Eleições Parlamentares e Boicote
11 de novembro de 2015 / Publicado no Diário Liberdade (Galiza)
Derrotada em 18 das 19 eleições desde que Hugo Chávez venceu as eleições presidenciais em 1998, a oposição venezuelana já deu início àquilo que vem fazendo desde que a Revolução Bolivariana mudou o país caribenho, não dando às perdidas forças opositoras a menor chance nas urnas: boicotes pré ou pós-eleições - comprovadamente treinados, financiados e armados pelos Estados Unidos (prática, por sua vez, bem conhecida de Estados latino-americanos e tão antiga quanto a consolidação do próprio Estado norte-americano).
Ataques ao Sistema Elétrico
Nas últimas semanas, o sistema elétrico da Venezuela tem sido atacado, repetindo um dos inúmeros atos criminosos de fevereiro de 2014, conhecidos como "guarimbas". Até agora, em cerca de uma semana foram registrados ao menos 17 ataques contra instalações da Corporación Eléctrica Nacional (Corpoelec).

Invasão Norte-Americana ao Espaço Aéreo
Um dia antes, eis que os xerifes do mundo (aqueles que se situam mais acima do Rio Bravo, tidos pela ditadura da mídia oligárquica e por seus alegres macacos de auditório como "guardiães da democracia") invadiram, uma vez mais, o espaço aéreo da Venezuela - grave crime contra o direito internacional, praticamente uma declaração de guerra além de inconstitucional dentro dos próprios Estados Unidos, fato ocorrido também em: maio de 2008, maio de 2009, dezembro de 2009, janeiro de 2010, julho de 2010, tudo isso, obviamente, abafado pelo "noticiário" internacional.
Para quem ainda acha que a Venezuela vive uma "terrível ditadura" (igualzinho ao que diziam de João Goulart para implantar a "Revolução Democrática" dos milicos no Brasil, apenas para citar algo mais recordado - se é que se recorda - entre outras tantas mentiras semelhantes em todo o mundo), vale ressaltar em meio ao mundo dos desaviados: a nação bolivariana possui as maiores reservas petrolíferas do mundo.
Oposição Auto-Derrotada
A oposição venezuelana é considerada, inclusive internamente, como histérica, dividida por interesses mesquinhos e sem propostas. Consciente disso, a elite venezuelana, que antes da Revolução Bolivariana se enriquecia e enriquecia Tio Sam com o petróleo nacional, tenta sabotar eleições sem chances de se sobrepor. Vale agora recordar as (jamais publicadas) palavras de Ramón Muchacho, prefeito de Miranda, opositor ao governo de Maduro, em 15/2, no início das "guarimbas": "Reconheçamos terrível falta de liderança e de capacidade administrativa [da oposição]. Só anarquia. É isso que queremos?".
Exemplo Eleitoral Mundial

Já a jurista norte-americana Tobin Alexander, do Grêmio Nacional de Advogados dos Estados Unidos, quem também participou como observadora daquelas eleições, disse na rede venezuelana de TV Telesur que "o processo [demonizado pela Imprensa tupiniquim e internacional] foi organizado e transparente (...). A CNE (Conselho Nacional Eleitoral) ganhou credibilidade ao longo dos anos". Afirmou ainda que o sistema eleitoral do país é "respeitado a nível internacional por seu processo aberto e transparente, (...) sistema totalmente eletrônico com auditorias, (...) melhor sistema do mundo", o qual "deveria ser aplicado nos Estados Unidos. (...)". Concluiu dizendo que "na Venezuela, 80% votou em abril, enquanto nos Estados Unidos, 57,5% na última eleição, em 2012. (...) Temos [os norte-americanos] muito que aprender com este sistema (...)". Nada disso virou notícia fora das fronteiras venezuelanas, evidentemente.
Distorções Midiáticas e Ignorância Societária
No Brasil, é claro, nada disso vira notícia, nem sequer as recentes sabotagens: nada aparece na ditadura da mídia oligárquica, apenas distorções da realidade, e (pasmem!) nem na outra face da mesma moeda, grande parte da mídia dita alternativa mera defensora de interesses político-partidários, além de rasa capacidade intelectual - em frangalhos que nem mesmo ela hoje, com seu peculiar cinismo, consegue esconder.
Por essas e outras traquinagens midiáticas, através da reportagem Da Despolitização ao Ódio, do jornalista Igor Carvalho da revista Caros Amigos de abril de 2015, foi inevitável que escritores, professores e comunicadores em geral - por vezes caçoados publicamente, ridicularizados ao defender a democracia e os avanços sociais da venezuelana nos últimos 16 anos - soltássemos nosso longo (diríamos até permanente) riso de alforria. No "raciocínio" abaixo, uma elitista "revolucionária", "indignada" com a esquerda latino-americana retratou perfeitamente a estatura intelectual das classes mais abastadas do Brasil, explicitando especialmente a ignorância global - que não escolhe classe social e nem grau de instrução - quando o assunto é Revolução Bolivariana:
A empresária e farmacêutica Silvia Frey veio de Catanduva, interior de São Paulo, somente para o protesto. "Têm três ônibus chegando de lá, ajudamos a contratar", comemorava. À corrupção, ela acrescentou outro fator que lhe preocupa no Brasil. a "intervenção bolivariana". "Queremos um Brasil para nós, que caminhe com nossa força trabalhadora", discursa.
Porém, quando questionada sobre o que seria o "bolivarianismo", Silvia afirma que tentará resumir: "Isso é fruto da política internacional do PT, que quer adotar aqui as mesmas políticas usadas pelo governo da Bolívia. Espero estar equivocada, mas é isso", afirma a cautelosa empresária, provavelmente desconhecendo que a palavra tem origem no general venezuelano Simón Bolívar, que liderou os processos de independência de diversos países da América do Sul. O termo "bolivariano" é aplicado aos países que questionam o neoliberalismo e o Consenso de Washington, como a Venezuela.
Porém, quando questionada sobre o que seria o "bolivarianismo", Silvia afirma que tentará resumir: "Isso é fruto da política internacional do PT, que quer adotar aqui as mesmas políticas usadas pelo governo da Bolívia. Espero estar equivocada, mas é isso", afirma a cautelosa empresária, provavelmente desconhecendo que a palavra tem origem no general venezuelano Simón Bolívar, que liderou os processos de independência de diversos países da América do Sul. O termo "bolivariano" é aplicado aos países que questionam o neoliberalismo e o Consenso de Washington, como a Venezuela.
Revolução vs Trágico Retrocesso
À medida que se aproximam as eleições legislativas, está no ar, está conectada e está nas folhas de papel mais uma série de distorções da realidade por parte da grande mídia de manipulação das massas, de Washington e da oposição reacionária venezuelana - todos sustentados pelas megacorporações internacionais - envolvendo o sistema democrático da Venezuela, a fim de denegrir a imagem de um país tido pela ONU e pelos mais diversos organismos internacionais, ano após ano, como exemplo mundial em conquistas sociais, em defesa dos direitos humanos e, conforme apontado mais acima, em segurança eleitoral.

Distorções estas, apoiadas na alienação coletiva - ao mesmo tempo, produtor dela, círculo vicioso que, em diversos lugares como no Brasil, resiste inclusive à própria história de golpes, mentiras, sabotagens e assassinatos. Já dizia Nicolás Avellaneda, jurista argentino (1837-85): "Povo que esquece seu passado, está condenado a vivê-lo novamente".
Pois diferentemente desses lugares, onde reinam preguiça intelectual e espírito reacionário, a sociedade venezuelana tem lutado para que a história não se repita tragicamente, retrocedendo a tempos em que as elites locais tanto lucravam com o entreguismo da maio riqueza do País, mas que sigam os ganhos com a Revolução Bolivariana.
imagem: manifestações populares em Caracas,
pró-Revolução e contra imperialismo dos EUA (março, 2015)
pró-Revolução e contra imperialismo dos EUA (março, 2015)