WikiLeaks: Gillard Não Fez Nada por Ataques contra os Indianos
Julia Gillard, então vice-primeira-ministra da Austrália, visitou a Índia em 2009 após série de ataques a estudantes indianos no país, mas a visita foi uma "oportunidade desperdiçada", que nada fez para resolver a raiva na Índia , de acordo com cabos WikiLeaks
1.4.2011 / Fonte: New Kerala
Tradução de Edu Montesanti
Observação do Blog: Temos insistido nos artigos próprios do Blog, e através de artigos e vídeos externos, que os políticos, em sua maioria, não só tratam com descaso os problemas sociais, como a muitos interessa crises, violência e atos terroristas, sendo até causadores delas afim de justificar suas políticas coeercitivas e geralmente imperialistas também. Grande exemplo é o plano P2OG norteamericano, arquitetato por seu então secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, com participação direta de Bush (filho), o qual reportamos com apresentação de documento original na Terceira Página. Mais uma evidência trazida por WikiLeaks, abaixo.
Shabbir Wahid, ex-cônsul-geral brasileiro em Mumbai, disse que Gillard gastou mais tempo falando com o primeiro-ministro indiano Manmohan Singh sobre oportunidades educacionais, não sobre a violência contra estudantes indianos, reportou o jornal australiano Sydney Morning Herald.
Wahid, proeminente empresário de Melbourne, disse ao consulado dos EUA em Melbourne que a Austrália estava carecendo de importantes oportunidades comerciais na Índia.
Gillard foi também ministra da Educação à época.
"De acordo com Wahid, Gillard concentrou-se muito em sua pasta de ministro da Educação, afastando-se da essência da reunião com o primeiro-ministro Singhcom, limitando-se apenas a compromissos vagos", escreveu o então cônsul-geral Michael EUA Thurston em um telegrama do consulado em Melbourne, a 20 de outubro de 2009.
A visita do então premiê John Brumby era "igualmente ineficaz", o tesoureiro de Estado, John Lenders, disse a Thurston.
"As visitas de autoridades do alto escalão australiano causaram apenas impacto limitado sobre os ânimos de arrefecimento ainda exaltados devido ao aumento da violência", escreveu Thurston.
O então ministro do Exterior, Stephen Smith, comparou a relação Índia-Brasil a uma partida de críquete, dizendo: "Curtas demonstrações de entusiasmo seguidas de longos períodos de inatividade".
De acordo com os cabos, Manmohan Singh descreveu Índia e Austrália como "países com tanto em comum, mas tão pouco a ver um com o outro".
Citando um relatório do Comitê da Previsão deTurismo da Austrália (TFC), informou a BBC, havia mais de 70 mil indianos que estudavam na Austrália em 2009.

Capitalismo Norte-Americano Garante Poder de Gaddafi na Líbia
24.3.2011 / Fontes: Correio do Brasil (matéria) e The New York Times (telegrama original)
Em 2009, os principais assessores do coronel Muammar Gaddafi reuniram 15 executivos de empresas globais de energia que operam em campos de petróleo da Líbia e expressaram uma demanda extraordinária: levar para fora US$ 1,5 bilhão e depositar o dinheiro em uma conta secreta. Caso as empresas não cumprissem a determinação, os funcionários da Líbia avisaram que haveria “consequências graves” para os contratos de petróleo. A informação foi divulgada no diário norte-americano The New York Times, na edição desta quinta-feira, com base em correspondências do Departamento de Estado norte-americano.
Ainda segundo o NYT, as empresas reclamaram pois o dinheiro vinha de uma cobertura de resolução legal da Líbia com as famílias das vítimas do atentado ao avião da Lockerbie, e manipular um dinheiro desses, vindo de atos de terrorismo, era impensável. Mas algumas empresas, incluindo várias com sede nos Estados Unidos, pareceram dispostas a ceder à coerção da Líbia, e fazer o que equivalia a um suborno, para se manter nos negócios, segundo executivos do setor, autoridades norte-americanas e do Departamento de Estado.
Este episódio e outros semelhantes, disseram os funcionários, refletem uma cultura da Líbia, onde fazem parte a corrupção, propinas, táticas violentas e clientelismo político, desde que os EUA reabriram o comércio com o governo do coronel Gaddafi, em 2004. Da mesma forma, as empresas petrolíferas norte-americanas e internacionais, empresas de telecomunicações e prestadores de serviços se mudaram para o mercado líbio e descobriram que o coronel Gaddafi e seus defensores receberam milhões de dólares em “bônus de assinatura” e “contratos de consultoria”.
“A Líbia é uma cleptocracia em que o regime – e a família Gaddafi ou seus aliados políticos – têm uma participação direta na compra, venda ou posse de qualquer coisa”, diz um telegrama do Departamento de Estado norte-americano de 2009, arquivado sob a palavra Gaddafi.
A riqueza que a família do coronel Gaddafi e seu governo acumularam, com a ajuda de empresas internacionais desde o levantamento das sanções econômicas do Ocidente, ajudou a fortalecer seu poder no país. Embora o resultado da intervenção militar em curso pelos Estados Unidos e países aliados seja incerto, os recursos de Gaddafi – incluindo um estoque de dezenas de bilhões de dólares em dinheiro que os oficiais norte-americanos acreditam que ele está usando para pagar os soldados, mercenários e apoiadores – poderão ajudá-lo a evitar, ou pelo menos retardar, a sua remoção do poder.
Os bancos também ajudaram a Líbia e o Irã, coletando taxas lucrativas, a lavar enormes somas de dinheiro nos últimos anos, em violação das sanções internacionais contra Teerã, segundo com um outro telegrama de Trípoli, incluído em um lote de documentos sigilosos obtidos pelo site de segredos revelados WikiLeaks. Em 2009, segundo o telegrama, os diplomatas norte-americanos alertaram às autoridades líbias de que suas relações com o Irã comprometiam a Líbia devido ao “potencial de ganhos de curto prazo das empresas” que ficava comprometido.
Nos primeiros anos, levantadas as restrições ao comércio com a Líbia com a desistência de Gaddafi de ingressar para o clube dos países com armas nucleares e à renúncia ao terrorismo, muitas empresas norte-americanas ainda hesitavam em fazer negócios com o governo da Líbia, disseram autoridades. Mas como um acordo sobre uma resolução que definia o papel líbio no atentado da Pan Am sobre Lockerbie, na Escócia, chegou finalmente em 2008, funcionários do Departamento de Comércio dos Estados Unidos começaram a servir como incentivadores das empresas norte-americanas.
Pelo menos uma dúzia de empresas norte-americanas, incluindo a Boeing, Raytheon, ConocoPhillips, Occidental, a Caterpillar ea Halliburton, ganhou pontos de apoio, ou tentou fazê-lo. Em maio, o governo Obama eo governo Gaddafi assinaram um novo acordo comercial, projetado, de acordo com Gene Cretz, embaixador norte-americano na Líbia, para “ampliar e aprofundar nossas relações econômicas bilaterais.”
O coronel Gaddafi, segundo o Departamento de Estado, esteve pessoalmente envolvido nas decisões de negócios. Ele trabalhou com um comitê de supervisão instituído pelo governo líbio para distribuir negócios com empresas estrangeiras e insistiu em assinar todos os contratos de mais de US $ 200 milhões. Ele também aprendeu a esconder o dinheiro e os investimentos em caso de sanções, como aquelas impostas agora.
Gaddafi e sua família controlam contas em bancos ao redor do mundo, em nomes de membros de tribos líbias que permanecem fiéis ao seu governo, disse Idris Abdulla Al-Abed Senussi, um membro exilado da família, mas ainda com muitas das relações de negócios com o coronel Gaddafi. Os parentes Gaddafi vivem um estilo luxuoso de vida, incluindo mansões e investimentos em Hollywood (Califórnia, EUA), com entidades privadas e estrelas pop norte-americanas, entre elas Rihanna, que recentemente preferiu devolver o dinheiro recebido por um show em Trípoli.
Daniel E. Karson, sócio-diretor executivo da Kroll, empresa de consultoria de riscos envolvida em um processo de espionagem no Brasil, lembrou em uma recente entrevista que uma empresa de comunicação internacional que ele representava tentou entrar no mercado de telefonia celular da Líbia em 2007. Desde o início, as autoridades líbias deixaram claro que o sócio da empresa estrangeira de empresa local teria que ser Muhammad Gaddafi, o filho mais velho do governante líbio.
– Avisamos a eles que teriam que passar por Muhammad Gaddafi. Isso não ia ser feito com base, como dizem no varejo, preços, qualidade e entrega – disse Karson, que não quis identificar o cliente. Por medo de entrar em um negócio com os Gaddafis, disse ele, a empresa preferiu não investir na Líbia.
O Homem-Bomba da Suíça
Rudolf Elmer foi diretor nas Ilhas Cayman de um grande banco suíço.
Arrependido, ele se oferece para colaborar com o governo brasileiro para ajudar a rastrear o dinheiro sujo
Arrependido, ele se oferece para colaborar com o governo brasileiro para ajudar a rastrear o dinheiro sujo
7 de maio de 2009 / Fonte: Wikileaks.ch
Vivendo num pequeno arquipélago do oceano Índico, nas Ilhas Maurício, o ex-banqueiro Rudolf Elmer se transformou no inimigo público número 1 da Suíça. Chamado de “traidor” do seu país, ele pretende implodir uma tradição de mais de 500 anos: o segredo bancário. Graças ao sigilo, a Suíça administra hoje mais de US$ 3 trilhões em contas secretas. Elmer foi auditor de um dos maiores bancos locais, o Julius Baer, que tem US$ 42 bilhões em ativos, e dirigiu a filial das Ilhas Cayman até 2002, quando foi demitido e iniciou uma longa guerra com o banco.
Agora, ele pretende revelar o que sabe – e garante que seus segredos passam pelo Brasil. “Posso colaborar com governos de vários países num esforço para rastrear e repatriar recursos não declarados”, disse ele com exclusividade à DINHEIRO (leia à página seguinte). Elmer afirma que passaram pelo Julius Baer recursos de políticos, empresários e advogados brasileiros. Dos clientes notórios da América Latina, ele destaca a família do ex-presidente do México, Carlos Salinas.
Rudolf Elmer se transformou num homem-bomba porque, pela primeira vez, um banqueiro suíço vem a público revelar os meandros de uma atividade sempre cercada por sigilo e mistério. E suas denúncias ocorrem num momento de grande pressão sobre a Suíça. O UBS, maior banco do país, fez um acordo com a Justiça dos Estados Unidos e abriu as identidades de mais de 200 clientes.
O Credit Suisse, segundo banco do país, informou, dias atrás, que fechará as contas de clientes dos Estados Unidos mantidos em filiais off-shore, como os paraísos fiscais das Ilhas Cayman. E, no Brasil, banqueiros suíços foram presos em três operações recentes da Polícia Federal: Kaspar I, Kaspar II e Castelo de Areia. “Estamos assistindo ao começo do fim dos paraísos fiscais”, diz Elmer.
A sede do Banco em zurique, na Suíça: com US$ 42 bilhões em ativos, o Julius Baer administra grandes fortunas globaisOs papéis mantidos pelo ex-diretor do Julius Baer revelariam os nomes das empresas – ou trusts – que seriam mantidas por clientes de vários países do mundo no Julius Baer. Mas Martin Somogyi, porta-voz do banco, disse à DINHEIRO que são “documentos forjados”. Elmer, por sua vez, nega que tenha fabricado qualquer evidência. E diz que está pronto para colaborar com autoridades brasileiras. Suas denúncias já ajudaram o governo da Bélgica a investigar o banqueiro Philipp Stoclet, dono de uma das maiores fortunas do país.
Além disso, Elmer diz ter cooperado com autoridades fiscais da Alemanha e dos Estados Unidos, onde foram identificados nomes de cotistas em paraísos fiscais do Carlyle, uma das maiores empresas de private equity do mundo. “O sistema financeiro suíço é parte de um esquema de corrupção sistêmica”, diz ele, que está prestes a concluir um livro sobre o tema, chamado Um paraíso para alguns não é paraíso para ninguém.
Muitos dos registros do Julius Baer apareceram em primeira mão no site americano Wikileaks, especializado em vazamentos de documentos confidenciais. Incomodados, os diretores do banco em Zurique entraram com uma ação judicial para tentar fechar o Wikileaks. Perderam e a decisão de um juiz da Califórnia, tomada em março deste ano, foi considerada um marco na defesa da liberdade de informação. “Já não é mais possível ocultar a verdade”. Leia a seguir a entrevista exclusiva de Elmer à DINHEIRO.
“Sou uma ameaça aos paraísos fiscais”
Considerado traidor da Suíça e disposto a vazar documentos sobre grandes clientes do Julius Baer, Rudolf Elmer falou com exclusividade à DINHEIRO
DINHEIRO – Qual era sua função no Julius Baer das Ilhas Cayman?
RUDOLF ELMER – Eu fui auditor durante sete anos em Zurique, na Suíça, antes de me tornar responsável pelo escritório do banco em Cayman. Lá, cuidei da operação como um todo e percebi que estava sentado sobre um barril de dinamite. Especialmente porque as Ilhas Cayman não são um lugar apropriado para quem questiona a conduta dos bancos. Comecei até a receber ameaças de morte.
DINHEIRO – O sr. cuidou do dinheiro de clientes do Brasil e da América Latina?
ELMER – Nós cuidávamos das empresas, dos registros contábeis, dos contratos e das transações que eram feitas em fundos off-shore. Sabíamos quem eram os clientes, mas a relação direta com eles era feita com os gestores do Julius Baer em Nova York ou Zurique.
DINHEIRO – E quem eram os clientes?
ELMER – Passaram pelo Julius Baer em Cayman empresários, políticos e advogados brasileiros. Se houver interesse, posso vir a colaborar com a Justiça brasileira. Mas um caso notório na América Latina diz respeito a recursos do ex-presidente do México, Carlos Salinas. Ainda hoje, há US$ 130 milhões em recursos bloqueados na Suíça ligados a ele.
DINHEIRO – O sr. hoje se arrepende de ter sido um banqueiro suíço?
ELMER – Sinto vergonha. Fui parte de uma organização que não causa danos apenas a países do Terceiro Mundo. Esse sistema é também prejudicial aos países vizinhos da Suíça e à sociedade como um todo. No fundo, eu estava ajudando a esconder dinheiro. Agora, aos 53 anos, tenho direito de aprender e também de me dar conta que apoiei atividades imorais, antiéticas e criminosas.
DINHEIRO – Os bancos suíços atuam sempre fora da lei?
ELMER – Não sei se todo o sistema é antiético, mas ouvi de um alto diretor do Julius Baer que a palavra ética não tem nada a ver com a atividade dos private banks.
DINHEIRO – A Suíça sobrevive sem o segredo bancário?
ELMER – A Suíça hoje tem um problema, pois administra 27% dos US$ 11,5 trilhões que são mantidos em paraísos fiscais. É o líder do ranking de um negócio que hoje não pode mais ser considerado legítimo.
DINHEIRO – O sr. saiu do Julius Baer há alguns anos. Ainda assim, acredita ser possível rastrear os recursos?
ELMER – Sim, porque cada transação financeira sempre deixa uma evidência. O problema é que estamos falando de recursos que passaram por várias jurisdições e talvez não estejam mais em Cayman ou mesmo na Suíça. Em 2005, apresentei uma denúncia ao Ministério Público suíço, mas eles estavam mais preocupados em saber como eu tinha conseguido os documentos do que em investigar. O caso chegou a ser discutido no Parlamento suíço, mas chegou-se à conclusão de que as leis do segredo bancário não permitem um debate público sobre o tema. Na prática, tentaram me silenciar porque eu sou uma ameaça ao sistema bancário suíço.
DINHEIRO – Como foi sua demissão?
ELMER – Fui demitido de forma criminosa, quando tentaram me submeter a um teste num detector de mentiras. Fui vítima de uma pressão imoral, porque não concordava com o que via em Cayman. Aqueles testes encerraram uma carreira de 15 anos.
DINHEIRO – O sr. foi acusado de roubar documentos confidenciais do banco?
ELMER – No momento da demissão, não. Mas eles disseram que acabariam comigo se eu tentasse levar o Julius Baer à Justiça. Depois, o banco começou a me acusar de ter roubado documentos para que eles não pudessem ser usados nos tribunais. Mas chegou-se à conclusão de que eu não poderia ter roubado os documentos, uma vez que era o depositário dos mesmos. Eu poderia, no máximo, ter abusado dos documentos, mas não roubado. De um ponto de vista moral, usei os documentos para proteger a mim, minha esposa e minha filha de seis anos.
DINHEIRO – Como o sr. reagiu às ameaças?
ELMER – Vivi uma tortura psicológica. Minha filha chegou a ter medo de ir para a escola e de morrer. Recebi constantes ameaças, mas a polícia não me protegeu nem a minha família por uma razão simples: sou uma ameaça a toda a indústria dos private banks suíços. Fui também acusado pela imprensa suíça de ser um doente mental e um criminoso, antes de qualquer processo. E chegaram a me prender durante 30 dias. Depois disso, o banco chegou a me oferecer dinheiro em troca do silêncio e como uma compensação para que eu me recuperasse do trauma que sofri. Recusei porque quero me manter como uma pessoa de princípios e não ser parte de um esquema de corrupção sistêmica.
“Banqueiros suíços que ajudam ricos a esconder dinheiro são bandidos comuns”
DINHEIRO – Recentemente, o UBS fez um acordo com a Justiça dos Estados Unidos, comprometendo-se a abrir os nomes de alguns clientes. Os paraísos fiscais vão acabar mais cedo ou mais tarde?
ELMER – As autoridades americanas pediram 52 mil nomes e até agora foram entregues 200 apenas. Mas é questão de tempo para que todos se tornem públicos. A Suíça hoje não pode se dar ao luxo de rejeitar uma determinação judicial dos Estados Unidos. Isso teria graves consequências econômicas. Na minha opinião, é o começo do fim do segredo bancário, porque outros países seguirão o exemplo norte-americano.
DINHEIRO – Como o sr. se sente sendo acusado de ter traído a Suíça?
ELMER – Não tenho nenhuma mágoa. Apenas lamento que meus compatriotas não se deem conta do mal que as leis suíças de segredo bancário provocam no resto do mundo. Isso tira o sangue da democracia e causa extrema pobreza do Terceiro Mundo. Além disso, não sou um traidor da Suíça, pois fui um oficial do Exército do meu país. Posso ser, no máximo, um traidor dos paraísos fiscais.
DINHEIRO – O sr. tem colaborado com autoridades fiscais de alguns países?
ELMER – Sim e, desde que eu comecei a falar, alguns milhões em recursos sonegados já foram recuperados. Se minhas ações ajudarem a salvar uma vida em qualquer país do Terceiro Mundo, já me sentirei orgulhoso do que fiz. As pessoas que escondem dinheiro no sistema bancário da Suíça ou das Ilhas Cayman são vampiros da sociedade.
DINHEIRO – Há algumas semanas, o banqueiro suíço Kurt Pickel foi preso no Brasil, acusado de lavar dinheiro para uma construtora. Antes dele, outros banqueiros suíços foram presos por acusações semelhantes. Esta virou uma profissão de risco?
ELMER – Se banqueiros suíços estão tomando parte em ações criminosas, eles devem ser tratados como o bandido comum que rouba dinheiro do vizinho. Não se trata aqui do risco da profissão, mas do risco do crime.
DINHEIRO – Banqueiros suíços que foram presos estão sendo convidados a participar de delações premiadas. Sendo assim, qual é a segurança de uma pessoa que manteve dinheiro em paraísos fiscais?
ELMER – Devemos dar segurança a criminosos que não declararam seus recursos? Hoje, nos Estados Unidos, na Alemanha e em vários outros países, as pessoas começam a ter a convicção de que não vale mais a pena correr o risco de sonegar.
Líbia Queria Deixar Urânio Enriquecido sem Proteção
21.2.2011 / Fonte: WikiLeaks.org.br
O dirigente líbio Muamar Kadhafi estava disposto, em 2009, depois de uma divergência com as Nações Unidas, a deixar sem proteção uma grande quantidade de urânio altamente enriquecido, segundo uma mensagem diplomática americana divulgada pelo site WikiLeaks.
O urânio (5,2 kg) altamente enriquecido foi colocado em sete contêineres destinados ao transporte, e não ao armazenamento, e depois abandonados numa instalação nuclear líbia protegida por apenas um guarda armado, segundo a notícia veiculada pelo jornal britânico The Guardian.
O jornal New York Times, que também publicou a informação, indica que a embaixada dos Estados Unidos em Trípoli chegou a advertir que, se o urânio enriquecido não fosse retirado dos contêineres num prazo de três meses, o aumento da temperatura poderia causar fissuras e ocasionar vazamento de material radioativo na atmosfera.
Diplomatas americanos e russos pressionaram os dirigentes líbios na ocasião para que autorizassem que um avião russo recuperasse os contêineres. Depois de uma primeira negativa de Muamar Kadhafi, os contêineres foram finalmente evacuados por um avião especial russo da instalação nuclear líbia de Tajura em dezembro de 2009.
Este incidente aconteceu depois que o dirigente líbio voltou atrás subitamente em sua promessa de livrar-se de todo material nuclear para o uso militar. Esta mudança aparentemente se deu pela recusa da ONU de autorizá-lo a montar uma barraca diante da sede da organização em Nova York.
Em suas viagens oficiais ao exterior, Kadhafi costuma dormir em uma barraca. A Líbia, pressionada pelos países ocidentais, abandonou seu programa nuclear militar em 2003.
Líbia Ameaçou Governo Britânico no Caso Lockerbie
21.2.2011 / Fonte: WikiLeaks.org.br
O líder da Líbia, Muammar Kadafi, ameaçou cortar relações comerciais com o Reino Unido e advertiu o país de que haveria “enormes repercussões” se o responsável pelo atentado de Lockerbie morresse na cadeia, disse nesta quarta-feira o diário britânico The Guardian, citando como fonte despachos diplomáticos obtidos pelo website WikiLeaks.
Abdel Basset al-Megrahi, condenado à prisão perpétua por sua participação na explosão de um avião da Pan Am que sobrevoava a Escócia, em 1988, foi libertado pelas autoridades escocesas em agosto de 2009 por razões humanitárias, já que ele estava com câncer de próstata e se acreditava que teria poucos meses de vida.
A libertação causou indignação nos Estados Unidos, porque 189 das 270 pessoas que morreram no ataque eram norte-americanas, e o fato de ele permanecer vivo vinha levantando suspeitas sobre os motivos de sua libertação.
“Os líbios disseram sem rodeios ao governo de Sua Majestade que haverá “repercussões enormes” para as relações bilaterais entre o Reino Unido e a Líbia se a libertação antecipada de Megrahi não for conduzida apropriadamente”, disse o diplomata Richard LeBaron, dos EUA, em um despacho enviado a Washington em outubro de 2008.
“Ameaças específicas incluem a cessação imediata de todas as atividades comerciais britânicas com a Líbia, redução ou corte de relações diplomáticas e manifestações contra instalações do Reino Unido”, disse o embaixador dos EUA Gene Cretz. Autoridades líbias deram a entender que as atividades de diplomatas e outros cidadãos britânicos na Líbia ficariam sob risco.
Wikileaks Escancara a Terceirização da Guerra e Coloca a Imprensa Diante de Desafio
16.11.2010 / Fonte: Almoxarifado Empoeirado,
Artigo de Carlos Castilho, no Observatório da Imprensa
A nova leva de documentos secretos publicada pelo site Wikileaks desnudou para o público uma realidade sinistra materializada pelo fenômeno da terceirização da guerra nas mãos de empresas privadas, sobre as quais a sociedade tem pouco ou nenhum controle.
Muito já foi dito sobre o pacote de quase 400 mil documentos secretos divulgados pelo site especializado em publicar notícias e documentos sem verificação jornalística prévia. Mas o que ainda falta discutir é como o público vai digerir este material e a provável avalancha de outros que certamente congestionarão os fluxos informativos na web nos próximos meses e anos.
Os jornalistas terão um papel essencial neste processo, mas é fácil prever que a verificação de informações tende a se tornar cada vez mais complexa e exigente em matéria de mão de obra. As redações de jornais estão muito enfraquecidas pelos sucessivos cortes impostos pelas indústrias da comunicação para enfrentar as incertezas da digitalização.
Por isso deduz-se que a interpretação e contextualização do novo pacote de documentos secretos vai exigir um esforço que supera a capacidade operacional das redações, repetindo a situação surgida há um ano e meio, quando o jornal inglês The Guardian recorreu a seus leitores para destrinchar pouco mais de 470 mil páginas de documentos sobre corrupção no Parlamento britânico.
Na época, a respeitada Fundação Nieman, da Universidade Harvard, qualificou a decisão do jornal como um marco na história do jornalismo contemporâneo. Agora surge uma situação muito similar colocando um novo desafio diante das redações de jornais. Caso não haja uma preocupação idêntica ao caso do The Guardian, corre-se o risco de perder uma oportunidade histórica para questionar o papel de empresas privadas na segurança nacional e internacional.
Também a responsabilidade dos governantes entra em pauta na medida em que a terceirização dos contratos é da alçada deles. A imprensa não pode se omitir numa situação como esta porque está em jogo o seu papel como provedora de informações para que a sociedade possa patrulhar o papel do Estado.
Quando a segurança nacional — da mesma forma que já aconteceu com a segurança pública urbana — é privatizada, os cidadãos perdem os instrumentos institucionais de controle e passam a depender da “boa vontade” de empresas privadas geralmente pouco preocupadas com a transparência de suas ações. A imprensa seria o caminho normal para evitar que situações como esta acabem se generalizando, mas o que se tem observado até agora é um silêncio preocupante.
Diante das restrições orçamentárias e das dimensões da tarefa, não restam outras opções para os jornais, emissoras de rádio, de TV e os portais informativos na web senão imitar o jornal The Guardian e pedir a colaboração do público para entender e tirar lições dos documentos divulgados pelo site Wikileaks.
É uma decisão complexa porque não dá para considerá-la uma fórmula mágica. O apelo do Guardian foi muito bem aceito nas primeiras semanas, mas depois perdeu seu ímpeto inicial. Passados 18 meses, metade dos documentos sobre corrupção no Parlamento britânico ainda não foram revisados pelo público. A principal razão foi falta de tempo dos voluntários mas, como assinalou a Fundação Nieman, também faltou um maior esforço motivador por parte do jornal.
A colaboração do público não é uma fórmula acabada, ainda apresenta uma série de problemas e necessita ser pesquisada em mais profundidade. Mas tudo indica que a busca de uma solução passa por ela.
Putin sobre as Revelações de WikiLeaks: "Não Esperávamos Essa Grosseria e Falta de Ética"
2.12.2010 / Fonte: 20 Minutos.es
Tradução de Edu Montesanti
O primeiro-ministro russo Vladimir Putin, manifestou desconforto com as caracterizações que os EUA fazem dele e do presidente russo, Dmitry Medvedev, em telegramas revelados através do Wikileaks, dizendo que não esperava "tanta arrogância, grosseria e falta de ética".
Em entrevista a Larry King da CNN (canal de TV norteamericano), Putin disse que as declarações de diplomatas dos EUA em um dos cabos, dizendo que ele é "Batman" e Medvedev é "Robin", tentam desonrar um dos dois.
O primeiro-ministro russo disse que tal caracterização é realmente sobre a "interação" entre os dois líderes, algo que, disse, "é um fator importante na política interna desse país".
"É claro que, para ser honesto, não esperamos que seriam tão arrogantes, tanto rudes e antiéticos", disse Putin quem, no entanto, considerou que o vazamento de mais de 250 mil telegramas "não é uma catástrofe".
O primeiro-ministro também se referiu a um dos cabos em que o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, disse a seu colega francês que "a democracia russa desapareceu, e que o governo é uma oligarquia executado pelos serviços de segurança" .
Putin rejeitou fortemente este argumento e disse que Gates estava "muito errado". Também pediu que as autoridades dos EUA de não interfiram nos assuntos internos da Rússia.
"Quando falamos com nossos amigos norteamericanos (...) os ouvi dizer: "Não interfira em nossos assuntos", e nós não interferimos, mas eu aconselharia os nossos colegas norteamericanos que não interfiram na escolha soberana do povo russo", disse ele.
Neste contexto, também disse que no momento certo decidirá, e "por mútuo acordo" com Medvedev, quem será o candidato presidencial, e se ele vai concorrer novamente em 2012.
A ratificação do START, em debate
Na entrevista, Putin também advertiu Washington de que a Rússia terá que desenvolver e implantar novas armas nucleares, se os EUA não ratificarem o tratado de desarmamento nuclear START, assinado em abril em Praga, por Medvedev e Barack Obama.
O primeiro-ministro, que disse ser grato a Obama por ter "atenuada a retórica" nas relações bilaterais, afirmou que aumentar novamente o seu arsenal "não é nossa escolha".
"Nós não queremos que isso aconteça", nem "uma ameaça para nós. Estamos apenas dizendo que isso é o que nos espera se não nos colocamos em acordo nos esforços conjuntos nesta área", disse ele.
O START deverá ser ratificado pela Senado dos EUA, onde vários republicanos-chave tentam atrasar a votação citando preocupações sobre a modernização do arsenal dos EUA, enquanto o governo está pressionando os legisladores a ratificá-lo antes que ele instale, em janeiro, o novo Congresso.
O novo tratado START reduziria em 30% o número de ogivas nucleares, a 1.550 para cada um dos países.
Putin também disse que "seria muito tolo" por dos EUA ignorar seus próprios interesses, mas se isso acontecer, "então vamos reagir de alguma forma."
O primeiro-ministro russo ressaltou que, sem o START, a Rússia terá de se armar para se defender contra "novas ameaças" apresentadas pelos planos dos EUA, de um sistema de defesa antimísseis na Europa.
"Dizem-nos que é em defesa da ameaça nuclear iraniana, mas tal ameaça, neste momento, não existe", disse ele.
Neste sentido, destacou a proposta do Kremlin de ter um papel importante no sistema de defesa antimísseis.
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