mudanças climáticas. O pedido foi originário da CIA. Os diplomatas foram questionados sobre o posicionamento de cada nação e requisitados para apresentar evidências do “esvaziamento” do tratado ambiental da ONU, além de pactos entre nações.

Em 19 de junho de 2009, o Departamento de Estado enviou outra mensagem detalhando um ataque cibernético ao gabinete do negociador para mudanças climática dos EUA, Todd Stern, enquanto as negociações sobre as emissões da China eram realizadas em Pequim. Ele e outras pessoas receberam e-mails personalizados, como se viessem do National Journal americano. Um arquivo em anexo continha um código malicioso que daria o controle total do computador do destinatário para um hacker. O ataque não foi bem sucedido, mas o departamento de análise de ameaças cibernéticas da divisão observou: “É provável que tentativas de invasão como essa persistam.”

As negociações de Pequim não conseguiram guiar um acordo global em Copenhague. Os EUA, historicamente os maiores poluidores do mundo, tinham um álibi: o Acordo de Copenhague, martelado nas últimas horas da COP-15 que, apesar de não ter sido adotado oficialmente pela ONU, foi uma alternativa para resolver muitos dos problemas americanos.

O acordo transforma a abordagem da ONU, que antes tendia para a unanimidade. De acordo com ele, cada nação escolhe alvos palatáveis para cortes de gases de efeito estufa, teoricamente uma maneira muito mais fácil de vincular a China e outros países em rápido desenvolvimento à causa do que o processo da ONU. Mas o acordo não pode garantir os cortes necessários de gases-estufa para evitar um aquecimento perigoso, além de embaralhar as negociações da ONU sobre a prorrogação do Protocolo de Kyoto, no qual as nações ricas têm obrigações vinculantes. Estes fatores levaram muitos países – especialmente os mais pobres e vulneráveis – a se oporem com veemência ao acordo.

A “ofensiva diplomática” dos EUA teve seus telegramas secretos enviados entre o final da COP-15 de Copenhague, em dezembro de 2009, até o fim de fevereiro desde ano, e consistiu em garantir o apoio do maior número possível de nações para o Acordo de Copenhague, que serve aos interesses americanos em grande parte.

Alguns países precisaram de pouca insistência. O acordo prometeu US$ 30 bilhões para as nações mais pobres atingidas pelo aquecimento global que não causaram. Duas semanas após Copenhague, o ministro das Relações Exteriores das Maldivas, Ahmed Shaheed, escreveu à secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, requerendo o aporte.

Em 23 de fevereiro de 2010, o embaixador das Maldivas nos EUA, Abdul Ghafoor Mohamed, disse ao deputado americano Jonathan Pershing, enviado para assuntos climáticos, que seu país busca “assistência tangível “, e defendeu que outras nações perceberiam “as vantagens a serem aquiridas pelo respeito” ao acordo.

Uma dança diplomática seguiu. Ghafoor se referiu a vários projetos custando cerca de US$ 50 milhões. Pershing encorajou-o a dar exemplos e custos concretos, a fim de aumentar a probabilidade de assistência bilateral.

As Maldivas são incomuns entre os países em desenvolvimento, ao adotar o acordo em sua totalidade, mas outras pequenas nações insulares foram secretamente vistas como vulneráveis à pressão financeira. Os países mais ameaçados pela mudança climática veem a ajuda como um direito, não uma recompensa. Em 11 de fevereiro, Pershing encontrou a comissária europeia de ação climática, Connie Hedegaard, em Bruxelas. Ela disse a ele, de acordo com um telegrama, que “os países da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis, na sigla em inglês) poderiam ser nossos melhores aliados”, dada sua necessidade para o financiamento.

Os dois estavam preocupados sobre como os US$ 30 bilhões deveriam ser levantados. Hedegaard questionou se a ajuda dos EUA seria toda em dinheiro. Ela perguntou se os Estados Unidos seriam obrigados a fazer uma “contabilidade criativa”, notando que alguns países, como Japão e Reino Unido, querem garantias de empréstimo, e não doações isoladas – uma tática à qual ela se opôs. Segundo o documento, Pershing dissera que “os doadores têm de equilibrar a necessidade política de conceder financiamento real com as limitações práticas de orçamentos apertados.”

Confiança

Juntamente com financiamento, outro assunto traiçoeiro das negociações climáticas (que estão em curso em Cancún), é a confiança na manutenção dos compromissos assumidos pelos países. Hedegaard se perguntava por que os EUA não concordaram com a China e a Índia em relação a medidas que, para ela, pareciam aceitáveis para monitorar futuros cortes nas emissões. “A questão é se eles (países) vão honrar essa linguagem”, relata o telegrama,citando as palavras de Pershing.

A confiança estava em falta nos dois lados: o das nações desenvolvidas e dos países em desenvolvimento. No dia 2 de fevereiro, um telegrama de Adis Abeba reportou um encontro entre a subsecretária de estado dos EUA, Maria Otero, e o primeiro-ministro da Etiópia, Meles Zenawi, que lidera a União Africana para negociações climáticas. O telegrama confidencial registra uma ameaça, sem cortes, dos EUA a Zenawi: assine o acordo ou a discussão termina agora. Zenawi responde que a Etiópia vai apoiar o acordo, mas ele tem uma preocupação: que o comprometimento pessoal de Barack Obama para o envio da ajuda financeira prometida não seja honrado.

A determinação dos EUA de procurar aliados contra seus adversários mais poderosos – os gigantes em ascensão Brasil, África do Sul, Índia e China (Basic) – está claro em outro telegrama de Bruxelas no dia 17 de fevereiro, desta vez relatando um encontro entre o assessor de segurança naciona, Michael Froman, Hedegaard e outros oficiais da União Europeia.

Froman disse que a União Europeia precisava aprender com os países do Basic as habilidades básicas que estes usaram para impedir as iniciativas da UE e dos EUA, colocando-os um contra o outro, no sentido de “manipular melhor o obstrucionismo do terceiro mundo e evitar futuras colisões de trem nas discussões climáticas.”

Nos telegramas, Hedegaard está interessada em reassegurar a Froman o apoio da UE, revelando uma diferença entre o que é dito publicamente e o que é negociado entre quatro paredes. “Ela esperava que os EUA notassem que a União Europeia estava parando de criticá-los”, dizia o telegrama.

Hedegaard e Froman discutiram a necessidade de “neutralizar, cooptar ou marginalizar países pouco colaborativos, incluindo a Venezuela e a Bolivia”. Hedegaard, novamente, conectou ajuda financeira ao apoio ao acordo, notando “a ironia de que a UE é um grande doador de dinheiro a esses países”. Mais tarde, em abril, os EUA cortaram ajuda à Bolívia e ao Equador, citando a oposição ao acordo.

Qualquer ironia é claramente inócua quando se trata do presidente boliviano, Evo Morales, conforme atesta um telegrama de La Paz datado de 9 de fevereiro. O embaixador dinamarquês na Bolívia, Morten Elkjaer, diz a um diplomata americano que, na reunião de Copenhague, “o primeiro-ministro dinamarquês Rasmussen passou 30 minutos pouco prazerosos com Morales, durante os quais o presidente boliviano o agradeceu pelos US$ 30 milhões por ano em ajuda bilateral, mas recusou-se a se engajar nas questões climáticas.”

Dedo na ferida

Depois do acordo de Copenhague, outros links entre financiamento e apoio político apareceram. Oficiais holandeses, que inicialmente rejeitaram as tentativas americanas de fazer o acordo vingar, fazem uma declaração surpreendente em 25 de janeiro. De acordo com um telegrama, o negociador holandês para o clima, Sanne Kaasjager, “rascunhou menssagens para embaixadas de países auxiliados pelo governo holandês solicitando apoio ao acordo. É um movimento sem precedentes por parte do governo da Holanda, que tradicionalmente recua diante de qualquer sugestão de usar o dinheiro da ajuda financeira como alavanca política.”

Mais tarde, no entanto, Kaasjager volta atrás, ao dizer: “A Holanda acharia algo bem complicado usar o acordo como condição para receber ajuda climática.”

Talvez o mais audacioso apelo por fundos tenha sido revelado por telegramas enviados pela Arábia Saudita, o segundo produtor mundial de petróleoe um dos 25 países mais ricos do mundo. Um telegrama secreto enviado em 12 de fevereiro registra um encontro entre oficiais da embaixada dos EUA e o líder saudita para as negociações climáticas, Mohammad al-Sabban. “O reino precisará de tempo para diversificar sua economia para além do petróleo, mas um compromisso dos EUA para ajudar a Arábia Saudita com os seus esforços de diversificação econômica aliviaria a pressão das negociações sobre mudança climática.”

Os sauditas não gostaram do acordo, mas estavam preocupados em perder “o bonde” da história. O ministro assistente do petróleo, Príncipe Abdulaziz bin Salman, disse aos oficiais americanos que ele havia dito ao ministro Ali al-Naimi que a Arábia Saudita tinha “perdido uma oportunidade real de submeter 'algo interessante' à cúpula climática, como fizeram a Índia e a China, algo que não fosse legalmente vinculante mas pudesse significar um aceno de boa vontade por parte do país, sem comprometer os interesses seus econômicos vitais.”

Os telegramas obtidos pelo WikiLeaks terminam no final de fevereiro deste ano. Atualmente, 116 países aderiram ao acordo. Outros 26 dizem que pretendem aderir. Esse total, de 140 países, está dentro da meta de 100 a 150 nações revelada por Pershing em seu encontro com Hedegaard em 11 de fevereiro. Os 140 representam quase 75% dos 193 que participam da Conferência da ONU para o Clima e, como gostam de lembrar aqueles que aderiram ao acordo, são responsáveis por mais de 80% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa.

Reportagem [WikiLeaks cables reveal how US manipulated climate accord] do The Guardian, no Estadão.com.br

#Posté le mercredi 09 mars 2011 20:01

Modifié le mercredi 26 octobre 2016 20:52

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