VENEZUELA vs IMPÉRIO
Governador Oposicionista Viaja a Chile e Peru
Governador Oposicionista Viaja a Chile e Peru
19 de julho de 2013
Henrique Capriles, governador do estado de Miranda, centro da Venezuela, quem se candidatou duas vezes à Presidência do país, derrotado por Hugo Chávez em outubro 2012 e por Nicolás Maduro, em abril deste ano, viajou ao Chile nesta quinta-feira (18). O caráter da visita não é oficialmente claro. Vale recordar alguns acontecimentos e fazemos determinadas observações a fim de entender a geopolítica americana, o que tornará tal fato, uma vez mais, previsível já que vai muito além de simples visita política - contém grande dose de politicagem.
Em junho, Capriles havia se reunido com o presidente Juan Manuel Santos na Colômbia (sem transparência, envolto em mistério), das maiores aliadas dos EUA na América Latina e país que possui maior base militar dos EUA na região junto do Paraguai. Tal encontro feriu os princípios diplomáticos internacionais, já que qualquer presidente deve se encontrar com o homólogo ou representante diplomático, jamais com um governador que, no caso de Capriles, além de ser oposicionista simplesmente não reconhece Nicolás Maduro presidente.
O agravamento da violação dos acordos diplomáticos se deu ainda, se já não bastasse tudo isso, pelo fato de Capriles ter viajado à Colômbia atrás de apoio a sues protestos contra a vitória de Maduro (sobre isto, leia Venezuela: Velhas Tentativas de Golpe Made in USA).
O Chile, outro grande aliado do governo de Washington inclusive no Acordo do Pacífico, é terreno de uma das tendências políticas mais crueis da história, cujo líder maior é nada mais, nada menos que ele, Augusto Pinochet. País hoje presidido por Sebastián Piñera, político com histórico corrupto, condenado mais de uma vez pela Justiça local.
Sobre esta visita ao Chile agora, o ministro de Relações Exteriores venezuelano Elías Jaua, afirmou nesta quinta-feira (18) que Capriles está no Chile "conspirando com dirigentes da direita", enquanto civis no estado de Miranda, que atravessa problemas, protestam pela ausência do governador, alegando "total abandono". Jaua ainda acrescentou: "O respeito se demonstra trabalhando, não conspirando no Chile com a ultradireita mais assassina deste continente, contra sua própria pátria".
No próprio Chile, além de membros do governo contrários à presença de Capriles no país, civis nacionais protestaram fortemente contra a visita do governador de Miranda chegando a atirar ovos contra o político venezuelano, que teve que entrar pela porta dos fundos ao ex-Congresso chileno, onde se realiza uma de suas reuniões com venezuelanos residentes naquele país.
Quanto a Capriles, seu partido tentou aplicar o golpe contra o mesmo governo bolivariano de Maduro em 2002, à época com Hugo Chávez na Presidência que custou a vida de civis inocentes, além do próprio atentado contra a democracia local. Logo após a vitória de Maduro em abril deste ano, o governador mirandista convocou seus eleitores para protestar nas ruas do país, "extravasando toda sua raiva" pela derrota nas urnas - as quais ele acusava infundadamente de haverem subvertido o resultado, contrariando o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e todos os observadores internacionais (independentes).
Em meio a tudo isso, aqui mesmo alertávamos constantemente novas tentativas de golpe iminentes na Venezuela, até que vieram à tona as declarações sigilosas da deputada María Corina, quem orquestrava a derrubada ilegal do atual governo, contando com apoio de Washington (leia Venezuela: Velha Conspiração Oposicionista e Lições ao Brasil, mais abaixo).
Enquanto observadores inclusive norte-americanos consideram o sistema eleitoral venezuelano o mais seguro do mundo, o país tem assegurado amplamente os direitos humanos, Imprensa livre (regulada, isto é, com leis a seguir), possui maior número de universidades públicas em toda a América Latina, erradicou o analfabetismo nos últimos anos, a segurança nacional atinge níveis poucas vezes visto na história através do Plano Pátria Segura, o governo federal tem combatido amplamente a corrupção e a Venezuela, hoje na presidência interina do Mercosul (anti-norte-americano por contrariar seus interesses econômicos, segundo oficiais dos EUA afirmaram em sigilo arquitetando conspiração, revelado por WikiLeaks) foi premiada pela FAO pelo combate mais eficiente do mundo contra a fome e a subnutrição, em vias de serem completamente erradicadas, com tudo isso que é fato, Samantha Power, possível embaixadora dos Estados Unidos na ONU, fez esta previsível observação: "Se designada embaixadora dos EUA na ONU, combaterei a repressão na Venezuela e em Cuba".
O presidente Maduro respondeu: "Que repressão existe na Venezuela, senhores? Repressão existe nos Estados Unidos, que assassinam o povo afro-americano impunemente; repressão existe nos Estados Unidos que perseguem a um joven lchamado Edward Snowden por dizer a verdade, e o perseguem no mundo inteiro".
Tão previsível quanto o fato de não haver resposta para a pergunta de Nicolás Maduro, apenas muito mais ataque baseado em fraseologia sobretudo midiática, é certo que esse país, mais rico em petróleo das Américas e uma das maiores reservas petrolíferas do mundo (todas nacionalizadas após a ascensão do governo bolivariano através de Hugo Chávez), além de ter oferecido asilo a Edward Snowden e presidir o Mercosul, seguirá pagando o preço de sua riqueza, de seu sucesso, de sua liberdade e de seu caráter anti-imperialista, optando por crescimento independente.
A Colômbia, aliada histórica de Washington, é uma das maiores violadoras de direitos humanos no continente sem sofrer nenhuma advertência por parte dos EUA, e nem ser mencionada como tal pelo monopólio da desinformação global. Quarta-feira (17), o presidente colombiano afirmou ainda que o país não precisa de mais escritórios de direitos humanos em seu país, pois já alcançou suficientemente nesse quesito.
No dia seguinte, esta quinta-feira (18), a jornalista Verónica Luna da Agencia Prensa Rural (APR) que cobria os protestos de camponeses que clamam, pacificamente, por reunião com o presidente Santos a fim de discutir reforma agrária em Catatumbo (nordeste colombiano), foi covardemente agredida pelo Exército da Colômbia, repetindo-se a violência contra jornalistas ali mesmo em 26 de junho, condenada pela Fundação para a Liberdade de Imprensa (colombiana).
A onda de repressão policial contra camponeses na Colômbia, nenhuma novidade ali, segue intensa,inversamente proporcional à omissão midiática e da dita "comunidade internacional", que engloba países ocidentais.
O silêncio mundial se mantém e sempre se manterá perante isso tudo, enquanto trata de distorcer totalmente a realidade da geopolítica global canalha. Da mesma maneira que os EUA inventaram que o Iraque, país que dotaram de poder por 9 anos durante a guerra contra o Irã, possuía bombas de destruição massiva, algumas vozes no deserto diziam que era mentira mas que a intenção de Washington era se apoderar do petróleo (inclusive Hugo Chávez), e hoje está comprovado: O Iraque não desenvolvia tais bombas, os EUA pilham suas reservas petrolíferas e pouco se fala disso. È a vez da Venezuela agora?
Perante isso tudo, podem ser apresentados todos os documentos, podem vir à tona todos os encontros secretos, espionagem e acordos dos porões do poder conforme se acumulam nestes dias: tal oposição político-midiática insistirá em desvirtuar o debate, encontrará como sempre encontrou subterfúgio baseado em muita fraseologia e rotulagens (nos quais é mestre) para colocar em descrédito a realidade inconteste.