Áreas das Avós
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Difusão
Quando em 1997 se cumpriu o 20º aniversário do nascimento da Associação, eram 59 as crianças que haviam recuperado sua identidade e sua família.
Quando as Avós tiveram consciência que seus netos haviam crescido, e que isso implicava a possibilidade de contar com eles na busca pela identidade, a metodologia da procura mudou: já não se tratava de buscar pelos filhos, mas de aproximar esses jovens das Avós através da difusão.
Hoje são 95 netos encontrados, e muitos deles se aproximaram da Associação em busca de sua origem.
A partir de 1997, as Avós da Praça de Maio começaram a dedicar parte do seu trabalho realizando diversas campanhas de difusão, a fim de convocar aos jovens que têm dúvidas sobre sua identidade e envolvê-los na sua própria busca.
Foi assim que eventos começaram a ser organizados, além de atividades para convocar aos jovens:
instalações, concursos literários e fotográficos, conferências e seminários sobre o tema da identidade, as amostras gráficas e fotográficas entre outras, que começaram a conformar um espaço propício para a construção da verdade.
Uma enorme quantidade de personalidades responderam ao apelo das Avós, e passaram a colaborar participando da divulgação do direito à identidade e do problema do roubo sistemático de crianças, durante a última ditadura militar.
Primeiro, juntaram-se os atores, diretores e dramaturgos, nascendo
Teatro X Identidade;
aproximaram-se os músicos, e organizou-se a Música X Identidade;
aproximaram-se os roqueiros, e organizou-se Rock X Identidade;
os plásticos, e organizou-se Pintura Coletiva;
os designers, e produziu-se Gráfica para as Avós;
também se organizaram concursos literários, coreográficos, fotográficos, curtametragens e arquitetura, entre muitas outras ações.
Ano após ano, as Avós organizam campanhas que ajudam a continuar encontrando netos, mas também para reconstruir nossa memória coletiva já que, com essas campanhas, também se busca que a sociedade como um todo se envolva no problema da apropriação ilegal de crianças, e acompanhe aqueles jovens que tenham dúvidas em encontrar sua verdadeira origem.
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Um Pouco de História
Em outubro de 1997 cumpriu-se o vigésimo aniversário da Associação Avós da Praça de Maio. Até então, havia-se resolvido 59 casos denunciados de falsificação de identidade. 95 netos encontrados. Acontece que nos últimos anos, as Avós começaram a convocar aos jovens. Os netos procurados haviam crescido e já eram jovens, o que implicava a possibilidade de contar com eles na busca pela identidade.
A pergunta "Você sabe quem você é?" foi um chamamento à reflexão social e individual. Desde então, são os próprios jovens que chegam à instituição perguntando, duvidando da sua identidade: buscando-se. Assim, a busca permanente seguida pelas Avós soma-se ao envolvimento dos próprios jovens.
A possibilidade de contar com eles nessa busca iniciou uma nova fase na Associação. Agora também se tratava de criar espaços de reflexão e de difusão, através da qual os netos procurados poderiam aproximar-se. Desde a semana da identidade, organizada em 1997, muitos têm colaborado. A todos, os especiais agradecimentos das Avós.
Já em 1996 havia-se realizado O Labirinto, uma montagem-instalação preparada por netos e netas no Centro Cultural Geral San Martín, também levado à 2ª Bienal de Arte Jovem de Buenos Aires no Centro Cultural Adán Buenosayres, do Parque Chacabuco . O Labirinto era uma revisão à história recente do nosso país, a qual os próprias jovens propunham.
Com a mesma idéia de abrir um espaço de expressão e análise da identidade, realizou-se em 1997 o concurso Literário de Identidade, Identidade, Das Impressões à Palavra. Essa necessidade de expressão da sociedade manifetou-se no fato de que se recebeu mais de 900 trabalhos de todo o país.

Em 1998, a EUDEBA publicou o livro Identidade, Das Impressões à Palavra, com os trabalhos premiados. O volume, com prefácios de Estela B. de Carlotto, José Luis Mangieri, Juan Sasturain e William Korn, foi apresentado no Centro Cultural Recoleta por Estela Carlotto e José Luis Mangieri, e a leitura de textos premiados ficou por conta de Valentina Bassi, Belén Blanco e os autores.
Os atos realizados para comemorar os vinte anos de luta marcaram o início de uma nova etapa, e desenvolveram duas séries de atividades. Por um lado, um Congresso Internacional intitulado "Juventude e Identidade" realizado em 25, 26 e 27 de setembro de 1997, no Centro Cultural Geral San Martín da Cidade de Buenos Aires. O encontro, que contou com a participação de palestrantes nacionais e internacionais de várias disciplinas como Direito, Genética, Antropologia Forense, Investigação Social e Psicologia, foi um balanço e uma reflexão sobre todos esses anos de trabalho. Livro "Juventude e Identidade" [+]
Na verdade, houve muitas mudanças e avanços que levaram à procura de crianças raptadas pela ditadura militar. Esta buca das Avós desencadeou o desenvolvimento da ciência de identificação de pessoas por meios genéticos a nível mundial, já que elas exigiram à genética a necessidade de estudos que permitiram determinar o índice de parentesco de avós. Também promoveram a criação do Banco Nacional de Dados Genéticos, criado por lei nacional aprovada por unanimidade em todos os blocos parlamentares e a incorporação do Direito à Identidade na Convenção Internacional do Direito da Criança adotada pelas Nações Unidas, e incorporada em nossa Constituição nacional. Testemunho do impacto social sobre os progressos nas diferentes disciplinas que a luta das Avós foi desencadeando, são as publicações feitas ao longo dos primeiros 20 anos.

Por outro lado, um grande número de pessoas respondeu ao apelo das Avós, e aproximaram-se para colaboar, participando, assim, da difusão do direitto à identidade e do problema do roubo sistemático de crianças durante a ditadura.


O primeiro foi o Encontro de Música Popular com as bandas Mozzi e o Murgón, os Trafiicantes de Matracas, vários artistas da música popular como o dueto Malozetti-Goldman, Víctor Heredia, Liliana Herrero, Piero, Ignacio Copani, Miguel Cantilo, Lito Vitale, Juan Carlos Baglietto, Opus Quatro, Jairo, Nestor Gabetta, Raúl Carnota, Beto Solas, Los Tipitos, Jorge Marziali, Teresa Parodi e a adesão de Joan Manuel Serrat, Sandra Mihanović, Alejandro Lerner e Julia Zenko.
No segundo, o Festival Rock X Identidade, participaram também bandas e os grupos Los Visitantes, Los Caballeros de la Quella, Bersuit Vergarabat e Las Pelotas.
O apoio dos roqueiros à luta das Avós tem sido motivo de grande satisfação para elas, pois eles falam a mesma língua dos netos: 52 mil jovens foram escutá-los na Praça de Maio naquele sábado, 22 de novembro. Posteriormente, os roqueiros colaboraram no filme Botín de Guerra, o tema de encerramento é "Sin Cadenas" (Sem Cadeias), composta por Los Pericos e interpretado pelo mesmo grupo junto de Gustavo Cerati, Pedro Aznar, Ciro Pertusi e Gustavo Cordera.
Esse filme, dirigido por David Blaustein, foi lançado em abril de 2000. O filme recebeu o Primeiro Prémio na categoria "Tempo de História" na Semana Internacional de Cinema de Valladolid em outubro de 1999, e foi convidado para o Festival de Berlim na seção "Panorama", que ganhou o "Grande Prêmio Ecumênico".
Os artistas plásticos também responderam à convocatória. Eles organizaram, a 23 de novembro de 1997 no Centro Cultural Recoleta, a "Pintura Coletiva" de uma tela e uma madeira circular com as avós, as netas e o público
De 19 de novembro a 8 de dezembro de 1998 Juan Carlos Romero, Carlos Gorriarena, Nora Aslan, Adolfo Nigro, León Ferrari, Diana Dowek, Alicia Olga Latman, Estela Gualdero, Carlos Alonso, Laura Quesada, Mireya Baglietto, Luis Felipe Noé, Maria Rita Fernandez Madero, Maria Eugenia Carreira também realizaram, no Centro Cultural Recoleta, a amostra de identidade que voltou a ser exposta no mesmo lugar, em março de 2001.


O caminho aberto em 1997 com a peça de teatro "Você Sabe Quem Você ?". Homenagem do teatro às Avós, escrito por Roberto "Tito" Cossa e dirigida por Leonor Manso representado na segunda-feira 27 de novembro, no Teatro Nacional Cervantes, viu-se consolidado em 2000 plo início de Teatro pela identidade, com o esptáculo semi montado "Falando da dúvida" (com dramaturgia de Patrícia Zangaro e direção de Daniel Fanego) estreado em junho no Centro Cultural Ricardo Rojas, o qual foi representado desde setembro, também gratuitamente, no Centro Cultural Recoleta.

O sucesso do trabalho, que superou todas as expectativas, levou os atores a fazer ampla convocatória às pessoas do teatro. Assim surgiu o ciclo Teatro pela Identidade 2001. Entre janeiro e março deste ano, foram escritas e ensaiadas as 41 obras que compuseram o ciclo, cujas representações se desenvolveram

O impacto do ciclo, que atraiu mais de 40 mil espectadores, foi duplo: em primeiro lugar, conseguiu colocar em cena uma necessidade de reflexão social, mas, fundamentalmente, colabou com a busca por justiça. Durante esses três meses de teatro, 63 jovens aproximaram-se das Avós em busca de identidade.