ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
Velhas Tentativas de Golpe Made in USA
Visita do oposicionisa derrotado e investigado judicialmente Capriles à Colômbia, fere princípios diplomáticos internacionais
Previsível: mais tentativas de golpe avizinham-se à Venezuela, maior incentivadora da paz e das alianças sul-americanas
Previsível: mais tentativas de golpe avizinham-se à Venezuela, maior incentivadora da paz e das alianças sul-americanas
30 de maio de 2013

Maduro representa a quinta vitória consecutiva do atual governo, continuando as políticas de seu antecessor, Hugo Chávez, falecido em 5 de março. No dia 14 de abril, observadores internacionais e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano elogiaram o sistema eleitoral local, e reconheceram, assim como todos os líderes latino-americanos, os resultados das urnas: 50,66% para o candidato do Partido Socialista Unido da Venezuela, contra 49,07% do candidato pelo partido Primeira Justiça, cujo perfil pessoal e político não lhe é nada favorável, confirmando seus antecedentes.
Recentemente, a advogada norte-americana, Tobin Alexander, do Grêmio Nacional de Advogados dos Estados Unidos, quem participou como observadora das eleições de abril, disse na rede venezuelana de TV Telesur que "o processo foi organizado e transparente (...). A CNE ganhou credibilidade ao longo dos anos", afirmou ainda que o sistema eleitoral do país é "respeitado a nível internacional por seu processo aberto e transparente, (...) sistema totalmente eletrônico com auditorias, (...) melhor sistema do mundo", o cual "deveria ser aplicado nos Estados Unidos. (...)". Concluiu dizendo que "na Venezuela, 80% votou em abril, enquanto nos Estados Unidos, 57,5% na última eleição, em 2012. (...) Temos [los estadunidenses] muito que aprender com este sistema (...)".
Com tudo isso, Capriles não parava de incitar os ânimos logo após a divulgação do resultado, conclamando seus eleitores a sair às ruas com "toda sua raiva". O resultado não poderia ter sido outro, mesmo que os eleitores de Maduro, até seguindo suas orientações, não tenham apelado para a violência: muita destruição e 11 mortes de eleitores governistas, jovens e até crianças que comemoravam nas ruas a vitória de Maduro. Por isso, desde a chegada de Capriles à Colômbia cidadãos locais protestam fortemente, chamando-o de assassino, dizendo que ainda pessoas como ele nunca são bem recebidas em seu país.
O governador de Miranda participou diretamente da tentativa de golpe suja que corrompeu leis e matou cidadãos inocentes em 2002, tendo logo sido revelado que a conspiração contara com as grandes emissoras de TV (especialmente a Globovisión) e jornais do país, e com o governo de Washington, então sob os ditames de George Bush.
Maduro vem denunciando há meses, sem citar nomes mas deixando no ar claramente os envolvidos (exatamente os que estão se tornando evidentes agora) que estão em andamento planos de conspiração contra seu governo, mais especificamente contra o plano Pátria Segura, assassinando soldados (ver Venezuela: Desemprego e Violência em Baixa, na Contracapa - Arquivo), e boicotando a economia do país.
Tal encontro de Capriles na Colômbia a portas fechadas, cujo discurso público sobre a visita ao governo vizinho tem sido absolutamente vazio, vem a confirmar tais denúncias, formando conexão perfeita com os fatos: além do exotismo em si, para dizer o mínimo desta reunião na Colômbia [rival por muitos anos de Chávez, principalmente nos anos do presidente Álvaro Uribe (2002-2010), antecessor do presidene Santos)], o país vizinho é justamente o maior aliado na América do Sul deles, os Estados Unidos.
Encontrando-se com o rival do presidente venezuelano derrotado nas urnas, que o deslegitima e foi até a Colômbia para manifestar exatamente isto, o governo colombiano acaba não reconhecendo o governo de Caracas como legítimo, ferindo assim a diplomacia internacional. É grave também o fato de Capriles ter incitado a violência extrema pós-eleição, que se desencadeou por toda a Venezuela.
Reuniões internacionais se dão entre chefes de Estado, diplomatas ou enviados especiais destes. "Assim como não me meto nos assuntos internos da Colômbia, não admito que se metam nos assuntos internos da Venezuela", disse o presidente Maduro em Caracas nesta quinta (30). A gravidade desta atitude tomada agora colocada por Bogotá, é intensa.
O governo Santos tem dito que não se manifestará publicamente, mas explicará a questão particularmente à administração de Maduro. Até o final deste dia 30, mais de 24 horas após a primeira reunião em Bogotá, ninguém na administração de Maduro foi contactado pelo governo colombiano. Uma coisa é certa: investidas contra Caracas são apenas questão de tempo, nada distante e a serem enfrentadas, antes de mais nada, dentro de suas fronteiras com respaldo externo, evidentemente, que logo se evidenciarão.
As tentativas de Washington de derrubar o governo bolivariano que estatizou o petróleo, rompeu com o Consenso de Washington, com o FMI e com o Banco Mundial, opõe-se e vota abertamente contra a expansão militar dos EUA no mundo e tem liderado alianças na América Latina, não fora por água abaixo junto do retorno de Chávez poucos dias depois do golpe de 2002: nestas próprias eleições de 2013 houve forte campanha midiática e até oficial da Casa Branca, do pior gosto, contra o candidato de Chávez.
Tudo isso passando pelas recentes revelações de WikiLeaks, liberando telegramas secretos emitidos por embaixadores dos EUA em Caracas, sabotando, conspirando e literalmente "comprando" indivíduos e Organizações Não-Governamentais na Venezuela, ao longo de toda a década passada, até os dias atuais. A Colômbia, por sua vez, desempenha papel chave para o imperialismo norte-americano na América Latina cujos estados fortalecem alianças entre si, e a região caminha rumo aos processos de paz.
Enquanto sua administração lamenta a atitude do governo colombiano após anos de intensos esfoços de seu Partido Socialista de manter relações pacíficas com o vizinho, algo finalmente conquistado o que tem valido cooperação sobretudo venezuelana no controle da fronteira, no que diz respeito ao tráfico de drogas, está mais que correto o presidente Maduro em alertar a sociedade e o Exército, com fins defensivos: "Que ninguém se meta com a Venezuela, esta terra, este céu e nossos mares e rios são sagrados", afirmou nesta quinta (30).
A América Latina vive, especialmente as nações com governos que apostam em desenvolvimento independente, tais como Argentina, Equador, Bolívia, Uruguai e a própria Venezuela, uma Guerra Fria imposta por Washington, reforçado pela mídia predominante que pratica desinformação e a implantação de crises, ou a inversão de papeis, no que ela é mestre e já derrubou muitos governos, oprimindo povos como se deu nas recentes ditaduras militares na região mais rica em biodiversidade e em cultura do planeta.
Assim como no Oriente Médio, relações de paz como estavam em vigor e se fortalecendo entre os dois países envolvidos na atual crise diplomática, vão contra os interesses dos EUA na região, onde este estabelece sua "Guerra às Drogas" (enquanto sua sociedade é a maior consumidora de drogas do mundos), onde também, desde os primórdios da "Guerra ao Terror" mundial, a Casa Branca namora a hipótese de colocar Estados sul-americanos, seus velhos quintais traseiros, no chamado "Eixo do Mal" sob alegação de abrigar terroristas, e se apoiam justamente nas "crises" a fim de justificar a ampliação de bases militares, em nome de "defesa à democracia sul-americana". O momento é de profundo alerta na Venezuela.